1) Constituição – É através dela que Estado organiza e estrutura a sociedade.
Sentidos da Constituição: a) Sociológico – sociologismo jurídico; texto constitucional tem dois caminhos: representar o efetivo poder social (elementos formal e material) ou distanciar-se dele; se não representa, é “folha de papel”; b) Político – Constituição seria fruto de uma decisão fundamental (formadora do Estado); Distinção: Matéria constitucional – disposições que justificam existência da Constituição (órgãos de poder, formas de Estado e de governo, direitos individuais); Lei constitucional – é o que não é necessário à existência da Constituição; c) Jurídico – Direito não se socorre de elementos extrajurídicos (mundo político, ético e moral). 2) Aplicabilidade da norma constitucional – Todas as normas constitucionais são aplicáveis, pois são dotadas de eficácia jurídica. Eficácia social – norma pode ser aplicada a casos concretos; Eficácia jurídica – norma produz efeito jurídico, retirando eficácia de normatividade anterior). >> Classificação quanto à eficácia – a) Normas constitucionais de eficácia plena – aplicabilidade imediata, integral, sem depender de legislação posterior; b) de eficácia contida – têm aplicabilidade imediata mas podem ter alcance reduzido pelo legislador infraconstitucional; c) de aficácia limitada – dependem de normatividade futura. Estas são divididas em: 1) Normas de princípio institutivo – dependem de lei para dar corpo a instituições,pessoas, órgãos previstos na Constituição; 2) de princípio programático – estabelecem programa constitucional a ser desenvolvido mediante legislação da vontade do Constituinte. 3) Espécies de Constituição As constituições são qualificáveis quanto à: A) Forma => Escritas (documentadas em texto) e Costumeiras (usos e costumes); B) Origem => Promulgadas (perla Assembléia Constituinte) e Outorgadas (processo autoritário); C) Mutabilidade => Rígida (exige processo especial e qualificado para modificação), Flexível (procedimento legislativo comum para modificação), Semrígida (uma parte com processo especial e outra com procedimento legislativo comum). >> Seis Constituições - Primeira foi semi-rígida (1824); foram três outorgadas e três promulgadas (como a de 1988). >> Projeto de lei – um turno e maioria simples; emenda constitucional – dois turnos e 3/5. 4) Poder Constituinte – manifestação soberana da vontade de um ou mais indivíduos capaz de fazer nascer um núcleo social. Titular – o povo; Quem exerce – aquele que em nome do povo implanta o Estado e edita a Constituição. O exercício pode dar-se com: a) eleição da Assembléia Constituinte; b) revolução. >> Espécies de Poder Constituinte: a) Originário – inicial, autônomo, incondicionado, ilimitado. Visa criar o Estado, forma e sistema de governo de governo... b) Derivado – instituído, limitado, condicionado. É o poder judiciário. É chamado poder reformador (pode modificar parcialmente a Constituição). É limitado pelo poder originário. > Limitações para reforma constitucional: A) Procedimental – Iniciativa da elaboração da emenda é do Presidente da República, um terço da Câmara e Senado, mais da metade das Assembléias Legislativas. Votada em dois turnos. Aprovada com 3/5 de deputados e senadores. Não há sanção, e sim promulgação; B) Material – Observação às vedações relativas à matéria da emenda, que podem ser: Explícitas (expressas, proibindo, por exemplo, alteração em questões como voto secreto, voto direto, separação de poderes) e Implícitas (subtende-se sua existência, proibindo, por exemplo, emenda que permita a pertuidade dos mandatos); C) Circunstancial – impede emenda na vigência de estado de sítio ou de defesa, e de intervenção federal. Período de uma sessão legislativa – de fevereiro a dezembro. c) Poder Constituinte Decorrente – Espécie de Poder Constituinte Derivado. Objetiva estruturar a organização das unidades componentes do Estado Federal (Estados, municípios e Distrito Federal). Constituição de 88 alçou municípios à condição de componentes do Estado Federal, mas o Poder Constituinte Decorrente não foi estendido a eles. Ao invés de Constituição Estadual, eles possuem Lei Orgânica do Município, criada pelas Câmaras. A Constituição Estadual deve respeitar os princípios da Constituição Federal, e a Lei Orgânica, os princípios da Constituição Estadual. >>Princípio da Simetria – Princípios e padrões estruturantes do Estado (União) devem ser reproduzidos simetricamente nos textos das Constituições Federais. 5) Recepção – fenômeno pelo qual a nova Constituição recepciona a ordem jurídica da Constituição anterior. Repristinação – fenômeno pelo qual uma norma volta a vigorar quando a lei que a tinha revogado anteriormente é revogada. A jurisporudência e a doutrina negam a sua aplicação. Desconstitucionalização – Uma norma anterior que não fosse frontalmente contestada pela nova Constituição continuaria tendo vigência. Isto é falso, porque a nova Constituição revoga totalmente a anterior, atingindo todas as normas anteriores. 6) Controle de Constitucionalidade Constituição rígida – alteração depende de procedimento mais rígido que o estipulado para leis ordinárias. Hierarquia normativa – Constituição no alto de uma pirâmide, num plano hierárquico, com demais normas guardando relação de necessária lealdade com ela. > Esse dever de compatibilidade vertical obedece a dois parâmetros: a) Formal – refere-se às regras constitucionais ligadas ao processo legislativo, que são os meios aptos a introduzir as normas no sistema jurídico; Material – refere-se ao conteúdo das normas constitucionais, que não pode ser contrariado pelo conteúdo das normas infraconstitucionais. > Supremacia da constitucionalidade – mecanismo de proteção da Constituição para assegurar sua supremacia em relação às determinações de natureza formal e material. > Superlegalidade formal – a Constituição é suprema porque impõe que regras do processo legislativo sejam respeitadas. > Superlegalidade material – ela impõe que o conteúdo das normas constitucionais seja obedecido. >> Tipos de controle: A) Controle preventivo – previne introdução de norma inconstitucional no sistema antes ou durante o processo legislativo. Fases: iniciativa legislativa => comissões (especial a CCJ) => aprovação em plenário na Câmara e Senado => sanção presidencial => promulgação e publicação (no caso de veto do Presidente, Legislativo pode derrubá-lo, por maioria absoluta). B) Controle preventivo de natureza jurisdicional – quando há vedação expressa na Constituição ao trâmite de um norma. Nesse caso, excepcionalmente, o Judiciário participa do controle preventivo. Verificando haver proibição expressa ao trâmite de uma norma, um parlamentar pode impetrar mandado de segurança junto ao STF, que intervém no processo legislativo. C) Controle recessivo – Exercido junto ao Judiciário, após fase do processo preventivo. Processa-se por duas vias: > Controle difuso – É indireto, de exceção (excepciona só o interessado), de defesa, de caso concreto. Consiste em arguição de inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo num processo judicial comum (juiz ou Tribunal de Justiça). Discute-se caso concreto. Objetivo é a prestação jurisdicional. Deve haver situação concreta em que o interessado pede a prestação jurisdicional para escapar da incidência de uma norma. O efeito é infrapartes. STF também pode atuar (via recursal). Se considerar a norma inconstitucional, comunica ao Senado e este, por maioria absoluta, pode suspender efeitos da norma (efeito “erga omnes”). > Controle concentrado – É direto, abstrato, através de ação. É controle pré-existente na Constituição. Exige norma em sentido material, dotada de abstração. Foro competente é o STF. Ação carente – quando faltam: legitimidade, interesse processual e possibilidade jurídica do pedido junto ao STF. O controle concentrado processa-se por três tipos de ações: - Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin); - Ação Declaratória de Constitucionalidade (Adecon); - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF). > Constituição de 88 previa dois instrumentos: Adin e ADPF => Adin foi utilizada de imediato, pois a legislação infraconstitucional que a aparelhava foi recebida pela Constituição. A ADPF, não. => Emenda Constitucional 3/1993 introduziu e regulamentou a Adecon, trazendo efeito vinculante para decisões de mérito => Lei 9.868/99 trouxe para si os disciplinamentos da Adin e Adecon => Lei 9.82/99 operacionalizou a ADPF. > Efeito “ex tunc” – declarada inconstitucionalidade no controle concentrado, isto retroagirá ao momento em que a norma começou a produzir efeito. > Efeito “ex nunc” – quando a norma deixa de produzir efeitos a partir do momento em que é declarada inconstitucional. 7) Ação Direta de Inconstitucionalidade > Inovações – introdução do governador do Distrito Federal e das mesas das Assembléias no rol de autores legitimados a propor Adin; inconstitucionalidade na atribuição de efeito vinculante às decisões com sede em Adin (a Lei 9.868/99 é ordinária e vai de encontro à Constituição, que não previu tal efeito para a Adin – só a Adecon tem efeito vinculante). > Autores – Presidente, procurador-geral da República, presidentes da Câmara e Senado, governador de Estado e do Distrito Federal, mesas de Asembléia Legislativa e da Câmara Legislativa, Conselho Federal da OAB, partido político com representação no Congresso; entidades de âmbito nacional e confederação sindibal. Alguns desses presisam ter “pertinência temática” (interesse na matéria); outros não precisam, por serem neutros (universais) (são os quatro primeiros). > Campo material – leis ou atos normativos estaduais ou federais. > Citação é do advogado-geral da União. > Tem efeitos erga omnes e vinculante. > Regra é “ex tunc”, mas Congresso pode fazer produzir “ex-nunc”, com 2/3 dos menbros. 8) Ação Declaratória de Constitucionalidade > Elemento fundamental – tem que existir uma relevante controvérsia jurisprudicional. > Campo material – leis ou atos normativos federais. Autores legitimados – Presidente, procurador-geral da República, presidentes da Câmara e Senado (neutros). > Não há citação pelo advogado-geral da União. > Tem efeitos erga omnes e vinculante. 9) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental Objetivo é evitar ou reparar lesão a preceito fundamental provocada por ato do poder público de relevante controvérsia constitucional de lei federal, estadual ou municipal, inclusive anteriores à Constituição de 88. Só é aplicada quando inexiste outro meio de sanar a lesividade. > Os preceitos fundamentais: forma e estrutura de governo, sistema de governo, divisão e funcionamento de poderes, princípios e direitos fundamentais, ordem econômica e ordem social. > Campo material – tratará de medida residual. > Não há citação pelo advogado-geral da União. > Tem efeitos erga omnes e vinculante. > Autores são os mesmos da Adin. 10) Controle Constitucional de Omissão Criado pela Constituição de 88. A omissão tem de ser juridicamente relevante. Ela é caracterizada pelo não cumprimento do dever previsível dos Poderes e das autoridades de disciplinar determinada matéria. - Se o órgão for Poder, será dada ciência para que adote providências; - se for autoridade administrativa, será determinado que tome providência cabível num prazo de 30 dias. O controle de constitucionalidade pode ser: - pelo controle concentrado (Adin, junto ao STF); - pelo controle difuso (mandado de injunção – usado na falta de norma regulamentadora para que se usufrua de um benefício previsto na Constituição. STF comunica ao Senado e este pode produzir efeito “erga omnes”). Diferença: no controle por ação, o ato é reconhecido como nulo; no controle de omissão, inexiste ato. Posições do STF sobre a matéria: - apenas comunica o Congresso sobre a mora (dívida); - concede prazo ao Congresso e determina que, se não houver providência, o direito será colhido pelo interessado; - havendo omissão do Congresso, é fixado prazo e, desatendido este, é autorizado pleito indenizatório contra a União. 11) Controle de Constitucionalidade de âmbito Estadual Constituição Federal atribui às Constituições Estaduais competência para instituir Adin no âmbito estadual. Competência do controle é do Tribunal de Justiça – só com votos da maioria de seus membros pode declarar inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. É controle concentrado (autores são os mesmos da Adin federal) Também cabe mandado de injunção. Campo material – normas estaduais e municipais que violem a Constituição Estadual. Norma repetida – quando uma norma viola uma norma estadual que repete uma norma estadual, há violação do princípio de simetria, o que pode gerar recurso extraordinário ao STF.
DIREITO CONSTITUCIONAL - É o ramo do direito público interno que estuda a