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OBJETIVO DO CAPÍTULO
Este capítulo não tem a pretensão de esgotar o exame da Lei de Responsabilidade Fiscal,
até por que a Lei é por demais abrangente. O objetivo principal é compreender o alcance da
Lei, mostrar suas principais inovações e discorrer sobre pontos relevantes, para os gestores
públicos, para os órgãos de controle interno e externo e usuários desta Lei.
14.1 INTRODUÇÃO
A Lei Complementar n.º 101 de 04 de maio de 2000, também conhecida como Lei
de Responsabilidade Fiscal – LRF vem regulamentar o artigo 163 da Constituição Federal
ao estabelecer normas reguladoras das finanças públicas no nosso País. O seu principal
objetivo é o equilíbrio fiscal, que se busca alcançar pela imposição de restrições para o
crescimento da despesa e pela fixação de limites para gastos com pessoal, serviços de
terceiros e endividamento.
Outro importante objetivo da Lei é aprimorar a responsabilidade na gestão fiscal dos
recursos públicos, por meio de ação planejada e transparente que possibilita prevenir riscos
e corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas.
Com o advento da Lei, os governantes e agentes públicos passam a ser responsabilizados
criminalmente pela má gestão dos recursos públicos e pelos atos que impliquem danos ao
erário.
Estão sujeitos à Lei de Responsabilidade Fiscal todos os entes da Federação (União,
Estados, Municípios e Distrito Federal), os Poderes Executivo, Legislativo (inclusive
Tribunais de Contas), e o Judiciário (inclusive Ministério Público) e os órgãos da
administração direta e indireta, excluídas as empresas estatais que não dependem do
Tesouro do ente ao qual se vinculam.
14.2 DEFINIÇÕES
Sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou
indiretamente, a ente da Federação.
Aquela derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo que fixe prazo
superior a dois exercícios para sua execução, exceto serviço da dívida e o reajustamento de
remuneração de pessoal previsto no inciso X do art. 37 da Constituição Federal.
Dívida representada por títulos emitidos pela União (inclusive os do Banco Central
do Brasil), Estados e Municípios.
Tributárias
de Contribuições
Patrimoniais
Industriais
Agropecuárias
Serviços
Transferências Correntes
Outras Receitas Correntes
As alíneas a, b e c do inciso IV, art. 2º, estabelecem que algumas receitas deverão
ser deduzidas na apuração da Receita Corrente Líquida, para cada um dos entes da
Federação. As deduções são as seguintes:
• Na UNIÃO
I. Valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou
legal;
II. Contribuições do empregador e do trabalhador e demais segurados para a seguridade
social;
III. Contribuições para o PIS e para o PASEP;
IV. Contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência
social;
V. Receitas provenientes da compensação financeira entre os diversos regimes de
previdência social.
• Nos ESTADOS
I. Parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;
II. Contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência
social;
III. Receitas provenientes da compensação financeira entre os diversos regimes de
previdência social.
• Nos MUNICÍPIOS
I. Contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência
social;
II. Receitas provenientes da compensação financeira entre os diversos regimes de
previdência social.
Importante: Não serão consideradas no cálculo da Receita Corrente Líquida do Distrito
Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima, os recursos transferidos pela União para
custear despesas com pessoal.
Serão computados no cálculo da RCL os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei
Kandir e do FUNDEF.
14.4 DO PLANEJAMENTO
Essa lei, além de atender aos preceitos do § 2º do art. 165 da Constituição Federal,
deverá dispor sobre (art. 4º da LRF):
a) equilíbrio entre receitas e despesas;
b) critérios e forma de limitação de empenho, caso a realização da receita não
comporte o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal
estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais;
c) controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas;
d) condições para transferências de recursos aos setores público e privado;
e) anexo de Metas Fiscais e Riscos Fiscais.
Este anexo também deve acompanhar a LDO, mostrando a avaliação dos passivos
contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas e as providências a serem
tomadas.
Além dos Anexos de Metas e Riscos Fiscais, a mensagem que encaminhar o projeto
da LDO deverá conter um anexo específico que demonstre:
• os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial;
• os parâmetros e as projeções para seus principais agregados; e
• as metas de inflação para o exercício subseqüente.
A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que, até trinta dias após a publicação
dos orçamentos, nos termos em que dispuser a LDO, o Poder Executivo estabelecerá a
programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.
A LRF estabelece, segundo critérios fixados na LDO, limitação de empenho e
movimentação financeira. A limitação de empenho será observada por todos os Órgãos e
Poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público). Essa
limitação deverá ser adotada observando os seguintes critérios:
a) caso seja verificado, ao final do bimestre, que a realização da receita poderá não
comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal,
estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais –AMF;
b) enquanto perdurar o excesso, em relação o ente da Federação obterá resultado
primário necessário à recondução da dívida aos limites da dívida consolidada.
• Remissão: Trata-se de liberação voluntária do devedor por ato do credor. A lei pode
autorizar a autoridade administrativa a conceder a remissão. É o perdão da dívida.
• Anistia: concessão que o Estado faz a devedores em atraso para que possam quitar
os seus débitos em novos prazos, independentemente de majoração, multas e outras
sanções a que normalmente estariam sujeitos.
• Subsídio: auxílio de caráter econômico, em dinheiro ou sob a forma de benefícios
concedidos pelo Estado.
• Isenção em Caráter não Geral: é a dispensa legal de pagamento de um tributo
devido. Na isenção não geral o contribuinte deverá fazer prova que cumpre a
exigência legal ou deverá fazer ou deixar de fazer algo para que possa ser
beneficiado.
• Crédito Presumido: é o ato do Poder Público autorizado em lei, que concede ao
contribuinte a presunção de crédito.
Os limites estabelecidos na LRF, para despesas com pessoal, não devem ultrapassar
os seguintes percentuais da receita corrente líquida:
• União: 50%;
• Estados: 60%;
• Municípios: 60%
O §1º do art. 19 da LRF dispõe sobre as despesas de pessoal que não deverão ser
computadas para efeito de cumprimento dos limites. Essas despesas são as seguintes:
a) Indenização por demissão de servidores ou empregados;
b) Incentivos à demissão voluntária;
c) Convocação extraordinária do Congresso Nacional, em caso de urgência ou
interesse público;
d) Decisão judicial de período anterior ao da apuração;
e) Com Pessoal, do Distrito Federal, dos Estados do Amapá e de Roraima, custeadas
com recursos transferidos pela União;
f) Com inativos, mesmo quando custeadas por intermédio de fundo específico com
recursos de contribuições dos segurados; da compensação financeira e receitas
diretamente arrecadadas por fundo vinculado, inclusive o produto da alienação de
bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.
I - Esfera Federal:
• 2,5% para o Legislativo, incluído o TCU;
• 6% para o Judiciário;
• 40,9% para o Executivo;
• 0,6% para o Ministério Público da União.
II - Esfera Estadual:
• 3% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;
• 6% para o Judiciário;
• 49% para o Executivo;
• 2% para o Ministério Público dos Estados.
III - Esfera Municipal:
• 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver;
• 54% para o Executivo.
Caso o montante da despesa com pessoal realizada por Poder ou Órgão exceda a
95% dos limites fixados, ficam-lhe vedados:
14.7.1 Classificação
14.7.2.1 Conceitos
Importante: O art. 23 § 3º da LRF ressalva que o ente que esteja acima dos limites da
despesa total com pessoal poderá realizar operações de crédito destinadas ao
refinanciamento da dívida.
14.7.2.2 Limites
14.7.3.1 Vedações
14.7.3.3 Garantias
14.7.3.4 Contragarantias
Importante: Compete ainda aos Tribunais de Contas verificarem os cálculos dos limites da
despesa total com pessoal de cada Poder e órgão.