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4.

A Análise Económica do Direito (Almeida Costa –


pp. 122 - 125)

Falaremos, brevemente, do movimento moderno da análise


económica do direito, inspirado por juristas norte-americanos, mas
que se comunicou a outros países.

Com ele procura-se compreender o universo jurídico à luz de


pressupostos económicos, isto é, através da aplicação ao Direito de
abordagens ou raciocínios típicos da economia.

Tendência de confronto dos custos e dos benefícios das soluções


jurídicas, quer no plano normativo da criação do direito, quer no plano
da sua aplicação. É uma linha de pensamento que conduz, quando
seguida até ao limite, a uma radical funcionalização do Direito,
despojando-o de valores ético-sociais. Ex: Quanto ao Direito Penal,
esta corrente leva a encarar a criminalidade e a definição das
reacções penais de uma estrita perspectiva de custos.

… Em especial, relativamente ao Direito das Obrigações, põem-se


aqui os temas centrais da análise económica do Direito dos Contratos
e da Responsabilidade Civil, em múltiplos aspectos, como o da tutela
da confiança. Imaginem-se, designadamente, as operações
complexas ligadas a danos de vulto ocasionados pela violação de um
contrato entre grandes empresas e a prejuízos que podem ocorrer no
âmbito da responsabilidade pré-contratual ou como resultado da
destruição de bens alheios valiosos. Em todas estas situações, a
moderna análise económico-financeira permite, de facto, um mais
aprofundado e minucioso cálculo da indemnização e dos seus critérios
de repartição.
A mesma perspectiva analítica tem ajudado a estender a intenção
disciplinadora do direito a determinadas realidades económicas que
podem surgir no desenvolvimento de relações jurídicas duradouras
estabelecidas entre as partes, tal como no domínio dos contratos de
distribuição de produtos e serviços. Ex.: No Contrato de Agência, a
indemnização de clientela.

A chamada de atenção para determinados aspectos específicos das


situações que acontecem no mercado e que escapavam aos quadros
dogmáticos da civilística tradicional constitui um dos contributos
trazidos pela mencionada corrente de pensamento.

Todavia, a intenção inicial, da corrente da análise económica do


Direito não é a respeito dos aspectos acabados de enunciar, mas, ao
invés, pretendia-se uma reflexão jurídica que conduzisse à utilização
eficiente de recursos económicos escassos, em detrimento das
soluções dirigidas à conformação das relações de mercado segundo
critérios de justiça. Por outras palavras… do que se tratava não era
apenas de colocar a ciência económica ao serviço das intenções de
justiça tradicionalmente prosseguidas pelo Direito Privado, mas
sobretudo da própria subordinação a uma exclusiva racionalidade
económica que, no extremo, se substituiria à justiça como critério de
regulamentação.

Opinião do Autor:

Uma coisa é admitir a eficiência como condição da Justiça das


soluções, coisa diversa é pretender que a simples eficiência
substitua a Justiça como padrão única da ordem jurídica.

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