Falaremos, brevemente, do movimento moderno da análise
económica do direito, inspirado por juristas norte-americanos, mas que se comunicou a outros países.
Com ele procura-se compreender o universo jurídico à luz de
pressupostos económicos, isto é, através da aplicação ao Direito de abordagens ou raciocínios típicos da economia.
Tendência de confronto dos custos e dos benefícios das soluções
jurídicas, quer no plano normativo da criação do direito, quer no plano da sua aplicação. É uma linha de pensamento que conduz, quando seguida até ao limite, a uma radical funcionalização do Direito, despojando-o de valores ético-sociais. Ex: Quanto ao Direito Penal, esta corrente leva a encarar a criminalidade e a definição das reacções penais de uma estrita perspectiva de custos.
… Em especial, relativamente ao Direito das Obrigações, põem-se
aqui os temas centrais da análise económica do Direito dos Contratos e da Responsabilidade Civil, em múltiplos aspectos, como o da tutela da confiança. Imaginem-se, designadamente, as operações complexas ligadas a danos de vulto ocasionados pela violação de um contrato entre grandes empresas e a prejuízos que podem ocorrer no âmbito da responsabilidade pré-contratual ou como resultado da destruição de bens alheios valiosos. Em todas estas situações, a moderna análise económico-financeira permite, de facto, um mais aprofundado e minucioso cálculo da indemnização e dos seus critérios de repartição. A mesma perspectiva analítica tem ajudado a estender a intenção disciplinadora do direito a determinadas realidades económicas que podem surgir no desenvolvimento de relações jurídicas duradouras estabelecidas entre as partes, tal como no domínio dos contratos de distribuição de produtos e serviços. Ex.: No Contrato de Agência, a indemnização de clientela.
A chamada de atenção para determinados aspectos específicos das
situações que acontecem no mercado e que escapavam aos quadros dogmáticos da civilística tradicional constitui um dos contributos trazidos pela mencionada corrente de pensamento.
Todavia, a intenção inicial, da corrente da análise económica do
Direito não é a respeito dos aspectos acabados de enunciar, mas, ao invés, pretendia-se uma reflexão jurídica que conduzisse à utilização eficiente de recursos económicos escassos, em detrimento das soluções dirigidas à conformação das relações de mercado segundo critérios de justiça. Por outras palavras… do que se tratava não era apenas de colocar a ciência económica ao serviço das intenções de justiça tradicionalmente prosseguidas pelo Direito Privado, mas sobretudo da própria subordinação a uma exclusiva racionalidade económica que, no extremo, se substituiria à justiça como critério de regulamentação.
Opinião do Autor:
Uma coisa é admitir a eficiência como condição da Justiça das
soluções, coisa diversa é pretender que a simples eficiência substitua a Justiça como padrão única da ordem jurídica.