Professional Documents
Culture Documents
21
22
quelulçõesíntcmasouettemasquesóeupossopratiaremrelaçãoao
outro, a quem elas são inacesslveis no lugar que ele ocupa fora de mim;
IIÍS 3955 completam o outro justamente naqueles elementos em que
ele não pode completar-se. Essas ações podem ser infinitamente varia-
das em função da infinita diversidade de situações da vida em que eu e
23
24
25
26
27
28
dade, etc. do outro por mim; e olhando através dessa tela da alma do
outro, reduzida a meio, eu vívifioo e incorporo a minha imagem exter-
na ao mundo plástico-pictural. Esse eventual agente da resposta axio-
lógica do outro a mim não deve ser um individuo determinado, senão
ele desalojaria imediatamente minha imagem extema do campo da
minha representação e ocuparia o lugar desta; eu passaria a vô-lo com
sua reação externamente expressa a mim, já situado nonnalmente na
fronteira do campo de visão; além disso, ele introduziria alguma detet-
minação de enredo em meu sonho como participante já revestido de
um papel determinado, e o que se precisa é de um autor que não par-
ticipe do acontecimento imaginário. Trata-se precisamente de me tra-
duzir da linguagem interna para a linguagem da expressividade externa
e entreIaçar-me inteiramente, sem reservas, com o tecido plástico-pic-
tural único da vida enquanto homem entre outros homens, enquanto
personagem entre outras personagens; é fácil substituir essa tarefa por
uma tarefa inteiramente estranha, pela tarefa do pensamento: o pensa-
mento da conta muito facilmente de situar-me no mesmo plano com
todos os outros indivíduos, porque no pensamento eu me abstraio, an-
tes de tudo, do lugar único que eu - o único indivíduo - ocupo na exis-
tência, e consequentemente me abstraio da singularidade concreto-
-evidente do mundo; por isso o pensamento desconhece as dificulda-
des éticas e estéticas da auto-objetiwção.
29
30
31
Outra coisa é o meu retrato executado por um artista que tem au-
toridade para mim; aí temos realmente uma janela para o mundo onde
eu nunca vivo, efetivamente uma visão de mim no mundo do outro
pelos olhos de outro indivíduo puro e integral - o artista, uma visão
como adivinhação, que traz em si uma natureza que me predetermina
em pequena medida. Porque a imagem externa deve englobar, conter e
concluir o todo da alma - o todo da minha diretriz volitivo-emocional
e ético-cognitiva no mundo; essa Função, a imagem externa comporta
para mim apenas no outro: não posso perceber-me em minha imagem
externa englobado e expresso por ela. minhas reações volitivo-emocionais
estão ñxadas aos objetos e não se comprimem numa imagem externa-
mente conclufda de mim mesmo. Minha imagem externa não pode vir
32
33
34
35
36
convincentemente por inteiro encerrado em um objeto externamente
limitado, todo visivel e tátil, coincidindo completamente com ele em
todos os sentidos, mas não posso reprsentar o outro de modo diferente:
tudo o que conheço do interior dele e em parte vivencio empatica-
mente eu lhe insiro na imagem externa como num recipiente que con-
tém o seu eu, sua vontade, seu conhecimento; para mim, o outro está
reunido e contido por inteiro em sua imagem atterna. Enquanto isso,
eu vivencio minha própria consciência como se ela estivesse a abarcar
o mundo, a abrangê-lo e não alojada nele [-il]. A imagem externa pode
ser vivenciada como uma imagem que conclui e esgota o outro, mas
eu não a vivencio como algo que me esgota e me conclui.
Segue-se da( que só outro homem pode ser vivenciado por mim
como conatural com o mundo exterior, pode ser entrelagdo a ele e con-
cordar com ele de modo esteticamente convincente. Enquanto nature-
za, o homem é vivenciado de modo intuitivamente pcrsuasivo apenas
no outro, não em mim. Eu para mim não sou plenamente conarural
com o mundo exterior, em mim há sempre algo substancial que eu pos-
so contrapor a ele, isto é, o meu ativismo interior, minha subjetividade,
que se contrapõe ao mundo exterior visto como objeto, sem interferir
nele; esse meu ativismo interior é extranatural e extramundo, sempre
37
38
exterior do outro começ uma vida nova, adquire algum sentido novo,
nasce em um novo plano da existência. Só os lábios do outro posso to-
car com meus lábios, só no outro eu posso pousar as mãos, erguer-me
aünmeme 505m ele. afagando-o todo por completo, o corpo e a alma
que lidar/e, em todos os momentos da sua existência. Nada disso me é
d3d° VWCHCÍU Comigo, e aqui a questão não está apenas na impossibi-
lidade física mas na fim-idade volitivo-cmocional de direcionar esses
atos para si mesmo. Como objeto do abraço, do beijo, do afago, a exis-
tência acterior limitada do outro se toma axiologicamente rija e pesada,
um material ¡nterionnente ponderável [il.] para se enñmnar plastimmen-
te e esculpir um dado homem não como espaço fisicamente acabado e
fisicamente limitado, mas como espaço vivo esteticamente acabado e li-
mitado, como espaço esteticamente acabado do acontecimento. É cla-
ro, evidentemente, que aqui nos abstrafmos dos elementos sexuais que
turvam a pureu estética desses atos irreversíveis, tomamo-nos como rea-
ções vinis artístico-simbólicas ao todo do homem, de quem abraçamos
ou afagamos também a alma encerrada nele e expressa por ele quando
lhe abraçamos e afagamos o corpo.
4. A IMAGEM EXTERNA DA AÇÃO'
39