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RECIFE
2012.1
THAYNAH LEAL SIMAS
Trabalho de Conclusão de
Curso – TCC, apresentado
como requisito parcial à
obtenção do título de graduado
em letras: Português/Inglês,
Pela Faculdade Frassinetti do
Recife – FAFIRE.
Orientador(a): Professora
Nelma Menezes
RECIFE
2012.1
DEDICATÓRIA
Agradeço à minha mãe, D. Patrícia Leal, por toda a minha vida. Fui à universidade pela
primeira vez em seu ventre e desde aquele tempo, me ocorreu que era um bom lugar a se
voltar, assim que pudesse. Dedico este trabalho também, com um amor inexorável, aos meus
três irmãos menores: sem a grande participação de vocês em minha vida, talvez eu jamais
compreendesse a necessidade da educação libertadora. Também dedico esse trabalho a minha
avó, D. Margarida, que carinhosamente – nem tanto, devo confessar – despendiava suas tardes
a me ensinar as tarefas de casa e que me deixava, após isso, ir ao quintal brincar em baixo do
pé de jambo com Bidu, meu falecio dorberman. Ao meu Vô Antonio com muito carinho. E a
todos os meu familiares, muito obrigada por tudo e qualquer coisa .
“De todo o escrito só me agrada aquilo que uma pessoa escreveu
com o seu sangue. Escreve com sangue e aprenderás que o
sangue é espírito.
Não é fácil compreender o sangue alheio: eu detesto todos os
ociosos que lêm.”
Friedrich Nietzsche
RESUMO
É preciso ter consciência que o ensino de Língua Portuguesa não pode apenas restringir-se ao
ensino de gramática como imprescindível. É preciso aliar o conhecimento gramatical ao
linguístico, como disciplinas interdependetes que necessitam, para evoluir, da análise crítica
arguta e exigente de seus professores e estudantes. Sendo assim, se faz mister o uso da
Análise do Discurso em sala de aula, não apenas como suporte, mas como co-responsável
pela aprendizagem e apropriação do conhecimento linguístico e gramatical que é repassado ou
transpassado pela aula de Língua Portuguesa, para evitar o assujeitamento linguístico e
promover e desenvolver a capacidade crítica do estudante, dentro da escola e fora dela.
It's necessary be aware that the teaching of Portuguese language can not just restricted to the
teaching of grammar as essential. It is necessary to combine the language grammar
knowledge as interdependent disciplines that need to evolve, the critical analysis of his
shrewd and challenging teachers and students. Thus, it is indispensable the use of discourse
analysis in the classroom, not only as support, but as co-responsible for learning and
knowledge acquisition language and grammar that is passed on or pierced by the Portuguese
class to avoid the specheless language and promote and develop the critical skills of the
student within the school and beyond.
INTRODUÇÃO..............................................................................................................9
1 EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO............................................................................11
1.1 O Ensino de Língua Portuguesa no Brasil
1.2 Conceituando o Discurso e sua Análise....................................................................12
1.3 A Análise do Discurso como ferramenta de emancipação........................................13
2 A CRISE DO ASSUJEITAMENTO
LINGUÍNSTICO.....................................................................................................16
2.1 As falácias do discurso............................................................................................ 17
2.2 Discurso, dominação e poder...................................................................................17
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................19
REFERÊNCIAS...........................................................................................................20
INTRODUÇÃO
Nesse mesmo relatório, são apontados os quatro pilares da educação, pilares estes que
devem servir como guias para a escola e a prática de ensino-aprendizagem, a saber:
Para poder dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve
organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo
de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do
conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da
compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente;
aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em
todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que
integra as três precedentes. É claro que estas quatro vias do saber constituem
apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de
relacionamento e de permuta.
Todavia, nesse mesmo relatório fica evidente que a maioria das escolas focam apenas
na aquisição massissa de conhecimento, privilegiando apenas o logos e deixando em segundo
plano, quando muito, o desenvolvimento dos demais pilares. Sob essa perspectiva, a
educação, restringindo-se a apenas reproduzir conhecimentos não é suficiente para estimular
aos estudantes a serem agentes ativos – protagonistas – de suas vidas e de suas decisões:
baseando-se no mesmo relatório realizado por Delors (1996), a escola precisa dar espaço para
o exercício do pensamento crítico, auto-reflexivo e para o diálogo.
Para alcançar tal objetivo – o da educação libertadora, emancipadora, uma educação
global – o relatório sugere além de melhorias e adaptações nas escolas – questões materiais e
de administração – como também no investimento na qualificação dos educadores – material
e acadêmica – na eminência de se promover uma educação de qualidade, que promova a
inclusão, a democracia e a liberdade:
A educação deve encarar de frente este problema[a construção do destino em
comum], pois, na perspectiva do parto doloroso de uma sociedade mundial,
ela se situa no coração do desenvolvimento tanto da pessoa humana como das
comunidades. Cabe-lhe a missão de fazer com que todos, sem exceção, façam
frutificar os seus talentos e potencialidades criativas, o que implica, por parte
de cada um, a capacidade de se responsabilizar pela realização do seu projeto
pessoal.
Sobre o ensino de Língua Portuguesa no Brasil, pode-se afirmar que ele enfrenta no
contexto atual grandes problemas conceituais e epistemológicos. Muitos são os autores que
trazem à tona questões como o preconceito linguístico, as variantes linguísticas, a literatura
marginalizada, a pragmática, a análise do discurso, dentre outras disciplinas, que outrora eram
postas como “secundárias”. Antunes (2007) afirma:
Este trabalho tem como base as seguinte conceituações sobre discurso e Análise do
Discurso, pois, muito são os debates acadêmicos sobre essa disciplina e, para evitar-se
maiores contradições, trabalharemos com as seguintes perpspectivas anteriormente
supracitadas.
1.3 A Análise do Discurso como Ferramenta de Emancipação
A Análise de Discurso é a disciplina responsável pelo discurso. Teve origem na
década de sessenta após uma grande evolução histórica, que se deu desde M. Bréal no século
XIX com sua semântica histórica, passando pelos formalistas russos dos anos vinte e trinta,
que já prenunciavam no texto uma estrutura que necessitava de uma “análise que fosse além
do conteúdo, que até então era a análise tradicional dessa estrutura.” (ORLANDI, 2009)
Diferentemente da análise tradicional, a Análise de Discurso (doravante AD),
proporcionou outro nível de compreensão textual: enquanto na análise de conteúdo,
perguntava-se “ “O que quer dizer esse texto?”; a AD veio questionar “Como significa esse
texto?” “. (ORLANDI, 2009)
A partir dessa proposta, surge o interesse da aplicabilidade dessa disciplina no ensino
de Língua Portuguesa, pois para Voese (2004):
“(...) o discurso é o lugar em que se pode observar essa relação entre língua e
ideologia, compreendendo-se como a língua produz sentidos por/para outros
sujeitos.
Todo falante, em um nível epistemológico, deve ser alertado deu seu papel primordial
em relação a sua própria língua, pois isso incorre em uma relação ideológica de poder:
aquele que sabe que dialoga com a sua língua, sabe que nela há uma flexibilidade,
uma troca de indentidades, um uso positivo. Aquele que ignora esses fatos, está
absurdamente sujeito a ser dominado por aqueles que com atitudes de má fé
linguística, usam de retórica e falácias para ludibriar e sobrepor-se sobre os demais.
Em seu artigo “Conscientização de Alunos(as) sobre o preconceito linguístico”, a
autora Maria Cecília de Lima expõe a seguinte conclusão:
Diversas são as falácias encontradas dentro da língua que são perpetudas pelo
assujeitamento linguístico. Dentre elas, pode-se citar lexemas usados em depreciamento em
decorrência do gênero feminino – a maioria dos “palavrões” são de caráter misógino e sexista
– assim como expressões racistas, herdadas dos tempos de escravidão no nosso país, além de
expressões homofóbicas, expressões neo-liberais, expressões depreciativas com a própria
nacionalidade.
São incontáveis, dentro da Língua Portuguesa, expressões que remontam ideologias
eugênicas e “herdadas” de outros tempos, outros povos e outras culturas. Dentro do Brasil,
um país definitivamente plural em sua cultura, percebe-se resquícios de o que se pode chamar
de “ideologias velhas numa nova roupagem”.
Essa ideologias herdadas influenciam diretamente na construção da identidade do
sujeito, e indo além, na identidade linguística, que segundo Lankshear (1997):
O gênero, a classe social, a etnia, a cultura, o grupo social são só palavras por
meio das quais os acadêmicos e os não-acadêmicos, igualmente, procuram
esculpir o mundo de Discursos que estão sempre mudando, se transformando
e emergindo. Tal mundo é muito maior do que qualquer uma dessas etiquetas
pode captar.
Uma vez que não se exerça a apropiação linguística e a releitura de fenômenos dentro
da língua que remotam de outras tempos e outros contextos, isso se caracteriza como uma
dominação e assujeitação, reverberando conceitos passados sem a propriedade da crítica. O
maior risco que se corre em reproduzir tais posturas, se dá ao fato de jamais deixar partir
ideologias preconceituosas e embasadas em conceitos errôneos. Tais repetições viram mitos e
mitos são difíceis de serem desfeitos.
2.3. Discurso, dominação e poder
É dentro do Discurso que ideologias são repassadas ou não. O poder da palavra existe
e assim como existe esse poder, existem aqueles que o usam de maneira ardilosa para
manipular e para dominar. E, enquanto houver pessoas que não são alertadas desse poder
linguístico de dominação, sempre haverá algum tipo de preconceito linguístico, seja por
questão geográfica, seja por questão histórica, de étnica, de gênero, idade, sexualidade e etc.
Para Fairclough (1989):
O discurso tem seus efeitos constitutivos:
a) Contribui para a construção de identidades sociais ou posição de sujeito;
b) Constrói relações sociais;
c) Contribui para a construção dos sistemas de conhecimentos e crenças.
ANTUNES, Irandé. Muito Além da Gramática. Parábola Editorial, São Paulo, 2007.
FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso. Editora Contexto, São Paulo, 2009.
FREIRE, Paulo. Educação Como Prática de Liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 1967.