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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
Coordenação Pedagógica – IBRA
DISCIPLINA
FILOSOFIA, ÉTICA
PROFISSIONAL E
CIDADANIA
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SUMÁRIO
ANEXOS .......................................................................................................... 34
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Segundo Ghiraldelli Jr, (s/d, s/p) não parece útil falarmos em filosofia da
educação quando ainda reina, na conversação entre vários grupos de professores,
uma indistinção a respeito de quatro termos, a saber: ―filosofia da educação‖,
―pedagogia‖, ―didática‖ e ―educação‖. E mais especificamente, no que diz respeito ao
termo ―filosofia da educação‖, para muitos professores tal expressão tem uma única
função, ou seja, a de fundamentar a educação ou a pedagogia. Às vezes, fazer
filosofia é, antes de tudo, criar distinções.
- Didática: A didática, por sua vez, é um saber especial. Muitos dizem que é um
saber técnico, porque ela vem de uma área onde se acumulam os saberes que nos
dizem como devemos usar da chamada ―razão instrumental‖ para melhor
contribuirmos com a relação ensino-aprendizagem. A razão técnica ou instrumental
é aquela que faz a melhor adequação entre os meios e os fins escolhidos. A didática
é uma expressão pedagógica da razão instrumental. Sua utilidade é imensa, pois
sem ela nossos meios escolhidos podem, simplesmente, não serem os melhores
disponíveis para o que se ensina e se aprende e, então, estaremos fazendo da
educação não a melhor educação possível. Mas a didática depende da pedagogia.
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- Filosofia da educação: É uma saber mais independente, que pode ou não ter um
vínculo com os saberes da pedagogia e da didática, ou do saber prático imediato
que faz educação se desdobrar, acontecer. Pois a filosofia da educação é um saber
que, de um modo amplo, discute o campo educacional, reflete sobre ele, ou para
colocar valores e fins e legitimá-los através de fundamentos, ou para colocar valores
e fins e legitimá-los através de justificações. Essa distinção entre fundamentação e
justificação é importante. (...) A filosofia da educação não está vinculada somente à
razão instrumental ou à razão comunicativa liberal, mas tem como sua produtora a
razão enquanto elemento que escolhe fins e, portanto, que valora. Ela pode falar em
"valor de verdade" e "valor moral", pode separá-los ou não, mas, sempre, vai falar
em valor e fins. A razão, aqui, é a razão que diz os objetivos da educação e, então,
que explicita se as normas da pedagogia podem ser mantidas ou não, e que normas
são essas. (GHIRALDELLI JR, s/d, s/p)
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Dado que somos herdeiros de uma história das concepções das finalidades
e orientações da educação, essa história permanece ativamente inserida e expressa
nas nossas crenças e nas nossas práticas. Fornece-nos a compreensão mais nítida
das questões que nos preocupam e nos dividem. A maior parte das teorias do
conhecimento — seguramente as de Descartes e de Locke — tinham, entre outras
coisas, a intenção de reformar as práticas pedagógicas. A maior parte das teorias
éticas — certamente as de Hume, Rousseau e Kant — tinham a intenção de
reorientar a educação moral. O alcance prático das teorias políticas — as de
Hobbes, Mill e Marx — não se limita apenas à estrutura das instituições, também
chega à educação dos cidadãos. Sistemas metafísicos gerais — os de Leibniz,
Espinosa e Hegel — fornecem modelos de investigação e, como consequência,
estabelecem orientações e padrões para a educação de espíritos esclarecidos.
Alguns filósofos — Locke, Rousseau, Bentham e Mill, por exemplo — fizeram dos
seus programas educativos uma característica nuclear dos seus sistemas filosóficos.
Outros — Descartes, Espinosa e Hume — tinham boas razões para não tornarem
explícito o significado educativo dos seus sistemas.
Nesse sentido Lara (2001, s/p) pergunta: para que filosofia na educação? A
resposta é simples: porque educação é, afinal de contas, o próprio ―tornar-se
homem‖ de cada homem num mundo em crise.
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novidades e – o que é pior – sem nos darmos conta da incoerência existente entre
nossas palavras e nossos atos.
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Ainda de acordo com Borges (s/d, s/p) a filosofia não se restringe ao campo
limitado da ciência, embora possa ser uma reflexão sobre a ciência. A filosofia é um
corpo de entendimentos que compreende e dá significado ao mundo e à existência.
Nesse sentido, importa saber como é que se constitui a filosofia, como é que se
constrói esse corpo de entendimentos, que se pode assumir criticamente como
aquele que se quer para o direcionamento da própria experiência e das questões
fundamentais que envolver o ser, os valores, a realidade e as práticas.
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- A leitura: De acordo com Santos (s/d, s/p) a leitura e a escrita fazem parte do
cotidiano. Lê-se para ampliar os limites do próprio conhecimento, para obter
informações, das mais simples às mais complexas, para buscar diversão,
descontração, lazer e cultura. Neste sentido, não há restrição de ambientes, pois,
geralmente, ela surge no lar e tem o seu prolongamento na escola e/ou no meio
profissional. É necessário ler. Ler é transformar a escrita em fala. Ler é decodificar
mensagens. Ler é extrair novas ideias. Ler é produzir sentido. Ler é interagir à
medida que o ato de ler não se dá linearmente, mas é um processo contínuo que
mexe com a tranquilidade do leitor exigindo um constante ir e vir no(s) texto(s). É
uma operação mental complexa, marcada por tensões, porque envolve ativamente
as habilidades e a cognição do leitor. (...) ler não é fácil, exige esforço mental e físico
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e, como tudo, dá trabalho. Percebe-se que muitas vezes é mais fácil abandonar tal
esforço. Portanto, aprender a ler não é só uma das maiores experimentações da
vida escolar e acadêmica, mas também vivência única para todo ser humano. Ao
exercer a leitura, abrimos a possibilidade de adquirir conhecimentos, desenvolver
raciocínios, participar ativamente da vida social, ampliar a concepção acerca do
mundo, do ‗Outro‘ e de si mesmo. (SANTOS, s/d, s/p)
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Larrosa: ―[...] Começar a escrever é criar uma voz, deixar-se levar por ela e
experimentar as suas possibilidades‖ (LARROSA, 2004, p. 75, apud SANTOS, s/d,
s/p).
- O pensar: De acordo com Cruz (s/d, s/p) todo ser humano pensa. Mas nem sempre
o faz de maneira reflexa. O pensar espontâneo fixa-se no objeto pensado. Termina
praticamente aí seu processo de conhecimento. Interessa-nos aqui ―aprender a
pensar‖. Isso significa passar de um nível espontâneo, primeiro e imediato a um
nível reflexo, segundo, mediado.
De acordo com Cruz (s/d, s/p) O pensar supõe um tríplice movimento a que
correspondem três perguntas:
I. O que diz a realidade? Distância: momento objetivo. A arte de pensar inicia com
uma pergunta sobre a realidade. É um momento de humildade, de escuta, de
honestidade objetiva. A arte de pensar começa com a educação da leitura,
despojando-se, enquanto possível, dos preconceitos ideológicos, religiosos,
dogmáticos.
II. O que me diz a realidade? Proximidade: momento subjetivo. Quando
perguntamos a nós mesmos pela realidade, pelo texto lido, a resposta será o que
assimilamos, aprendemos. Aqui mora nossa originalidade.
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Em primeiro lugar, porque separa os bens culturais pelo seu suposto valor de
mercado: há obras ―caras‖ e ―raras‖, destinadas aos privilegiados que podem
pagar por elas, formando uma elite cultural; e há obras ―baratas‖ e ―comuns‖,
destinadas à massa. Assim, em vez de garantir o mesmo direito de todos à
totalidade da produção cultural, a indústria cultural introduz a divisão social entre elite
―culta‖ e massa ―inculta‖. O que é a massa? É um agregado sem forma, sem
rosto, sem identidade e sem pleno direito à Cultura.
Em segundo lugar, porque cria a ilusão de que todos têm acesso aos
mesmos bens culturais, cada um escolhendo livremente o que deseja, como o
consumidor num supermercado. No entanto, basta darmos atenção aos horários dos
programas de rádio e televisão ou ao que é vendido nas bancas de jornais e revistas
para vermos que, através dos preços, as empresas de divulgação cultural já
selecionaram de antemão o que cada grupo social pode e deve ouvir, ver ou ler.
(CHAUÍ, 2000, p. 423-424)
Para Silva (s/d, s/p) a expressão "indústria cultural", segundo consta, foi
utilizada pela primeira vez no livro Dialética do esclarecimento, escrito por Adorno
em colaboração com Horkheimer e publicado em Amsterdã, em 1947. O termo era
empregado em substituição a "cultura de massas", conforme Adorno explicaria numa
série de conferências radiofônicas proferidas em 1962, porque esta induziria ao erro
de julgar que se trata de uma cultura emergindo espontânea e autonomamente, do
seio das massas. Essa interpretação enganosa, segundo ele, serviria apenas aos
interesses dos donos dos meios de comunicação. Quanto à televisão, era o principal
instrumento dentre os "meios de massa" conhecidos por Adorno há algumas
décadas. Espécie de ponta-de-lança da indústria cultural, que, nas palavras do
próprio autor, "impede a formação de indivíduos autônomos, independentes,
capazes de julgar e decidir conscientemente".
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sua casa, passando pelas ruas de sua cidade, no contato direto com os alunos em
uma sala de aula, lá estão os aparelhos tecnológicos a dirigir as atividades,
condicionando o modo de pensar, sentir, raciocinar, relacionar das pessoas.
Combater a tecnologia equivale hoje em dia a opor-se ao espírito do mundo
contemporâneo. As pessoas parecem resignadas à multiplicação indiscriminada dos
―objetos vigilantes, comunicantes‖ e de todos os produtos da tecnificação.
Acomodam-se a eles, adaptam-se ao seu manejo, misturam-se com eles. Não
conseguem viver mais sem eles. Tem com eles uma relação libidinosa. E as
relações entre as pessoas, mediadas pela tecnologia, tornam-se insensíveis,
funcionais, deixam-se congelar. (PUCCI, s/d, p.4)
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ADORNO, Theodor W. Educação após Auschwitz. Trad. de Aldo Onesti. In: COHN,
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Philosóphos – Revista de filosofia
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Revista Nova Escola <http://revistaescola.abril.com.br/leitura/> Acesso em:
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Temas de filosofia <http://www.cobra.pages.nom.br/filotemas.html> Acesso em:
01.07.2010.
Textos de filosofia <http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/textos.htm> Acesso em: 01.07.2010.
Veja <http://veja.abril.com.br/270509/p_170.shtml> Acesso em: 08.07.2010.
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ANEXOS Como
nossos pais?
Plano de Aula – extraído da Revista Nova escola – elaborado por Marcelo Alencar.
- Bloco de Conteúdo
Mídias – Ensino Médio
- Conteúdo
Cultura de massa
- Conteúdos
Adolescência e música pop, cultura de massa
- Habilidade
Identificar nos alunos a influência da música feita por e para adolescentes
- Tempo estimado
Duas aulas
-Atividades
1ª aula – Para começar, que tal uma sondagem de terreno a fim de identificar com
que frequência o repertório de artistas como Justin Timberlake, Jonas Brothers e
McFly é tocado nos iPods da moçada – ou aparece nas listas de favoritos de cada
um no Youtube? O que faz os jovens preferirem essas canções: a sonoridade, o
ritmo ou a chamada ―atitude‖ embutida nas letras? Eles realmente compreendem o
conteúdo das obras? Coordene um breve exercício de tradução e interpretação de
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algumas canções-chave apontadas pelos próprios alunos (se for o caso, convide o
professor de Língua Estrangeira a participar da atividade).
Existem artistas nacionais cujas composições têm o mesmo apelo junto aos
estudantes? O fato de os estrangeiros falarem de uma realidade mais distante
faz de algum modo diminuir, a identificação dos fãs?
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Peça que a moçada imagine como será seu dia-a-dia daqui a cinco ou dez
anos. As mensagens das canções examinadas em sala de aula ainda farão sentido
nesse contexto? Você pode concluir a lição reproduzindo Como Nossos Pais,
criação de Belchior imortalizada na voz de Elis Regina. Peça que todos a ouçam
com atenção e depois redijam um texto com suas reflexões a respeito.
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Quem quer que deseje entender por que a música pop ocupa um espaço tão
grande na vida dos adolescentes – e, de maneira sempre mais acentuada, também
na daquela faixa etária entre os 9 e os 13 anos conhecida como pré-adolescência –
deveria guardar na memória estes últimos dias de maio, quando duas das maiores
bandas voltadas para esse público se apresentam no Brasil. Sucesso estrondoso em
todo o mundo, o trio americano Jonas Brothers reservou duas datas para shows no
país: dia 23, no Rio de Janeiro, e dia 24, em São Paulo. Também no auge da
popularidade, o quarteto inglês McFly planejou uma turnê mais extensa, cobrindo
sete capitais – de Manaus a Porto Alegre. A visita simultânea das duas bandas é
curiosa porque elas encarnam estilos opostos: os primeiros são castos e religiosos;
os segundos, irreverentes e provocadores. E é essa mesmo a questão: o cenário
pop é uma espécie de teatro em que as escolhas que meninos e meninas começam
a fazer são projetadas de maneira ao mesmo tempo inconsequente e muito séria –
escolhas sobre como lidar com a autoridade dos pais e testar seus limites, sobre
como descobrir o sexo, sobre como moldar a própria identidade. Não é por outra
razão que tantos jovens trocam de ídolo com uma frequência que deixa os adultos
zonzos. Alguns artistas, no entanto, conseguem uma permanência surpreendente
nesse universo volátil – e acabam acompanhando os fãs até a maturidade. Um
exemplo disso é o mega-astro americano Justin Timberlake, de 28 anos, que VEJA
entrevistou para esta reportagem.
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inglesa já com o disco de estreia, Room on the 3rd Floor. Também já incursionaram
no cinema: em 2006, foram protagonistas de Sorte no Amor, uma comédia
romântica que tinha como estrela a doidinha Lindsay Lohan. Houve rumores de um
romance entre Lindsay e Judd, mas ele não confirma nem desmente o namorico.
Muito de acordo com seu figurino revoltado, os quatro músicos não admitem que os
tomem por um grupo de rostinhos charmosos. "Não somos bonitinhos. Aliás, se
nosso sucesso dependesse da beleza, estaríamos perdidos", desdenha o vocalista
Tom Fletcher. O fato, porém, é que não é só pela música que as meninas gritam e
suspiram nos shows do McFly.
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NEM TÃO BONITINHOS. O quarteto inglês McFly: eles até têm alguns fãs entre os garotos
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O artista que passa da adolescência para a idade adulta não está apenas
colocando uma nova embalagem nos produtos que oferece ao mercado: o
amadurecimento é sempre um drama pessoal, às vezes muito difícil. Timberlake fala
da família como uma espécie de âncora na qual sempre amparou sua carreira. Foi
esse amparo que lhe permitiu crescer virtualmente diante das câmeras, sem
desagregar-se no comportamento autodestrutivo de uma Britney Spears. Os
adolescentes de amanhã descobrirão se os ídolos que hoje atraem multidões para
os estádios brasileiros conseguirão seguir a mesma rota.
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Há momentos em que você gostaria de não ser tão famoso?Não sofro com a
fama. Eu me divirto com ela. Crescer sendo observado em cada passo não é a
melhor forma de amadurecer, mas, enfim, não tenho do que me lamentar.
O que lhe permitiu sair dos anos de Disney e ‘NSync com uma imagem
própria? Foi uma combinação de sorte e talento, de trabalho duro e de
personalidade. Decidi que não queria ser lembrado como um moleque dançando na
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televisão ou no palco. Mas não desprezo aquelas experiências. Elas fazem parte da
minha formação.
Você é ator, cantor, dançarino, produtor, tem uma grife de moda. Como faz
para exercer tantas atividades ao mesmo tempo? De todas as coisas que você
citou, só não me considero um dançarino. Nem mesmo nos tempos de ‗NSync.
Simplesmente subo no palco e me viro da melhor maneira. Quanto ao resto, acho
que sou parte de uma geração que teve mais oportunidades de se desdobrar em
várias atividades. Nem tudo o que faço foi pensado ou calculado. As coisas
simplesmente foram acontecendo. Por exemplo: embora eu tenha tido uma infância
bastante musical – cresci ouvindo soul –, a música não era a coisa mais importante
para mim. O esporte era tão ou mais essencial. Às vezes me perguntam o que eu
prefiro: se é fazer as pessoas cantarem, rirem ou dançarem. Na verdade, é uma
combinação disso tudo. Eu nasci para o
entretenimento.
Você já atuou em vários filmes. Qual o papel do
"Não sofro com a fama.
cinema em sua carreira? Eu diria que fazer shows e Eu me divirto com ela.
fazer filmes são, para mim, duas maneiras diferentes Crescer sendo
observado em cada
de ser ator. Em cima do palco, meu trabalho é fazer passo não é a melhor
com que o sujeito que está na última fileira de um forma de amadurecer,
mas, enfim, não tenho do
estádio de 20 000 pessoas sinta o mesmo que o fã que me lamentar"
que conseguiu um lugar no gargarejo. Digamos que
projeto um personagem – a melhor versão de mim
próprio.
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Que mulher é um ícone de estilo na sua opinião? Kate Moss. Ela fica linda de
qualquer jeito. Fica maravilhosa em fotos de nu, em estilo grunge, com roupas
caríssimas, usando jeans e camiseta. Versatilidade não é necessariamente sinônimo
de elegância, mas Kate Moss consegue unir as duas coisas.
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