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Educação go
Tecnologia ................... ....... .............................1
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O planejamento curricular para a Educação


Profissional no modelo de competências

Eduardo Fernandes Barbosa 1


Rachel Cruz Martins 2
Marli Ferreira Rocha 3

Este artigo apresenta aspectos do processo de planejamento e organização de currículos para a Educação Profissional
(EP) baseado no modelo de competências. São apresentados marcos conceituais que definem um novo contexto para
a EP e suas repercussões no processo de planejamento do currículo, na escola e no professor. O campo de
experimentação para estudos e análises da pesquisa que deu origem a este trabalho foi o projeto de adequação
curricular do Curso de Eletrônica do Colégio Técnico da UFMG, cujo Plano de Curso foi organizado, em 2001, dentro do
novo modelo curricular.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO PROFISSIONAL;


ORGANIZAÇÃO CURRICULAR;
PLANEJAMENTO DE CURRÍCULOS;
CURRÍCULO POR COMPETÊNCIA;
AVALIAÇÃO DE CURRÍCULOS.

1 INTRODUÇÃO so, os movimentos de integração econômica em âmbito


mundial têm afetado a vida do indivíduo e das grandes
comunidades, suscitando uma progressiva demanda por
profissionais habilitados para atuação em mercados mais
competitivos.
O sistema de Educação Profissional (EP) encontra- A partir de 1997, em razão da obsolescência de or-
se atualmente sob fortes solicitações para rever sua estru- ganizações curriculares, de mudanças nos parâmetros que
tura e funcionamento, em função de requisitos de novas regulam o sistema produtivo e procurando responder às
formas de organização do trabalho e de necessidades ge- necessidades da sociedade para a formação de técnicos
radas pelo progresso tecnológico. O desempenho do sis- nas diversas áreas do conhecimento, o sistema de Educa-
tema, particularmente o de seus componentes currículo, ção Profissional brasileiro passou a ser regido por novos
recursos humanos e metodologias, mostra-se insuficiente marcos conceituais e legais. No modelo adotado pela le-
para responder ao que a sociedade espera para este tipo e gislação brasileira, a Educação Profissional é concebida,
nível de ensino. atualmente, como complementar à formação geral e pro-
As transformações que estão em curso nos modelos cura, sobretudo, formar um cidadão capacitado para o uso
adotados pelo setor produtivo, delineiam uma interface dos recursos da inteligência, flexível e adaptável às cons-
difusa e mutável entre o sistema educacional e o mundo tantes mudanças tecnológicas e sociais do mundo moder-
do trabalho. Em poucos anos os processos produtivos no.
baseados em modelos rígidos, centrados em tarefas mecâ- O modelo de ensino centrado na abordagem por
nicas e repetitivas, passaram a ser intensamente depen- disciplinas (ou conteúdos) vem sendo revisto a partir da
dentes da informação e conhecimento, sendo exigido dos proposição do modelo baseado na formação de compe-
mesmos uma grande capacidade de adaptação a mudan- tências profissionais, conforme as Diretrizes Curriculares
ças de parâmetros de produção e desempenho. A para a EP (MEC, 1999). A reorganização dos meios produ-
mobilização de esforços para assimilar novas tecnologias, tivos tem destacado a competência como uma das formas
especialmente as tecnologias da informação, tem produ- de avaliar o conhecimento e desempenho dos trabalha-
zido impactos em todos os níveis da sociedade. Além dis- dores, repercutindo na formação profissional e na educa-

1 Professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – ebarbosa@dcc.ufmg.br.


2
Pedagoga – Faculdade de Educação – UFMG .
3
Pedagoga – Faculdade de Educação – UFMG.

Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.6, n.1/2, p.49-59, jan./dez. 2001


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ção em geral (ARANHA, 2000). Visando a adequação do sistema para atender ao


Este artigo4 focaliza questões relacionadas com o novo cenário, e considerando, ainda, a diversidade física,
componente curricular dos sistemas de EP. Seu objetivo é sócio-cultural e econômica do país, a Educação Profissio-
apresentar aspectos conceituais e práticos do processo de nal passou a ser regida por um conjunto de marcos legais
planejamento e organização de currículos para a EP de que alteram profundamente sua organização: o Decreto
nível Técnico, baseado no modelo de competências. A 2208/97 (MEC, 1997) regulamenta a Lei das Diretrizes e
principal referência experimental é o projeto de adequa- Bases da Educação Nacional – Lei no. 9394/96 (LDB), no
ção curricular do Curso Técnico de Eletrônica do Coltec que se refere à Educação Profissional e a Resolução CNE/
(Coltec, 2001). Na seção 2 apresentamos, em linhas ge- CEB5 n.º 4, de dezembro de 1999 regulamenta as Diretri-
rais, o atual contexto da Educação Profissional de nível zes Curriculares Nacionais para o ensino técnico (MEC,
técnico no Brasil. O conceito de competências e suas im- 1999).
plicações para o currículo, a escola e o professor, são Na nova concepção de educação profissional con-
apresentados na seção 3. Na seção 4 apresentamos o rela- sideramos importante enfatizar o disposto na LDB em seus
to dos procedimentos realizados para o planejamento de artigos 39 a 42, nos quais a EP é concebida como sendo
novos currículos no Coltec. A Seção 5 conclui apresen- “integrada às diferentes formas de educação, ao traba-
tando algumas considerações relevantes sobre o tema e lho, à ciência e à tecnologia”, tendo por finalidade o “per-
sugestões para trabalhos futuros de pesquisa nesta área. manente desenvolvimento de aptidões para a vida pro-
dutiva”. A LDB estabelece, ainda, que a EP deve ser “de-
senvolvida em articulação com o ensino regular ou por
diferentes estratégias de educação continuada”, para o
exercício pleno da cidadania.
2 O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Dentro deste novo modelo estão regulamentados
três níveis de educação profissional: Básico - cursos li-
vres, sem regulamentação curricular específica, destina-
dos a trabalhadores jovens e adultos, independente de
Em decorrência de vários fatores, tais como a au- escolaridade prévia, com o objetivo de requalificação pro-
sência de programas voltados para a formação e desenvol- fissional; Técnico - cursos profissionalizantes para jovens
vimento profissional de docentes e a insuficiência de or- e adultos que estejam cursando ou tenham concluído o
ganizações curriculares vigentes, o sistema de EP enfrenta ensino médio; e Tecnológico - cursos de nível superior,
tanto de graduação como de pós-graduação, destinado à
hoje grandes desafios de renovação e adaptação. Enquan-
formação de jovens e adultos.
to a sociedade se transforma com grande velocidade, ge-
Em termos quantitativos, o sistema de EP no Brasil
rando novos referenciais de organização do trabalho, uti-
contava em 1999 (INEP, 2000) com 2,8 milhões de alunos,
lizando em grande escala as tecnologias da informação e
sendo 2 milhões no nível básico (71,4%), 700 mil no ní-
criando novas dimensões nas relações entre educação e
vel técnico (25%) e 100 mil no nível tecnológico (3,6%).
trabalho, há escolas mantendo processos de ensino base-
No país, são 3948 escolas oferecendo 33 mil cursos, dos
ados em modelos da década de 50, quando a principal quais 27,5 mil de nível básico (83,5%), 5 mil de nível téc-
finalidade da EP era formar para o emprego. nico (15,2%) e 500 de nível tecnológico (1,3%). Do total
Na sociedade brasileira a educação para o trabalho de instituições que compõem o sistema de EP no Brasil,
sempre foi vista como desconexa do ensino normal e su- 51,5% (mais de 2 mil escolas) oferecem a EP de nível téc-
perior, o que veio reproduzindo historicamente o nico. As áreas profissionais de Serviços e Indústria são
dualismo entre a educação propedêutica (elite) e a for- dominantes, totalizando 93% das matriculas (2,6 milhões
mação de “mão-de-obra” (maioria da população). Somen- de alunos), sendo que os cursos nas áreas de tecnologias
te na década de 80 é que as novas formas de organização da informação são os mais procurados, com 641 mil alu-
e gestão modificaram estruturalmente o mundo do traba- nos (23% do total). Nota-se, ainda, que as regiões sul e
lho. A partir de então a formação profissional deixou de sudeste, juntas, concentram 74% das matrículas, com pou-
limitar-se a treinamento e passou a exigir competências co mais de 2 milhões de alunos. O sistema de EP contava,
cada vez mais complexas. O novo cenário econômico e em 1999, com um total de 101 mil professores e instruto-
produtivo requer a formação de profissionais altamente res (INEP, 2000). Cabe destacar, ainda, que a meta de cres-
competentes e qualificados, aptos a atender a novas de- cimento de matrículas no sistema de EP é de 100% até
mandas do mercado de trabalho, em constante transfor- 2003 (MEC, 2001). Isto representa cerca de 5,6 milhões
mação com o uso progressivo de novas tecnologias (MEC, de alunos em 2003, nos três níveis do ensino profissio-
1999). nal.

4Este trabalho apresenta resultados parciais do Projeto de Pesquisa Metodologia s de Planeja mento Curricular para a Ed ucação Profissional Baseado em Compe tências
tências,
em desenvolvimento no Colégio Técnico-UFMG pelo grupo de pesquisa em Dese nvolvimento e Avaliação de Currículos para a Educ ação Profissional.
Profissional
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Conselho Nacional de Educação – Câmara de Educação Básica.

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No contexto descrito, o modelo de formação por “Competência é um ter mo central que


participa, nos últimos anos, da tentativa de
competências foi considerado pelo órgão gestor 6 como construção de um novo paradigma de
sendo o mais adequado para efetivar inúmeras mudanças formação humana, considerado necessário
necessárias no sistema de formação profissional (MEC, aos padrões de vida de uma sociedade de
acelerado avanço científico e tecnológico. Seu
1999). significado, portanto, tem uma plasticidade
peculiar dentro desse contexto e contém, em
si, elementos que traduzem idéias e intenções
político-sociais também peculiares a esse
contexto” (Machado, 2001).

3 A FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS E SUAS É um conjunto de conhecimentos, habilidades, destrezas


IMPLICAÇÕES CURRICULARES e atitudes que permitem que os indivíduos tenham bom
desempenho no mundo do trabalho criando condições
de autonomia no pensar e fazer.
No contexto da EP, currículo por competência pode
ser entendido como sendo o resultado de uma
O programa de reforma da EP no Brasil tem provo-
metodologia de organização e planejamento curricular
cado uma ampla revisão da organização e funcionamento
na qual os processos pedagógicos são desenhados de
do sistema educacional, tendo como foco central a ques-
modo a desenvolver no educando os conhecimentos, as
tão da organização curricular. As práticas de ensino em
habilidades e os valores considerados básicos para a reali-
vigor estão dominadas pela visão de “acumular concei- zação das competências requeridas para o exercício das
tos”, “colecionar informação”, “ampliar a capacidade diversas funções das áreas profissionais. Consideramos,
memórica”, etc., apesar de já haver uma ampla compreen- entretanto, que todo currículo é, intrinsecamente, orien-
são de que a aprendizagem é muito mais do que a mera tado para competências, pois sua prática pressupõe a cons-
assimilação de conceitos. trução de algum tipo de competência no aluno. A própria
No contexto deste trabalho, consideraremos o cur- legislação (MEC, 1997) estabelece que os cursos de EP
rículo como sendo “a soma das atividades de aprendiza- devem ser organizados por disciplinas ou módulos, signi-
gem e experiências que um estudante tem sob os auspícios ficando que a formação de competências é muito mais
ou direção da escola” (Finch, 1999). Essa definição impli- uma função do processo/método do que propriamente da
ca na necessidade de ter em conta dois outros conceitos, organização de conteúdos. Neste sentido, a expressão
indispensáveis para desenvolver e planejar o currículo: currículo por competência traz como novidade o seu sig-
a) o foco central do currículo é o aluno; nificado como uma nova atitude educacional, um novo
b) atividades formais (como aulas, por exemplo) paradigma de ensino, uma nova orientação para organi-
não são os únicos elementos que compõem o cur- zação, planejamento e prática curricular. Por tal razão, a
rículo. expressão currículo por competência não deve ser toma-
Adotamos, portanto, a concepção de que o aluno desen- da nem como panacéia nem como uma inutilidade técni-
volve habilidades e competências através de uma varieda- ca do ideário da educação profissional.
de de atividades e experiências de aprendizagem, consti- Embora a expressão admita várias definições, algumas
tuindo parte de um “currículo implícito”, contribuindo são mais adequadas ao contexto deste trabalho. Há um consen-
para o seu crescimento de maneiras diferentes (mas não so relativamente amplo que vem sendo utilizado por especia-
necessariamente menos efetivas) daquelas conseguidas listas da área, referindo-se à competência como sendo a
através de atividades de sala de aula ou de laboratório. A
noção de simples aquisição de saberes e conhecimentos “capacidade de articular, mobilizar e colocar
em ação conhecimentos, habilidades e valores
tende a ser substituída pela noção de formação de com- necessários para o desempenho eficiente e
petências que pressupõe, como referencial, uma defini- eficaz das funções e atividades requeridas pela
natureza do trabalho, nas diversas áreas da
ção abrangente. atividade humana”.
O conceito de competência profissional é um dos
mais discutidos nas propostas de reforma da Educação Nessa definição, o conhecimento é sinônimo de saber; a
Profissional e um dos mais difíceis para se alcançar o con- habilidade refere-se ao saber fazer, evidenciando capaci-
senso sobre o significado mais adequado, quando trans- dade de aplicar conhecimentos, em atividades que trans-
posto para o contexto educacional. Nosso propósito não cendem a mera ação motora ou de caráter apenas
é trazer a palavra final sobre o conceito, mas diferentes operacional; e o valor é considerado como a expressão
visões sobre o mesmo, estimulando reflexões sobre sua do saber ser, refletindo valores éticos e morais nas atitu-
aplicabilidade no contexto pedagógico da Educação Pro- des, no uso e aplicação dos conhecimentos e habilidades
fissional. (MEC, 1999).
6 Secretaria de Ensimo Médio e Tecnológico do Ministério da Educação – SEMTEC/MEC.

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Uma das implicações de maior impacto da forma- EP apresentam os marcos conceituais que foram tidos em
ção por competência é o papel do docente na EP, uma conta na formulação do novo modelo de EP no Brasil
vez que não podemos conceber o desenvolvimento de (MEC 1999, 2000). Além da referência conceitual sobre
competências se o mediador mais importante deste pro- competência profissional, apresentada na Seção 3, leva-
cesso, o docente, não estiver adequadamente preparado mos também em conta outras referências específicas do
para essa ação educativa (MEC, 1999). É fácil inferir que contexto da EP, que relacionamos a seguir.
para se ensinar por competência, é fundamental que o Finalidades da EP - A Educação Profissional é con-
professor tenha vivenciado um processo formativo basea- cebida como estratégia educacional organizada para que
do neste modelo. Ou seja, os cursos de formação de pro- os cidadãos tenham efetivo acesso às conquistas científi-
fessores precisam de profundas mudanças, pois muitos cas e tecnológicas da sociedade, e usufruam do direito à
estão obsoletos, centrados em modelos de formação por educação e ao trabalho. A educação profissional, nos dias
disciplinas, com forte fragmentação. atuais, requer, além do domínio operacional de um de-
A escola, por sua vez, encontra diversas dificulda- terminado fazer, a compreensão global dos sistemas e pro-
des em vencer o dilema entre continuar ensinando co- cessos produtivos, com a apreensão do saber tecnológico,
nhecimentos ou desenvolver competências. Alguns fatores a valorização da cultura do trabalho e a mobilização dos
que mantêm a escola submetida ao modelo tradicional de valores necessários à tomada de decisões. Com esta visão,
ensino são: a forma de ensinar que a escola domina ba- espera-se a superação do enfoque tradicional da forma-
seia-se na formação conceitos; há o temor pela aborda- ção profissional baseado apenas na preparação para exe-
gem por competências em função dos questionamentos a cução de tarefas.
respeito da transposição pedagógica, requerida pela mu- Flexibilidade no currículo - A flexibilização
dança para o novo modelo; é mais fácil e mais cômodo curricular está diretamente ligada ao grau de autonomia
avaliar conceitos e conhecimentos do que competências, das instituições de EP e abre amplas perspectivas de esco-
pois avaliar competências requer observação na execução lha, nas quais a escola constituirá o currículo do curso a
de tarefas complexas, exige tempo, espaço e é um campo ser oferecido, estruturando um plano de curso
aberto à contestação; há inúmeros conformistas que pre- contextualizado com a realidade do mundo do trabalho.
ferem reprovar qualquer tentativa de distanciar-se das pe- A organização dos cursos de formação profissional em
dagogias do saber; e há inúmeros reacionários que consi- módulos e com diferentes itinerários para entrada e saída
deram a implementação de dispositivos formadores de é uma das principais características de um currículo flexí-
competências como uma queda do nível de ensino (MA- vel.
CHADO, 2001). Função e Análise Funcional - O termo função (na
atividade profissional), representa atribuições abrangentes,
ações de nível mais alto (intelectual, lógico-operacional
ou sócio-afetiva), normalmente composta de várias
subfunções e tarefas de caráter específico, consideradas
4 O PLANEJAMENTO CURRICULAR NO MODELO necessárias para o exercício na área profissional. A análi-
DE COMPETÊNCIAS se funcional refere-se ao processo de identificar e orde-
nar as funções que se realizam em uma atividade produti-
va de um setor e que são necessárias para a realização de
um objetivo geral naquele setor. A análise funcional se
realiza do geral para o particular, ou seja, parte de um
Nesta Seção apresentamos aspectos do processo de objetivo geral, definindo as funções até chegar às contri-
planejamento de currículo para um Curso de EP, orienta- buições individuais (subfunções e tarefas) requeridas para
do pelo modelo de competências, a partir de uma expe- o cumprimento do objetivo identificado. Esta análise pode
riência no Coltec7. ser feita através de observações, entrevistas e estudos das
atividades e requisitos do trabalhador e dos fatores técni-
cos e ambientais da atividade, visando identificar conhe-
cimentos, habilidades, tarefas, atitudes e responsabilida-
4.1 Marcos conceituais des requeridas em sua ocupação.
Matriz Curricular - Refere-se a um procedimento
metodológico utilizado na organização dos Planos de
Curso de EP, no modelo de competências. A construção
da matriz consiste em definir a área profissional com suas
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a EP assim respectivas funções e subfunções, identificadas a partir de
como os Referenciais Curriculares das diversas áreas da aplicação de instrumentos de coleta de dados junto aos

7 Projeto de Reforma Curricular do Curso Técnico de Eletrônica do Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais – Coltec/UFMG (2001)

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diversos agentes do setor produtivo da Área Profissional em Módulo - No contexto da EP de nível técnico, um
referência. Para cada subfunção descrita e identificada, são módulo é um conjunto didático-pedagógico sistematica-
selecionadas as competências profissionais requeridas para mente organizado para o desenvolvimento de competên-
o seu exercício. Cada competência, por sua vez, é desdo- cias profissionais significativas, sendo que a duração de-
brada em conhecimentos, habilidades e valores, necessários penderá da natureza das competências que pretende de-
para o desenvolvimento desta competência no aluno, atra- senvolver. Um módulo pode ser constituído por uma ou
vés dos processos pedagógicos previstos para o curso. Por mais disciplina. Pode ser com terminalidade se, ao final
último, a matriz indica as Bases tecnológicas, Científicas e do mesmo o aluno puder receber alguma certificação de
Instrumentais que, dentro do domínio do processo peda- competência profissional, ou pode ser sem terminalidade
gógico, são os componentes geradores das habilidades, quando, ao final o aluno recebe apenas uma certificação
conhecimentos e valores requeridos para cada competên- que o habilita para continuação dos estudos em outros
cia. O QUADRO 1 ilustra o conceito da matriz curricular. módulos.

ÁREA PROFISSIONAL: (Descrição) SUBÁREA: (Descrição)


Processo Produtivo Domínio Profissional Processo Pedagógico
(SISTEMA PRODUTIVO) (ALUNO) (ESCOLA)
Função Subfunção Competências Habilidades Bases Bases Bases
* Tecnológicas Científicas Instrumentais
- - - - - - -
- - - - -
- - - - -
Descreve funções Descreve Descreve a Descreve o Conteúdo Conteúdo da Conteúdo comum às
da atividade detalhes ou capacidade de saber fazer, específico de formação básica diversas áreas gerador
profissional componentes articular, mobilizar e colocar em formação da área do Ensino de instrumentos de
(Planejamento, da função colocar em ação ação, aplicar, profissional Médio trabalho
Execução conhecimentos, executar, atuar, (Tópicos de (Matemática (Comunicação,
Manutenção, etc.) habilidades e valores realizar tarefas conteúdo da Física, Química, organização do
para o desempenho formação Biologia, etc.) trabalho,
da atividade específica) documentação,
profissional informática, etc.)
* Cada função pode ser constituída por uma ou mais subfunções. Cada subfunção tem sua matriz curricular correspondente
QUADRO 1 - Modelo de Matriz Curricular.

Perfil Profissional de Conclusão – São as caracte- e processos pedagógicos a serem desenhados através do
rísticas (conhecimentos, habilidades, valores) esperadas Plano de Curso.
do profissional ao final de sua formação, representando A FIG.1 ilustra uma visão geral do sistema de forma-
os objetivos do Plano de Curso e metas factíveis na pro- ção por competências. O modelo pode ser entendido
posta curricular. Exemplificando, o curso técnico toma- conforme a seguintes lógica: o sistema produtivo requer
do como referência para este trabalho tem por objetivo a do aluno um nível de desempenho profissional e da esco-
formação de profissionais capazes de exercer com desen- la um nível de formação profissional, de acordo com ca-
voltura as diversas funções exigidas pela natureza do tra- racterísticas da área, suas funções e subfunções (domínio
balho na área de Eletrônica. Para isto, é desejável que o do sistema produtivo). A capacitação para exercer as di-
profissional possua em seu perfil de conclusão, aspectos versas subfunções é formada a partir das competências
tais como: capacidade de articular conhecimentos de Ele- profissionais (domínio do aluno). Estas, por sua vez, de-
trônica e de áreas correlatas com situações concretas de pendem de conhecimentos, habilidades e valores que são
trabalho; capacidade de inovar, criar, flexibilizar, perce- gerados pelas bases tecnológicas, científicas e instrumen-
ber relações e utilizar conhecimentos prévios em situações tais providas pelo currículo (domínio da escola). A FIG. 1
novas; visão voltada para a melhoria de desempenho, mostra esta relação de causa e efeito na formação por com-
tendo em vista a maximização na utilização de recursos petências.
da inteligência, recursos físicos, de espaço, tempo e ener-
gia; exercer o processo de aprendizagem contínua; etc.
Consideramos que a definição do perfil profissional é da
máxima importância, visto que ele irá definir o conteúdo
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6

Á R E A P R O FIS S IO N A L
Enfatizamos que o processo descrito é, antes de
FU N Ç Õ E S
tudo, um eficiente recurso de aprendizagem para quem o
(M a cro)
PL A N EJ A M E N TO E XE C U Ç ÃO M AN U T EN Ç Ã O realiza, uma vez que possibilita uma visão geral do pro-
SIST EM A cesso formativo; promove uma revisão de métodos didá-
PRO D UTIVO
SUBFUN ÇÃO
SU BFUNÇ ÃO ticos, modelos pedagógicos e concepção curricular; ofe-
rece uma ampla oportunidade de renovação de objetivos
C O M PE TÊNCIA

CO M P ETÊNC IA
e metas de formação à luz do projeto pedagógico da es-
D em an d as d e
D E SE M P E N H O CO M PETÊ NCIA cola; e constitui-se em um processo de reflexão e auto
P rofis sion al
ALU NO avaliação das práticas curriculares vigentes.
HABILIDADE
HABIL IDADE Procedimentos para o Desenvolvimento da Pro-
H ABILID ADE posta Curricular - O projeto de adequação curricular ao
BASES TEC NO LÓ GICAS qual este trabalho se refere foi desenvolvido segundo a
D e m a nd as d e BASE S CIE NTÍFICAS
F O R M AÇ ÃO
BASES INS TRUM ENTA IS
seqüência de procedimentos mostrados no QUADRO 2.
P ro fis sio na l
ESC O LA

Ações de Adequação Curricular


FIGURA 1 - Visão geral do sistema de formação profissional por competên- 1. Revisão conceitual/metodológica emEP; estudo de resoluções e diretrizes curriculares da EP
cias. 2. Análise do Curso atual, identificando pontos fortes, pontos fracos, oportunidades de melhoria
(Análise/diagnóstico: alunos concluintes, egressos, comunidade, setor produtivo, etc.)
3. Definição da área e subárea profissional. Identificação e descrição de processos produtivos de cada área
profissional, com as funções, subfunções , tarefas e habilidades necessárias
4.2 Organização e planejamento do currículo
4. Definição das competências e habilidades referentes às subfunções identificadas
5. Definição de Bases Tecnológicas referentes às competências e habilidades
6. Definição das Bases Instrumentais e Científicas como pré-requisitos para bases tecnológicas
7. Desenvolvimento do Plano de Curso, com organização curricular baseada em competências
8. Aprovação do Plano de Curso: Comissão Técnica Profissional da Escola e publicação (CNCT)
O planejamento do currículo pode ser visto como 9. Identificação e especificação de subprojetos de adequação de recursos físicos, humanos e
um macro-processo que tem como entradas conhecimen- organizacionais, necessários para implantar os cursos dentro do novo modelo

tos (específicos da área, didáticos, pedagógicos), experi- QUADRO 2 - Seqüência de procedimentos para o Projeto de Adequação
Curricular.
ências docentes acumuladas, informações sobre a área
profissional, resultado de pesquisas junto ao sistema pro-
dutivo, acompanhamento de egressos, etc. O processo de O Plano de Curso contempla os aspectos estrutu-
planejamento, por sua vez, é constituído de vários rais, organizacionais e metodológicos da proposta para
subprocessos, representados pelas ações de estudo, aná- cada curso a ser desenvolvido pela escola e as ações de
lises, pesquisas, planejamento, decisões estratégicas, etc. caráter técnico e pedagógico a serem realizadas para a
Como resultados ou saídas deste processo obtemos a do- formação de profissionais numa determinada área. O
cumentação referente ao currículo, planos de cursos, es- QUADRO 3 mostra a estrutura de componentes do Plano
tratégias de implantação e, finalmente, as ações de im- de Curso, conforme documento final elaborado para a
plantação, acompanhamento e avaliação do currículo. A adequação do Curso Técnico de eletrônica do Coltec
FIG. 2 mostra a visão geral do processo adotado para o (Coltec, 2001).
planejamento do currículo do Curso Técnico de Eletrô-
nica do Coltec.
Estrutura do Plano de Curso (Conforme Roteiro do Cadastro Nacional de Cursos Técnicos – CNCT)
1. Justificativa e Objetivos do Curso
2. Requisitos de Acesso
ENTRADAS PROCESSOS SAÍDAS
3. Perfil Profissional de Conclusão
• Projeto Pedagógico • Planos de Cursos 4. Organização Curricular
• Novas concepções 4.1 - Área Profissional e Subárea
• Marcos Teóricos
e Conceituais e práticas 4.2 - Caracterização da Área
curriculares 4.3 – Habilitação
• Marcos Legais 4.4 - Atividades Profissionais do Técnico
PROJETO • Projetos de
• Contexto infraestrutura e 4.5 - Descrição das Funções, Subfunções e Tarefas da Área
da Área Profissional DO 4.6 - Competências Gerais e Específicas
recursos humanos
CURRÍCULO 4.7 - Matriz Curricular (uma matriz para cada subfunção)
• Perfil Profissional • Estratégias de 5. Critérios de Aproveitamento de Conhecimentos e Experiências Anteriores
• Diretrizes Implementação
6. Critérios de Avaliação da Aprendizagem
Curriculares Ações de Projeto • Sistema de 7. Instalações e Equipamentos oferecidos aos professores e alunos
• Referenciais do Currículo monitoramento 7.1 - Descrição e Avaliação da infraestrutura existente
Curriculares e avaliação
7.2 - Descrição das instalações e equipamentos necessários
8. Pessoal Docente e Técnico envolvido no Curso
8.1 - Relação do Pessoal Docente, Técnico e Administrativo Existente
Conhecimento; Experiência; Estudos; Análises; Decisões; Documentos; Planos; 8.2 - Relação do Pessoal Docente, Técnico e Administrativo Necessário
Informações; Pesquisas Planejamento; Pesquisas; Validação Ações de Implantação
9. Certificados e Diplomas
Anexos e documentação complementar
FIGURA 2 - Visão geral do processo de organização e planejamento
curricular. QUADRO 3 - Estrutura de tópicos para o plano de curso.

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A construção da Matriz Curricular é um procedi- laboratório e oficinas visando o desenvolvimen-


mento metodológico básico para a organização do Plano to de habilidades e exercício de funções relacio-
de Curso, em virtude da visão geral que proporciona e nadas com o perfil profissional de conclusão. Os
do aprofundamento da relação de causa e efeito entre os trabalhos práticos desenvolvidos neste contex-
processos pedagógicos concebidos e a formação profissi- to, visam a consolidação de habilidades de apli-
onal desejada. No desenvolvimento da matriz, cada cação do conhecimento, solução de problemas,
subfunção da área profissional é descrita em seus desdo- análise e síntese de processos e sistemas típicos
da área de formação;
bramentos de competências, habilidades, bases
c) realização de pesquisas como instrumento de
tecnológicas, científicas e instrumentais. O QUADRO 4
aprendizagem, com produção de material es-
mostra o procedimento adotado para a construção da
crito e exposição oral de resultados. A função de
matriz, onde cada passo resulta no conteúdo de um ou aprender é uma competência cognitiva de gran-
mais campos da matriz curricular. de importância para a construção das demais
competências. Igualmente, as habilidades de es-
tudar, buscar informações, organizar o conheci-
Procedimentos adotados para a construção da Matriz Curricular
(a) Definir a Área Profissional (Cf. Diretrizes e Referenciais Curriculares para EP)
mento, estruturar dados e informações tendo em
(b) Caracterização da Área (e Subáreas) (Cf. Diretrizes e Referenciais Curriculares - EP) vista a realização de um trabalho, a solução de
(c) Identificar funções e subfunções da área. As funções profissionais são agrupadas em categorias um problema, ou o desenvolvimento de um pro-
básicas que descrevem tipicamente os processos produtivos de cada área.
(d) Desdobrar cada subfunção emtarefas específicas, necessárias para seu exercício
jeto, são consideradas básicas;
(e) Descrever e definir as competências profissionais gerais (Cf. Diretrizes) e as específicas (definidas a d) utilização das novas tecnologias de informa-
critério da Escola, baseado em demandas locais, regionais, etc.), requeridas para exercício de cada ção como recurso para aprendizagem e ferramenta
subfunção
(f) Definir as habilidades requeridas para desenvolver as competências correspondentes, através dos para o futuro exercício profissional. A organiza-
processos pedagógicos previstos para o Curso. (Habilidade = saber fazer) ção curricular deve prever o uso progressivo dos
(g) Identificar Bases Tecnológicas, Científicas e Instrumentais para cada habilidade (No domínio do
processo pedagógico, são geradoras de habilidades (conhecimento + saber fazer) e valores (saber
utilitários básicos de informática, comunicação
ser) requeridos para exercício das competências profissionais) eletrônica, pesquisas em redes de computado-
QUADRO 4 - Construção da Matriz Curricular para cada subfunção. res, simuladores de processos e sistemas típicos
da área de formação e publicação eletrônica de
resultados dos trabalhos realizados;
e) realização de visitas técnicas a empresas e
instituições do setor produtivo, buscando co-
4.3 Estratégias pedagógicas para construção das
nhecer in loco as características dos processos
competências
produtivos modernos e suas demandas de de-
sempenho no exercício profissional,
correlacionando observações do mundo do tra-
balho com o cotidiano da Escola;
f) promoção de eventos tais como Feira de Ciên-
A organização e a prática de currículos por compe- cias ou Tecnologia, visando a mostra de traba-
tências depende essencialmente de novas atitudes edu- lhos dos alunos, promovendo a interação com a
cacionais, caracterizando um novo paradigma de ensino comunidade local e propiciando o contato dos
e processos pedagógicos voltados para a construção de alunos com representantes do setor produtivo
habilidades requeridas pelo perfil profissional de conclu- de sua futura área de atuação;
são. Dentre os recursos pedagógicos que devem ser orga- g) realização de estudos de caso, visando a apro-
nizados e aplicados na construção das competências, des- ximação do aluno a situações reais do mundo
tacamos: do trabalho e desenvolver habilidades de identi-
a) adoção do método de ensino orientado por ficação, análise e solução de problemas;
projetos, visando atribuir contexto e significa- h) promoção do trabalho em equipe, através da
do à aprendizagem. Neste sentido, a metodologia criação de ambientes de aprendizagem coopera-
de projetos tem sido valorizada não apenas como tiva. A prática desta forma de trabalho deve estar
um caminho efetivo para a construção do conhe- presente em todo o curso, uma vez que as de-
cimento, mas também pelos valores que promo- mais estratégias pedagógicas buscam explorar as
ve, tais como: desenvolvimento de independên- diversas possibilidades do trabalho em conjun-
cia e responsabilidade; prática social e modos to, tais como: práticas de convivência e relacio-
de comportamento democráticos; desenvolvimen- namento interpessoal, colaboração mútua, comu-
to da autoconfiança e segurança pessoal; práti- nicação, desenvolvimento da autoconfiança e
ca da convivência e colaboração mútua, dentre segurança pessoal.
outros; Estas são algumas estratégias de caráter geral, den-
b) prática profissional centrada em trabalhos de tre outras que podem ser adotadas para favorecer o pro-
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cesso de construção de competências. Dependendo da área Alunos concluintes – Participaram da pesquisa os


de formação, outras alternativas podem ser concebidas, bus- alunos do último ano do Curso Técnico de Eletrônica,
cando sempre a melhor adequação pedagógica aos objeti- nos anos de 199 e 2000. Foi utilizado um questionário
vos do curso. Observe que a seleção de uma estratégia para para obter dados dos alunos nas seguintes categorias: Es-
construção de competências influencia diretamente a defini- cola – avaliação, curso e disciplinas; Aluno – perfil e fato-
ção de critérios de avaliação das competências corresponden- res que afetam a aprendizagem; Professor – avaliação de
tes, assim como na escolha de instrumentos e mecanismos de desempenho e atitudes que afetam a aprendizagem; Ava-
avaliação da aprendizagem, os quais devem estar direcionados liação – modelo adotado e impacto no aluno; Recursos –
para a identificar e medir as evidências objetivas que indicam o utilizados pelos alunos, dentro e fora do ambiente esco-
quê está sendo formado ao longo dos diversos processos peda- lar.
gógicos de ensino das competências. Devido à realização simultânea do ensino médio e
Curso Técnico, 38% tinham como principal expectativa
uma orientação para escolha da profissão, o que, na práti-
ca, não ocorre. Dos concluintes, 96,6% pretendem fazer
curso superior, sendo que destes, 45,8% pretendem mu-
4.4 Subsídios para o projeto de adequação curricular
dar de área profissional, evidenciando dificuldades na
escolha do curso realizado e levantando questionamentos
sobre os investimentos realizados na formação deste gru-
po que não vai fazer uso direto da formação recebida.
No QUADRO 3 (Procedimentos para o Projeto de Ade-
Para a grande maioria dos alunos, as atividades que mais
quação Curricular) referimo-nos às ações de obtenção de
contribuem para sua aprendizagem efetiva são as de labo-
dados e informações sobre os diversos agentes do sistema
ratório e o desenvolvimento de projetos.
de EP: alunos, professores, recursos metodológicos, concep-
Em relação ao desempenho do corpo docente, 95%
ção e prática do ensino, comunidade escolar, egressos e se-
dos concluintes consideram que os professores evidenci-
tor produtivo. Tais informações são essenciais para a organi-
zação do currículo no modelo de competências, sendo o am pleno domínio dos conteúdos ensinados; 98% dos
ponto de partida para o conhecimento das necessidades do alunos consideram que todos os professores precisam me-
setor produtivo, das competências requeridas para o exer- lhorar sua forma de ensinar, revisando a metodologia ado-
cício das diversas funções identificadas na área profissional, tada. Para 90% dos alunos, é necessário o uso de recursos
além de possibilitar uma efetiva avaliação das limitações e mais interessantes, aulas mais criativas e conhecimento dos
possibilidades de melhoria no âmbito da escola. reais interesses e necessidades dos alunos. Ficou eviden-
Nesta Seção apresentamos uma síntese das pesquisas te a necessidade dos professores repensarem suas aulas
realizadas com a finalidade de conhecer a realidade interna de forma a desenvolver no educando, mais do que habili-
e externa do Coltec, no que se refere aos cursos dades manuais, capacidade para efetuar análises, raciocí-
profissionalizantes e, em particular, uma análise de desem- nios e de se expressar com desenvoltura nas diversas situ-
penho do Curso de Eletrônica. Os resultados a seguir refe- ações no mundo do trabalho. A pesquisa revelou um mo-
rem-se à análise de questionários aplicados a alunos delo de ensino fortemente orientado para o conteúdo, com
concluintes do Curso de Eletrônica dos anos de 1999 e grandes carências quanto ao uso de novos recursos didá-
2000; alunos egressos no período de 1996 a 1999; ticos. Para os alunos, a grande preocupação dos professo-
supervisores de técnicos das empresas onde trabalham ou res é cumprir o programa e transmitir informações, usan-
realizam estágios; e professores do Coltec. O número de do a aula expositiva como principal recurso didático.
participantes em cada categoria e os percentuais de retorno Alunos egressos – Participaram desta pesquisa alu-
dos questionários é mostrado no QUADRO 5 (BARBOSA et nos que concluíram o Curso de Eletrônica no período de
al, 2001a). 1996 a 1999. Foi utilizado um questionário para obter
dados dos egressos nas categorias: Área profissional – área
do setor produtivo em que está (ou esteve) atuando; Com-
Categoria Ano
No. Retorno dos No. petências profissionais – identificação de funções,
participan questionári sugestões
tes os apresentada
subfunções, atividades e tarefas desenvolvidas com maior
s freqüência pelos técnicos em Eletrônica; Organização do
Concluintes 1999 59 98,3% 45 Curso – grau de atendimento do curso atual em relação às
(Coltec) 2000 28 92,8% 48 demandas da atividade profissional, pontos fortes, pon-
Egressos 1996
(Coltec) 2000
20 70,0% 45 tos fracos, sugestões de melhoria; Continuidade dos estu-
Supervisores dos – perspectivas de continuidade na formação profissi-
2000 26 80,8% 20
(Empresas) onal.
Professores Os dados mostraram que 35,7% dos egressos estão
2000 66 43,9% 1
(Coltec)
QUADRO 5 - Participantes por categoria pesquisada e índice de retorno de atuando na área de Eletrônica, sobretudo nas áreas de
questionários. Telecomunicações, Automação Industrial e Análise de Sis-
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temas. A sondagem de competências mostrou que o siste- vendo a necessidade de um programa efetivo de coope-
ma produtivo requer, prioritariamente, conhecimentos e ração e interação entre essas instituições, possibilitando à
habilidades relacionadas às novas tecnologias, particular- escola acompanhar a evolução do sistema produtivo e do
mente as tecnologias da informação. Os egressos destaca- mercado de trabalho. Na visão dos supervisores, cerca de
ram habilidades e competências de natureza pessoal e 1/3 dos técnicos desempenham suas atividades sem ne-
interpessoal, consideradas importantes para um bom de- cessidade de treinamento inicial e 2/3 evidenciam capaci-
sempenho profissional tais como: “disposição para apren- dade de auto aprendizagem nas funções que realizam.
der continuamente” e “facilidade de relacionamento com Professores – Participaram desta pesquisa os pro-
pessoas”. Em relação à revisão do Curso de Eletrônica, a fessores do Coltec, em exercício no ano 2000. O questio-
pesquisa utilizou um Quadro de Revisão de Conteúdos, nário teve por finalidade obter dados dos professores nas
mostrado no QUADRO 6, que possibilitou aos egressos seguintes categorias: Professor – experiência docente, pre-
apresentarem diversas sugestões quanto ao conteúdo e paro para a prática pedagógica, fatores de escolha da pro-
métodos do curso atual, tendo em vista critérios tais como: fissão, atualização profissional, formas de condução do
utilidade na vida profissional, base para continuidade de trabalho pedagógico; Disciplinas e currículo – facilidades
estudos, etc. e dificuldades encontradas na organização da disciplina e
revisão curricular; Aluno – acompanhamento e ações do-
centes; Avaliação – modelo adotado, indicadores de
aprendizagem, causas do fracasso escolar; Trabalho em
Disciplina 1 Disciplina 2 Disciplina 3 etc... equipe – formas de trabalho, formação de equipes, incen-
Manter tivos da direção; Reforma da Educação Profissional – co-
Rever nhecimento dos marcos legais e conceituais, expectativas
Reforçar em relação à reforma da EP no Coltec.
Atenuar O perfil docente do Coltec é de um grupo de pro-
Excluir
fessores altamente titulados (a maioria com mestrado e
Incluir
doutorado), com experiência docente de 10 anos, em
QUADRO 6 - Quadro de revisão de conteúdos (utilizado na pesquisa com
egressos). média. A maioria dos professores (97%) usa regularmente
recursos de informática para planejamento e realização
de atividades de ensino. Em relação à prática de ensino,
Supervisores de Técnicos nas empresas – Partici- grande parte dos professores (aproximadamente 70%) ain-
da adota uma prática rotineira, repetitiva e com atividades
param desta pesquisa supervisores de técnicos de empre-
inteiramente direcionadas, contrastando com o discurso
sas nas áreas de Automação Industrial, Manutenção Ele-
de que praticam atividades dinâmicas e criativas. A pesqui-
trônica, Produção de Equipamentos, Telecomunicações e sa identificou um elevado potencial de produção de ma-
Desenvolvimento Científico e Tecnológico, no ano de terial didático pelos professores. Nos dois últimos anos,
2001. O questionário foi desenvolvido visando obter da- mais da metade deles produziu textos didáticos comple-
dos nas seguintes categorias: Área de atividade – área do mentares e roteiros de laboratórios, dentre outros (kits
setor produtivo em que atua a empresa; Competências de montagem ou demonstração, material de apoio indivi-
profissionais – identificação de funções, subfunções, ati- dual, vídeos, jogos pedagógicos e livros didáticos), sen-
vidades e tarefas desenvolvidas pelos técnicos em Eletrô- do que, deste material, mais da metade foi utilizado por
nica e habilidades consideradas prioritárias para o início, outros professores em suas atividades de ensino.
continuidade e progressão da vida profissional; Avalia- A questão da interdisciplinaridade, um dos temas
ção do curso – grau de atendimento do curso atual em centrais das novas propostas curriculares, foi apontada
relação às demandas da atividade profissional, pontos for- como uma das dificuldades mais freqüentes (41,4%) na
tes, pontos fracos, sugestões de melhoria; Relação esco- organização das disciplinas e do currículo. Outra grande
la/comunidade – avaliação e sugestões para o relaciona- dificuldade dos professores é o acompanhamento das
mento entre escola e setor produtivo. mudanças curriculares, possivelmente devido à imobili-
dade das estruturas curriculares, mantidas intactas por
Em todas as áreas, é intenso o contato com equipa-
muitos anos, dificultando a introdução de novos mode-
mentos e tecnologias da informação. Na visão dos los de organização e planejamento de currículos.
supervisores, faltou na formação profissional dos egres- A pesquisa realizada com professores, alunos, egres-
sos do Coltec um “conhecimento atualizado de equipa- sos e supervisores suscitou reflexões e análises importan-
mentos e sistemas”, retratando uma clara deficiência do tes durante o processo de desenvolvimento do currículo.
curso e a necessidade de atualização de suas instalações, Os aspectos apresentados aqui como subsídios para o pla-
laboratórios e equipamentos. Em relação ao vínculo en- nejamento curricular constituem apenas uma amostra den-
tre a escola e o setor produtivo, os supervisores conside- tre centenas de itens avaliados na pesquisa. As próximas
ram insatisfatória a interação existente atualmente, ha- etapas são as de implantação, acompanhamento e avalia-
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ção do Plano de Curso e da estrutura curricular como um isolamento institucional, por outro lado, é outro extre-
todo. mo a ser evitado, já que seria insustentável um sistema
educacional que não mantém uma visão analítica na dire-
ção da sociedade, identificando requisitos de formação
humana e avaliando o desempenho na realização de sua
missão.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A falta de consenso quanto a aspectos do novo
modelo curricular – inclusive quanto à acepção do termo
competência profissional e afins – é algo natural e pró-
prio das discussões em torno de concepções e modelos
Este trabalho trouxe contribuições conceituais e educacionais; porém, este fato não deve inibir as escolas
práticas para o processo de organização e planejamento de fazer uso das oportunidades abertas com o movimento
de currículos para a Educação Profissional baseado no de reforma da Educação Profissional no Brasil. Uma análi-
modelo de competências. Não obstante haver sido focali- se ampla mostra que o modelo proposto apresenta mais
zado o desenvolvimento de currículo para áreas vantagens do que desvantagens, não havendo razões para
tecnológicas, os conceitos e métodos descritos se aplicam se manter à margem do processo de revisão do atual siste-
igualmente a qualquer outra área profissional. ma.
As diretrizes curriculares para a EP enfatizam a ques- Finalmente, sugerimos algumas direções para tra-
tão da organização curricular, como alternativa eficaz para balhos futuros nesta área: pesquisa sobre metodologias
resolver as insuficiências do sistema de EP. Contudo, a de ensino para a formação de competências; análises com-
pergunta decisiva a ser feita é: Quem vai praticar os no- parativas das pesquisas realizadas no Coltec (alunos, egres-
vos currículos da EP? Com que meios contará o professor sos, supervisores e professores) com outras instituições
para aplicar o modelo proposto? Consideramos que não de EP em âmbito regional e nacional; pesquisas sobre
falta ao sistema a capacidade para organizar currículos no modelos de avaliação por competências; avaliação de cur-
modelo por competências. Entretanto, o mesmo não pode rículos no modelo de competências; organização e im-
ser dito com relação à prática destes novos currículos. plantação de mecanismos institucionais voltados para a
Portanto, seria um erro acreditar que a simples mudança interação entre as instituições de EP e o sistema produti-
do modelo curricular possa significar a solução dos pro- vo, visando projetos cooperativos de interesse mútuo,
blemas do sistema de EP no país. Neste contexto, a revi- incluindo o acompanhamento e avaliação das novas orga-
são do componente curricular do sistema de formação nizações curriculares.
profissional representa apenas parte da solução. A outra
parte, que requer revisão mais profunda, é a formação
profissional do docente que vai executar a reforma (BAR-
BOSA et al, 2001b).
Foram discutidas algumas implicações do mode- 6 ABSTRACT
lo de competências para o currículo, a escola e o pro-
fessor. Em relação à escola e os professores, o modelo
proposto tem provocado resistências, fruto de uma vi-
são distorcida que prevê a sujeição da escola às diretivas
do setor produtivo, com a adoção do modelo de for- In this paper we present some aspects of the
mação de competências. Lembramos, contudo, que pre- curriculum planning process based on the competence
visões desta natureza nunca se concretizaram e carecem model. We present concepts which define a new context
de fundamento por diversas razões; uma delas é que, for vocational education and its implications for the
mesmo que a escola quisesse, este tipo de sujeição é in- curriculum planning process, the school conditions and
compatível com a organização e funcionamento da insti- the new requirements for  teacher preparation. The scope
tuição escolar, em sua configuração vigente. Um exemplo for study, experimentation and analysis of our research
expressivo de que a escola não corre o risco de sujeitar-se has been defined by the curriculum planning project for
a imposições do setor produtivo, são as instituições for- the Technical Course in Electronics of Colégio Técnico at
madoras de EP de nível médio e superior nas áreas de the Federal University of Minas Gerais (UFMG). This course
tecnologia: há escolas de nível técnico e superior com has been planned according to the methodology described
excelentes laboratórios, equipamentos, corpo docente in this paper, during the year of 2001, taking into account
qualificado e com experiência em gestão de projetos the new curricular model.
interinstitucionais, em condições de atender, sem restri-
ções, a demandas do setor produtivo, mas que não o fa-
zem pela simples razão de que o ajustamento linear e
imediato a tais demandas não é vocação da escola. O

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11

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Brasília, DF, Novembro de 1999.
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FAE-UFMG, 2000. 1996.

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2001). Conselho Nacional de Educação. Diretrizes
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TEIXEIRA, T.L.S., ROCHA, M.F., MARTINS, R.C.. 16 MEC, 2001, Ministério da Educação – MEC –
Análise de pesquisa aplicada aos concluintes do www.mec.gov.br
curso técnico de Eletrônica – 1999 e 2000. Relatório
Técnico de Pesquisa – RT-Selet 01 e 02/2001 – Setor
de Eletrônica, Colégio Técnico da UFMG, março de
2001.
8 AGRADECIMENTOS
5 BARBOSA, E.F., GONTIJO, A.F., MOREIRA, A.A.,
TEIXEIRA, T.L.S., ROCHA, M.F., MARTINS, R.C..
Análise de pesquisa aplicada aos egressos do Colégio
Técnico –UFMG, supervisores e professores. Relatórios
Técnicos de Pesquisa – RT-Selet 03/2001, 04/2001 e Agradecemos ao CNPq o apoio recebido através de
05/2001 – Setor de Eletrônica, Colégio Técnico da Bolsas de Iniciação Científica para o Projeto “Metodologias
UFMG, março de 2001. de Planejamento Curricular para a Educação Profissio-
nal Basedo em Competências” e valiosas discussões
6 COLTEC, 2000. Projeto de adequação curricular do mantidas com os professores Alberto Gontijo, Adilson
curso de Eletrônica. UFMG, 2000. Moreira e Thales Teixeira, membros da equipe de plane-
jamento curricular do Curso de Eletrônica do Coltec,
7 COLTEC, 2001 – Colégio Técnico da UFMG. Plano de durante o desenvolvimento do projeto que deu origem a
curso para o curso técnico de Eletrônica do Colégio este trabalho.
Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais.
Coltec/UFMG, 2001.

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Bacon Publ., Boston, EUA, 1999.

9 INEP, 2000 – Instituto de Nacional de Estudos e


Pesquisas Educacionais – Censo da Educação Profissi-
onal – 2000

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A., GOMES, M. E. S. Competências – um panorama
das idéias sobre formação de competências. Publica-
ção interna do Instituto de Inovações Educacionais
Educativa, 03/2001.
Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.6, n.1/2, p.49-59, jan./dez. 2001

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