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Referência bibliográfica do texto utilizado: Choay, Françoise. O Urbanismo. São Paulo: Editora Perspectiva
S.A., 1992, pp.: 01-56.
Formação do autor Nasceu em Paris em 1925. Cursou filosofia e doutorou-se nesta área. É
historiadora teórica das formas arquitetônicas e urbanas.
Contexto do trabalho O texto se propõe a analisar e criticar as ideias que serviram de base para
procurar entender o crescimento das cidades no século XIX, ideias essas que
foram importantes para o estudo do urbanismo.
Desenvolvimento: O autor analisa as diferentes teorias que surgiram a partir do século XIX sobre
Onde deve constar as as cidades industriais, divide elas em pré-urbanismo e urbanismo. Com a
principais ideias Revolução Industrial as cidades sofrem um crescimento demográfico e problemas
tratadas no texto: estruturais surgem, pois não havia planejamento urbano, não se sabia os
problemas que uma urbe podia causar. As cidades medievais e barrocas ficaram
no passado e surgia uma nova estrutura urbana, social, política e econômica, de
maneira tão rápida que a população se viu em colapso.
Conceitos,
Esses problemas fizeram surgir as demandas e começaram a aparecer
argumentos,
estudiosos interessados em analisar esse momento histórico, entre eles está o
evidências.
modelo progressista de Owen, Fourier, Richardson, Cabet e Proudhon, esses
autores têm em comum a concepção do homem e da razão, pois tratam um
indivíduo humano como tipo, independente de todas suas diferenças culturais,
locais, históricas, os veem de maneira racional, cientifica e técnica. Isto os leva a
analisar a cidade como uma fórmula pronta e embalada, genérica, podendo
aplicar suas teorias em qualquer tempo e lugar.
A medida que são tão técnicos, negam as heranças do passado, pois para eles
não cabem no momento atual em que vivem, procuram inovar, propõem arranjos
novos, de forma simples e racional, pois a forma clássica de cidade perde o
sentido e começam a estimular a ideia cidade-campo.
Há também o modelo culturalista de Ruskin e William Morris, esse modelo vai
procurar trabalhar com o coletivo, pensando na individualidade de cada um,
veem importância na vivência cultural, local e histórica do agrupamento humano.
Criticam o desaparecimento das formas orgânicas das cidades, como era no
período medieval e que se transformou com a industrialização, não analisam de
uma boa forma o processo de industrialização das cidades e as compara com o
passado, são contra as construções padrões, geometricamente monótonas,
padronizadas, cada construção deve ser diferente e ter suas especificidades.
Porém todos esses pensadores, seja progressistas ou culturalistas imaginam a
cidade do futuro em termos de modelo, pois na prática todos fracassaram pois
tinham caráter limitador, repressivo e principalmente por romper com a
realidade socioeconômica contemporânea.
Houve outras teorias como a crítica sem modelo de Engels e de Marx que
criticam as grandes cidades industriais, mas não propõem nenhum modelo para
uma cidade futura, não trazem soluções teóricas para os problemas do
proletariado, Engels procura apenas garantir o mínimo para que os trabalhadores
possam existir, por isso se preocupa com os alojamentos. Enquanto na Europa do
século XIX os autores criticavam a grande cidade industrial, pois elas apareceram
como o nascimento das forças que transformaram a sociedade, o inverso
aconteceu nos Estados Unidos, onde essa época heroica está ligada a natureza
virgem, o que gerou uma corrente antiurbana, pois os da classe média alta
queriam fugir desse crescimento desenfreado, barulhento e incômodo que foi o
processo de urbanização das cidades, migrando assim para as áreas mais
afastadas e calmas.
O estudo do pré urbanismo e do urbanismo seguem certas diferenças, pois no
pré urbanismo a obra é generalista feita por historiadores, economista ou
políticos, já no urbanismo se caracteriza de duas formas, teórica e prática, feitas e
estudadas por especialistas, geralmente arquitetos.
O urbanismo é visto como despolitizado, o pré urbanismo não, o urbanismo
também se divide em urbanismo progressista e urbanismo culturalista. No
urbanismo progressista a La Cité industrielle do arquiteto Garnier, serviu de
influência para a primeira geração dos arquitetos “racionalistas”, que visavam a
modernidade, que foi dividida em dois campos – o da indústria e o da arte de
vanguarda, nesse momento era o cubismo e os movimentos derivados dele –
separavam as cidades em zonas, as zonas de trabalho, zonas de habitat,
separadas dos centros cívicos ou dos locais de lazer.
Como é privilegiado o indivíduo tipo, há dois tipos de habitats propostos na
carta de Atenas, um é a casa baixa, individual ou reservada a um pequeno
número de famílias, a outra é o imóvel coletivo gigante, que corresponde mais ao
ideal de uma sociedade modernista. Segue como exemplo a cidade radiosa de Le
Corbusier, muito parecida com as ideias do falanstério, mas em uma versão mais
moderna pois substitui a horizontalidade pela verticalização dos prédios, no lugar
do alojamento familiar, vem o apartamento-tipo.
No urbanismo culturalista de Camillo Sitte, Ebenezer Howard e Raymond
Unwin que realizou com B. Parker a primeira Garden-city inglesa de Letchworth,
ao planejar a cidade os culturalistas as viam como um organismo vivo, orgânico,
não podendo exceder em número de habitantes, por isso o cinturão verde, via as
ocupações das cidades de forma diferenciada, pois cada cidade povoa o espaço
de forma particular, pois a individualidade faz torna-la única. Sitte e Uwin, por
outro lado apegam-se aos meios de assegurar particularidade e variedade ao
espaço interior da cidade, recusam-se qualquer subordinação a quaisquer
princípios de simetria, seguem as sinuosidades naturais do terreno.
Existe outro modelo advindo do antiurbanismo americano, que é o modelo
naturalista de Frank Lloyd Wright, que nomeou o modelo de Broadacre-City, para
ele só o contato com a natureza pode devolver o homem a si mesmo e permitir
um harmonioso desenvolvimento da pessoa com a totalidade, para isso ele
pensou em alojamentos individuais, sem apartamentos, mas sim casa
particulares, cada uma com pelo menos quatro acres de terreno, sem modificar a
topografia do terreno, respeitando o meio ambiente e sendo cuidadoso na
preservação da mesma, pois para ele a arquitetura está subordinada a natureza,
apesar de ser muito radical e utópica, serviu para marcar o pensamento de uma
parte dos sociólogos e town-planners americanos.