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FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO

ESCOLA DE GOVERNO PROFESSOR PAULO NEVES DE CARVALHO

MARCELA EMEDIATO

QUAL A CONTRIBUIÇÃO DO GOVERNO DILMA PARA A CRISE QUE


VIVEMOS HOJE?

BELO HORIZONTE
2017
1. ARGUMENTOS DEFESA – INFLUÊNCIA DA MACROECONÔMIA NA
CRISE NACIONAL DO GOVERNO DILMA

Em seu artigo-opinião, Bráulio Borges defende que a culpa da crise


instaurada em 2012 não foi unicamente culpa da Dilma e que pelo o menos 38%
da desaceleração do PIB per capita brasileiro observada em 2012-2017 versus
1999-2011 vieram de fatores internacionais fora do controle do governo vigente.
O autor ressalta a questão hídrico-energética, alegando que esse foi um
período mais problemático do que 1999-2001, período em que aconteceu o
infame “apagão”.
A economia também foi impactada pela Operação Lava-Jato, sendo difícil
medir seus efeitos sobre setores da construção civil e extração de petróleo e gás
sobre o PIB no período de 2014-2016.
Estudos realizados pelo FMI estimam que de 0,3 a 0,75 pp da
desaceleração do crescimento potencial nas economias exportadoras líquidas
de commodities reflete o movimento de deterioração dos termos de troca
iniciado em 2012, que foi estancado somente em meados de 2016, corroborando
com a tese de Bráulio.
Com esses estudos, ele conclui que é razoável apontar entre 40% e 60%
da desaceleração do crescimento brasileiro a partir de 2012 foi reflexo de fatores
exógenos, de modo que o restante poderia ser atribuído a erros de política e
outros fatores.
Além disso, o crescimento de 1999-2011 e a duradoura “sorte” pode ter
levado autoridades a avaliarem que os resultados eram fruto de “competência”,
fazendo com que insistissem na mesma política feita nesse período e não se
atentando aos fatores exógenos que haviam se alterado. Com isso, consumo e
investimento (público e privado) continuaram a crescer, gerando piora do
resultado fiscal

2. ARGUMENTOS CONTRÁRIOS

2.1. Energia

Dilma foi a maior responsável por desorganizar o setor de energia elétrica


ao decretar a Medida Provisória nº 579/12. O objetivo era reduzir 20% da tarifa
de eletricidade ao consumidor final através da redução de alguns encargos
setoriais incidentes sobre as tarifas.
A MP teve adesão compulsória de empresas estatais federais, mas não
atraiu a Cesp, a Cemig e a Copel, que consideram a medida lesiva aos seus
interesses. Após isso, a quantidade de energia ofertada não foi renovada,
deixando o governo com um déficit de suprimento. Nesse contexto, observou-se
uma necessidade de compra no mercado de energia no curto prazo a preços
extremamente altos, em virtude da baixa hidrologia.
Além de deixar as geradoras descontratadas a política de modicidade
tarifária estimulou consumo excessivo pelo consumidor residencial, agravando o
quadro. Assim Bráulio precisaria limpar da sua conta qual teria sido o efeito da
crise hídrica se não tivesse havido esses dois erros sérios de política econômica.

2.2. Petróleo

A queda de preço do petróleo e seus impactos da Petrobrás foram atingidos


por várias decisões que colocaram em risco a queda de preço do país. Toda a
mudança do marco regulatório do petróleo e o atraso em cinco anos dos leilões
do pré-sal saíram caríssimos para o país.

2.3. Construção civil

O forte ciclo de investimento imobiliário produzido por diversas empresas


de capital aberto começou a apresentar problemas em 2011-2012.
Houve clara queda do investimento com o programa minha casa minha vida
(MCMV), consequência do esgotamento financeiro do Tesouro Nacional
(crescente déficit fiscal). Os investimentos da Petrobrás e dos estaleiros e da
empresa Sete Brasil, sim, devem ter sido afetados pela operação LJ, mas
também por excessos passados que levaram ao esgotamento fiscal do Tesouro
Nacional, do BNDES e das empresas estatais. O mesmo vale para os
investimentos da administração direta que caíram em função do esgotamento
fiscal do Estado brasileiro, que, certamente, teve impacto sobre o setor da
construção civil (PESSOA, 2017).
3. CONCLUSÃO

Como podemos perceber, há fortes argumentos tanto favoráveis contra


contrários à culpa de Dilma. Em minha opinião, as decisões econômicas tiveram
sim influência na crise que enfrentamos, mas não podemos deixar de lado
fatores agravantes exógenos, como o contexto internacional e a crise hídrica.
Somado a isso, a falta de traquejo político da presidente e a perda de sua base
de governo agravou a situação.

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