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INDICE

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INTRODUCAO

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1.Noçao: Empresário comercial.

O código comercial, não fornece noção de empresário comercial, limitando-se, porém, no


artigo 2 do Ccom, a indicar as categorias legais de empresário comercial, no sentido de que
são empresários comerciais, por outro lado as pessoas singulares, também designadas por
comerciantes em nome individual, e por outro lado, as sociedades comerciais. Relativamente,
as pessoas colectivas, elas obedecem ao princípio da especialidade, isto é, há condições
específicas para tal qualificação.

Podemos assim, definir o empresário comercial, como sendo aquele que enquadrando-se
numa das categorias do artigo 2 do Ccom,seja titular de uma empresa que exerça uma das
actividades comerciais, tais como, as qualificam o artigo 3 e as demais disposições avulsas
que caracterizam e englobam no Direito Comercial certas actividades económicas.

A categoria de empresário comercial, não e transmissível entre vivos e nem mortis causa, na
medida em que ele exige em si a reunião de certos requisitos, estes requisitos que a seguir
indicamos.

2.Empresario Comercial Pessoa Singular: Requisitos.

Em relação a personalidade jurídica, não há qualquer especificidade em relação ao direito


civil. A personalidade adquire-se com o nascimento completo e com vida, nos termos do nr 1
do artigo 66 do CC.

Em relação a capacidade comercial, que e a medida dos direitos e obrigações de que uma
pessoa e susceptível de ser sujeito,destingue-se entre a capacidade de exercício e capacidade
de gozo.

No que tange aos menores, e menor toda pessoa de um ou outro sexo, enquanto não perfizer
vinte e um anos de idade (Artigo 122 do CC) e, em princípio, estariam feridos de
incapacidade de exercício profissional da actividade empresarial por forca do princípio da
equivalência consagrado no artigo 9 do Ccom.

Contudo, o artigo 10 do Ccom, vem estabelecer algumas excepções e nestes termos, o menor
de vinte e um anos de idade e maior de dezoito anos de idade, pode exercer a actividade
empresarial, desde que devidamente autorizado (emancipado).

Esta autorização pode ser dada pelos pais, desde que detenham a guarda do menor. Sucede
que, se os pais não exercem a guarda do menor, por forca da decisão Judicial ou outro
qualquer impedimento, não tem poderes para autorizar o menor para a prática da actividade
empresarial.

Pelo tutor, nos termos estabelecidos na Lei Civil e pelo juiz, na falta dos pais ou do tutor, ou
quando entender conveniente e oportuno aos interesses do menor.

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Assim, equivale dizer que, o juiz pode por decisão a favor dos interesses do menor, e
autorizar a este a prática da actividade empresarial, mesmo que sem anuência dos seus pais
ou tutores.

A lei comercial, impõe que tal autorização para o exercício da actividade empresarial seja
outorgada por escrito, podendo tal instrumento limitar os poderes do menor ou impor
condições para o seu exercício, indicar o ramo da actividade a ser explorado pelo menor,
fixar o prazo de validade da autorização e, mesmo quando concedida por tempo determinado,
pode ser revogada, a qualquer altura, pelo outorgante, salvaguardados os direitos adquiridos
de terceiros. Impõe igualmente o legislador que esta autorização seja registada para que seja
valida perante terceiros.

3.A Situação Particular Dos Incapazes

O artigo 9 do Ccom, ao exigir a capacidade para a pratica de actos de comercio, pretende


referir-se a capacidade jurídica de exercício, tanto mais que alude implicitamente o caracter
profissional do comercio, o que pressupõe uma pratica habitual de actos geradores,
mediadores ou extintivos de direitos e obrigações, donde resulta que, não pode conceber-se o
exercício da profissão de empresário comercial por um incapaz, alias o próprio conceito de
profissão e no caso a circunstancia dele se traduzir numa continua e habitual pratica de actos
e negócios jurídicos, sendo portanto absorvente e responsabilizante afigurando-se
incompatível com a situação jurídica de incapacidade por interdição, por exemplo.

A inclusão dos interditos no artigo 9 do Ccom, deve entender-se quanto ao exercício


profissional do comércio, considera-se que tal prática será a prática habitual de actos de
comércio, não directa e pessoalmente pelos incapazes, mas pelos seus representantes, em
nome e por conta daqueles, com necessária autorização judicial, na luz do artigo 296 da Lei
nr 10/2004 de 25 de Agosto.

A profissão do comerciante, pressupõe a concretização dos actos de comercio, mas não


qualquer pratica, deve ser a pratica profissional, isto e, o exercício de uma empresa
comercial;

No entanto, não basta a prática de actos de comércio isolados ou ocasionais para se adquirir a
qualidade de comerciante e necessária a pratica regular,habitual,sistemática dos actos de
comércio;

Não basta por outro lado, a prática mesmo que habitual, de quaisquer actos de comércio, no
sentido de que nem todos os actos têm a mesma potencialidade de atribuir a quem os pratique
a qualidade de empresário comercial.

E indispensável, para que se fale de profissional idade que o individuo pratique os actos de
comercio como seu modus vivendi (faça do comercio o seu dia a dia e a forma de viver).

O exercício profissional deve ser de modo pessoal, independente e autónomo, isto e, em


nome próprio, sem subordinação de outrem (e por isso que os gerentes ou administradores
das sociedades comerciais não são empresários comerciais).

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E necessário que se organizem factores de produção com vista a criar utilidades económicas,
resultantes de uma daquelas utilidades económicas que a Lei considera como comerciais (na
verdade, nem todas actividades que sob o ponto de vista económico são como tal
consideradas, na perspectiva jurídica).

4.Restricoes e impedimentos ao exercício da profissão de Empresário


Comercial.
Embora o exercício da actividade empresarial seja livre bastante o preenchimento dos
requisitos gerais anunciados anteriormente, existem situações que há limitação do exercício
profissional do comércio. Tais situações podem consubstanciar em proibições legais e
impedimentos, inibições e incompatibilidades.

Os impedimentos consubstanciam as situações em que determinado sujeito ainda que


civilmente capaz esta vedado por Lei para a prática de actos de comércio de forma
profissional. Nesta situação, estão por exemplo os administradores das sociedades por quotas.
Nos termos do artigo 324 do Ccom, os administradores não podem, sem o consentimento
expresso dos sócios exercer, por conta própria ou alheia, actividade abrangida no objecto
social da sociedade, desde que esteja a ser exercida por ela ou seu exercício tinha sido objecto
de deliberações dos sócios.

Equivale dizer que, há protecção da concorrência e na nossa opinião, da concorrência desleal


que resultaria do exercício do comércio no mesmo ramo de actividade ou objecto comercial
pelo administrador. O administrador nos termos deste artigo só poderá exercer a actividade
nos termos anteriormente ditos se consentirem os sócios da sociedade onde ele e
administrador. Esta limitação faz todo o sentido na medida em que recai em geral sobre os
administradores o dever de diligência (nos termos do artigo 150 do Ccom, «os
administradores de uma sociedade devem actuar com diligencias de um gestor m criterioso e
coordenado, no interesse da sociedade, tendo em conta os interesses dos sócios e dos
trabalhadores»).

A questão que se pode colocar e a de saber ser expresso e resultara de deliberação dos sócios
seguindo as regras da maioria estabelecidas para cada tipo societário ou resulte do estatuto da
sociedade.

Por fim, importa anotar que este impedimento que recai sobre os administradores e parcial e
não geral na medida em que só se aplica ao ramo de actividade ou objecto igual ou
coincidente com o da sociedade.

Equivale dizer que, o administrador não esta impedido no seu todo de exercer actividades
comerciais.

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5.Incompatibilidades
A noção de incompatibilidade esta associada a impossibilidade decerto sujeito em função da
posição determinada que ocupa, estar impedido de praticar certos actos ou negócios. Não
quer significar que ele não tenha capacidade e muito menos possibilidade física de o fazer.
Tem e, a impossibilidade de o fazer por forca da posição que ocupa nesse dado momento
podendo cessar se tal posição deixar de existir relativamente a pessoa que recai a proibição.

Outra coisa, são as inibições que atingem selectivamente certas pessoas por questões de
natureza pessoal. E o que acontece com os falidos.

Outra incompatibilidade e a que se encontra consagrada no artigo 324 do Ccom, relativa ao


dever de não concorrência dos administradores das sociedades por quotas.

6.A situação dos cônjuges

O exercício da actividade de empresário comercial e livre em regra. Tal liberdade, não se


encontra como acontecia no passado, limitada a mulher que carecia de autorização do marido.
O artigo 35 da CRM estabelece que `` todos os cidadãos são iguais perante a Lei, e gozam
dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres, independentemente do sexo…´´. O
artigo 36 da CRM, vem estabelecer o princípio da igualdade entre o homem e a mulher
(ambos são iguais perante a Lei, em todos os domínios da vida politica,económica,social e
cultural).

O Ccom veio concretizar esse princípio estabelecendo o outro nr 1 do artigo 11 do Ccom, o


princípio da independência de qualquer dos cônjuges poder praticar a actividade empresarial
independentemente da autorização do outro cônjuge.

No entanto, há limites relativamente aos actos que compreendem o exercício da empresa


comercial que possa afectar o património comum do casal, isto quer dizer que, o cônjuge que
se sentir prejudicado pelos actos praticados por outro cônjuge no exercício da empresa
comercial pode usar os mecanismos legais, para poder se opor contra os mesmos. Quando o
cônjuge empresário comercial pretender prestar garantias tais como: o aval ou outras coisas,
devera obter anuência expressa do outro cônjuge sob pena de nulidade do acto praticado.
Exceptuam-se os bens pessoais, Ex: jóias, etc..

A existência de bens pessoais, só e possível se o casamento tiver sido celebrado em regime de


separação de bens ou comunhão de bens adquiridos. Parece-nos não fazer sentido a aplicação
desta disposição quando se trate de comunhão geral de bens a menos que se tratem de bens
incomunicáveis independe mente do regime de casamento adoptado pelos cônjuges (artigos
161 e 167, ambos da Lei 10/2004 de 25 de Agosto-Lei da Família.

Havendo separação de pessoas e bens nos termos dos artigos 176 e seguintes da Lei da
Família ou ainda havendo apenas a separação de bens, o cônjuge empresário comercial que
tiver contraído obrigações no âmbito do exercício da sua empresa comercial, irá responder
pelo seu património não dotal cabendo-lhe inclusive, a possibilidade de empenha-los,

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Vende-los, hipoteca-los ou aliena-los, sem dependência de autorização do outro cônjuge (tal
entendimento resulta do artigo 12 do Ccom).

Tais liames previstos por Lei, não terão igual valor se os cônjuges por exemplo, constituírem
conjuntamente e como sócios, uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada nos
termos do artigo 284 do Ccom. E que, a ideia de protecção do património do socio não
empresário comercial cai por terra na medida em que haverá entre eles, um novo ente que e a
sociedade por quotas a qual se aplicara o regime consagrado para o efeito. Por isso, não fara
qualquer sentido a discussão deste assunto.

6.OBRIGAÇOES ESPECIAIS DO EMPRESARIO COMERCIAL.


Nos termos do artigo 16 do Ccom, constituem obrigações dos empresários comerciais as
seguintes:

a)Adoptar uma firma;

b)Escriturar em ordem uniforme as operações ligadas ao exercício da sua empresa;

c)Fazer inscrever na entidade competente os actos sujeitos ao registo comercial;

d)Prestar contas.

O artigo 16 do Ccom, enumera as obrigações especiais dos empresários comerciais, o que nos
pode fazer concluir que há para além destas, outras obrigações que como tal, são gerais. O
artigo 16 do Ccom, estabelecendo o que se designa por obrigações especiais dos empresários
comerciais que embora assim o pareça, não se pode considerar que os deveres profissionais
dos comerciantes se esgotam nesse artigo 16. Na verdade, este artigo tem a peculiar
relevância de definir o estatuto jurídico-comercial da profissão de empresário comercial.

Relativamente a estas obrigações, os pequenos empresários, cuja qualificação deve ser feita
com base em critérios fixados por Lei, podem ser dispensados em parte ou no todo delas.

A FIRMA DO EMPRESARIO COMERCIAL.


Prevista em termos gerais no artigo 16 a), do Ccom, a firma consubstancia o nome do
empresário comercial, o nome que ele usa e com ele assina os documentos relativos a sua
actividade. Portanto, e obrigação essencial do empresário comercial, usar um nome no
exercício da sua empresa.

Como tal, esse nome representa a sua identidade comercial, tal como qualquer pessoa,
adquire um nome a nascença que o código de Registo Civil obriga que se faça o registo, o
empresário comercial também terá o seu nome a nascença que também e obrigado a registrar
e será conhecido por esse nome no exercício da sua empresa.

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7.FIGURAS AFINS DO EMPRESARIO COMERCIAL
Veremos, a figura de mandatário comercial, do gerente, comissario e do mediador.

7.1. Mandatário Comercial

O mandato comercial traduz-se na prática de um ou vários actos de comércio realizados pelo


mandatário e que produzem uma serie de efeitos jurídicos na esfera jurídica do mandante. E
sempre oneroso. O mandatário não e um empresário comercial embora pratique actos a titulo
profissional, pois apenas os faz em representação do mandante. O mandato comercial difere
do mandato civil que nos termos do artigo 1158 do Código Civil, presume-se gratuito excepto
se o seu exercício corresponder a actos de profissão, caso em que há lugar a presunção da sua
onerosidade. O mandato comercial, e sempre oneroso.

7.2. Gerente
E aquele que em nome e por conta de um empresário trata do comércio no lugar onde este
empresário comercial tenha ou o peça para actuar, ou seja, aquele que sobre qualquer outra
designação de acordo com os usos comerciais, se coloca na situação de tratar do comércio de
outrem no lugar onde o empresário exerce a empresa ou em qualquer outro lugar.

O gerente, tem o poder de representação mas, este e um poder geral, compreende todos os
actos pertencentes e necessários ao exercício do comércio que para tal tenha sido atribuído. A
intervenção do gerente e uma intervenção acessória relativamente a do empresário comercial.
Não e um empresário comercial. Nos termos do nr 1 do artigo 166 Ccom, é-lhe aplicável
relativamente a responsabilidade, o regime aplicável aos titulares dos órgãos sociais da
sociedade por exemplo, aos administradores. Os seus actos repercutem-se na esfera jurídica
do empresário comercial.

Entendemos que tal facto se deve a maior ligação que este, assume para com a sociedade e/ou
com os actos relativos ao exercício do comercio no seu dia-a-dia.

7.3.COMISSARIO
Trata-se de um mandato sem representação (artigo 1180 do CC, e aquele que e exercido por
conta do mandante em nome do próprio mandatário, ou seja, isto mesmo que o mandatário
tenha recebido poderes representativos ou o mandato conhecido dos terceiros que participem
nos actos ou sejam destinatários destes).

Em termos gerais, dá-se por comissão quando a pessoa executa um mandato comercial
sem menção alguma do mandante (empresário comercial). Na verdade, há aqui, uma
vinculação do comissario que acontece em virtude de ter havido um acordo entre o

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comissario e o comitente que neste caso e o empresário comercial. O comissario tem alguma
autonomia mas, não pode ter iniciativa individual. A sua iniciativa deve resultar e resulta da
vinculação com o comitente.

E preciso anotar que quando o comissario vai actuar relacionando com terceiros, naos estarão
em dúvidas de que ele pratica actos de comércio mas, tal só em consequência da vinculação
que ele tem com o empresário comercial. Assim, pratica actos de comércio em representação
de outrem numa situação de mandato sem representação (artigos 1178 e ss do Código Civil).

Há, quantos a nos e,em conformidade com a posição defendida pelo Professor Luís Teles de
Menezes Leitão, (pág. 455-456), e fortemente consagrada pela nossa Lei Civil, a consagração
da teoria da dupla transferência. Assim, quando o artigo 1180 do CC, ao referir que se o
mandatário agir em nome próprio adquire os direitos e assume as obrigações resultantes dos
negócios que celebra, os efeitos dos negócios não se repercutem assim directamente na esfera
do mandante, mas antes, na esfera do mandatário, de onde terão de ser posteriormente
transferidos para o mandante. Adoptando a teoria da dupla transferência, o nr 1 do artigo
1181 do CC,vem estabelecer uma obrigação para o mandatário de transferir para o mandante
os direitos adquiridos em execução do mandato.

Assim, o comissario tem o dever de transferir para o empresário comercial, os direitos


adquiridos na prática dos actos de comércio em nome do empresário comercial.

7.4. O Mediador
O mediador e autónomo deste e em princípio não se pode assumir que ele pratica actos
jurídicos na terminologia rigorosa de Mota Pinto. Para este Professor, os actos jurídicos
simples são factos voluntários cujos efeitos se produzem, mesmo que não tenham sido
previstos entre a vontade destes e os respectivos efeitos. Não e, todavia, necessária uma
vontade de produção dos efeitos correspondestes ao tipo simples de acto jurídico em causa
para essa eficácia se desencadear (Teoria Geral do Direito Civil,pag 355,3ª edição
actualizada).

E de facto, o que sucede com o mediador. Na verdade, ele age no interesse de aproximar as
partes para que o negócio se concretize. No entanto, a sua concretização embora ele actue
com essa intenção, muitas das vezes, não depende dele a sua efectivação. O mediador no
contrato de compra e venda, por exemplo, aproxima o comprador do vendedor, sem que ele
outorgue o tal contrato de compra e venda, ao contrário do mandatário comercial que poderá
outorgar o contrato em representação do mandante. Limita-se a criar condições para que o
contrato seja celebrado se as partes aproximadas assim o entender e seu papel termina com a
aproximação das partes.

O artigo 230 do Ccom de 1888,fazia referencia a actividade de mediação mesmo assim


entendia-se que era mediação no sentido técnico, muito próxima da noção agencia.

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Nessa medida, porque o mediador limita-se a aproximar as partes sem a prática de qualquer
acto jurídico naquele sentido do Professor Mota Pinto, com o qual concordamos, ele não pode
ser classificado como empresário comercial.

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