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A acumulação de cargos públicos por militares e a EC


nº 77/2014
A acumulação de cargos públicos por militares e a EC nº 77/2014

Aniello dos Reis Parziale

Publicado em 11/2017. Elaborado em 12/2014.

O artigo analisa a alteração promovida pela EC nº 77, de


11.2.2014, que ampliou expressamente a possibilidade da
acumulação de cargos e empregos de profissionais da saúde
com profissões regulamentadas também aos militares.

Nos termos do art. 37, inc. XVI, da CF/1988 é permitida tão somente aos
servidores públicos a acumulação remunerada de cargos, empregos ou funções
públicas quando existir compatibilidade de horários, observando-se, em qualquer
caso, o disposto no inc. XI desse artigo, cujo teor trata do teto remuneratório, na
seguinte forma: a) dois cargos de professor; b) um cargo de professor com outro
técnico ou científico; c) dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
saúde, com profissões regulamentadas, a exemplo dos médicos, dentistas e
enfermeiros. 

Em relação à possibilidade de acumulação de cargos públicos por militares,


consoante se verifica no art. 142, § 3º, inc. II, da CF/1988, tem-se que os membros
das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) e militares dos Estados e
Distrito Federal, por força do teor contido no art. 42, § 1º, da CF/1988, em
atividade, que tomarem posse em cargo ou emprego público civil permanente,
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inc. XVI, al. c, serão transferidos para a
reserva ou colocados em inatividade, nos termos da lei, ou seja, serão afastados
temporariamente do serviço militar. 

Demais disso, na forma do art. 142, § 3º, inc. III, da CF/1988, os membros das

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Forças Armadas e militares dos Estados e Distrito Federal, em atividade, que


tomarem posse em cargo ou emprego público civil temporário, não eletivo, ainda
que da Administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inc. XVI,
al. c, ficarão agregados ao respectivo quadro e somente poderão, enquanto
permanecerem nessa situação, ser promovidos por antiguidade, contando-se-lhe o
tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, e
depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, sendo transferido para a
reserva, nos termos da lei. 

Observa-se, portanto, que as exceções constitucionais que permitem a acumulação


lícita de cargos, empregos e função pública, ressalvada a hipótese prevista no art.
37, inc. XVI, al. c, não se aproveitam aos membros das Forças Armadas e militares
dos Estados e Distrito Federal, não podendo ocorrer, por conseguinte, a
acumulação de cargo civil com a atividade militar. 

Em relação à ressalva prevista no art. 37, inc. XVI, al. c, acima destacada, cujo teor
permite a acumulação de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
saúde, com profissões regulamentadas, a exemplo da carreira de médico, dentista
ou enfermeiro, tem-se que a EC nº 77, de 11.2.2014, ampliou expressamente a
possibilidade da acumulação de cargos e empregos de profissionais da saúde com
profissões regulamentadas também aos militares. 

Verifica-se, assim, que após a edição da EC nº 77/2014, poderão os médicos,


dentistas e enfermeiros das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) e
militares dos Estados e Distrito Federal (Polícia e Bombeiros militares) também
trabalhar na área civil, em hospitais ou postos de saúde estaduais ou municipais
da rede do SUS, devendo ser dada a preferência, todavia, para a atividade militar. 

Acerca do impacto dessa alteração do Texto Constitucional, conforme noticiou o


Senado Federal, “A mudança no texto da Constituição deve evitar a constante
evasão de profissionais das Forças Armadas, devido à impossibilidade de exercício
de outro cargo, assim como melhorar o atendimento a populações de regiões de
fronteira e distantes dos grandes centros urbanos” (Disponível em: . Acesso em: 1º
ago. 2014).

Com efeito, esclareça-se que, antes da promulgação da emenda constitucional em


destaque, o eg. STJ já tinha estendido aos militares a possibilidade de acumulação
de cargos e empregos públicos privativos de profissionais da saúde com profissões
regulamentadas. Vejamos, in verbis:

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“3. O Supremo Tribunal Federal fixou o entendimento de que deve


haver interpretação sistemática dos dispositivos constitucionais,
nestes casos, com a adjudicação do direito de acumulação aos
servidores militares que atuem na área de saúde: RE nº
182.811/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, DJ de
30.6.2006, p. 35, Ement. vol. 2.239-02, p. 351, LEXSTF, vol. 28, nº
331, 2006, p. 222-227. Neste sentido, no STJ: RMS nº 22.765/RJ,
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, DJe de
23.8.2010. Ademais, cabe frisar que a Lei nº 2.066/1976 (Estatuto
dos Policiais Militares) permite a pleiteada acumulação. Recurso
ordinário provido” (ver RMS nº 32.930/SE, Rel. Min. Humberto
Martins, 2ª Turma, j. em 20.9.2011, DJe de 27.9.2011) (grifou-se).

“1. É vedado aos integrantes das Forças Armadas, dentre eles os


policiais militares estaduais, acumulação de cargos, conforme
dicção do art. 142, § 3º, da Constituição Federal. 2. Esta Corte, ao
interpretar os arts. 37, inc. II, e 142, § 3º, inc. I, da Constituição
Federal, decidiu que a proibição de acumulação de cargos reflete-se
apenas nos militares que possuem a função tipicamente das Forças
Armadas. Por isso, entendeu que os militares profissionais da saúde
estão excepcionados da regra. Precedente: RMS nº 2.765/RJ, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, DJe de 23.8.2010"
(RMS nº 28.059/RO, Rel. Min. Jorge Mussi).

Logo, com exceção dos membros das Forças Armadas (Marinha, Exército e
Aeronáutica) e militares dos Estados e Distrito Federal (Polícia e Bombeiros
militares) que atuam na área da saúde (médicos, dentistas, enfermeiros), não
podem, os demais, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil, sob
pena de terem que deixar a ativa. 

Autor
Aniello dos Reis Parziale

Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana


Mackenzie

Advogado, consultor em Direito Público e gerente jurídico da Editora NDJ.

Mestre em Direito Econômico e Político pela Universidade Presbiteriana


Mackenzie.

Autor de dezenas de artigos sobre Direito Administrativo, com ênfase em

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contratações públicas, servidores e direito municipal.

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