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capital goiana

FRANÇA, Matheus Gonçalves1


Orientação: BRAZ, Camilo2

Resumo: Este trabalho teve como foco a dinâmica do surgimento de cinemas pornôs, os
chamados “cinemões”, na cidade de Goiânia. A proposta foi a de entrevistar tanto
empresários/as e idealizadores/as quanto frequentadores desses locais, tendo como horizonte
temporal as últimas três décadas, a fim de resgatar memórias relacionadas ao surgimento dos
cinemões na capital goiana, bem como complexificar o entendimento dos processos de
constituição de identidades, corporalidades e subjetividades entre homens que mantêm
relações afetivo-sexuais com outros homens localmente, levando em consideração as
dinâmicas e efeitos da segmentação do mercado de lazer e sociabilidade na cidade. A
metodologia do trabalho foi qualitativa, envolvendo revisão bibliográfica, etnografia de
alguns dos cinemões goianienses e entrevistas semi-estruturadas.

Palavras-chave: cinemas pornô, mercado, sexualidades.

Introdução

Este trabalho é resultado de uma investigação de iniciação científica denominada


um estudo antropológico sobre a trajetória dos
, iniciada em agosto de 2011 e finalizada em julho de 20123. Seu
foco é a dinâmica do surgimento de cinemas pornô, os chamados “cinemões”, na cidade de
Goiânia. A proposta se insere em uma pesquisa em andamento, coordenada pelo Prof. Camilo
Braz, intitulada ,
realizada no Ser-Tão – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade vinculado à
Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG).
A produção antropológica acerca das homossexualidades no Brasil leva em
consideração tanto o surgimento dos movimentos sociais e a visibilização de seus

Graduando em Ciências Sociais e pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade


(Ser-Tão), vinculado à Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da Universidade Federal de Goiás (UFG) –
matheusgfranca@gmail.com.
2 Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás e pesquisador do
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade (Ser-Tão) – camilobraz@gmail.com.
Com esse título, a intenção foi a de aludir a dois trabalhos de referência para o estudo desses locais, no Brasil.
A pesquisa empreendida por Veriano Terto (1989), no Rio de Janeiro; e a investigação realizada por Alexandre
Câmara Vale (2000), em Fortaleza. Ambas trazem como título O Escurinho do Cinema, e nortearam muito
minhas reflexões.
questionamentos (MacRae, 1990), quanto os complexos processos de constituição de
identidades a partir da re-constituição e atuação do movimento homossexual na década de
1990 (Facchini, 2005). Essa questão é retomada pela antropóloga Isadora Lins França (2006;
2007) que, para além da atuação política, leva em conta o surgimento de um mercado
denominado tanto como “GLS” (gays, lésbicas e simpatizantes), quanto como “gay”, na
cidade de São Paulo nos anos 1990, para pensar nos processos de constituição de “identidades
homossexuais”. Existem, assim, pesquisas antropológicas realizadas no Brasil que tratam do
surgimento, dos desdobramentos e dos efeitos desse “mercado segmentado” em grandes
centros urbanos, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, no que tange à produção de
subjetividades.
Com relação a locais comerciais para sexo entre homens, campo ainda incipiente, mas
que tem rendido boas problematizações a respeito de corpo, erotismo, sexualidade,
subjetividades e masculinidades, é possível remeter a pesquisas realizadas em outras capitais
brasileiras: sobre saunas gays (Santos, 2007; Paiva, 2009), cinemas pornô (Terto Jr., 1989;
Vale, 2000; Fábio et al, 2008; Ribeiro, 2009) e clubes de sexo masculinos (Braz, 2010).
Nesse sentido, a proposta do trabalho foi a de trazer elementos empíricos para adensar
tais discussões, partindo de entrevistas tanto com empresários/as e idealizadores/as, quanto
com frequentadores/as dos cinemas pornô na cidade, a fim de produzir memórias relacionadas
ao surgimento desses estabelecimentos na capital goiana e indagar sobre seus efeitos no que
tange à produção de categorias classificatórias relacionadas à homossexualidade. O intuito,
então, foi o de complexificar o entendimento dos processos de constituição de identidades,
corporalidades e subjetividades entre homens que mantêm relações afetivo-sexuais com
outros homens localmente.

Metodologia

A metodologia que norteou a pesquisa foi qualitativa. A intenção, ao início da


pesquisa, foi a de lançar mão das seguintes técnicas de pesquisa: revisão bibliográfica,
etnografia dos locais investigados que ainda existissem na cidade, conversas informais e
entrevistas. Entretanto, ao longo da pesquisa, foi necessária também uma “etnografia no
espaço virtual” (Parreiras, 2010), para auxiliar no primeiro contato com alguns
frequentadores. A revisão bibliográfica foi realizada através de um grupo de estudos semanal,
que contou com a participação da equipe da pesquisa mais abrangente. Essas reuniões
proporcionaram um maior entendimento da produção antropológica que trata das relações
entre sociabilidades, mercado, subjetividades e identidades, tendo sido importantes não
apenas para esta investigação, mas para minha formação enquanto futuro antropólogo e
pesquisador.
Foi utilizada a técnica de entrevista semi-estruturada, que permite aos sujeitos
expressarem seus posicionamentos sobre temas específicos a partir de questões-chave. Os
roteiros, no caso de idealizadores/as ou empresários/as, versaram, sobretudo, sobre os
processos de constituição desses lugares, as expectativas com relação aos estabelecimentos e
as percepções acerca do público frequentador; o roteiro para frequentadores tratava
especialmente dos locais de sociabilidade frequentados por esses sujeitos, especialmente no
que se refere a locais comerciais para sexo entre homens, como é o caso de “cinemões” e
saunas, e das percepções dos frequentadores sobre o público desses locais. Os locais onde
foram realizadas as entrevistas foram definidos pelos próprios sujeitos, que aceitaram
colaborar com a investigação, a partir do método em cadeias ou bola-de-neve – a partir do
qual os entrevistados indicam, ao final da entrevista, outros possíveis colaboradores. Todos/as
que participaram da pesquisa são maiores de 18 anos. A consensualidade, a autonomia, a
privacidade e o anonimato dos/as participantes foram e serão estritamente respeitados.

Resultados e discussão

Os cinemas pornô, ou “cinemões”, em sua grande maioria, são ambientes onde


predominam o silêncio, o olhar e o toque. Além disso, nestes lugares se preza muito pela
privacidade e pelo anonimato. Por isso, uma das minhas dificuldades, ainda no “pré-campo”,
foi justamente a de estabelecer um primeiro contato com meus possíveis informantes. Essa
mesma dificuldade foi vivenciada por Braz (2010) em sua etnografia em clubes de sexo
masculinos na cidade de São Paulo. Tendo essa preocupação em mente, decidi abrir, assim
como ele, uma conta na rede de relacionamentos denominada Orkut, através da qual se pode
“montar um perfil (profile), encontrar velhos amigos ou fazer novos e criar ou participar dos
mais diversos tipos de comunidades” (PARREIRAS, 2008, p.7). No perfil, deixei informações
sobre a pesquisa.
Figura 1: Perfil da conta criada para o Orkut

Publiquei a mensagem que consta no perfil em todas as comunidades das quais passei
a fazer parte. A intenção era justamente ser procurado ao invés de procurar, a fim de tentar
estabelecer contatos com sujeitos que efetivamente tivessem o desejo de colaborar com a
investigação. E tive resultados: dialoguei via MSN (programa de troca de mensagens
instantâneas) com onze frequentadores, com os quais eu conversei pelo menos uma vez.
Desses, cheguei a entrevistar presencialmente dois. Nem todos os meus contatos tinham
grande frequência nos “cinemões”, contudo puderam me contar um pouco sobre experiências
em outros espaços de sociabilidade e trocas eróticas, como saunas e, mesmo, locais de
“pegação” (termo êmico e que se refere geralmente à busca por sexo em locais públicos) não
comerciais, como bosques e banheiros públicos. É importante ressaltar que meu trabalho de
campo não se resumia aos ambientes virtuais. E que, embora seja absolutamente pertinente a
etnografia em tais locais, o uso da rede, no meu caso, foi muito mais instrumental – era uma
via de acesso aos informantes, num contexto em que as dificuldades para conhecer
colaboradores, pela própria dinâmica dos lugares de pesquisa, eram muitas. Eu cheguei a
frequentar os cinemas esporadicamente, na tentativa de “ser visto” tanto pelos/as
funcionários/as quanto pelos frequentadores. Em certa altura do trabalho de campo, já era
possível travar conversas com esses sujeitos na porta de um dos cinemas (o cine Astor), uma
vez que eles me conheciam tanto pelas idas aos estabelecimentos, quanto pelo perfil “on-
line”.
Penso que minha incursão em campo virtual serviu também para que, de alguma
maneira, meu trabalho fosse considerado “sério”, como ouvi algumas vezes de frequentadores
no balcão do Cine Astor. Além disso, é interessante destacar uma ocasião em que minha
pesquisa foi “defendida” por dois informantes (os mesmos que me deram a entrevista) em um
dos tópicos de uma comunidade do Orkut em que eu solicitei ajuda para a pesquisa.

Figura 2: Conversa em uma das comunidades do Orkut

Aproveitando a conversa retratada na imagem acima, especialmente a mensagem


, acredito que seja importante falar também das
“investidas” de alguns informantes. Não foram poucas vezes em que fui “olhado”, “notado”,
“percebido” pelos frequentadores, tanto dentro dos cinemas como nas comunidades e em
conversas no MSN. Nessas, havia diálogos como esse:

[Vc curte homem peludo?]


Não muito... porquê?
[Ah,tá. É porque sou. Então falou, “fera”. Se eu não te interesso, então você também não me
interessa. Valeu. Te excluindo.]
Ok então... mas muito obrigado por me ajudar!
[Não ajudei em nada.]
Ajudou sim! É importante pra mim saber a opinião das pessoas sobre os cinemas...
[E por que não curte macho peludo? Me explica. Macho que é macho tem que ter pelos. Aff.]
(Conversa via MSN)

De fato, era impossível evitar as “cantadas” emitidas pelos informantes. E ainda que
eu tentasse voltar o foco da conversa para o tema da pesquisa, em algumas situações isso se
tornava uma tarefa muito difícil. Braz (2008) tomou essa dinâmica de cantadas, flertes,
avaliação do avatar, como questão de pesquisa e concluiu que é válido pensar que receber as
“cantadas” faz parte do fazer etnográfico em alguns contextos de pesquisa, como aqueles
permeados pelo desejo, uma vez que o pesquisador está inserido física e corporalmente no
campo, o que faz com que participe dele em muitos sentidos. Mesmo que não tenha a intenção
de praticar sexo efetivamente, como foi meu caso. Talvez, então, essas “cantadas” possam ser
uma boa possibilidade de começar a pensar nos marcadores sociais de diferença que
produzem sujeitos e corpos mais ou menos desejáveis, já que o corpo do pesquisador, nesse
caso, é constantemente avaliado pelas mesmas convenções que constroem a inteligibilidade
dos corpos dos frequentadores. Segundo ele, “não se trata aqui de jogar fora a possibilidade
do distanciamento, nem de ‘virar nativo’. Mas de levar em conta o quanto a realidade
estudada pode ser incorporada não só nos sujeitos da pesquisa, mas também no/a próprio/a
pesquisador/a” (BRAZ, 2008, p. 91). Nesse sentido, o fato de eu ter sido cantado
constantemente em campo pode revelar, num sentido antropológico, que algumas das minhas
próprias marcas corporais são bastante valorizadas nesses ambientes – como a juventude, a
corporalidade, ou mesmo a raça/cor. Talvez o fato de eu ser um estudante universitário
escolarizado, branco e jovem não passou despercebido nas salas dos cinemas – o que pode ser
uma porta de entrada para começar a entender as marcas corporais que neles são mais ou
menos valorizadas. Após essa apresentação dos resultados consequentes das minhas
“reflexões acerca de observações do ciberespaço”4, parto agora para os resultados do
mapeamento por mim realizado durante a investigação.
Goiânia conta, hoje, com cinco cinemas pornôs em funcionamento, todos na região
central da cidade. São eles: Cine Santa Maria, localizado na Rua 24, próximo à Av.
Anhanguera; CineMix, localizado na Rua 8, abaixo do Yes Bar; Cine Apolo, localizado na
Av. Anhanguera, acima do cruzamento com a Av. Paranaíba; Cine Fênix, localizado na Av.
Goiás, em frente à Igreja Universal do Reino de Deus; e Cine Liberty, localizado na Av.
Anhanguera, próximo à Praça A (Setor Campinas). Em Goiânia, há somente dois cinemas que

Tais reflexões deram origem ao trabalho que apresentei na 28ª Reunião Brasileira de Antropologia, intitulada
“O ‘Escurinho’ e o ‘e-scurinho’ do Cinema em Goiânia: reflexões acerca de observações no ciberespaço.
já foram fechados: Cine Casabranca, que ficava na Rua do Lazer (centro) e Cine Astor, na
Rua 9, entre a Rua 3 e Av. Anhanguera. Este último, inclusive, foi fechado durante a
realização dessa pesquisa (início de maio de 2011).

Figura 3: Mapa dos cinemas de Goiânia

Um mapeamento similar foi realizado na cidade de São Paulo por um grupo de alunos
de graduação em Ciências Sociais da USP (Fábio et. al., 2008) na tentativa de “observar a
possível ocorrência de redes de sociabilidade entre os frequentadores das salas de filmes
pornô do centro da cidade de São Paulo” (op. cit.). Na ocasião, detectaram duas “manchas”
(MAGNANI, 2002) no mercado segmentado para cinemões na capital paulista: uma no Largo
do Arouche e outra no Largo do Paissandu, separadas por um “pórtico”, materializado em
“um quarteirão ocupado por outros estabelecimentos e, principalmente, pelas figuras
controversas dos imigrantes nigerianos” (Fábio et. al., 2008). Além disso, detectaram
“circuitos” (MAGNANI, 2002) nesses estabelecimentos: “os frequentadores dos cinemas
pornôs costumam transitar por diversas outras salas do gênero, além dos da mancha, em
outras centralidades da região metropolitana” (Fábio et. al., 2008).
A antropóloga Isadora Lins França realizou um interessante mapeamento de
estabelecimentos pertencentes ao chamado mercado “GLS” na cidade de São Paulo utilizando
também as categorias “mancha” e “circuito”, propostas por Magnani. Para ela,

Segundo Guilherme C. Magnani (2002) o conceito de “mancha” define-se em relação ao


conceito de “pedaço”, este uma área homogênea, onde os frequentadores compartilham os
mesmos modos de vida. O “pedaço” é constituído pelos seus membros, podendo transportar-se
para outras áreas com facilidade. Já a “mancha” não se reduz a um espaço definido, mas abarca
um aglomerado de estabelecimentos, “apresentando uma implantação mais estável tanto na
paisagem quanto no imaginário” (Magnani, 2002:25). A “mancha” também é definida pela
maior imprevisibilidade em relação ao “pedaço”, sendo possível saber que tipo de serviços e
pessoas se vai encontrar numa “mancha”, mas não exatamente quais serão estes, fato que
motiva seus frequentadores (FRANÇA, 2006, p. 42).

No caso de Goiânia, ainda que exista uma quantidade razoavelmente menor – com
relação ao primeiro mapeamento acima citado, através do qual foram detectados 21
estabelecimentos – de cinemões em funcionamento, pode-se dizer que há, de fato, uma
mancha de cinemas no centro da cidade, uma vez que é o único ponto dela no qual se
encontram esses estabelecimentos. Entretanto, não é possível perceber, de forma clara, um
circuito formado dentro do mercado de cinemões em Goiânia. Talvez seja possível esboçar
um circuito saunas-cinemas-bosques-banheiros, na tentativa de pensar em um “circuito de
pegação entre homens em Goiânia”, ou talvez pensar nos cinemas pornô como parte
integrante de um circuito mais amplo que abrange todo o mercado “GLS” de Goiânia,
considerando que os frequentadores dos cinemas – embora nem todos, já que nem todos os
cinemas são percebidos como “gays”, como se verá adiante – participam de outros espaços
comerciais, como bares e boates, por exemplo. É importante ressaltar também que não
pretendo aqui resumir toda a diversidade de opções de lazer para homens que se relacionam
afetivo-sexualmente com outros homens nas “manchas” e “circuitos” acima esboçados, até
porque, “ao associarmos identidades baseadas em preferências sexuais a espaços
determinados, corremos o risco de reificar as relações de poder a partir das quais os espaços
se constituem como lugares” (FRANÇA, op. cit., p. 56).
Cada cinema, em Goiânia, costuma ter seu público habitual, e raramente os
frequentadores de um vão aos outros. Segundo a maioria de meus informantes, é possível
perceber que há uma frequência muito específica de pessoas em cada estabelecimento. Foi o
que afirmou, por exemplo, uma das funcionárias do Cine Astor:

[Você percebe se há um grupo de pessoas que vem sempre aqui no cine Astor? Algumas
pessoas que frequentam toda semana, ou mais de uma vez na semana...]
Ah, o público aqui é o mesmo. As figurinhas são sempre as mesmas.
[Sempre os mesmos?]
Sempre as mesmas figurinhas...
[Você percebe se tem gente que vem só de vez em quando, que veio e nunca mais voltou?]
Que veio e nunca mais voltou é complicado... mas a maioria sempre são os mesmos. Tem uns
que demoram a vir mais, tem uns que vêm com mais frequência, mas são sempre os mesmos.
[Os rostos sempre são bem conhecidos...]
[concordando] Os mesmos. (Entrevista, grifos meus)

Na mesma linha, um dos frequentadores do Cine Astor disse:

[E aí se a gente pensar nesses lugares, o cinema você falou, você prefere o Astor mais por
conta do filme, porque tem filme gay.]
É, mas hoje em dia você encontra de, como se diz, de tudo. Você encontra desde o menino
novinho que você quer ficar porque ele é estudante, você encontra advogado, você encontra de
tudo e de todo mundo. Mas sempre frequentando um lugar só, igual você frequenta só o Cine
Astor, você vai na segunda-feira, se você for na outra segunda-feira você encontra as mesmas
pessoas, ou seja, você já não vai ficar com aquelas mesmas pessoas, você vai querer a
novidade, então é mais fácil de você encontrar uma novidade, assim. Entendeu? Por isso que eu
gosto de ir lá, que aí eu já conheço todo mundo mesmo no escuro ou não. ‘Ah, você!’
(Entrevista, grifos meus).

Rogério5, que me contou um pouco sobre a história do Santa Maria, afirmou que neste
cinema há também um grupo frequente, além do fato de haver uma clara diferença entre o
público de ambos os cinemas:

[Você percebe se há um grupo de pessoas que vai sempre nesses estabelecimentos?]


Sim!
[Então tem um pessoal que são mais... “carteirinhas”?]
Carteirinhas. Eu, quando comecei a frequentar o Santa Maria, quando descobri que existia o
Santa Maria, eu era carteirinha! Todo domingo eu tava lá e o pessoal já nem cobrava de mim
mais. Depois, eu fiquei uns dez anos sem ir, mas agora eu voltei a frequentar e constantemente
eu vejo as mesmas pessoas.
[Você percebe se tem algum dia da semana, alguma época da semana que vai um público
específico? Por exemplo, em tal dia da semana vai um público de certa idade, em outro dia da
semana vai um público de outra idade...]
Não, porque aqui em Goiânia os cinemas são quase que separados. No Santa Maria vão
pessoas mais de idade, ou pessoas mais liberais, no Astor vão rapazes novos (Entrevista, grifos
meus).

Durante a pesquisa, foi dada maior atenção a dois cinemas em especial: o Santa Maria
e o Cine Astor. Segundo depoimentos de alguns dos frequentadores, bem como de
observações nas comunidades do Orkut, estes são os “cinemões gays” da cidade da
perspectiva de seus sujeitos, levando em consideração que os frequentadores desses cinemas
costumam fazer “pegação” e também porque são os únicos que exibem filmes “ , além
dos filmes pornô “heterossexuais”. O CineMix, inaugurado uma semana antes de o Astor ser
fechado, também transmite filmes “gays” e possui dark rooms, que são salas escuras
destinadas à “pegação”. Já os cinemas ditos “heterossexuais” (Apolo, Fênix e Liberty) exibem
exclusivamente filmes heterossexuais, além de terem outras atrações, como shows de strip-
tease feminino ao vivo e de sexo ao vivo. Outro dado interessante que me permitiu fazer esse
recorte foi um fórum de discussão na internet chamado GP Guia6, de caráter nacional, que
tem como objetivo a troca de experiências entre pessoas que contratam garotas de programa.
Os foristas, como são chamados os membros do fórum, após contratarem uma “GP”, relatam
sua experiência, dando nota, fazendo comentários etc. Na parte destinada ao estado de Goiás
existem três tópicos exclusivos para cinemas pornôs: um para o Cine Fênix, um para o Cine
Liberty e outro para o Cine Apolo. Em todos os tópicos, os comentários somente falam sobre
as acompanhantes desses três cinemas, sem mencionar, em momento algum, qualquer cena de

Os nomes próprios utilizados nessa pesquisa são fictícios, a fim de preservar a identidade dos/as
interlocutores/as.
<http://www.gpguia.net/> Acesso em 05 de agosto de 2012.
“pegação” entre homens. Rogério, frequentador do Santa Maria e meu principal informante,
em conversa via MSN, disse-me em determinado momento que “não, ele [o Cine Fênix] é
hetero, já o Santa Maria é de tudo” (conversa via MSN).
Obviamente que essas classificações são passíveis de crítica e necessitam de maior
problematização. Até porque, a partir de um olhar etnográfico, é possível perceber que mesmo
nos cinemas que não são considerados “gays”, existem trocas sexuais entre homens. Contudo,
o que me interessa aqui, como antropólogo, é justamente tentar perceber quais elementos são
acionados para a construção simbólica dessas distinções. Por exemplo, a presença de
mulheres, ou de shows de sexo heterossexual, como elementos mobilizados pelos
entrevistados para que determinados cinemas deixem de ser considerados “gays”. Isso mostra,
talvez, como a construção simbólica desses lugares passa pelo foco numa sociabilidade – e em
práticas eróticas – exclusivamente masculinas. Em termos de gênero, é o feminino que deve
ser extirpado desses espaços para que eles sejam considerados, de acordo com muitos sujeitos,
“gays”. Portanto, o gênero é um marcador de diferença na constituição discursiva desses
lugares – ou seja, espaços carregados de sentido. Muito embora haja certa ambivalência: a
presença de travestis em um dos cinemas não faz com que ele deixe de ser considerado “gay”
– ou “de tudo”, como afirmou Rogério – pelos entrevistados. Nas considerações finais serão
tratadas com maior atenção as questões relativas a categorias classificatórias e
hierarquizações.
O Santa Maria é o cinema mais antigo de Goiânia, tendo sido inaugurado pouco
depois da construção de Goiânia, em outubro de 1939. O “Santa” funcionou até 1994 como
cinema convencional, entretanto teve que fechar as portas devido ao impacto das salas de
cinema dos shopping centers. Esse processo pode ser percebido em outros contextos
metropolitanos, e foi detectado em algumas pesquisas sobre cinemões em outras cidades
brasileiras, como é o caso do já citado trabalho de Fábio et. al (2008) na cidade de São Paulo e
também pelo sociólogo Alexandre Vale (2000), que realizou uma etnografia de um cinema
em Fortaleza, o Cine Jangada, que foi fechado também em função do advento das salas da
rede de cinemas Severiano Ribeiro. Entretanto, diferentemente do Cine Jangada, que quando
fechou suas portas já exibia filmes pornográficos, o Santa Maria, em 1996, reabriu as portas
como “cinemão” e, desde então, exibe exclusivamente filmes pornográficos.
Ao entrar pela catraca do “Santa”, vê-se um enorme saguão que, ao fundo, dá nos
banheiros. À direita, há a entrada para o primeiro andar da sala de cinema. Ao lado dessa
entrada, pode-se ver a escada que dá acesso ao segundo andar. Ao entrar por ela, é possível
ver a grande tela que veicula os filmes pornográficos. Atrás dessa sala, há uma um pouco
menor, com uma televisão embutida na parede, que veicula filmes “gays”. O valor da entrada,
à época da finalização da pesquisa, era de R$6,00 e o diferencial do lugar é que é o único
cinema que tem a presença das travestis. O público é formado, na maioria dos casos, por
homens mais velhos, com baixa renda e com um biótipo fora dos padrões hegemônicos de
beleza.
O Cine Astor é um antigo cinema do centro de Goiânia, que encerrou suas atividades
como cinema convencional em 2006, também devido ao advento das salas de cinema de
shopping centers. O antigo dono vendeu o cinema para a pessoa que então o tornou um
cinema pornô, há seis anos atrás. Ele fechou recentemente, no mês de maio. Segundo o
proprietário do Astor – e, entrevista realizada para essa pesquisa –, que é dono também de
mais quatro cinemões em São Paulo, o cinema fechou porque ele quer concentrar seus lucros
na capital paulista, uma vez que o Astor não vinha dando tanto lucro mais, e ele vinha tendo
despesas com funcionários/as, conserto de equipamentos etc.
O cinema possuía duas salas de cinema, em dois andares. A sala de baixo veiculava
filmes essencialmente “heterossexuais”. A de cima, menor e com menos cadeiras, exibia
exclusivamente filmes “gays”. À direita dessa segunda sala, havia uma outra mais ou menos
do mesmo tamanho, absolutamente vazia, apropriada pelos frequentadores como dark room.
O valor da entrada, na época do fechamento, era de R$7,00 (valor único). O público era bem
diferente do que frequenta o “Santa”: geralmente encontrava-se pessoas bem mais jovens,
homens de classe média ou baixa, muitos deles com ensino superior, enquanto outros não
haviam completado o ensino médio. Os frequentadores de um cinema quase nunca
frequentavam o outro, e daí pode-se dizer, talvez, que não há um “circuito” entre os cinemas
considerados “gays” em Goiânia.
O Cine Mix, aberto uma semana antes do fechamento do Santa Maria, é voltado,
também, para um público de homens interessados em sexo com outros homens. Em conversa
com o proprietário, percebi que há uma tendência de trazer o “moderno”, em uma cidade onde
o mesmo não havia chegado. O dono afirmou que o cinema é uma proposta diferente da
maioria dos cinemas que viu no Brasil, e traz um modelo de “cinema para adultos”7 que ele
conheceu em Nova Iorque. Infelizmente, não tive tempo de etnografar o local. Fui uma única
vez para conhecer as instalações. O CineMix, é, de fato, bem diferente de todos os cinemas
que eu vi em Goiânia e parece lembrar o que Braz (2010) observou em São Paulo, quando
fala de um cinema pornô que, durante seu trabalho de campo, havia recentemente surgido na

É como ele prefere se referir ao seu estabelecimento, acreditando que os termos “cinemões”, “cinemas pornô”
etc. são depreciativos e estão associados a uma imagem negativa desse tipo de estabelecimento.
cidade e que, para os sujeitos de pesquisa, era “mais limpinho” e “mais moderno” do que os
antigos cinemões. É um casarão adaptado. As salas e quartos viraram salas de projeção e dark
rooms. As “poltronas” dos cinemas tradicionais deram lugar a cadeiras de escritório, dispostas
de frente para uma parede, onde é projetado o vídeo que vem de um equipamento de data
show. O valor da entrada é de 15,00 (mais do que o dobro dos demais cinemas). O público,
pelo que tenho acompanhado em discussões em comunidades do Orkut, será parecido com
aquele que frequentava o Cine Astor (mais jovem, mais branco, mais escolarizado). Contudo,
pelo alto preço, muitas pessoas estão afirmando que “vale mais a pena ir pra uma sauna do
que para o cinema”8. Muito embora seja possível imaginar que nos próximos meses a
frequência no CineMix fique um pouco mais fixa, como parece ser o habitual em se tratando
de cinemas pornô.

Considerações Finais

A partir dos dados apresentados, é interessante refletir, primeiramente, sobre a atual


relevância da internet como ferramenta de investigação em pesquisas antropológicas. Minha
experiência indicou que, de fato, o uso da internet e de alguns de seus recursos foi interessante
no sentido de que foi possível, a partir dessa metodologia, me inserir em campo “real” a partir
do campo “virtual”. A pesquisa, de certa forma, foi reconhecida entre os frequentadores dos
cinemas em grande parte pelo trabalho que realizei nas comunidades do Orkut e nas conversas
que foram empreendidas no MSN. Percebi que eu era notado “com outros olhos” a partir do
momento em que as pessoas lembravam que eu era “aquele cara do Orkut que está fazendo
um trabalho de faculdade”, como ouvi algumas vezes na porta do Astor.
Para além da relevância da internet como ferramenta etnográfica, talvez seja
interessante pensar também nas possibilidades de análise antropológica a partir desse “espaço
virtual”. Em diversos momentos da pesquisa, conforme exemplificado nesse trabalho, pude
perceber que os mesmos marcadores sociais da diferença acionados em ambientes “off-
apareceram também nos ambientes “on-line”. Por isso, concordo com Parreiras (2008) quando
ela contesta essa divisão dicotômica entre “on-line e “off-line” afirmando que isso requer
problematização. Para ela,

A idéia é, então, desagregar o virtual em seus vários processos, interações e relações a fim de
não tomá-lo como um objeto único. Assim procedendo, é possível transcender a divisão
online/offline e pensar na passagem (e suas nuances) entre os dois pólos (PARREIRAS, 2008,
p.39).

Atualmente, as duas saunas da cidade cobram R$20,00 pela entrada.


O trabalho de campo virtual, portanto, dialoga com o trabalho de campo “de carne e
osso”, sendo uma ótima estratégia para realizar pesquisas antropológicas em diversos campos
de estudo. O "escurinho do cinema” pode, assim, ser iluminado em suas várias tonalidades e
matizes, inclusive por meio da luz da tela do computador.
Este trabalho teve como objetivo principal realizar um mapeamento dos cinemas pornô
de Goiânia, tendo como foco aqueles onde é mais comum a “pegação” entre homens. Já ouvi
relatos de frequentadores, por exemplo, de cenas de sexo entre homens nesses cinemas
considerados “heterossexuais”, entretanto essas práticas ocorrem em corredores escuros,
banheiros, cantos etc. A pegação é muito mais velada. No Santa Maria, Astor e CineMix o
sexo está presente por toda parte: nas poltronas, nos corredores, nos dark rooms, em cantos
escuros, nos banheiros – e na tela de projeção, obviamente. É importante enfatizar também
que cinema pornô não é um lugar exclusivamente para sexo, por mais que este seja um dos
principais chamarizes destes estabelecimentos. Uma das coisas que permeou todas as minhas
entrevistas e boa parte das minhas conversas com frequentadores e funcionários/as foi,
justamente, que o cinemão não é, de forma alguma, um lugar exclusivo para sexo. Diego, um
de meus contatos “on-line”, disse-me assim que nos conhecemos:

Então, eu frequentei durante um bom tempo o Cine Astor. A última vez que fui lá foi no
começo desse ano, e por incrível que pareça foi nessa última vez que conheci meu atual
companheiro. Nunca imaginei que encontraria um relacionamento sério num cinema pornô, até
eu me surpreendi. Essa é uma prova de que esse tipo de cinema não é somente promiscuidade
como muitos pensam, mas que há boas histórias que se passam lá para serem relatadas
(Conversa informal, grifo meu).

A partir dos relatos e de minhas observações, pude constatar que se constituem nos
cinemas “redes”, entendidas aqui como “conjuntos de sujeitos que mantêm relações
interpessoais num meio social não-estruturado e em contextos sociais particulares”
(FACCHINI, 2008, p. 147). São formadas redes de amizade muito fortes. Praticamente todas
as vezes em que eu chegava no cine Astor era possível ver frequentadores conversando com
as funcionárias no balcão, tomando cerveja ou refrigerante, rindo alto, fazendo piadas. Este
fato ficou muito evidente na fala de Cristiano, um dos frequentadores deste cinema:

[Você percebe se há um grupo de pessoas que vai sempre nesses estabelecimentos? Pessoas
que estão sempre lá, ou que vão ao menos uma vez na semana...]

Aqui a gente vê um grupo que está sempre aqui, que a gente vê com frequência. A gente até já
se conhece pelo nome...
[Então exista talvez uma rede de amigos, ou talvez uma rede de conhecidos aqui?]
Olha, acho que tenha essa rede de amigos e a de conhecidos. A gente acaba se conhecendo aqui
mesmo, mas por se ver com frequência, a gente acaba travando uma amizade, então são amigos
mesmo (Entrevista)
No Santa, vi essa situação em quantidade menor de vezes, entretanto me foi relatado
que ela também existe. Rogério, por exemplo, relatou a forte ligação que ele tem com o
“Santa”: “todo domingo eu tava lá, e o pessoal já nem cobrava de mim, porque eles pediam
pra eu fazer coisas pra eles na rua, e eles não cobravam de mim, então eu tinha feito amizade”
(Entrevista, grifo meu).
Minha pesquisa está inserida em um campo de estudos que toma o mercado como uma
das várias instâncias de produção de categorias classificatórias que incidem na produção de
identidades e subjetividades sexuais, ao lado, por exemplo, da política, da psicanálise, da
religião, da mídia etc. É nesse sentido que Douglas & Isherwood (2009) apontam que “o
consumo é algo ativo e constante em nosso cotidiano e nele desempenha um papel central
como estruturador de valores que constroem identidades, regulam relações sociais, definem
mapas culturais” (p. 08). Seguindo esse pensamento, é interessante observar como o chamado
mercado “GLS” de fato atua como produtor de identidades, e como estimulante de uma
enorme profusão de categorias classificatórias e hierarquizantes.
Nesse sentido, o mercado também exclui. Se formos pensar especificamente em
termos de cinemas pornô, é perceptível a tendência de se classificá-los em algumas categorias,
fenômeno similar ao diagnosticado por Fábio et al (2008) ao esboçar uma classificação de
cinemões em São Paulo. Em Goiânia há, marcadamente, uma divisão – seguindo as categorias
do trabalho citado – entre “cinemas de rachas” (Apolo, Fênix e Liberty) e “cinemas de
pegação” (Cine Astor e CineMix), além do Santa Maria, que poderíamos enquadrar em
“cinemas de travas”, devido à presença das travestis. A hierarquização dos cinemas parece
levar em consideração a presença de mulheres como sendo o referencial positivo de qualidade
e, em contrapartida, a presença de travestis – como sendo um referencial negativo. Isso parece
ser tão forte que mesmo nos cinemas em que são exibidos filmes de sexo entre homens e/ou
de sexo com travestis, os anúncios fazem propaganda somente dos filmes heterossexuais que
serão passados no dia. Se pensarmos no circuito constituído pelo mercado de lazer e
sociabilidade para gays e lésbicas em Goiânia, encontraremos os cinemões em lugar
marginalizado, levando em consideração as dinâmicas de poder que atuam sobre esses lugares
(Gupta & Ferguson, 2000). Por fim, a relação entre os frequentadores e os estabelecimentos
parece estar muito bem marcada por “estilos de vida” (Bourdieu, 1983). Um bom exemplo
disso é a fala de alguns frequentadores que afirmam não gostar de bares, boates e baladas
porque estes locais não agradam a um público mais velho, que acaba recorrendo à “calmaria”
das saunas e cinemas.
Revisado pelo orientador.

Referências Bibliográficas

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Núcleo de Antropologia Urbana (NAU), USP, 2008.
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São Paulo. Dissertação de mestrado, Antropologia Social. São Paulo: USP, 2006.
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In: cadernos pagu (28), Campinas: Núcleo de Estudos de Gênero Pagu/Unicamp, 2007.
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