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V.

3(3) 73-84, 1998

REVISÃO

OVERTRAINING:
ASPECTOS FISIOLÓGICOS

Jair R. Garcia Júnior


Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo.
Arnaldo Luis Mortatti
Preparador Físico

RESUMO
A melhora do desempenho atlético depende da aplicação criteriosa de duas variáveis fundamentais ao treinamento: o volume e
a intensidade. As adaptações fisiológicas e a supercompensação requerem além do treinamento, também períodos suficientes de
recuperação. Assim, principalmente o volume de treinamento e o tempo de recuperação se relacionam estritamente e podem ser
considerados críticos para o estado fisiológico geral do atleta. O desbalanceamento entre o esforço e a recuperação pode acarretar
sérias conseqüências fisiológicas, desde a diminuição da tolerância ao treinamento e do desempenho até maior sensibilidade a infec-
ções respiratórias. Essa situação é denominada overtraining ou síndrome do excesso de treinamento e são sugeridas algumas hipóteses
para sua ocorrência e para sua relação com a imunossupressão. Uma possível causa seria a alteração do metabolismo de substratos
energéticos, principalmente o aminoácido glutamina, mas também os aminoácidos de cadeia ramificada e o glicogênio. As células do
sistema imune utilizam a glutamina como principal substrato e a diminuição de sua disponibilidade, provocada por exercícios e
treinamentos intensos prejudica sua funcionalidade. Nesta revisão pretendemos discutir as alterações que levam à diminuição da
produção, disponibilidade e utilização da glutamina, bem como as conseqüências fisiológicas.
Palavras Chaves: Síndrome do excesso de treinamento, glutamina, imunossupressão, exercício, sistema imune.

ABSTRACT
The improve of performance depends on two fundamental training variables: volume and intensity. The physiological adaptations
and supercompensation require training and sufficient recovery periods. Thus, there is a strict relation between training volume and
recovery time that can be considered critic for the athlete’s physiological status. The imbalance between effort and recovery can bring
serious physiological consequences, like decrease of training tolerance and performance and even susceptibility to respiratory tract
infections. This situation is called overtraining or overtraining syndrome. Some hypothesis are suggested to its cause and for the
association with immunosuppression. A possible cause would be a change of substrates metabolism, mainly glutamine, branched-
chain amino acids and glycogen. The immune cells use glutamine as main substrate. Intense exercise and training cause the decrease
of glutamine availability, impairing immune cells functionality. In this review, we propose a discuss about the changes that leads to
decrease of the glutamine production, its availability and utilization, as well as the physiological consequences.
Key Words: overtraining syndrome, glutamine, immunosuppression, exercise, immune system.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 73
INTRODUÇÃO Uma das conseqüências do treinamento é a
O aumento da capacidade de desempenho indução de adaptações estruturais e metabólicas
dos atletas deve-se a vários fatores, principalmen- nos músculos esqueléticos e alterar a mobilização
te a utilização criteriosa dos métodos de treina- e utilização de substratos energéticos. O propó-
mento. Porém, mesmo com a evolução dos mé- sito dessa revisão é discorrer sobre as alterações
todos de treinamento e das pesquisas aplicadas nos processos de síntese, disponibilidade e con-
em áreas correlatas que contribuem significativa- sumo de substratos energéticos que funcionam
mente para a melhora do desempenho, não é pos- como elo entre o metabolismo dos músculos
sível minimizar o papel de duas variáveis que esqueléticos, das células do sistema imune, do fí-
constituem a base de qualquer programa de trei- gado e dos rins. Também são discutidas as conse-
namento: a intensidade e o volume. qüências de tais alterações na funcionalidade do
sistema imune.
Essas variáveis podem ser manipuladas e de-
terminar o incremento das capacidades físicas ou,
METABOLISMO ENERGÉTICO
juntam-se a uma recuperação deficiente para se
DURANTE E APÓS O EXERCÍCIO
tornarem as responsáveis diretas pelo surgimento
do overtraining ou síndrome do excesso de trei- Existem diferenças quanto à predominância
namento. das vias metabólicas utilizadas durante o exercí-
cio, de acordo com a intensidade e duração do
O overtraining pode ser caracterizado pela
incapacidade de recuperação adequada após su- mesmo. Entretanto, é bem estabelecida a predo-
cessivas sessões de treinamento. A sensação de minância da via da glicólise anaeróbica (Figura 1)
fadiga persiste mesmo após os períodos regulares para exercícios de curta duração e elevada inten-
de recuperação e acarreta alterações emocionais, sidade e da via da fosforilação oxidativa para exer-
comportamentais e físicas (BUDGETT 1990, cício de longa duração e moderada intensidade
EICHNER 1995, KUIPERS 1998). Essa situação é (HARGREAVES 1995). De qualquer forma, o prin-
prejudicial ao atleta, não apenas pela impossibili- cipal substrato energético utilizado é o glicogênio
dade de continuação do programa de treinamen- e o tempo de exercício até que o desempenho
to e pela queda do desempenho nas competições, sofra diminuição ou se atinja a exaustão é deter-
mas também pelas conseqüências fisiológicas re- minado pelos seus estoques nos músculos
lacionadas à própria saúde do atleta. (NEWSHOLME et al. 1994).

Estudos têm relacionado o overtraining, trei- Além do glicogênio, outros substratos utili-
namento intenso e também os exercícios de longa zados durante o esforço são os ácidos graxos e os
duração com a diminuição da capacidade de res- aminoácidos (HENRIKSSON 1995). Em exercíci-
posta do sistema imune (SHARP & KOUTEDAKIS os de longa duração, a mobilização e utilização
1992, ROWBOTTOM et al. 1995, GABRIEL et al. dos ácidos graxos aumenta no decorrer do tem-
1998). Essa relação envolve tanto o sistema po, à medida que diminuem as reservas do
endócrino (PEDERSEN 1996, PEDERSEN et al. glicogênio (NEWSHOLME et al. 1994). Com a
1997, NIEMAN 1997) quanto o metabolismo dos depleção do glicogênio muscular e hepático au-
músculos esqueléticos e as células envolvidas no menta também a captação e oxidação dos
mecanismo de defesa (PARRY-BILLINGS et al. 1992, aminoácidos de cadeia ramificada pelos múscu-
NEWSHOLME 1994, KEAST et al. 1995). los (GASTMANN & LEHMANN 1998). Quantita-

74 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Glicogênio tivamente, os aminoácidos de cadeia ramificada
(leucina, isoleucina e valina) são os principais a
serem oxidados, mas outros podem ser
Glicose-1-P
desaminados para manter o fluxo de intermedi-
ários do ciclo do ácido cítrico (HARGREAVES
1995). A utilização dos aminoácidos de cadeia
Frutose-6-P ramificada inicia-se com reações de
transaminação, nas quais os grupamentos amina
desses aminoácidos são transferidos para um
Glicólise oxoácido intermediário do ciclo do ácido cítri-
co, o 2-oxoglutarato ou para o piruvato, forman-
do o glutamato e a alanina, respectivamente. O
Ácidos Graxos grupamento amina pode também ser transferi-
do para um glutamato já disponível e então for-
mar a glutamina (Figura 2) (NEWSHOLME &
Piruvato
B-oxidação LEECH 1983).
No período de recuperação tem início o cha-
Acetil-CoA mado débito de O2, situação na qual o metabo-
lismo continua elevado e em declínio durante vá-
rias horas, podendo ser dividido em três fases:
a) fase rápida, com duração de poucos mi-
nutos, suficientes para repleção da fosfocreatina
Oxalacetato Citrato
e reoxigenação da mioglobina e hemoglobina;
Ciclo do
Ácido
NADH Cítrico

NADH NADH
FADH2
2-Oxoglutarato
ADP + Pi
Succinato NADH

Fosforilação
Oxidativa

ATP
Figura 1 – Esquema simplificado das vias da
glicólise, ciclo do ácido cítrico e fosforilação
oxidativa. A utilização dos ácidos graxos depen-
de do processo de B-oxidação, como indicado. O2 H2O
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 75
Glicose
AACR
Glicose
1
2
1
Pyr 2-OG Pyr
3 3
4
Glu Alanina
Glutamina
5 5

Glutamina Oxoácido
Alanina

Figura 2 – Metabolismo dos aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) e formação dos aminoácidos
glutamina e alanina nos músculos esqueléticos. As reações indicadas pelos números são: 1 - glicólise,
2 - formação do acetil-CoA e primeira metade do ciclo do ácido cítrico, 3 - transaminações, 4 -
enzima glutamina sintetase, 5 - Transporte dos aminoácidos para a circulação. Abreviações: Pyr:
piruvato, 2-OG: 2-oxoglutarato, Glu: glutamato. Modificado de NEWSHOLME et al. (1987).

b) fase lenta, com duração de aproximada- a glutamina tanto quanto a glicose (ARDAWI &
mente 1 hora, quando o lactato é convertido a NEWSHOLME 1985, NEWSHOLME et al. 1985,
glicose e glicogênio; NEWSHOLME & PARRY-BILLINGS 1990, CALDER
1995). Além das células do sistema imune, tam-
c) fase ultra-lenta, com duração de várias
bém as células intestinais tem como característi-
horas onde se propõe que a estimulação dos ci-
cas rápida taxa de renovação e utilização predo-
clos de substratos (interconversões de substratos,
minante de glutamina. A conseqüência é que a
como proteína → aminoácidos → proteína, por
glutamina resultante da digestão das proteínas
exemplo) seja o fator responsável pelo débito de
ingeridas é absorvida no intestino e quase total-
O2 (NEWSHOLME & LEECH 1983). A utilização
mente utilizada pelos enterócitos, restando ape-
de substratos nesse período é determinada pelo
nas uma pequena porcentagem que passa para a
consumo de nutrientes. Caso não seja consumi-
circulação porta-hepática (DÉCHELOTTE et al.
do nada além de água, o catabolismo de proteí-
1991). Portanto, a alimentação não é uma fonte
nas e a mobilização de ácidos graxos continuam,
significativa de glutamina para as células
com esses últimos sendo utilizados como princi-
circulantes do sistema imune. Então qual seria a
pal substrato. Caso sejam consumidos nutrien-
fonte de glutamina para essas células que possu-
tes, principalmente carboidratos, o anabolismo
em uma alta taxa metabólica para síntese de ele-
protéico e a reesterificação dos ácidos graxos são
mentos estruturais e de compostos protéicos, mes-
estimulados e a glicose passa a ser utilizada como
mo em estado quiescente ? Estudos demonstra-
substrato (MacDONALD & WEBBER 1995).
ram que os músculos esqueléticos são responsá-
veis pela síntese da glutamina utilizada pelas cé-
A LIGAÇÃO DOS MÚSCULOS
lulas do sistema imune (NEWSHOLME & PARRY-
ESQUELÉTICOS COM O SISTEMA IMUNE
BILLINGS 1990, PARRY-BILLINGS et al. 1990,
As células do sistema imune, principalmente NEWSHOLME 1996). Os músculos esqueléticos
linfócitos e macrófagos, utilizam como substrato possuem a enzima glutamina sintetase, responsá-
76 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
vel pela síntese da glutamina a partir do glutamato. esqueléticos e captação pelos vários órgãos e cé-
A atividade dessa enzima é normalmente aumen- lulas do organismo. Paralelamente a essa hipóte-
tada quando os aminoácidos de cadeia ramificada se e, não necessariamente dependente dela, foi
são desaminados para posterior oxidação proposta por NIEMAN (1996) uma relação direta
(NEWSHOLME et al. 1987). entre intensidade e volume do exercício / treina-
A glutamina e os aminoácidos de cadeia mento e o risco de infecções do trato respiratório
ramificada são os aminoácidos mais abundantes superior. Segundo essa relação, pessoas sedentá-
nas células musculares e, a liberação da glutamina rias teriam risco médio, pessoas moderadamente
e da alanina pelos músculos corresponde a 48% treinadas teriam risco baixo e, pessoas submeti-
e 32%, respectivamente, do total dos aminoácidos das a treinamentos intensos teriam risco elevado,
liberados no estado pós-absortivo (VAN HALL et que poderia aumentar de acordo com aumentos
al. 1998). A alanina é utilizada pelo fígado no da intensidade do treinamento. Graficamente re-
processo gliconeogênico e a glutamina, apesar de presentada essa relação apresenta a forma de “J”
também poder ser utilizada para a gliconeogênese (Figura 3) (NIEMAN 1996).
hepática, tem como principal destino os rins, onde
é utilizada na manutenção do equilíbrio do pH e EXERCÍCIO, CONCENTRAÇÃO DE
no processo gliconeogênico renal (Rowbottom et GLUTAMINA E IMUNOSSUPRESSÃO
al. 1996), as células do sistema imune (ARDAWI A concentração de glutamina nos músculos
& NEWSHOLME 1985) e os enterócitos é de aproximadamente 20mmol/L e tende a au-
(DÉCHELOTTE et al. 1991). mentar durante o exercício. Porém, a glutamina
Essa dependência que as células do sistema adicional produzida é rapidamente liberada na
imune têm em relação a glutamina produzida pe-
Elevado
los músculos esqueléticos faz com que alterações
drásticas do metabolismo muscular reflitam na
utilização desse substrato e alterem a funcionali-
Risco de Infecção

dade do sistema imune. Desse modo, foi sugerida


Médio
uma hipótese metabólica envolvendo a glutamina,
para explicar o fato de que exercícios intensos e
prolongados, ou ainda treinamento intenso pro-
voquem maior susceptibilidade a infecções, prin-
Baixo
cipalmente do trato respiratório (NEWSHOLME et
al. 1994). Essa hipótese sustenta-se no fato de Sedentário Moderado Muito intenso

que os exercícios mencionados provocam dimi- Volume e Intensidade do Exercício


nuição na concentração plasmática de glutamina,
não apenas durante o esforço mas também por Figura 3 – Modelo da relação entre volume e in-
várias horas e até mesmo dias durante a recupera- tensidade do exercício com o risco de infecções
do trato respiratório superior. A curva em forma
ção (NEWSHOLME 1994, ROWBOTTOM et al.
de “J” sugere que exercícios moderados diminu-
1996). A diminuição da concentração da em o risco de infecções respiratórias, enquanto
glutamina circulante resulta do desequilíbrio en- exercícios intensos elevam o risco acima da con-
tre as taxas de liberação pelos músculos dição sedentária. Modificado de NIEMAN (1996).
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 77
circulação, onde sua concentração normal de amônia, a glutamina pode ser oxidada e produ-
corresponde a aproximadamente 0,6mmol/L. zir íons bicarbonato (HCO3-), posteriormente libe-
rados na circulação para tamponar os íons de hi-
Durante exercícios prolongados de intensida-
drogênio. A produção de íons de hidrogênio tem
de moderada, à concentração intramuscular de
relação direta com a intensidade do exercício, as-
glutamina aumenta nos primeiros 10 minutos e
sim como a diminuição da concentração plasmática
depois diminui com o prosseguimento do exercí-
de glutamina (KEAST et al. 1995). O aumento do
cio (RENNIE et al. 1981). O aumento da síntese e
trabalho dos rins e da captação de glutamina para
da liberação de glutamina pelos músculos ocorre
tamponar a acidose provocada pelo exercício pode
provavelmente como um recurso para prevenir o
ser a causa de sua diminuição.
acúmulo de amônia e intoxicação das células
musculares durante o exercício (ROWBOTTOM O fígado é outro órgão que utiliza glutamina
et al. 1996). como precursor gliconeogênico e trabalhos recen-
tes sugerem que a glutamina é mais importante,
Com a liberação da glutamina pelos músculos
em comparação à alanina, no processo
durante o exercício, sua concentração plasmática
gliconeogênico em humanos no estado pós-
aumenta e, pode ser observada uma correlação li-
absortivo (NURJHAN et al. 1995, HANKARD et
near desse aumento com a intensidade do exercí-
al. 1997). Considerando a demanda energética
cio (SAHLIN et al. 1990). Porém, apesar desse de exercícios de longa duração, pode-se supor que
aumento durante o exercício, tem sido constatado a gliconeogênese assume um papel significativo
que há também um rápido declínio logo nos pri- tanto no decorrer da atividade como no período
meiros 10-15 minutos de recuperação (MAUGHAN de recuperação que se segue, com seus precurso-
& GLEESON 1988). PARRY-BILLINGS et al. (1992) res sendo captados e utilizados ativamente.
observaram diminuição na concentração de
Há evidências de que o estresse provocado
glutamina circulante após corredores treinados
pelo exercício intenso e prolongado induz aumen-
completarem uma prova de maratona. Diminui-
to da atividade das células do sistema imune, sen-
ção semelhante foi observada por RENNIE et al.
do relacionado principalmente com linfocitose
(1981) após exercício de longa duração e intensi-
(NIEMAN 1997) e mobilização das células “Na-
dade moderada. O fato que chamou atenção nes-
tural Killer” (FRISINA et al. 1994, MACKINNON
se último estudo foi que a diminuição da glutamina
& HOOPER 1996). Essas células podem aumen-
foi a mais acentuada entre todos os aminoácidos
tar a captação de glutamina durante o exercício e
que tiveram suas concentrações mensuradas.
no período de recuperação, pois esse aminoácido
A diminuição da concentração de glutamina é seu principal substrato energético e fonte de pre-
no período de recuperação ainda não está muito cursores para proliferação e síntese de proteínas
bem esclarecida. Vários órgãos e células podem (NEWSHOLME et al. 1985, MOSKOVITZ et al.
aumentar a captação e utilização da glutamina 1994, CALDER 1995, PITHON CURI et al. 1997).
durante e após o exercício. Os rins tem capacida- Contudo, estudos têm demonstrado que o aumen-
de de sintetizar glicose a partir da glutamina to do número e atividade dessas células circulantes
(gliconeogênese) e, sobretudo, dependem da amô- é transitório e, no intervalo de 30 a 60 minutos
nia carreada pela glutamina para manter o balan- após o final do exercício a contagem das células
ço ácido-básico corporal (ROWBOTTOM et al. retorna aos valores encontrados em repouso (FRY
1996, WALSH et al. 1998). Além do fornecimento et al. 1992, GABRIEL et al. 1998).

78 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
NEWSHOLME (1994) observou que a dimi- parâmetros bioquímicos que incluem a diminui-
nuição da concentração plasmática da glutamina ção crônica da concentração plasmática da
pode ser mantida durante várias horas após o fi- glutamina (PARRY-BILLINGS et al. 1992,
nal do exercício e, CASTELL et al. (1997) demons- NEWSHOME 1994, ROWBOTTOM et al. 1995,
traram aumento do número total de leucócitos em EICHNER 1995, SHEPHARD & SHEK 1995). O
atletas treinados após um prova de maratona. Os desenvolvimento do overtraining não depende
valores normais de leucócitos foram restabeleci- apenas da intensidade e duração de cada uma das
dos após 16 horas de recuperação, assim como a sessões de exercício, mas também de um período
concentração plasmática de glutamina, que apre- de recuperação inadequado entre essas sessões,
sentou valores diminuídos logo após o exercício de tal forma que não seja possível a super-com-
e aumentou paralelamente à diminuição dos pensação necessária para a adaptação às cargas
leucócitos. WALSH et al. (1998) obtiveram resul- crescentes (BUDGETT 1990).
tados semelhantes num estudo com indivíduos O overtraining caracteriza-se pela dificulda-
bem treinados no qual observaram aumento do de de recuperação adequada às cargas de treino.
número de leucócitos (principalmente neutrófilos) O estado de exaustão persiste mesmo após perío-
durante exercício intervalado intenso. A concen- dos de recuperação considerados suficientes e
tração plasmática de glutamina foi significativa- acarreta alterações físicas, emocionais e
mente diminuída nas 5 horas seguintes ao final comportamentais. O atleta é prejudicado não
do exercício, levando os autores a sugerirem que apenas pela impossibilidade de continuação do
o aumento do número de leucócitos circulantes e programa de treinamento e pela queda do desem-
a maior captação renal foram os responsáveis pela penho nas competições, mas também pelas con-
diminuição da glutamina. seqüências fisiológicas relacionadas à saúde
Correlação entre aumento do número de (BUDGETT 1990).
leucócitos e diminuição da concentração de Entre as conseqüências fisiológicas, as alte-
glutamina também foi encontrada por ROHDE et rações na concentração plasmática de glutamina
al. (1996) num estudo com atletas bem treinados tem recebido interesse crescente e tem-se sugeri-
que participaram de uma competição de triatlo do que esse parâmetro deva ser utilizado como
com intensidade do exercício calculada entre 74 indicador para caracterizar a inadequação dos
e 81% da freqüência cardíaca máxima. A con- períodos de recuperação frente às sessões de trei-
centração de glutamina diminuiu no decorrer da namento e para o diagnóstico do overtraining
prova e atingiu o menor valor 2 horas após o final (ROWBOTTOM et al. 1995, ROWBOTTOM et al.
do exercício, voltando a concentração pré-exer- 1996).
cício apenas 2 dias após a prova. O número de
Atleta em estado de overtraining, inclusive
leucócitos, neutrófilos e monócitos seguiu um
durante o repouso, têm a concentração plasmática
padrão inverso, ou seja, aumento até 2 horas após
de glutamina significativamente menor do que a
o exercício com posterior retorno aos valores da
de corredores sem finalidade competitiva e de
condição pré-exercício.
indivíduos submetidos a programa de treinamen-
Com relação ao treinamento, particularmen- to com relação adequada entre as sessões de exer-
te o excesso de treinamento pode provocar o cícios e os períodos de recuperação (PARRY-
overtraining, na qual ocorrem alterações de BILLINGS et al. 1992). ROWBOTTOM et al.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 79
(1995) encontraram valores menores de concen- los esqueléticos após exercícios exaustivos, dimi-
tração plasmática de glutamina em atletas com nuem a disponibilidade desse aminoácido para
diagnóstico de overtraining em comparação a in- as células do sistema imune, podendo provocar
divíduos não treinados de mesma idade. imunossupressão e tornar os atletas mais suscep-
tíveis a processos infecciosos. A diminuição da
Quando o indivíduo é submetido a um perí-
concentração de glutamina durante e após o exer-
odo de treinamento intenso sem tempo suficiente
cício é tida como a causa metabólica da
de recuperação entre as sessões, a concentração
imunossupressão induzida pelo exercício (PARRY-
de glutamina sofre alterações marcantes, como
BILLINGS et al. 1990, NEWSHOLME 1994), pois
demonstrou um trabalho de KEAST et al. (1995),
tem sido demonstrado experimentalmente que
no qual um período de 10 dias de treinamento
linfócitos não proliferam in vitro na ausência de
provocou redução de 50% na concentração
glutamina e, tem a taxa de proliferação aumenta-
plasmática de glutamina observada antes do iní-
da numa relação direta à concentração de
cio. Além da diminuição durante o treinamento,
glutamina (NEWSHOLME & CALDER 1997). A
a concentração de glutamina se manteve abaixo
inibição da enzima glutamina sintetase (injeção
do valor inicial nos 4 dias de recuperação pós trei-
intraperitoneal de sulfoximina de metionina) em
no e só elevou-se a partir do quinto dia. Paralela-
ratos tem um efeito negativo semelhante ao exer-
mente à diminuição da glutamina houve também
cício na proliferação de linfócitos, independente
redução no desempenho durante o exercício, o
de alteração na concentração de corticosterona
que é considerado como um dos indicadores do
(KOYAMA et al. 1998).
overtraining (EICHNER 1995).
Um estudo de HACK et al. (1997) também
O estresse induzido pelo exercício intenso e
relaciona a diminuição da concentração de
prolongado, treinamento e recuperação insufici-
glutamina com a imunossupressão, sugerindo a
ente parece ser o fator de desequilíbrio sistêmico
influência da causa metabólica. Estes pesquisa-
entre a produção/liberação e a captação/utiliza-
dores submeteram indivíduos sedentários a trei-
ção da glutamina. Em condições fisiológicas nor-
namento aeróbico (60-70% VO2 máx) e anaeróbico
mais, a glutamina é produzida e liberada pelos
(90-100% VO2 máx) durante 8 semanas e observa-
músculos em quantidades excedentes àquelas uti-
ram ao final que houve redução significativa da
lizadas pelos linfócitos (ARDAWI & concentração de glutamina no grupo de treina-
NEWSHOLME 1985), porém há evidências de mento anaeróbico. Além disso, foi observada uma
que o treinamento pode induzir alterações (a) no forte correlação dessa diminuição da glutamina
processo de síntese de glutamina nos músculos com a diminuição da contagem de células T
esqueléticos ao diminuir a atividade da enzima CD4+.
glutamina sintetase (FALDUTO et al. 1989), (b)
Por outro lado, a alteração da concentração
no processo de liberação da glutamina pelos
plasmática de hormônios como adrenalina,
músculos (NEWSHOLME 1994) e também (c) na
cortisol, hormônio do crescimento e b-endorfina
captação e utilização desse aminoácido por ou-
é considerada a causa neuroendrócrina da
tros órgãos, como discutido acima.
imunossupressão induzida pelo exercício
Em síntese, essas alterações nos processos de (PEDERSEN 1996, NIEMAN 1996, PEDERSEN et
produção e liberação da glutamina pelos múscu- al. 1997, PEDERSEN et al. 1998).

80 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
MANTENDO A CONCENTRAÇÃO ção de exercícios prolongados e intermitentes in-
DE GLUTAMINA tensos (HARGREAVES 1995) e da glicose ser um
Com a intenção de reverter ao menos a causa combustível importante para as células do siste-
metabólica da imunossupressão pós esforço, ou ma imune e um fornecedor de cadeias de carbo-
seja, a diminuição da concentração da glutamina, no para a síntese de novo da glutamina (van HALL
tem sido estudadas algumas alternativas de et al. 1998), alguns pesquisadores têm verificado
suplementação antes, durante e após o exercício. a influência da suplementação de carboidratos e
A efetividade da suplementação com a própria das reservas de glicogênio na concentração de
glutamina pode ser questionada, devido ao fato glutamina durante e após o exercício. SNYDER
de aproximadamente 50% da glutamina absorvi- (1998) propôs a hipótese de que a depleção das
da no intestino ser utilizada pelos próprios reservas de glicogênio devido ao consumo de
enterócitos (DÉCHELOTTE et al. 1991), e de já ter quantidade insuficiente de carboidratos pode pro-
sido constatado que a glutamina da circulação tem vocar o overtraining.
com fonte principal os músculos esqueléticos Um estudo com suplementação de
(NEWSHOLME & PARRY-BILLINGS 1990). carboidratos durante o exercício (ciclo ergômetro
Apesar disso, alguns estudos têm demonstra- alternando 50 e 80% VO2 máx até a exaustão), de-
do que a suplementação com glutamina é efici- monstrou ineficiência da glicose em preservar as
ente para ao menos manter sua concentração ao concentrações normais de glutamina (van HALL
final do exercício e também para diminuir a inci- et al. 1998). No entanto, num estudo de
dência de infecções nos 7 dias posteriores ao es- MITCHELL et al. (1998) foi encontrada correla-
forço intenso (CASTELL et al. 1996, CASTELL & ção positiva entre reserva de glicogênio pré exer-
NEWSHOLME 1997, ROHDE et al. 1998). Entre- cício e concentração de glutamina pós exercício.
tanto, outros trabalhos não têm demonstrado efi- GLEESON et al. (1998) também observaram in-
ciência semelhante (SHEWCHUK et al. 1997, fluência positiva da reserva de glicogênio sobre a
CASTELL et al. 1997). concentração de glutamina após exercício prolon-
Uma alternativa testada é a suplementação gado e intenso, assim como ZANKER et al. (1997)
com aminoácidos de cadeia ramificada, devido que observaram aumento da concentração de
ao seu importante papel na síntese e liberação da glutamina após o exercício em indivíduos com
glutamina pelo músculos esqueléticos. PARRY- reservas de glicogênio repletas, sugerindo que a
BILLINGS et al. (1992) demonstraram que tal maior disponibilidade de glicogênio no músculo
suplementação induz aumento de 100% na con- e no fígado durante exercício prolongado, esti-
centração plasmática dos próprios aminoácidos mula a liberação de glutamina por esses órgãos.
de cadeia ramificada e mantém a concentração
de glutamina praticamente inalterada após uma CONCLUSÃO
prova de maratona. Resultados semelhantes fo- Exercícios e treinamentos intensos acarretam
ram obtidos por (MacLEAN et al. 1996) após alterações metabólicas com conseqüências que
exercício dinâmico de extensão de joelho com abrangem não apenas o desempenho mas tam-
duração de 90 minutos a 64% da carga máxima. bém outros aspectos fisiológicos e emocionais.
Devido ao fato das reservas de glicogênio Dentre as conseqüências fisiológicas mais signifi-
muscular serem determinantes para a continua- cativas está a depressão do sistema imune, que
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 81
torna o atleta sensibilizado a infecções, principal- normal do sistema imune e as alterações de sua
mente do trato respiratório. O treinamento concentração após exercícios e treinamentos in-
desacompanhado de períodos de recuperação tensos, colocam-na como um parâmetro impor-
suficientemente adequados geralmente evolui para tante a ser acompanhado e considerado na avali-
o estado de overtraining, fazendo-se especialmen- ação do estado de treinamento do atleta. Estraté-
te crítico nesse sentido de debilitar a saúde do gias que contribuam para inibir a diminuição da
atleta. Desse modo, a relação entre exercício e concentração de glutamina, mantendo-a disponí-
recuperação deve receber atenção especial, as- vel para utilização pelas células do sistema imu-
sim como a observação de sintomas físicos, me- ne e outros órgãos, podem servir, senão para me-
tabólicos e emocionais que podem caracterizar o lhorar o desempenho do atleta, ao menos para
overtraining. O papel da glutamina como evitar que este fique impedido de continuar com
substrato imprescindível para a funcionalidade o treinamento devido à debilidade de sua saúde.

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ENDEREÇOS PARA CORRESPONDÊNCIA:

JAIR R. GARCIA JÚNIOR


ARNALDO LUIS MORTATTI
Av. Prof. Lineu Prestes, 1524 Sala 129
Dep. Fisiologia e Biofísica, ICB1
Cidade Universitária – São Paulo – SP
CEP 05508-900
e-mail: jgjunior@fisio.icb1.usp.br

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