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1.1. Conceito
O referido ius puniendi pode ser subdividido em: positivo e negativo. O positivo é o
poder de o Estado criar e executar suas próprias decisões de cunho condenatório. O
negativo é manifestado pela possibilidade de extirpar do ordenamento jurídico
determinado preceito penal, assim como ocorre no controle de constitucionalidade
realizado pelo Supremo Tribunal Federal.
1.2. Características
1.3. Funções
– Controle social: no âmbito do controle social, ele é exercido por meio de mecanismos
de prevenção.
– Garantia do indivíduo em face do Estado: almeja o controle da intervenção do Estado,
incidente sobre a liberdade individual de cada cidadão.
1.4. Fontes
As fontes formais, por outro lado, são aquelas que têm a forma positivada do
Direito, podendo-se dizer que estas são retratadas nas normas jurídicas como
exteriorização do Direito. Subdividem-se em:
CADERNO DE PENAL
a) Fonte formal imediata: é a lei, sendo que somente ela poderá criar infrações penais
e cominar pena.
b) Fontes formais mediatas: são a Constituição Federal, os costumes e os princípios
gerais do direito.
CADERNO DE PENAL
Capítulo 2 - PRINCÍPIOS
2.1. Princípios
Observação: Os requisitos subjetivos não guardam relação com o fato, mas sim com
o agente e a vítima.
CADERNO DE PENAL
Jurisprudência
O princípio defende que somente podem ser tipificados como infrações penais
os comportamentos que não sejam adequados no âmbito social. Restringe, assim, a
incidência do tipo penal, pois limita a sua interpretação com a exclusão das condutas
socialmente aceitáveis pela sociedade.
Aplicação Prática
R: Alternativa A
CADERNO DE PENAL
Capítulo 3 - TEORIA DA NORMA
3.1. Introdução
– Leis Penais Não Incriminadoras: são aquelas que preveem regras de licitude ou
impunidade de determinadas situações relevantes ao Direito Penal.
a) leis penais permissivas: são as que autorizam a prática de determinados atos típicos;
b) leis penais interpretativas: são as que servem de suporte para o esclarecimento de
outras leis;
CADERNO DE PENAL
c) leis penais de extensão: são utilizadas para integrar a tipicidade de determinado fato
típico;
d) leis penais exculpantes: são as que excluem a culpabilidade de determinados fatos
típicos e ilícitos.
3.3. Características
Em regra, a estrutura básica da lei penal é formada pelo preceito primário, que
descreve a conduta comissiva ou omissiva ilícita, e pelo preceito secundário, que
estabelece a sanção penal.
Em regra, os fatos ocorridos na vigência de determinada lei devem ser por ela regidos,
de acordo com o brocardo jurídico “tempus regit actum”. Entretanto, há exceção na
extra-atividade da lei penal mais benéfica, que permite a sua aplicabilidade retroativa,
bem como permite a sua ultra-atividade. A ultra-atividade é a aplicação da lei após a
sua revogação.
O conflito das leis penais no tempo é resolvido com a aplicação dos princípios
da irretroatividade da lei penal mais gravosa e da retroatividade da lei penal mais
benéfica.
A lei nova mais severa não pode ser aplicada aos fatos anteriores à sua vigência,
em decorrência do princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa. Assim, os
fatos anteriores continuarão sendo disciplinados pela lei anterior, com aplicação da sua
ultra-atividade.
Por outro lado, a lei penal mais benéfica retroage aos fatos anteriores à sua
vigência.
CADERNO DE PENAL
Importante! Competência para aplicação da lei nova mais benéfica: A rigor cabe
ao juízo da etapa de conhecimento. Caso o processo esteja em grau de recurso, cabe ao
Tribunal. Caso esteja em fase de execução, cabe ao juízo da execução penal.
A lei nova incriminadora de uma conduta que antes não era positivada só terá
início de vigência a partir da sua entrada em vigor, em respeito ao princípio da
anterioridade.
Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
Quando diversos tipos penais parecerem incidir ao mesmo tempo num fato, há
o que chamamos de conflito aparente de normas.
Para não incorrer em “bis in idem”, devemos escolher qual o tipo penal que
incidirá sobre aquele único fato, embora haja diversos tipos penais conflitando entre si,
aparentemente. Essa determinação se dará conforme alguns critérios, chamados de
princípios do conflito aparente de normas.
a) Princípio da especialidade: em eventual conflito entre o tipo penal geral e o tipo penal
específico, sendo que prevalecerá este último. Os elementos específicos são
denominados especializantes, os quais podem tornar o fato mais gravoso ou benéfico
ao agente.
b) Princípio da subsidiariedade: a norma subsidiária prevê um crime autônomo com
sanção penal menos grave que a prevista em outro tipo penal, concebida como norma
primária. O tipo penal menos grave está contido dentro do tipo mais grave. A
subsidiariedade pode ser expressa ou tácita. Na subsidiariedade expressa, o tipo
expressamente declara a sua subsidiariedade, o que ocorre quando o artigo diz “se não
configurar crime mais grave”. Já a subsidiariedade tácita decorre da interpretação
sistemática da ordem jurídico-penal.
CADERNO DE PENAL
c) Princípio da consunção: ocorre quando há a absorção de um crime por outro. A
consunção possui três vertentes: o crime progressivo; a progressão criminosa e o post
factum impunível. O crime progressivo ocorre quando o agente, desde o início da sua
empreitada criminosa, já sabe que violará outros bens jurídicos para consumar o seu
crime mais grave. As violações anteriores ficam absorvidas pelo crime-fim. Na
progressão criminosa, o agente produz o resultado pretendido desde o início, mas, em
seguida, resolve praticar um resultado mais grave que o anterior. No post factum
impunível, os tipos protegem o mesmo bem jurídico, a primeira infração penal lesa um
bem jurídico, enquanto que a segunda não enseja uma nova lesão, porque o bem já foi
violado anteriormente.
d) Princípio da alternatividade: aplica-se aos tipos penais mistos alternativos. Desse
modo, ainda que o agente tenha praticado várias condutas descritas no mesmo tipo
penal, só terá praticado um único crime.
a) Teoria da atividade: o local onde ocorreu a conduta (ação ou omissão), ainda que
outro seja o local de ocorrência do resultado.
b) Teoria do resultado: o local onde ocorreu o resultado.
c) Teoria mista ou da ubiquidade: o local onde ocorreu a conduta (ação ou omissão), no
todo ou em parte, bem como onde produziu ou deveria ocorrer o resultado.
Aplicação Prática
(A) Se um funcionário público a serviço do Brasil na Itália praticar, naquele país, crime de
corrupção passiva (art. 317 do Código Penal), ficará sujeito à lei penal brasileira em face do
princípio da extraterritorialidade.
(B) O ordenamento jurídico-penal brasileiro prevê a combinação de leis sucessivas sempre que
a fusão puder beneficiar o réu.
(C) Na ocorrência de sucessão de leis penais no tempo, não será possível a aplicação da lei penal
intermediária mesmo se ela configurar a lei mais favorável.
(D) As
3.7. leis penais temporárias
Interpretação e excepcionais
e aplicação da lei penalsão dotadas de ultra-atividade. Por tal motivo, são
aplicáveis a qualquer delito, desde que seus resultados tenham ocorrido durante sua vigência.
R: Alternativa A
CADERNO DE PENAL
Podemos subdividir a interpretação da lei penal quanto ao sujeito de que
emana e quanto aos meios que se utilizam para alcançá-la.
Observação: o Vereador não tem imunidade relativa na CF, a não ser que tenha
previsão na Constituição Estadual, mas isso não poderá afastar a competência
constitucional do Júri. Capítulo 4
CADERNO DE PENAL
Capítulo 4 - TEORIA DO CRIME
De acordo com o conceito formal, crime é toda conduta que a lei prescreve
como delituosa, capaz de causar lesão a um bem jurídico, sendo, portanto, cominada a
esse ato uma sanção penal.
– Conceito Material: crime é toda conduta que provoca lesão ou expõe a perigo um
determinado bem jurídico protegido. Observa-se que esse conceito se atém ao
conteúdo do ilícito penal, com a análise da conduta criminosa e a sua consequência
social.
– Teoria Causalista: foi criada por Von Liszt e Beling no final do século XIX. Para essa
teoria, a ação humana consistia numa modificação no mundo exterior perceptível pelos
sentidos e por uma manifestação de vontade, ou seja, por uma ação ou omissão dotada
de voluntariedade.
De acordo com Hans Welzel, a conduta teria duas fases: subjetiva e objetiva:
a) Fase subjetiva: é uma antecipação mental do resultado, com a seleção dos meios
aptos a atingir o resultado pretendido e leva em consideração os efeitos concomitantes
à utilização dos meios.
CADERNO DE PENAL
b) Fase objetiva: é a própria realização da conduta, ou seja, a conduta voluntária e
consciente e dirigida a uma finalidade é posta em prática pelo agente.
4.2.2. Dolo
a) dolo direito de primeiro grau: ocorre quando o agente tem a consciência e a vontade
de praticar a conduta e de produzir o resultado criminoso;
b) dolo direito de segundo grau: é a representação na mente do agente do possível
efeito colateral como decorrência necessária do meio escolhido para a prática de
determinado crime.
CADERNO DE PENAL
– Dolo Indireto: é quando a vontade do agente não é dirigida a um resultado
determinado.
Esse dolo se subdivide em:
4.2.3. Culpa
a) Negligência: é relevada por uma abstenção do agente. O agente não faz o que deveria
ter sido realizado e, assim, provoca uma violação do seu dever objetivo de cuidado.
b) Imprudência: é manifestada por um agir indevido do agente. Ele atua com
precipitação, de forma perigosa.
c) Imperícia: é relacionada à inaptidão para o desempenho de arte ou profissão.
Espécies de culpa:
4.2.4. Resultado
Importante! Todo crime possui resultado jurídico ou normativo, pois sempre haverá
perigo ou lesão a um bem jurídico. Todavia, nem todo crime terá um resultado
material ou naturalístico, tal como ocorre nos crimes de mera conduta e nos crimes
formais.
Nota-se que, ao conceituar causa no art. 13 do CP, não houve distinção entre a ação
ou a omissão. Pela leitura da parte final do citado artigo, concluímos que a omissão
também se demonstra relevante para ser considerada causa do resultado, bastando,
para tanto, que o omitente tenha o dever jurídico de impedir ou tentar impedir a
ocorrência do resultado.
A lei estabelece no art. 13, § 2º, do CP que certas pessoas tenham um dever
jurídico especial de agir para evitar o resultado, denominados garantidores. A omissão
será penalmente relevante na hipótese em que o omitente devia e podia agir para evitar
o resultado.
4.3. Tipicidade
Esse juízo de tipicidade formal (adequação entre conduta e resultado) pode ser
feito de duas formas:
(XXIII EXAME DE ORDEM) Pedro, jovem rebelde, sai à procura de Henrique, 24 anos, seu
inimigo, com a intenção de matá-lo, vindo a encontrá-lo conversando com uma senhora de 68
anos de idade. Pedro saca sua arma, regularizada e cujo porte era autorizado, e dispara em
direção ao rival. Ao mesmo tempo, a senhora dava um abraço de despedida em Henrique e
acaba sendo atingida pelo disparo. Henrique, que não sofreu qualquer lesão, tenta salvar a
senhora, mas ela falece.
Diante da situação narrada, em consulta técnica solicitada pela fami ́lia, deverá ser esclarecido
pelo advogado que a conduta de Pedro, de acordo com o Código Penal, configura
A) crime de homici ́dio doloso consumado, apenas, com causa de aumento em razão da idade
da vi ́tima.
B) crime de homici ́dio doloso consumado, apenas, sem causa de aumento em razão da idade da
vi ́tima.
C) crimes de homici ́dio culposo consumado e de tentativa de homici ́dio doloso em relação a
Henrique.
D) crime de homici ́dio culposo consumado, sem causa de aumento pela idade da vi ́tima.
R: Alternativa D
Conforme o art. 14, I, do CP, crime consumado é quando nele se verificam todos
os elementos de sua definição legal.
– Tentativa: encontra-se no art. 14, II, do CP, ocorrendo quando o agente não consegue
alcançar a consumação do crime, em virtude de circunstâncias alheias à sua vontade.
- Classificações da tentativa:
– Desistência Voluntária: encontra-se prevista no art. 15 do CP. A lei penal, por questões
de política criminal, preferiu punir de forma menos severa o agente que, valendo-se
desse benefício legal, desiste de continuar na execução do crime, impedindo a sua
consumação. É necessário que o agente já tenha iniciado os atos de execução. A
desistência deve ser voluntária, não necessariamente espontânea.
– Arrependimento Eficaz: ocorre quando o agente, após esgotar todos os meios de que
dispunha para consumar a infração penal, arrepende-se e atua de forma contrária,
evitando a produção do resultado inicialmente pretendido.
CADERNO DE PENAL
– Arrependimento Posterior: somente é admitido nos crimes praticados sem violência
ou grave ameaça à pessoa, exigindo-se a reparação do dano ou a restituição da coisa até
o recebimento da denúncia ou da queixa.
4.5. Ilicitude
Aplicação Prática
(XVI EXAME DE ORDEM) Carlos e seu filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco
movimento e bastante escura, já de madrugada, quando são surpreendidos com a vinda de um
cão pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o ataque contra a criança, Carlos, que
estava armado e tinha autorização para assim se encontrar, efetuou um disparo na direção do
cão, que não foi atingido, ricocheteando a bala em uma pedra e acabando por atingir o dono do
animal, Leandro, que chegava correndo em sua busca, pois notou que ele fugira
clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a falecer, ficando constatado que Carlos não
teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão contra o seu filho, não sendo sua conduta
tachada de descuidada. Diante desse quadro, assinale a opção que apresenta a situação jurídica
de Carlos.
A) Carlos atuou em legítima defesa de seu filho, devendo responder, porém, pela morte de
Leandro.
B) Carlos atuou em estado de necessidade defensivo, devendo responder, porém, pela morte
de Leandro.
C) Carlos atuou em estado de necessidade não deve responder pela morte de Leandro.
D) Carlos atuou em estado de necessidade putativo, razão pela qual não deve responder pela
morte de Leandro.
R: Alternativa C
4.6. Culpabilidade
Elementos da culpabilidade:
– Imputabilidade: a inimputabilidade.
– Potencial consciência de conduta diversa: erro de proibição.
– Exigibilidade de conduta diversa: inexigibilidade de conduta diversa.
A potencial consciência da ilicitude do fato pode ser excluída com base no erro
de proibição, que ocorre quando o agente atua ou se omite sem a consciência da
ilicitude do fato, no momento em que as circunstâncias não lhe permitiam ter ou atingir
essa consciência. Tem como consequência a isenção do agente de pena.
São excludentes da exigibilidade de conduta diversa: a coação moral irresistível
e a obediência hierárquica.
– Erro de tipo essencial: é aquele que recai sobre os elementos constitutivos do tipo
penal ou sobre as circunstâncias. O erro de tipo pode ser evitável ou inevitável:
a) erro de tipo evitável: é aquele que poderia ter sido evitado se o agente tivesse tido a
diligência necessária. Nesse caso, haverá a exclusão do dolo, mas haverá punição a título
de culpa, se a infração penal admitir a modalidade culposa;
b) erro de tipo inevitável: é aquele que não poderia ter sido evitado, mesmo se o agente
tivesse agido com toda a diligência necessária.
– Erro de tipo acidental: não é relevante para fins de exclusão do dolo. Subdivide-se em:
a) erro sobre a pessoa: ocorre quando o agente pratica a ação delituosa direcionada a
uma vítima, mas que, por falsa representação da realidade, atinge outra pessoa. Nesse
caso, conforme dispõe o art. 20, § 3º, do CP, devem ser consideradas as qualidades
pessoais da vítima desejada, também chamada de vítima virtual;
b) erro sobre o objeto: ocorre quando o agente pratica a ação delituosa sobre
determinado objeto, acreditando que, na verdade, se tratava de outro;
c) erro na execução (aberratio ictus): caracteriza-se quando, por acidente ou erro nos
usos do meio de execução, o agente atinge pessoa diversa da pretendida. Nesse erro, o
resultado pode ocorrer por: unidade simples ou resultado único, quando o agente só
atinge a pessoa diversa, respondendo na forma do art. 73, caput, 1ª parte, do CP;
unidade complexa (resultado duplo): aqui, o agente, além de atingir a vítima pretendida,
também acaba atingindo pessoa diversa. Nesse caso, aplica-se a regra do concurso
formal;
d) resultado diverso do pretendido (aberratio criminis): quando há um erro de coisa
para pessoa ou de pessoa para coisa. Caso ocorra, além do resultado não pretendido, o
resultado pretendido pelo agente, aplica-se a pena mais grave das penas cabíveis ou, se
idênticas, somente uma delas, mas com o aumento, em qualquer caso, de um sexto até
a metade;
CADERNO DE PENAL
e) erro sobre o curso causal (aberratio causae): essa modalidade de erro acidental não
incide na mente do agente. Esse erro sobre o curso causal provoca consequências no
nexo de causalidade, pois o resultado ocorre em virtude de outra causa diferente da
inicialmente desejada pelo agente. Observa-se que, por mais que a causa seja diversa, o
agente consegue atingir o resultado da mesma forma.
– Erro de proibição: ocorre quando falta ao agente consciência sobre a ilicitude da sua
conduta. O agente age com plena consciência sobre a proibição, sobre a ilicitude da
conduta. Subdivide-se em três espécies:
a) erro de proibição direto: nesse caso, o agente age sem saber que aquilo é proibido.
O erro de proibição direto se subdivide em erro de proibição invencível, inevitável,
escusável e em erro de proibição vencível, evitável, inescusável. Se o erro de proibição
direto for invencível, o agente está isento de pena. Toda vez que a lei diz “é isento de
pena”, está excluindo a culpabilidade. E se culpabilidade é elemento integrante do
conceito analítico de crime, excluindo-se a culpabilidade, o próprio crime desaparece.
Portanto, no erro de proibição direto invencível não há crime. Já no erro de proibição
vencível, a consequência é a diminuição de pena de 1/6 a 1/3;
b) erro de proibição indireto: é quando falta ao agente conhecimento sobre o teor de
uma norma penal incriminadora, como ocorreu nos nossos exemplos acima. O erro de
proibição direto incide sobre uma incriminação, já o erro de proibição indireto se
relaciona a uma norma não incriminadora permissiva. Portanto, o erro de proibição
indireto incide sobre uma permissão;
c) erro mandamental: é aquele que incide sobre um crime, seja a omissão própria ou
imprópria. Como os demais erros, esse erro mandamental pode ser vencível ou
invencível, com idênticas consequências: se o erro for invencível, o agente estará isento
de pena. Se for vencível, haverá diminuição de pena.
CADERNO DE PENAL
Aplicação Prática
(XXIII EXAME DE ORDEM) Pedro, jovem rebelde, sai à procura de Henrique, 24 anos, seu
inimigo, com a intenção de matá-lo, vindo a encontrá-lo conversando com uma senhora de 68
anos de idade. Pedro saca sua arma, regularizada e cujo porte era autorizado, e dispara em
direção ao rival. Ao mesmo tempo, a senhora dava um abraço de despedida em Henrique e
acaba sendo atingida pelo disparo. Henrique, que não sofreu qualquer lesão, tenta salvar a
senhora, mas ela falece.
Diante da situação narrada, em consulta técnica solicitada pela fami ́lia, deverá ser esclarecido
pelo advogado que a conduta de Pedro, de acordo com o Código Penal, configura
A) crime de homici ́dio doloso consumado, apenas, com causa de aumento em razão da idade
da vi ́tima.
B) crime de homici ́dio doloso consumado, apenas, sem causa de aumento em razão da idade da
vi ́tima.
C) crimes de homici ́dio culposo consumado e de tentativa de homici ́dio doloso em relação a
Henrique.
D) crime de homici ́dio culposo consumado, sem causa de aumento pela idade da vi ́tima.
R: Alternativa B
CADERNO DE PENAL
– Descriminantes putativas: são causas excludentes da ilicitude ou causas de
justificação. O agente acredita que está agindo acobertado por alguma causa de
exclusão da ilicitude, mas não está no mundo real. É uma causa de exclusão da ilicitude
imaginária, que não existe no mundo dos fatos, mas apenas na mente do agente.
(V EXAME DA ORDEM) - Apolo foi ameaçado de morte por Hades, conhecido matador de
aluguel. Tendo tido ciência, por fontes seguras, que Hades o mataria naquela noite e, com o
intuito de defender-se, Apolo saiu de casa com uma faca no bolso de seu casaco. Naquela noite,
ao encontrar Hades em uma rua vazia e escura e, vendo que este colocava a mão no bolso,
Apolo precipita-se e, objetivando impedir o ataque que imaginava iminente, esfaqueia Hades,
provocando-lhe as lesões corporais que desejava. Todavia, após o ocorrido, o próprio Hades
contou a Apolo que não ia matá-lo, pois havia desistido de seu intento e, naquela noite, foi ao
seu encontro justamente para dar-lhe a notícia. Nesse sentido, é correto afirmar que
(A) havia dolo na conduta de Apolo.
(B) mesmo sendo o erro escusável, Apolo não é isento de pena.
(C) Apolo não agiu em legítima defesa putativa.
(D) mesmo sendo o erro inescusável, Apolo responde a título de dolo.
R: Alternativa A
CADERNO DE PENAL
Capítulo 5 - CONCURSO DE PESSOAS
5.1. Introdução
5.3. Requisitos
a) Teoria Monista ou Unitária: todos aqueles que praticam condutas com igual
propósito respondem pelo mesmo crime.
b) Teoria Dualista: devem-se diferenciar dois crimes, um crime para os autores e um
crime para os partícipes.
c) Teoria Pluralista: são tantos crimes quantos forem os agentes.
Observamos que, em regra, o nosso Código Penal adotou a teoria monista (unitária)
no art. 29. Porém, a mencionada teoria é mitigada em razão das chamadas exceções
pluralísticas à teoria monista, razão pela qual dizemos que no ordenamento jurídico
brasileiro vigora a teoria monista mitigada ou temperada.
a) Teoria Restritiva: autor é aquele que pratica o verbo núcleo do tipo penal.
b) Teoria Extensiva: autor é aquele que de qualquer forma concorre para a prática da
infração penal.
c) Teoria do Domínio Final do Fato: autor é aquele que tem o domínio finalístico do fato
criminoso.
a) Autoria direta ou imediata: ocorre quando o agente possui o domínio final sobre o
fato e o executa diretamente.
CADERNO DE PENAL
b) Autoria indireta ou mediata: ocorre quando o agente utiliza um terceiro como
instrumento para a consecução da prática delituosa.
5.6. Participação
Aplicação Prática
(XI EXAME DE ORDEM) Sofia decide matar sua mãe. Para tanto, pede ajuda a Lara, amiga de
longa data, com quem debate a melhor maneira de executar o crime, o melhor horário, local
etc. Após longas discussões de como poderia executar seu intento da forma mais eficiente
possível, a fim de não deixar nenhuma pista, Sofia pede emprestado a Lara um facão. A amiga
prontamente atende ao pedido. Sofia despede-se agradecendo a ajuda e diz que, se tudo correr
conforme o planejado, executará o homicídio naquele mesmo dia e assim o faz. No entanto,
apesar dos cuidados, tudo é descoberto pela polícia.
A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da autoria, assinale a afirmativa
correta.
A) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de o crime ter
sido praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime e deve
responder por homicídio, sem a presença da circunstância agravante.
B) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio, incidindo, para ambas,
a circunstância agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente.
C) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio. Todavia, a agravante
de ter sido, o crime, praticado contra ascendente somente incide em relação à Sofia.
D) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de ter sido, o
crime, praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime, mas a
agravante também lhe será aplicada.
R: Alternativa A
CADERNO DE PENAL
Capítulo 6 - TEORIA DA PENA
6.1. Conceito
A pena pode ser conceituada como uma resposta do Estado ao indivíduo que
cometeu alguma infração penal. De forma clássica, entende-se que a pena é uma sanção
penal.
6.3. Princípios
6.4. Teorias
a) Teorias Absolutas: a pena é vista como uma forma de retribuição justa pelo
cometimento de um crime.
CADERNO DE PENAL
b) Teorias Relativas: a pena é vista como uma forma de prevenir crimes, sendo um meio
de proteção aos bens jurídicos. Essa função preventiva se subdivide em: prevenção geral
e prevenção especial. A prevenção geral e a especial são vistas sob duas formas: negativa
ou positiva. Vejamos cada uma delas em separado:
– Prevenção Geral
– Prevenção Especial
6.5. Classificação
Importante! A partir da leitura do §3º do artigo 33 do CP, conclui-se que o regime inicial
de pena será fixado conforme os critérios da: quantidade e espécie da pena, reincidência
e observância das circunstâncias judiciais.
Jurisprudência
CADERNO DE PENAL
Tema: Falta de vagas nos regimes semiaberto e aberto e cumprimento
da pena (Informativo nº 825 do STF)
- Importante! Confissão: é uma circunstância atenuante genérica (artigo 65, III, “d” do
CP), que incide na 2ª fase de aplicação da pena.
- Espécies:
a) Espontânea: é a atenuante genérica prevista no artigo 65, III, “d” do CP.
b) Parcial: ocorre na hipótese em que o agente confessa apenas parcialmente os fatos
alegados na denúncia.
c) Qualificada: ocorre na hipótese em que o agente admite a prática do fato criminoso,
mas alega em sua defesa um motivo que excluiria o crime ou o isentaria de pena.
Jurisprudência
Aplicação Prática
(XXII EXAME DA ORDEM) Gilson, 35 anos, juntamente com seu filho Rafael, de 15 anos, em
dificuldades financeiras, iniciaram atos para a subtração de um veículo automotor. Gilson
portava arma de fogo e, quando a vítima tentou empreender fuga, ele efetua disparos contra
ela, a fim de conseguir subtrair o carro. O episódio levou o proprietário do automóvel a falecer.
Apesar disso, os agentes não levaram o veículo, já que outras pessoas que estavam no local
chamaram a Polícia.
Descobertos os fatos, Gilson é denunciado pelo crime de latrocínio consumado e corrupção de
menores em concurso formal, sendo ao final da instrução, após confessar os fatos, condenado
à pena mínima de 20 anos pelo crime do Art. 157, § 3o, do Código Penal, e à pena mínima de 01
ano pelo delito de corrupção de menores, não havendo reconhecimento de quaisquer
agravantes ou atenuantes. Reconhecido, porém, o concurso formal de crimes, ao invés de as
penas serem somadas, a pena mais grave foi aumentada de 1/6, resultando em um total de 23
anos e 04 meses de reclusão.
Considerando a situação narrada, o advogado de Gilson poderia pleitear, observando a
jurisprudência dos Tribunais Superiores, em sede de recurso de apelação,
A) a aplicação da regra do cúmulo material em detrimento da exasperação, pelo concurso
formal de crimes.
B) a aplicação da pena intermediária abaixo do mínimo legal, em razão do reconhecimento da
atenuante da confissão espontânea.
C) o reconhecimento da modalidade tentada do latrocínio, já que o veículo automotor não foi
subtraído.
D) o afastamento da condenação por corrupção de menor, pela natureza material do delito.
R: Alternativa A
CADERNO DE PENAL
6.5.2. Penas restritivas de direito
Jurisprudência
Jurisprudência
Súmula 499 do STF: Não obsta à concessão do "sursis" condenação anterior à pena de
multa.
a) Sistema do cúmulo material: é aplicado como regra em nosso sistema, que consiste
no somatório simples das penas.
b) Sistema do cúmulo jurídico: a pena aplicada não deve ser o somatório das penas de
todos os crimes cometidos, mas deve corresponder à gravidade dos delitos envolvidos.
Dessa forma, a pena final deve atingir valor inferior ao somatório de todas as penas,
contudo, superior a de cada infração penal singularmente.
c) Sistema de absorção: a pena do crime mais grave absorve a menos grave dos crimes
em concorrência.
d) Sistema de exasperação: neste haverá uma única pena, sempre a mais grave
aumentada de um quantum variável estabelecido em lei.
- Importante! No concurso formal próprio, a pena não poderá exceder a pena que seria
cabível pela regra do concurso material, que aplica o sistema do cúmulo material. Se o
resultado da exasperação for mais gravoso que a soma de penas, deve-se então somá-
las, aplicando a regra do cúmulo material (concurso material benéfico). Tal regramento
encontra-se no artigo 70, parágrafo único do CP.
- Requisitos:
a) Pluralidade de condutas
b) Pluralidade de crimes da mesma espécie
c) Mesmas condições de tempo
d) Mesmas condições de lugar
e) Mesma forma de execução
f) Outras circunstâncias semelhantes
CADERNO DE PENAL
Jurisprudência
Tema: Requisitos da continuidade delitiva (Informativo nº 457 do STJ)
- Crime continuado específico: nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos
com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e
as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou mais grave, se
diversas, até o triplo. Tal regramento encontra previsão no artigo 71, parágrafo único do
CP.
CADERNO DE PENAL
Aplicação Prática
(EXAME DE ORDEM 2010.2) - Com relação ao concurso de delitos, é correto afirmar que:
(A) no concurso de crimes as penas de multa são aplicadas distintamente, mas de forma
reduzida.
(B) o concurso material ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes com dependência fática e jurídica entre estes.
(C) o concurso formal perfeito, também conhecido como próprio, ocorre quando o agente, por
meio de uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes idênticos, caso em que as penas
serão somadas.
(D) o Código Penal Brasileiro adotou o sistema de aplicação de pena do cúmulo material para os
concursos material e formal imperfeito, e da exasperação para o concurso formal perfeito e
crime continuado.
R: Alternativa D
Súmula 146 do STF: A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na
sentença, quando não há recurso da acusação.
Jurisprudência
Aplicação Prática
(XVI EXAME DE ORDEM) Felipe, menor de 21 anos de idade e reincidente, no dia 10 de abril
de 2009, foi preso em flagrante pela prática do crime de roubo. Foi solto no curso da instrução
e acabou condenado em 08 de julho de 2010, nos termos do pedido inicial, ficando a pena
acomodada em 04 anos de reclusão em regime fechado e multa de 10 dias, certo que houve
a compensação da agravante da reincidência com a atenuante da menoridade. A decisão
transitou em julgado para ambas as partes em 20 de julho de 2010. Foi expedido mandado de
prisão e Felipe nunca veio a ser preso. Considerando a questão fática, assinale a afirmativa
correta.
A) A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória ocorrerá em 20 de julho
de 2016.
B) A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória ocorreu em 20 de julho
de 2014.
C) A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória ocorrerá em 20 de julho
de 2022.
D) A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória ocorrerá em 20 de
novembro de 2015.
R: Alternativa D
CADERNO DE PENAL
(XXIV EXAME DE ORDEM – Questão 62) No dia 28 de agosto de 2011, após uma discussão no
trabalho quando todos comemoravam os 20 anos de João, este desfere uma facada no braço
de Paulo, que fica revoltado e liga para a Polícia, sendo João preso em flagrante pela prática
do injusto de homicídio tentado, obtendo liberdade provisória logo em seguida. O laudo de
exame de delito constatou a existência de lesão leve. A denúncia foi oferecida em 23 de
agosto de 2013 e recebida pelo juiz em 28 de agosto de 2013. Finda a primeira fase do
procedimento do Tribunal do Júri, ocasião em que a vítima compareceu, confirmou os fatos,
inclusive dizendo acreditar que a intenção do agente era efetivamente matá-la, e demonstrou
todo seu inconformismo com a conduta do réu, João foi pronunciado, sendo a decisão
publicada em 23 de agosto de 2015, não havendo impugnação pelas partes. Submetido a
julgamento em sessão plenária em 18 de julho de 2017, os jurados afastaram a intenção de
matar, ocorrendo em sentença, então, a desclassificação para o crime de lesão corporal
simples, que tem a pena máxima prevista de 01 ano, sendo certo que o Código Penal prevê
que a pena de 01 a 02 anos prescreve em 04 anos. Na ocasião, você, como advogado (a) de
João, considerando apenas as informações narradas, deverá requerer que seja declarada a
extinção da punibilidade pela
A) decadência, por ausência de representação da vítima.
B) prescrição da pretensão punitiva, porque já foi ultrapassado o prazo prescricional entre a
data do fato e a do recebimento da denúncia.
C) prescrição da pretensão punitiva, porque já foi ultrapassado o prazo prescricional entre a
data do oferecimento da denúncia e a da publicação da decisão de pronúncia.
D) prescrição da pretensão punitiva, porque entre a data do recebimento da denúncia e a do
julgamento pelo júri decorreu o prazo prescricional.
R: Alternativa B
CADERNO DE PENAL
Capítulo 7 - INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Nos crimes contra a vida tutela-se a proteção da vida humana como bem
jurídico, sendo considerado o bem mais importante do indivíduo.
7.1.1. Homicídio
O tipo penal tipifica a conduta de matar alguém, que significa a retirada da vida
de outro ser humano, que estava vivo no momento do crime.
– Modalidades:
a) Homicídio simples (art. 121, caput, do CP): é a forma simples do tipo penal “Matar
alguém”, não exige nenhum animus especial do agente.
b) Homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, do CP): é uma causa de diminuição especial de
pena. O agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
c) Homicídio qualificado (art. 121, § 2º, do CP): são hipóteses qualificadoras do crime,
umas relacionadas aos motivos do crime (incisos I, II, V, VI e VII) e outras ao modo que
o crime foi praticado (incisos III e IV).
d) Homicídio culposo (art. 121, § 3º, do CP): essa modalidade ocorre quando o agente,
com manifestada imprudência, negligência ou imperícia, deixa de empregar a atenção
ou diligência de que era capaz, provocando, com a sua conduta, o evento morte.
CADERNO DE PENAL
e) Homicídio culposo majorado (art. 121, § 4º, 1ª parte, do CP): são causas de aumento
de pena no crime cometido culposamente. Ocorre quando o crime é cometido com
inobservância da regra técnica de profissão, arte ou ofício; se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato ou foge
para evitar prisão em flagrante.
– Causas de aumento de pena: quando o crime doloso for praticado contra pessoa
menor de 14 ou maior de 60 anos, aumenta-se a pena em 1/3; quando o crime for
praticado por milícia privada, sob pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio, aumenta-se a pena de 1/3 até a metade.
Observação:
Observação:nanaqualificadora
qualificadorado
dofeminicídio,
feminicídio,aumenta-se
aumenta-se em
em 1/3 a pena
penaaté
atéaametade
metade
seseo ocrime
crimefor
forpraticado:
praticado:(i)(i)durante
durantea gestação ouou
a gestação nos 3 meses
nos posteriores
3 meses aoao
posteriores parto; (ii)
parto;
contra pessoa
(ii) contra menor
pessoa de 14de
menor anos, maior maior
14 anos, de 60 anos
de 60ouanos
comou
deficiência e (iii) na epresença
com deficiência; (iii) na
depresença
descendente ou ascendente
de descendente da vítima. da vítima.
ou ascendente
O sujeito ativo e o passivo podem ser qualquer pessoa. O tipo penal descreve a
conduta do suicídio, que ocorre com a eliminação da própria vida, exigindo-se que a
vítima tenha cometido o suicídio de forma voluntária e consciente, ou seja, com
discernimento. O agente pratica o crime por meio de três formas: induzimento,
instigação ou auxílio.
CADERNO DE PENAL
– Classificação doutrinária: crime de conduta múltipla ou de conteúdo variado. O crime
só é punível a título de dolo.
– Causas especiais de aumento de pena: o parágrafo único do art. 122 do CP prevê que
a pena será duplicada quando: (i) o crime for praticado por motivo egoístico; (ii) a vítima
for menor; ou (iii) em vítima que tenha diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
7.1.3. Infanticídio
7.1.4. Aborto
O crime de aborto tutela a vida humana. Se o crime for provocado por terceiro,
também se protege a incolumidade da gestante. O aborto caracteriza-se por ser uma
descontinuação da gravidez, que leva à morte do feto.
O tipo penal do aborto é previsto em três artigos:
a) Provocar o aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque (art. 124 do
CP): o sujeito ativo é a própria gestante. O sujeito passivo é o feto.
CADERNO DE PENAL
b) Provocar o aborto sem o consentimento da gestante (art. 125 do CP): o crime pode
ser cometido por qualquer pessoa. Há uma dupla subjetividade passiva, pois são sujeitos
passivos o feto e a gestante.
c) Provocar aborto com o consentimento da gestante (art. 126 do CP): o crime pode ser
cometido por qualquer pessoa. O sujeito passivo é o feto.
Jurisprudência
(HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, 1ª Turma, julgado em 29/11/2016).
CADERNO DE PENAL
– Classificação doutrinária:
7.3. Rixa
– Honra objetiva: é o conceito que a pessoa possui na sociedade, a sua reputação social.
– Honra subjetiva: é o conceito que a pessoa tem sobre si própria, a sua dignidade e
decoro.
7.4.1. Calúnia
O bem jurídico tutelado é a honra objetiva. O tipo penal dispõe que a calúnia é
praticada quando o agente imputa a alguém falsamente fato definido como crime.
Observação: admite-se a calúnia contra os mortos, de acordo com o art. 138, § 2º, do
CP.
7.4.3. Injúria
Demais classificações:
O tipo legal alude ao verbo constranger, que significa o ato de forçar, compelir
alguém a fazer ou deixar de fazer algo. O sujeito ativo comete o crime por meio de
violência, grave ameaça ou de qualquer outro meio capaz de impedir a resistência da
vítima.
– Classificação doutrinária: crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou
passivo.
CADERNO DE PENAL
7.5.2. Ameaça
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou passivo.
O tipo penal prescreve o verbo ameaçar, que significa intimidar, causar medo em
alguém, mediante a promessa de causar-lhe mal injusto e grave.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou passivo.
– Classificação doutrinária: é de forma vinculada, tendo em vista que o art. 149 do CP
listou os modos de execução. É crime permanente, sendo certo que a sua consumação
ocorre no momento em que o sujeito ativo reduz a vítima à condição análoga à de
escravo.
CADERNO DE PENAL
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou passivo.
O crime prevê o dolo específico, pois o agente comete o crime com as seguintes
finalidades em relação à vítima:
7.7.1. Furto
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou passivo,
com a ressalva do proprietário do bem móvel não poder figurar como sujeito ativo. O
tipo penal prevê a subtração de coisa alheia móvel.
A subtração ocorre quando a coisa é retirada da posse da vítima. A coisa sem
dono não é objeto do crime.
A Anossa
nossalegislação
legislaçãopenal
penaladotou
adotoua ateoria
teoriadadaamotio,
amotio,segundo
segundoa qual
a quala consumação
a consumação
do
do crime
crime ocorre
ocorre com com a posse
a posse da coisa
da coisa pelo pelo agente.
agente.
CADERNO DE PENAL
– Furto privilegiado: previsto no art. 155, § 2º, do CP. Entende-se, majoritariamente,
que a coisa de pequeno valor pode ser aferida com base no valor do salário mínimo.
Jurisprudências
7.7.2. Roubo
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou passivo.
– Classificações:
– Causas especiais de aumento de pena: estão dispostas no art. 157, § 2º, do CP.
Observação: a morte poderá ser causada tanto a título de dolo quanto de culpa, sendo
certo que ela deverá decorrer da violência empregada pelo agente e em razão do
crime de roubo.
Súmula 582 do STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em
seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Jurisprudência
7.7.3. Extorsão
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou passivo.
O tipo penal ocorre quando o agente constrange a vítima mediante violência física ou
grave ameaça a praticar um comportamento, com o objetivo de obter indevida
vantagem de natureza econômica. É crime formal.
Jurisprudência
– Extorsão mediante sequestro: está prevista no art. 159 do CP. O crime ocorre quando
o agente sequestra pessoa com o fim de obter para si ou para outrem qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate.
7.8. Dano
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou passivo.
O tipo penal é caracterizado pelo dolo de destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia
móvel ou imóvel.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou passivo.
O crime do art. 171 do CP ocorre quando o agente obtém, para si ou para outrem,
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
– Causa especial de aumento de pena: conforme o art. 171, § 3º, do CP, a pena
aumenta-se de 1/3 se o crime for cometido em detrimento da entidade de direito
público ou de instituto de economia.
Súmula 246 do STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de
emissão de cheque sem fundos.
Súmula 554 do STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após
o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
7.11. Receptação
– Classificação:
a) Receptação simples (art. 180, caput, do CP): segundo a doutrina majoritária, só pode
ser praticada com dolo direto. O agente tem que saber que se trata de produto de crime.
b) Receptação qualificada (art. 180, § 1º, do CP): é qualificada porque foi praticado
crime no exercício de atividade comercial ou industrial. O crime pode ser praticado com
dolo meramente eventual ou direto.
CADERNO DE PENAL
c) Receptação culposa (art. 180, § 3º, do CP): ocorre quando o agente adquire ou recebe
a coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso.
Aplicação Prática
(XVII Exame de Ordem) Marcondes, necessitando de dinheiro para comparecer a uma festa no
bairro em que residia, decide subtrair R$ 1.000,00 do caixa do açougue de propriedade de seu
pai. Para isso, aproveita-se da ausência de seu genitor, que, naquele dia, comemorava seu
aniversário de 63 anos, para arrombar a porta do estabelecimento e subtrair a quantia em
espécie necessária.
Analisando a situação fática, é correto afirmar que
A) Marcondes não será condenado pela prática de crime, pois é isento de pena, em razão da
escusa absolutória.
B) Marcondes deverá responder pelo crime de furto de coisa comum, por ser herdeiro de seu
pai.
C) Marcondes deverá responder pelo crime de furto qualificado.
D) Marcondes deverá responder pelos crimes de dano e furto simples em concurso formal.
R: Alternativa C
7.12.1. Estupro
Importante! A vítima desse estupro não pode ser um vulnerável, porque nessa
condição, havendo ofensa à liberdade sexual ou não, o crime será o do art. 217-A, que
são as pessoas que, por sua própria condição, não têm como se manifestar livremente
de uma forma que se considere válida com relação a sua dignidade sexual.
Jurisprudências
O estupro (art. 213 do CP), com redação dada pela Lei 12.015/2009, é tipo
penal misto alternativo. Logo, se o agente, no mesmo contexto fático,
pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra uma só vítima,
pratica um só crime do art. 213 do CP. A Lei 12.015/2009, ao revogar o
art. 214 do CP, não promoveu a descriminalização do atentado violento
ao puder (não houve abolitio criminis). Ocorreu, no caso, a continuidade
normativo-típica, considerando que a nova Lei inseriu a mesma conduta
no art. 213. Houve, então, apenas uma mudança no local onde o delito
era previsto, mantendo-se, contudo, a previsão de que essa conduta se
trata de crime. É possível aplicar retroativamente a Lei 12.015/2009 para
o agente que praticou estupro e atentado violento ao pudor, no mesmo
contexto fático e contra a mesma vítima, e que havia sido condenado
pelos dois crimes (arts. 213 e 214) em concurso. Segundo entende o STJ,
como a Lei 12.015/2009 unificou os crimes de estupro e atentado
violento ao pudor em um mesmo tipo penal, deve ser reconhecida a
CADERNO DE PENAL
existência de crime único na conduta do agente, caso as condutas tenham
sido praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático,
devendo-se aplicar essa orientação aos delitos cometidos antes da
vigência da Lei 12.015/2009, em face do princípio da retroatividade da lei
penal mais benéfica. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1262650/RS, Rel. Min.
Regina Helena Costa, julgado em 05/08/2014.
(HC 212.305/DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Des. Conv. TJ/SE), 6ª Turma,
julgado em 24/04/2014).
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o sujeito passivo poderá ser homem
ou mulher na qualidade de vulnerável. O tipo penal se realiza por meio de conjunção
carnal ou pela prática de outro ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos, bem como
com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, porém o sujeito passivo somente
poderá ser a pessoa menor de 18 anos, bem como aquela que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato. Trata-se
de crime que tutela a dignidade e a liberdade sexual, notadamente o desenvolvimento
sadio do menor de 18 anos.
CADERNO DE PENAL
7.13. Crimes contra o casamento
7.13.1. Bigamia
– Classificação doutrinária: o crime é próprio, pois só pode ser cometido por pessoas
casadas. Na verdade, o tipo penal exige que ao menos um dos consortes seja casado.
Observação: a pessoa casada responde pelo crime descrito no art. 235, caput, do CP,
e a pessoa solteira, consciente da condição do outro, responderá na forma privilegiada
descrita no § 1º do art. 235 do CP.
7.14.1. Incêndio
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é representado pelo
Estado e as demais pessoas expostas ao risco de seu patrimônio, da sua integridade
física ou até mesma da vida.
No tipo penal, são definidas as formas pelas quais a conduta será praticada:
mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de
substâncias de efeitos análogos.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou passivo.
O tipo penal consiste em estimular o cometimento de crime de qualquer natureza, com
previsão no Código Penal ou em outras leis. Para se caracterizar o crime, é necessário
que o agente instigue um grande número de pessoas a praticar determinado crime.
– Classificação doutrinária: crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo ou
passivo. É um crime de mera conduta e de perigo abstrato.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é a coletividade e, de forma mediata, o próprio Estado. O tipo penal consiste na
associação de três ou mais pessoas, com o objetivo específico de cometer crimes.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. O tipo penal consiste em falsificar por meio da fabricação ou
alteração de moeda ou papel-moeda nacional ou estrangeiro.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado ou as pessoas físicas ou jurídicas que forem lesionadas. O tipo penal
pune a conduta de fabricar ou alterar papéis públicos elencados no art. 293 do CP.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado e as pessoas eventualmente lesadas. O documento público define-se
como aquele emitido por funcionário público, no desempenho das suas funções e em
observância às prescrições legais.
– Causa especial de aumento de pena: caso o crime seja cometido por funcionário
público, prevalecendo-se das suas funções, a pena será acrescida de 1/6, nos termos do
art. 297, § 1º, do CP.
7.17.3. Falsificação de documento particular
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado e as pessoas eventualmente lesadas. O documento particular define-
se como aquele que não é público por natureza e nem por equiparação.
CADERNO DE PENAL
7.17.4. Falsidade ideológica
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado e as pessoas eventualmente lesadas. O documento possui
autenticidade em seus requisitos extrínsecos e é produzido pelo autor do crime, sendo
que apenas o seu conteúdo é falso. Assim, a falsidade se encontra no conteúdo das
declarações prestadas no documento.
– Causa especial de aumento de pena: caso o crime seja cometido por funcionário
público, prevalecendo-se das suas funções, a pena será acrescida de 1/6, nos termos do
art. 299, parágrafo único, do CP.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado e as pessoas eventualmente lesadas. A conduta típica consiste em
atribuir-se ou atribuir a um terceiro, falsa identidade com vistas à obtenção de
vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem.
- Caso o agente atribua falsa identidade para afastar de si a imputação por infração
penal, há o crime do artigo 307 do CP?
- Caso o agente se atribua falsa identidade para afastar de si a imputação por infração
Posição STF: O Plenário do STF no julgamento do RE 640.139 – RG (repercussão geral)
penal, há o crime do artigo 307 do CP?
reafirmou a jurisprudência do Tribunal no sentido de que “o princípio constitucional
da autodefesa (artigo 5º, LXII da CRFB/88) não alcança aquele que atribui falsa
identidade perante a autoridade policial com o intento de ocultar maus antecedentes,
sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente (artigo 307 do CP)”.
CADERNO DE PENAL
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é a coletividade. O crime é material, pois se exige a produção de um dos
resultados possíveis: utilização ou divulgação de conteúdo sigiloso do certame.
– Causa especial de aumento de pena: caso o crime seja cometido por funcionário
público, prevalecendo-se das suas funções, a pena será acrescida de 1/3, nos termos do
art. 311-A, § 3º, do CP.
Trata-se de crime próprio, tendo em vista que o sujeito ativo deverá ser um
funcionário público. O sujeito passivo é o Estado.
– Classificação:
a) Peculato desvio: é diferente do crime de desvio de verbas públicas (art. 315 do CP). É
um crime próprio, pois exige um sujeito ativo especial – o funcionário público –, que
CADERNO DE PENAL
comete crime em razão das suas funções, ainda que não seja no exercício delas. O
funcionário público, que sabe que tem que dar o destino das verbas ao que a lei
determina, desviará essa verba e a aplicará para outra finalidade, que deverá ocorrer
em benefício próprio ou alheio. Peculato próprio.
b) Peculato apropriação: é como se fosse a apropriação indébita. Ele tem a coisa em seu
poder na condição de funcionário público, passando a dispor dela como se dono fosse
(animus rem sibi habendi). Peculato próprio.
c) Peculato furto: o bem não está em poder do funcionário público e ele se vale dessa
condição para subtraí-la. O bem particular de que a lei trata é o que está sob custódia
da administração. Não precisa ser do mesmo âmbito de poder. Trata-se de delito
funcional impróprio (§ 1º do art. 312 do CP), ao contrário do que ocorre com o art. 155
do CP, que utiliza não somente o verbo subtrair, mas também concorrer, para que seja
subtraído o objeto material.
d) Peculato culposo: é aquele em que o funcionário contribuiu, culposamente, para o
crime de outrem. Nesse caso, se a pessoa repara ou restitui a coisa antes do TJ, estará
extinta a punibilidade, depois se reduz à metade. A norma do § 3º é especial em relação
ao art. 16 do CP. Para que ocorra esse crime, não há necessidade de que o delito
principal tenha sido praticado também por outro funcionário, podendo ser praticado
por um particular.
e) Peculato mediante erro de outrem: o tipo penal ocorre quando há apropriação de
dinheiro ou de qualquer utilidade pelo funcionário público, que recebeu o bem por erro
de outrem enquanto estava no exercício de suas funções.
f) Peculato eletrônico: é a inserção de dados falsos em sistema de informações. Ele se
aplica ao funcionário que tem acesso aos bancos de dados. Para que ocorra esse crime,
é indispensável o especial fim de agir.
7.19.2. Concussão
Trata-se de crime próprio, tendo em vista que o sujeito ativo deverá ser um
funcionário público. O sujeito passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de
solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em virtude dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem.
7.19.4. Prevaricação
Trata-se de crime próprio, tendo em vista que o sujeito ativo deverá ser um
funcionário público. O sujeito passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de
retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Exige-se o
CADERNO DE PENAL
dolo específico, o especial fim de agir, de querer satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.
Aplicação Prática
(X EXAME DE ORDEM) Coriolano, objetivando proteger seu amigo Romualdo, não obedeceu à
requisição do Promotor de Justiça no sentido de determinar a instauração de inquérito policial
para apurar eventual prática de conduta criminosa por parte de Romualdo.
Nesse caso, é correto afirmar que Coriolano praticou crime de
A) desobediência (Art. 330, do CP).
B) prevaricação (Art. 319, do CP).
C) corrupção passiva (Art. 317, do CP).
D) crime de advocacia administrativa (Art. 321, do CP).
R: Alternativa B
Trata-se de crime próprio, tendo em vista que o sujeito ativo deverá ser um
funcionário público. O sujeito passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de
deixar de responsabilizar o subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou
não levar o fato praticado pelo subordinado ao conhecimento da autoridade
competente.
Trata-se de crime próprio, tendo em vista que o sujeito ativo deverá ser um
funcionário público. O sujeito passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta do
funcionário público que patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante
a Administração Pública, valendo-se dessa qualidade. É um crime formal.
Trata-se de crime próprio, tendo em vista que o sujeito ativo deverá ser um
funcionário público. O sujeito passivo é o Estado, na condição de vítima imediata, e a
pessoa física que sofreu a violência, na condição de vítima mediata.
7.19.8. Resistência
7.19.9. Desobediência
7.19.10. Desacato
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de desacatar funcionário público no
exercício da função ou em razão dela.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de solicitar, exigir, cobrar ou obter,
para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em
ato praticado por funcionário público no exercício da função.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de oferecer ou prometer vantagem
indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício.
CADERNO DE PENAL
7.19.13. Descaminho
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de iludir, no todo ou em parte, o
pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria.
7.19.14. Contrabando
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de importar ou exportar mercadoria
proibida. É hipótese de norma penal em branco.
Trata-se de crime próprio, pois somente poderá ser cometido pelo empresário
individual ou por quem, exercendo cargo técnico-contábil na empresa, detenha a
responsabilidade de lançar as informações relativas à Previdência Social.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de dar causa à instauração de
investigação policial, processo judicial, instauração de investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe
crime que o sabe inocente.
– Classificação doutrinária: crime de mão própria, pois o sujeito ativo deverá ser
praticado pela testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, quando exige a
atuação pessoal do agente.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. De forma mediata, também poderá figurar como vítima a pessoa que
foi lesada pela conduta do autor. O tipo penal descreve a conduta de inovar
artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito.
CADERNO DE PENAL
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de auxiliar a subtrair-se à ação de
autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de prestar auxílio a criminoso, sendo
necessário o dolo específico de querer tornar seguro o proveito do crime.
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito
passivo é o Estado. O tipo penal descreve a conduta de solicitar ou receber dinheiro ou
qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha.