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obediência ao Concílio
Ecumênico do Vaticano II?
11 anos ago
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by Veritatis Splendor
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“Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita;
e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10,16).
Realmente tenho que reconhecer que na Modernidade há coisas bem curiosas,
especialmente no meio católico. Como alguém pode se dizer católico e negar o
que a Igreja ensina? Como alguém pode se dizer católico e ficar dando ouvidos
aos gurus?
Pois é exatamente isso que está acontecendo hoje. Infelizmente isso não é
novo. De tempos em tempos os católicos são arrastados a resistirem à Igreja. A
razão é sempre a mesma: são seduzidos por argumentos de quem se acha o
guardião da Ortodoxia Católica.
Até mesmo o perfil psicológico destes “ gurus” não muda. São pessoas de
grande piedade, parecem demonstrar grande amor à Igreja, possuem um
enorme poder de sedução, apresentam-se sempre com muita humildade,
porém esta máscara logo cai quando são contrariadas. São pessoas de
mentalidade estreita e de grande orgulho. Ensinam suas próprias convicções
como se fossem o sumo da doutrina católica.
Muitas vezes temos dificuldade de entender algo que a Igreja expõe, seja pela
grandeza da matéria, pela erudição da exposição ou ainda por causa da
abertura dos termos que ela utiliza. Que fiel no séc. IV entendeu o que a Igreja
quis dizer com “ consubstancial ao Pai” ?
Ora, nós somos limitados, mas a Igreja goza de assistência especial do Espírito
Santo. Por isso devemos confiar nela e não nos “ gurus” que normalmente
nem fazem parte da Igreja docente. Se há um ponto difícil de entender na
exposição da doutrina, ou uma contradição aparente em relação ao que sempre
foi ensinado, cabe ao Magistério da Igreja explicá-lo.
Especialmente no que diz respeito ao Concílio do Vaticano II, a má vontade dos
tradicionalistas em encontrar na letra do Concílio a perene Doutrina da Igreja é
notória. Em resumo, encontram “ chifres em cabeça de cavalo” , pois dizem
que os documentos do Concílio ensinam erros que lá não estão e pelo fato do
Concílio não ter sido dogmático, complementam alegando que é legítimo
recusar seus ensinamentos.
Cân. 337 § 1. O Colégio dos Bispos exerce seu poder sobre toda a Igreja, de
modo solene, no Concílio Ecumênico. § 2. Exerce esse poder pela ação
conjunta dos Bispos espalhados pelo mundo, se essa ação for, como tal,
convocada ou livremente aceita pelo Romano Pontífice, de modo a se
tornar verdadeiro ato colegial.
Cân. 341 § 1. Os decretos do Concílio Ecumênico não têm força de obrigar, a
não ser que, aprovados pelo Romano Pontífice junto com os Padres
Conciliares, tenham sido por ele confirmados e por sua ordem
promulgados. § 2. Para terem força de obrigar, precisam também
dessa confirmação e promulgação os decretos dados pelo Colégio dos
Bispos, quando este pratica um ato propriamente colegial, de acordo com outro
modo diferente, determinado ou livremente aceito pelo Romano
Pontífice. (grifos meus).
O Concílio do Vaticano II foi Ecumênico, logo, nele a Igreja exerceu seu poder
solene sobre toda Igreja e foi livremente convocado pelo Pontífice Romano,
conforme o cân. 337. Seus decretos foram confirmados e promulgados pelo
Papa, logo tem poder de obrigar toda a Igreja, conforme o cân. 341, ao
contrário do que ensinam os tradicionalistas. A confirmação de que toda Igreja
também deve aceitar os ensinamentos não dogmáticos encontramos no cân.
752, onde lemos:
Ser católico é ter a Igreja como Mãe e Mestra. Um filho que é obediente na
infância, mas se nega a sê-lo na adolescência quando a Mãe lhe transmite
novas normas, recusa sua filiação e impõe na família uma desordem não
querida por Deus.
Ora, é o próprio Card. Ratzinger, hoje Papa Bento XVI que afirma que é
impossível ser católico e negar o Concílio do Vaticano II, que é impossível ser
católico e ser tradicionalista. Como bem se vê, engana-se redondamente quem
pensa que os escritos do Card. Ratzinger são tradicionalistas. Ele, homem de
personalidade forte e firme na ortodoxia, não ensinaria uma coisa em um lugar
e outra em outro. O método dos tradicionalistas é o mesmo usado pelos
calvinistas quando deturpam os textos de Santo Agostinho.
Quem pretende ser católico deve colaborar com a Santa Igreja Católica,
admitindo tudo que ela ensina, inclusive no Concílio do Vaticano II, pois nos
ensinou o Senhor: “Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta
comigo, espalha” (Mt 12,30).