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série de contingências e fatores biológicos são mantidos e reforçados,
ocasionando o quadro de obesidade.
Multideterminada por ser causada por vários fatores, entre eles alterações
do padrão alimentar, sedentarismo, ansiedade, hormônios, cultura, etc. Não
existe uma causa específica da obesidade. É importante destacar que existem
relações entre variáveis que causam a obesidade.
Dizer que uma pessoa é obesa porque é preguiçosa ou porque come muito é
extremamente superficial. Dizer também que uma desordem endócrina é o que a
fez aumentar de peso, ou um quadro depressivo, também é igualmente raso para
diagnosticar um quadro tão complexo quanto a obesidade. Seria a mesma coisa
que dizer que alguém é viciado em drogas porque teve uma infância ruim, ou
seja, superficial, precipitado e errado.
Entender a obesidade então é entender como as variáveis presentes ao longo
da vida de um individuo contribuíram para o aumento do peso, levando em conta
aspectos genéticos, biológicos, ambientais, psicológicos e culturais.
Como foi dito, a obesidade interfere negativamente sobre a vida de um
individuo. Imagine que você precise sair de sua casa as 07H00 e ir até um local
distante resolver um problema, e para isso você precisa caminhar 15 minutos até
um ponto de ônibus, fazer o percurso que dura 45 minutos, encarar uma filha de
uma hora e, após resolver, fazer o mesmo trajeto para casa. Ótimo, quantos de
nós já não fizemos algo semelhante. Cansa, demora, e até mesmo ficamos
irritados pelo fato de ter que ir resolver algo em um local longe.
Agora imagine que você precisa fazer tudo isso carregando um saco de 30
kgs, e você não pode apoiar, soltar ou dividir o peso com ninguém. Você seria
obrigado a leva-lo com você aonde quer que fosse, ao subir uma escada, ao
permanecer em pé por mais de uma hora, correr, passar na roleta do ônibus.
Cansaria muito mais, você teria dificuldade para se locomover, provavelmente
teria problemas para se sentar e levantar, o tempo de espera na fila seria muito
mais penoso. A irritação também seria maior devido ao excesso de carga que
você está carregando.
Ao longo da vida o peso excessivo proporciona diversas dificuldades como as
descritas acima, além de menor índice de emprego, problemas emocionais,
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problemas de relacionamento, problemas psicológicos, dificuldade de
adaptabilidade, entre outros importantes.
2 | TIPOS DE OBESIDADE
Considerando que nós seres humanos somos diferentes quanto a
tamanho, concentração de massa magra, massa gorda,
densidade óssea, entre outras características, fica O método de cálculo do
IMC surgiu na Bélgica no
séc. XIX, tendo sido criado
muito difícil classificar-nos em magros, obesos, obesos pelo matemático,
astrônomo, estatístico e
mórbidos, etc. Assim, usa-se hoje o IMC – Índice de sociólogo Adolphe Quélet.
Fonte: google.images
1 Site da SBCB http://www.sbcbm.org.br/wordpress/tratamento-cirurgico/quem-pode-fazer/ Acesso em
2017.
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Fonte: https://runningshoes77.files.wordpress.com/2016/01/tabela-de-imc.png
Por exemplo:
Uma pessoa de 1.52m pesando 90 kgs tem IMC 42kg/m, classificada como
Obesa, quase obesa mórbida. Ao passo que uma pessoa medindo 1.93m com o
mesmo peso, será considerada saudável.
Basicamente, para ser considerável saudável (Observe que é saudável e não
magro), tanto homem quanto mulher devem possuir o IMC na faixa entre 19 e
25.
O IMC é um dos critérios de inclusão/ exclusão para a indicação de
cirurgias bariátricas. Iremos detalhar melhor no próximo módulo, mas como
recentemente a resolução n. 2.131/15 incluiu adolescentes menores de 16 anos,
é preciso apontar os limiares do cálculo do IMC em relação a esta população.
Observe abaixo:
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Fonte: google.images
3 | HISTÓRIA E COMORBIDADES
Na pré-história não existiam lojas de conveniência, alimentos pré-
fabricados ou disk-Xs para se alimentar. Era necessário se movimentar
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constantemente para a obtenção de alimentos e para encontrar condições
ambientais que permitisse a sobrevivência em situações extremamente
desconfortáveis. O metabolismo e a estrutura física dos seres-humanos eram
diferentes, pois eles precisariam se adaptar para poder sobreviver em condições
extremas. (Halpern, 1999).
Com o passar dos séculos novas técnicas de conservação de alimento
surgiram e mudanças bruscas na forma de viver ocorreram. Não é mais
necessário se mudar para buscar abrigos melhores ou para caçar, pois as casas e
apartamentos são adaptados para todos os climas, e existem meios de obtenção
de alimento muitas vezes sem a necessidade de sair de casa. Até o século XX,
muitas descobertas técnico-científicas importantes levaram ao progresso e
também à modificação dos costumes alimentares (Abreu et al, 2001):
1. O aparecimento de novos produtos;
2. A renovação de técnicas agrícolas e industriais;
3. As descobertas sobre fermentação;
4. A produção do vinho, da cerveja e do queijo em escala industrial e o
beneficiamento do leite;
5. Os avanços na genética permitiram sua aplicação no cultivo de plantas e
criação de animais;
6. A mecanização agrícola;
7. E ainda o desenvolvimento dos processos técnicos para conservação de
alimentos.
No entanto, a obesidade não é um fenômeno recente. Existem dados de
individuo com peso acima da média já na era paleolítica (Halpern, 1999). Porém,
nunca a obesidade foi observada em proporções epidêmicas como atualmente.
Quanto mais diversificados são os alimentos oferecidos, mais os humanos
tendem a escolher os alimentos ricos em gordura e açucares, e de mais fácil e
rápido acesso.
Muito bem, deste ponto de vista a obesidade pode ser considerado um
SINTOMA (RECH, 2016). Além da perspectiva história, estão entre as principais
causas:
• Fatores Genéticos à Estudos realizados na Europa na década de 70 e 80
revelaram que a herança genética é altamente determinante na
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determinação da obesidade. Apontam que quando nenhum dos pais
biológicos é obeso, existe 9% de probabilidade dos filhos desenvolverem
a obesidade, enquanto que quando um dos genitores é obeso, essa
probabilidade aumenta para 50%. Quando ambos os genitores são
obesos a probabilidade desponta para 80% (Stunkard, 1986; Borjeson,
1976).
• Hábitos alimentaresà compulsão alimentar, hábitos alimentares
errados, excessos, preferência por alimentos calóricos, etc.
• Sedentarismo à ausência de atividades físicas, rotinas na qual a pessoa
raramente se levanta, etc.
• Fatores ambientais à alimentos disponíveis, comportamento alimentar
social, ambiente familiar, rotina, etc.
• Fatores biológicos à desordens endócrinas como hipotireoidismo,
problemas no hipotálamo (1% apenas), alterações de metabolismo,
ovário policístico, hipogonadismo (doença na qual as gônadas - testículos
nos homens e ovários nas mulheres - não produzem quantidades
adequadas de hormônios sexuais, como a testosterona nos homens e o
estrogênio nas mulheres. Além dos hormônios, os testículos podem não
produzir espermatozoides adequadamente. Da mesma forma, os ovários
podem não produzir e liberar óvulos, o que causará dificuldades para a
engravidar), etc.
• Fatores Psicológicos à Baixa autoestima, traços obsessivos e
perfeccionistas, impulsividade e instabilidade afetiva, depressão,
transtornos ansiosos, dependência química, história de abuso sexual ou
agressão, problemas de habilidades sociais, baixa emissão de
comportamento de enfrentamento, alto índice de emissão de
comportamentos de fuga-esquiva, forte mecanismo compensatório.
Porém, por outro lado a obesidade é considerada como fator de risco para o
desenvolvimento de doenças como a hipertensão arterial, diabetes tipo 2,
embolismo pulmonar, infertilidade, depressão, bulimia, entre muitas outras
(Kruger, Ham, & Prohaska, 2009). Estudos indicam que no Brasil, doenças
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desencadeadas pela obesidade, matam por ano, em torno de 80 mil pessoas
(RECH, 2016). Sendo considerada a epidemia global do século XXI, prevê-se
atingir até 50% da população, em 2025, se não forem tomadas medidas de
prevenção (WHO, 2010).
Como identificar, por exemplo, se a depressão causou a obesidade, ou se
pessoa ficou deprimida por estar obesa? Ou, se a obesidade causou problemas
articulares, ou se as articulações ficaram inflamadas, causando sedentarismo,
que ocasionou a obesidade?
Cada pessoa possui uma história de vida única, pessoal e com variáveis que
se relacionaram de modos particulares em cada época de sua vida. Por mais que
possam haver semelhanças, nunca duas pessoas terão o mesmo histórico. Todos
os indivíduos estão sujeitos a esta doença, porém existem características
específicas genéticas, pessoais, familiares e ambientais que poderão influenciar o
grau de vulnerabilidade em relação à obesidade (FERREIRA et al, 2013).
4 | HISTÓRIA, SOCIEDADE E PRECONCEITO
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menos favorecida cozinhavam os alimentos que lhes sobravam, e acabavam por
consumir bem menos, ocasionando pesos menores. Ou seja, gordura era
sinônimo de riqueza e também de mulheres que seriam boas provedoras para
seus futuros filhos. Nas artes, por exemplo, observa-se as mudanças nos padrões
de beleza, onde de maneira subliminar existe a consagração de certas figuras de
acordo com estes padrões, mudando de épocas em épocas (Lemos et al., 2015).
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Cultura
Experiência
Relações
perceptivas
Afetivas
no ambiente
Identidade
1) Experiências Perceptivas no Ambiente à como é percebido
as situações no contexto que o individuo vive, e como ele
responde a estas situações (histórico de contingências).
2) Cultura à quais características a cultura na qual o individuo
está inserido reforça, pune, extingue, etc.
3) Relações Afetivas à histórico contingencial de
relacionamentos afetivos, qualidade dos relacionamentos,
reconhecimento social, reforço social.
Essa integração refletirá também a maneira como o individuo se relaciona
com o mundo. Assim, a imagem corporal abrange os aspectos pelos quais a
pessoa vivencia e conceitua seu corpo.
Cada ser humano possui uma história única, assim cada pessoa terá uma
imagem corporal própria, refletindo a sua trajetória de vida, com emoções,
pensamentos e representações próprias sobre si e sobre as pessoas ao seu redor.
Algumas pesquisam apontam que a insatisfação corporal vem
aumentando entre mulheres, sendo que 70% delas, abaixo de 21 anos, sente-se
“suficientemente gordas”, adotando dietas. Nas mesmas pesquisas, apenas 15%
realmente se enquadravam na categoria “sobrepeso”. (SOUTO; FERRO-BUCHER,
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2006).
Assim, a busca pela eliminação rápida e milagrosa da obesidade é
permeada pela cultura e padrões estabelecidos, que nem sempre estão
preocupados com a saúde de cada indivíduo. Avaliar como a cultura à qual um
indivíduo está inserido é um dos fatores que compõe um quadro de obesidade,
ou que está associado a fatores psicológicos (ansiedade, obsessão, etc) e
comportamentais (hábitos alimentares prejudiciais) é importante não somente
para analisar sua estruturação emocional, mas também para ajuda-lo no preparo
pré e pós cirúrgico.
5 | TRATAMENTOS NÃO CIRÚRGICOS
“Dieta seca barriga”/ “Dieta da Lua”/ “Reeducação Alimentar”/ “Shakes”/ ;
quem nunca viu ou ouviu uma chama para esses termos? Todos os dias nos
deparamos com propagandas e conversas que envolvem o assunto “emagrecer”,
principalmente entre mulheres. Como foi dito anteriormente, a preocupação com
a saúde e estética sempre foram presentes na sociedade e, para isso, diversos
meios foram criados para se chegar aos mais diversos objetivos. Assim, a ideia
de perda de peso ponderal rápida tem chamado a atenção da população em geral
(Almeida et al. 2009).
As principais estratégias adotadas atualmente para perda de peso são:
1. Dietas restritivas
2. Medicamentos (como a sibutramina e anfepramona)
3. Combinação de Reeducação Alimentar + Atividade Física
4. Psicoterapia Comportamental e Comportamental-Cognitiva
Apesar de serem as estratégias mais utilizadas, o controle da obesidade tem
falhado no aspecto de manter o peso reduzido após as intervenções.
(Wannmacher, 2004). Emagrecer não é um processo simples. Observe o
esquema abaixo:
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5) Mudar
2) Decidir fazer algo comportamentos e 8) Manter novos
a respeito habitos alimentares hábitos alimentares
diários
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consultas médicas, resultados obtidos, comentários de pacientes que realizaram
o mesmo método de emagrecimento, entre outras tantas possíveis variáveis.
Assim o conceito de Adesão parece estar relacionado a outras variáveis,
destacando os comportamentos de saúde, nível de conhecimento dos pacientes
sobre processo de emagrecimento e duração do tratamento, além da relação
entre profissional e paciente. Também é preciso avaliar as habilidades do
paciente de identificar ou prevenir situações evocadoras de estresse, aprender a
descrever estados corporais que sugiram alguma disfunção orgânica, entre
outros. Sendo assim, o profissional de saúde deve ter a capacidade de identificar
as variáveis contextuais que facilitam ou dificultam a adesão dos indivíduos às
dietas; e devem analisar estratégias possíveis para obtenção de resultados
satisfatórios (Moraes et al. 2009).
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Isso significa que os tratamentos não funcionam? Não! Mas quer dizer que
cada individuo funcionará melhor com uma estratégia diferente, e isso vai
depender de seu histórico e compreensão do processo de emagrecimento.
Bom, todos este aspectos permeiam a vida de uma pessoa obesa. São
diversas variáveis, mas nos próximos módulos iremos afinar mais em relação à
cirurgia bariátrica propriamente dita. Até o próximo módulo!
Att,
Psicóloga Tamala.
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