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Dossiê
Game Studies
Crédito: Sessões do Imaginário - n. 1 - 1996.
A estética doRammstein
Caravaggio, imaginário Hipermodernidade,
Materialidades sociabilidade
fílmicas, magia e Manifestações
Videogames, e mídias e
transgressão
eno cinema
Madonna e tecnologias digitais
montagem alternativasno Brasil
criatividade
Ticiano
DemianPaludo
Garcia e André A. Medeiros Erika Oikawa
Ednei de Genaro Antonio Brasil
Emmanoel e Samira Moratti Frazão
Ferreira
Resumo Abstract
Este presente artigo tem como pon- This article has as its starting point
Palavras-chave Keywords
Documentário; animação; memória; Documentary; animation; memory;
estética. aesthetics.
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Documentário Animado: a estética da utilizados como base para posterior intervenção grá- grafias e autobiografias de animadores.
subjetividade fica da animação, que muitas vezes é computacional. Este é o caso de Valsa com Bashir (Vals Im Bashir, Ari
Quase sempre apresenta a “valorização de aspectos Folman, 2008), que narra as memórias do seu diretor/
subjetivos das situações a partir da representação das autor que explica com suas palavras no making of a di-
[Imaginar é a] singular capacidade de distancia- personagens e dos cenários” (Martins, 2006). Segun- ficuldade na definição do “gênero” do seu filme:
mento do mundo dos objetos e de recuo para a do a autora, esta valorização de aspectos subjetivos
subjetividade própria, [...] capacidade de se tornar determina uma narrativa que concentra em cada ele- Eu penso que fui tolo quando declarei que era um
sujeito de um mundo objetivo (Flusser, 2008 p. mento de sua estrutura: personagem, ação, ambiente, documentário animado cinco anos atrás. Eu acre-
163). espaço e tempo, possibilidades de interpretação. Ou dito que a indústria do cinema é tão limitada e es-
De acordo com Martins (2006), o documentário seja, busca revelar com o discurso verbal (entrevistas, túpida e não aberta para novas ideias. Quando eu
animado pode ser definido como um filme de situa- narração em off) e os recursos gráficos a intensidade tentei captar recursos eu fui para os fundos de do-
ções e fatos reais registrados em suporte eletrônico do que está sendo relatado, na maioria dos casos, bio- cumentário e eles me falaram: “Escute, se é anima-
do não pode ser documentário. Procure os fundos
Figura 1: Frame de Valsa para Bashir. Fonte: Folman (2008). de animação. Eles não podem dar certo juntos”.
Eu fui para animação e eles me disseram se é um
documentário, você deve procurar os fundos de
documentário. E eu fiquei parado no meio durante
um longo período (Folman, 2008).
dimensão do real do documentário é o depoimento es- poder liberador do negativo e ajudaria a “libertar o in- De acordo com a imprensa, embora o massacre, tec-
pontâneo em que se baseou o diretor para criar o seu consciente e o consciente mutilados que solidificam o nicamente, tenha sido atribuído a falangistas cristãos
roteiro (ver Figura 1). establishment repressivo” (Arantes, 2005, p. 175). Neste e libaneses, havia tropas israelenses ocupando aque-
contexto, o filme seria também um processo de cura. le país – e sua responsabilidade ou omissão no caso –
Basicamente nós realizamos uma pesquisa e en- No caso de Valsa com Bashir, o autor faz referência ao continuam a ser objeto de controvérsia (ver Figura 2).
trevistas e, baseado neste material, eu escrevi um fenômeno do stress pós-traumático – ligação entre os Em uma reflexão (making of no DVD), Ari Folman dis-
roteiro de noventa páginas que guiou a fala dos sonhos, realidade e memória – através da entrevista cursa sobre o processo da memória indagando sobre ser
entrevistados durante a gravação. Filmamos em com a Dra. Zahava Solomon, uma psicóloga e pesqui- a memória fruto de uma construção inventada4 ou sendo
estúdio, dramatizamos e imitamos o som em estú- sadora israelense no campo do trauma psicológico. parte de uma história “real”:
dio (Folman, 2008). Controvérsias da memória ou da história? É através da
investigação do seu passado que o autor nos conduz a Este sonho tem que estar vindo de algum lugar [...]
uma reflexão sobre estes acontecimentos da guerra. Ari Descobrir coisas sobre mim que eu não sei. É pos-
A estrutura narrativa implica saber contar uma his-
Folman desenvolve a sua narrativa quando procura os sível eu não conseguir me lembrar de um evento
tória, organizar a estrutura dramática em sequências e
seus amigos para reconstruir a sua memória individual. tão dramático? [...] A minha visão do massacre é
cenas que se sucedem de modo lógico. Para sustentar a
história deve-se ter uma ideia a transmitir. Essa ideia é o
que constitui a visão do realizador sobre determinado
assunto. Qual seria o fio condutor da narrativa em Val- Figura 2: Frame de Valsa para Bashir. Fonte: Folman (2008).
uma coisa inventada? [...] A minha memória está dula a forma como os dados são guardados. A arte e norte-americanas). Ari Folman tem uma formação tan-
voltando. Eu estou quase me lembrando de tudo a estética estimulam as nossas memórias sensorial, de to jornalística quanto audiovisual, mas em sua consti-
(Folman, 2008). reconhecimento e de conhecimento dos territórios e tuição como comunicador obteve muita referência de
da história (ver figura 3). histórias em quadrinhos (inspirado por Will Eisner, Fol-
De acordo com Araújo e Santos (2005), a memó- man tem entre outras referências nos quadrinhos de
ria opera a partir de um processo seletivo e pode se Anamnese de Folman: analogias entre Joe Sacco, Daniel Clowes e Joe Kubert). Sua criação em
tornar uma arma política para as vítimas de guerras e Memória Individual e Memória Coletiva Valsa com Bashir logo saiu das telas animadas para as
genocídios em que o esquecimento estabeleceu sua páginas impressas, trabalho que contou com a maes-
hegemonia. Nossas memórias, mesmo que “pessoais e Esteé com certeza um processo de cura (Folman, tria de David Polonsky, artista gráfico que ilustra filme e
intransferíveis”, necessitam ser compartilhadas com os 2008). quadrinhos. Polonsky intervém com a proposta de que
nossos pares na sociedade com os quais nos identifica- a arte do desenho (e da pintura) comunica por meio
mos. Trata-se de uma construção coletiva, um arquivo de imagens que a fotografia não é capaz de alcançar
A estética de Valsa com Bashir traz poéticas narrati-
comum que consultamos conforme vamos vivendo. vas que muito remetem a linguagem das comic books (IMDB, 2008). Segundo Flusser (2008), a imagem da fo-
Não existe memória sem emoção, sendo que esta mo- europeias (ou as chamadas comic books alternativas tografia (still ou em movimento) é a imagem técnica,
no sentido de produzida por um aparelho, enquanto
a imagem da memória é uma imagem poética, criada
Figura 3: Frame de Valsa para Bashir. Fonte: Folman (2008). pela memória e, portanto, influenciada por formas,
gestos, estéticas (re)criadas pela mente humana de ma-
neira que a imagem fotográfica nunca será suficiente
para representar a imagem da mente. Talvez, por isso,
o desenho se aproxima melhor.
Folman, enquanto pesquisador, recria essa poética
dos quadrinhos, tanto na sua versão impressa quan-
to anteriormente na sua narrativa animada, na qual
encontramos essa maestria da composição de qua-
dros que convergem instantes distintos em subjetivos
“planos sequências”. A ideia do desenho substituindo
a imagem fotográfica é a ideia de representar aquilo
que a realidade não representa e criar um outro con-
ceito de realidade. Folman e Polonsky nos fazem crer
na imagem do desenho muito mais do que na imagem
da fotografia, por um processo de representação au-
toral. Enquanto a fotografia (ainda que tenha um olhar
de um autor-fotógrafo-artista) representa o real “tátil”,
o desenho-pintura-gravura representa o “real subjeti- A fotografia pode ser utilizada, nesse caso [dos com que um lugar como Gorazde se torne “real”
vo”, ou seja, “a realidade que representa a realidade do quadrinhos, e por conseguinte, das animações] aos olhos do leitor. E não somente o lugar, mas
próprio autor da imagem” (ver Figura 4). apenas como uma referência visual primeira do as pessoas, porque no detalhes [sic] no fundo da
Os quadrinhos possuem essa magia e a animação detalhe, para que possa, posteriormente, construir imagem pode-se ver o que eles vestiam, como eles
os detalhes de sua imagem através do desenho. cortavam a lenha, a extensão dos danos aos seus
tem essa poesia: representam não somente o objeto em
Essa é a metodologia de Joe Sacco. Os quadrinhos lares, etc. Histórias em quadrinhos são um meio
questão (ser humano e ambiente), mas também uma es-
passam a ser, segundo ele, em função da possi- jornalístico muito atraente. Elas permitem que um
tética visual (a forma, pressão, volume do traço, as cores bilidade de construção do detalhe, um poderoso senso de tempo e espaço penetre nas imagens re-
e a maneira como texturas, ritmo da movimentação são meio jornalístico de retratar a realidade. Antes que petidas (Muanis, 2006, p. 8).
dispostas tecnicamente). Esta, por sua vez, se torna par- eu chegasse lá, li numa matéria jornalística algo so-
te da linguagem, atingindo, segundo Polonsky (IMDB, bre Gorazde que [sic] chamou minha atenção, mas
2008) possibilidades que a imagem “real” jamais alcan- não conseguia imaginar a cidade na minha cabeça. Através das imagens técnicas vemos um simulacro
Eu não sabia se era um vilarejo ou outro tipo de da realidade, mas não o que essa realidade representa
ça. É como colocar a memória e a emoção em traços (as-
lugar. Quando cheguei lá, vi que era uma cidade de de fato (ou o que Flusser chama de “verdadeira reali-
sinatura do artista) que a realidade fotográfica não con-
prédios muito altos e complexos de apartamentos. dade”, a ficção pessoal de cada indivíduo): “o caráter
segue atingir. Para Flusser (2002, p. 13-14), as imagens
Histórias em quadrinhos podem ser uma grande aparentemente não-simbólico, objetivo, das imagens
técnicas representam janelas e não imagens em si. fonte de informação visual, o que acredito fazer técnicas faz com que seu observador as olhe como se
fossem janelas, e não imagens” (Flusser, 2002, p. 13-14);
ou seja, como signos concretos, e portanto não repre-
Figura 4: Trecho da versão em quadrinhos de Valsa para Bashir. Fonte: Folman; Polonsky (2008, p. 73).
sentativos e abstratos.
alidade de Folman, vemos através de sua mente (e dos lho de recomposição do evento traumático. O que é o do massacre de Sabra e Shatila, onde as mulheres retor-
demais entrevistados), a sua memória e não uma reali- evento trauma? O trauma é justamente uma ferida na nam ao acampamento e avistam o quadro de mortes
dade “crua” e “genérica”. Com a animação (e com os qua- memória. O trauma, para Freud (apud Fulgencio, 2004), de crianças e outros civis palestinos e muslims libaneses,
drinhos), Folman (e Polonsky) auferem, conforme colo- é caracterizado pela incapacidade de recepção de um entre 16 e 18 de setembro de 1982, pelo partido Kataeb e
ca Martins (2006), a valorização de aspectos subjetivos. evento transbordante – ou seja, assim como no caso do milícias do grupo das forças cristãs, depois do assassina-
sublime: trata-se, aqui também, da incapacidade de re- to do líder falangista e presidente eleito Bachir Gemayel.
Recuperação da memória: a realidade cepção de um evento que vai além dos ‚‘limites‘‘ da nos- Foram cerca de 800 pessoas de acordo com fontes inter-
para além das controvérsias sa percepção e torna-se, para nós, algo sem-forma. Essa nacionais, e até 3.500 de acordo com fontes Palestinas.
vivência leva posteriormente à compulsão a repetição Israel seria diretamente responsável pelo evento e Ariel
da cena traumática. O trauma, explica Freud, advém de Sharon teria responsabilidade pessoal pelo massacre
Que os sonhos se realizem e os pesadelos passem uma quebra do Reizschutz (pára-excitação), provocada por ter permitido a entrada dos Falangistas nos campos
(trecho da música cantada pelos soldados israelen- por um susto (schrek) que não foi amparado pela nossa e fornecido armas e equipamentos para os Falangistas,
ses no filme Valsa com Bashir, 2008). Angstbereitschaft (estado de prevenção à angústia). assim como o transporte destes para os campos.
O trauma é um dos conceitos-chave da Psicanálise A trajetória de “cura” e recuperação da memória do
e o trabalho psicanalítico existe em função do traba- autor é simbolizada através da realidade das cenas reais Reminiscências de uma valsa com
Bashir
Figura 5: Frame de Valsa para Bashir. Fonte: Folman (2008). A memória é seletiva. Nem tudo fica gravado. Nem
tudo fica registrado (Pollak, 1992, p. 204).
ficção, o que se adequa sempre muito bem quando o IMDB. Valsa com Bashir (2008). Disponível em: <http:// Referências audiovisuais
objeto é a guerra e sua realidade. Como coloca Nichols www.imdb.com/title/tt1185616/>. Acesso em: 23 set. 2017. FOLMAN, Ari. NAHLIELI, Yael. Valsa com Bashir. [Vídeo].
(2005), todo filme é uma forma de discurso que fabrica Produção de Yael Nahlieli. Direção de Ari Folman. Israel,
seus próprios efeitos, impressões e pontos de vista. A MARTINS, Í. O documentário animado “Ryan” e o psicor- França, Alemanha, Estados Unidos, Austrália, Suíça, Fin-
animação abre espaço para o espectador, pois amplia realismo. Trabalho apresentado ao GT5 - Tecnologias e lândia, Bélgica, Austrália: Bridgit Folman Film Gang, Les
as dimensões da realidade/ficção/sonho. Temos a sen- Estéticas da Comunicação. 1o. Congresso de Estudan- Films d‘Ici, Razor Film Produktion GmbH. 2008, 90 min.
sação – assim como muitos soldados no Líbano – de es- tes de Pós-Graduação em Comunicação do Rio de color. son.
tar vendo uma realidade em outra dimensão. O choque
Janeiro, 2006.
vem com as imagens reais/imagens de arquivo para, Notas
então, finalmente sentirmos todo o trauma dos solda- 1 Doutora em Memória Social pela Universidade Feder-
MAKOWIECHY, S. Representação: a palavra, a ideia, a
dos e a intenção e motivação de Ari Folman para reali- al do Estado do Rio de Janeiro (2016). Mestre em Ciên-
coisa. Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ci-
zação do seu filme. cia Política pela Universidade Federal de Pernambuco
ências Humanas, v. 4, n. 57, 2003. p. 2-25.
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Referências neiro – Av. Pasteur, 458. Urca. CEP: 22290-240. Rio de
NICHOLS, B. Introdução ao Documentário. Campinas:
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Papirus, 2005.
ca digital. São Paulo: SENAC, 2005.
2 Doutor em Multimeios pela Universidade Estadual de
MUANIS, Felipe. Imagem, cinema e quadrinhos: lingua- Campinas (2018). Mestre em Multimeios pela Universi-
ARAÚJO, M. SANTOS, M. Arte e Mídia: Perspectivas da
gens e discursos de cotidiano. Caligrama. São Paulo, v. dade Estadual de Campinas (2011). Professor de Cine-
estética digital. São Paulo: SENAC, 2005.
2, n. 1, 2006. ma nos cursos de graduação e pós-graduação (profes-
sor convidado) e Extensão na Universidade Estadual
FLUSSER, Villém. Filosofia da caixa preta. Rio de Janei-
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ro: Relume Dumará, 2002.
lavra.com.br>. Acesso em: 3 out. 2017. meios – UNICAMP - Rua Elis Regina, 50. Cidade Univer-
sitária „Zeferino Vaz“. Barão Geraldo. CEP: 13083-854.
______. O universo das imagens técnicas: elogio da Campinas/SP). E-mail: capuccinoprod@gmail.com.
POLLAK, M. Memória, Esquecimento e Silêncio. In: Estu-
superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008. dos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, 1989, p. 3 – 15.
3 Valsa com Bashir narra O lugar da memória - a Segunda
FOLMAN, A; POLONSKY, D. Waltz with Bashir. Israel: ______. Memória e identidade social. In: Estudos Guerra do Líbano: A Guerra do Líbano teve quatro eta-
Sony Pictures Classics, 2008. Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, 1992, p. 200-212. pas principais: 1) de 1975 a 1977 com enfrentamentos
e massacres entre as comunidades religiosas; 2) uma
FULGENCIO, Leopoldo. A noção de trauma em Freud e intervenção síria por petição do Parlamento Libanês
SCHMIDT, Maria Luisa Sandoval; MAHFOUD, Miguel.
Winnicott. Natureza humana, v. 6, n. 2, 2004. p. 255- entre 1977 e 1982 caracterizada por uma intervenção
Halbwachs: memória coletiva e experiência. Psicologia
270. israelense no sul do país mediante a Operação Litani
USP, v. 4, n. 1-2, 1993, p. 285-298.
e; 3) uma outra etapa de 1982 a 1984 com a invasão 4 “Memória Iventada”. Em Valsa com Bashir, a memória
de Israel e a tomada de Beirute. Na década de oitenta, com a qual deparamos é a memória histórica, memór-
a maior parte de Beirute foi deixada em ruínas como ia que constitui no encaixe de peças de um quebra-
resultado do massacre de Karantina realizado por cabeças, que é a biografia de uma pessoa, um grupo,
milícias cristãs libanesas em 1976, dos bombardeios uma sociedade, uma nação, da natureza. Segundo
do exército sírio aos bairros cristãos em 1978 e 1981. A Schmidt e Mahfoud (1993), a memória histórica oferece
quarta etapa, por fim, seria a da invasão israelense que uma construção inventada do passado. “Inventar”– do
expulsou a Organização pela Libertação da Palestina Latim inventio, “achado, descoberta”, de invenire, “de-
(OLP) do território libanês em 1982 ocorrendo em se- scobrir, achar”, formado por in, “em”, mais venire, “vir”.
guida o período de intervenção das Nações Unidas Com o sentido atual, de “coisa feita previamente não-
entre 1984 e 1990. As milícias cristãs em geral eram existente”, é do século XVI (Origem da Palavra, 2017).
grupos de tendência política de direita. Todas as prin-
cipais milícias cristãs eram dominadas pelos maronitas
enquanto que outras seitas cristãs desempenhavam
um papel secundário. A mais poderosa destas milícias
foi a Kataeb ou Partido das Falanges Libanesas, um
partido de direita política do Líbano fundado em 1936
por Pierre Gemayel cujo filho Bashir Gemayel constitu-
iu uma organização paramilitar com outras pequenas
milícias cristãs que foi chamada de Forças Libanesas.
Em 1982, Israel invadiu o Líbano e forçou a retirada
da OLP e das organizações armadas palestinas. Bashir
Gemayel foi eleito como presidente com apoio de Is-
rael, entretanto é assassinado antes de tomar posse
juntamente com outros 40 falangistas por um agen-
te de inteligência da Síria. No dia 15 de setembro de
1982, Israel ocupou Beirute. Enquanto isto Israel cer-
cou o campo de refugiados palestinos e deixou as For-
ças Libanesas, braço armado das Falanges e lideradas
por Elie Hobeika, entrarem nos campamentos Sabra e
Chatila de refugiados palestinos nas noites de 16 a 17
de setembro, assassinando milhares de refugiados e
civis desarmados.