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DE MARTIN HEIDEGGER
RESUMO
ABSTRACT
what could strengthen them that is time is ignored and exchanged for quantity. Faced with
the uncertainties that the contemporary world offers to the being, the phenomenological
method of investigation opens the possibility for a new way of understanding the
phenomenon of existence seeking to apprehend the being of man in an original way.
Heidegger (2006) also discusses the freedom to exist as something that can be achieved only
by accepting oneself, with all its existential limitations, including as necessary the
understanding of being-towards-death. Understanding death is of paramount importance in
order to have freedom in being, because the being is just aware of it through the experience
of others. Being aware that all possibilities are open in the existential horizon can give you
more security and greater freedom to reflect on yourself.
INTRODUÇÃO:
O presente artigo tem por objetivo investigar o tema da angústia contemporânea
dentro da abordagem fenomenológica, afeto este que se destaca pela importância na
constituição da estrutura do “Dasein como cura” e, que pode às vezes se manifestar através
de um retirar-se do mundo público pela ausência de sentido. O referido conceito será
abordado através do pensamento do filósofo alemão Martin Heidegger (2006) que no seu
livro Ser e Tempo, classifica a ‘angústia’ como “disposição privilegiada do ser-aí”. Esta
proposta busca através do método fenomenológico revisar bibliografias sobre o assunto e
propor reflexões acerca do mundo no nosso tempo. Será analisado alguns conflitos do existir
no mundo contemporâneo e buscar tanto na autenticidade como na inautenticidade
existencial aberturas apontando para as possibilidades de sedimentação do Ser. Nesta
expansão, pretende-se abarcar a angústia como privilégio existencial capaz de oferecer
possibilidades para que o ser-aí compreenda o mundo e si mesmo e, se fortaleça no
horizonte da existência. Sobre Bauman (2004), abordaremos de forma comparativa sua
visão do mundo atual onde a liquidez destrói qualquer possibilidade de aprofundamento das
relações o que provoca uma superficialidade e fragilidade.
O objetivo principal dessa reflexão é abordar somente um pequeno recorte do
conceito de angústia para Martin Heidegger, não pretende o autor de forma alguma limitar a
magnitude da compreensão de tal conceito.
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(...) Não se pretende, de forma alguma, cumprir a tarefa de uma dada disciplina,
previamente dada [primeiro se cria a disciplina e vê onde ela se encaixa]. Ao contrário, é a
partir da necessidade real de determinadas questões [necessidade de se investigar algo] e do
modo de tratar imposto pelas “coisas ela mesmas” que, em todo caso, uma disciplina pode
ser elaborada. (...) A expressão “fenomenologia” significa antes de tudo, um conceito de
método (HEIDEGGER, 2006, p. 66).
Heidegger (2006) afirma que em uma investigação com rigor todos os passos a
serem percorridos precisam obedecer a uma ordem que faça sentido e contribua para que o
resultado buscado possa ser atingido. Ao criar a fenomenologia hermenêutica a partir da
obra “Ser e Tempo” para se investigar o ser dos entes, já de antemão, determinou a
importância do “logos” priorizando a seguinte ordem para “ser” e “método”: primeiro o
que já existia – “ser” – e posteriormente o que foi criado para fazer a investigação – “o
método fenomenológico hermenêutico”. Para se chegar ao ser dos entes escolheu para
estudo o homem porque, o mesmo tem consciência de si mesmo e do mundo. Sendo,
portanto, a fenomenologia um método de investigação do ser dos entes ela deve então se
comportar metodologicamente diferente dos métodos já existentes próprios das ciências
naturais. Naturalmente, a fenomenologia hermenêutica foi escolhida como método porque o
ser dos entes ultrapassa as ‘coisas’ que vem ao encontro na lida cotidiana e para apreende-
los e explicá-los seria necessário algo metodologicamente coerente. O método
fenomenológico se caracteriza por apreender de forma compreensiva o fenômeno e tudo que
o circunda, que o influencia de forma positiva ou negativa, e que seja coerente em todas as
etapas da investigação até mesmo o não mostrar-se deve ser considerado. O mostrar-se deve
ser em si mesmo, e radiante como a luz que ilumina o dia ou como a lua na noite,
desvelando assim o fenômeno em toda a sua plenitude e singularidade. Ser fiel ao método e
se posicionar de forma a não interferir negativamente ou positivamente no resultado é
postura necessária a uma investigação fenomenológica.
Na manifestação de um fenômeno a investigação deve atentar para o fato de não
haver confusão com a simples aparência, mas também se deve de antemão saber que o não
mostrar-se não significa que não existe algo para se mostrar. Pelo contrário, é através da
manifestação de algo que se sabe que existe um fenômeno escondido reclamando seu direito
querendo mostrar-se. A aparência deve indicar a direção em que se pode caminhar para
encontrar o que se apresenta ainda velado, de tal forma, que persistindo nesta busca e neste
norte, o método fenomenológico possa eliminar as possíveis aparências até que o fenômeno
se desvele. Pressupor determinado resultado de um fenômeno que esteja ainda oculto não é
4
1
Médicos que participaram do movimento psiquiátrico fenomenológico que buscaram na filosofia suporte
para utilizarem um novo método de investigação para os problemas do homem, que fosse diferente dos
utilizados nas ciências naturais.
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É muito corrente falar-se de “manifestações de uma doença”. Que se tem em mente são
ocorrências que se mostram no organismo e, ao se mostrarem, “são indícios” de algo que
em si mesmo não se mostra. O aparecimento destas ocorrências, o seu mostrar-se, está
ligado a perturbações e distúrbios que em si mesmos não se mostram. Em consequência,
enquanto manifestação de alguma coisa não significa um mostrar-se a si mesmo, mas um
anunciar-se de algo que não se mostra através de algo que se mostra (HEIDEGGER, 2006,
p. 68).
serem si mesmos. Eles nunca se manifestarão e se revelarão do mesmo jeito como os livros
os descrevem, ao contrário, isto sempre será ultrapassado.
Para que a existência do ser-aí tenha sentido, uma das coisas que dão bases de
sustentação está nas realizações profissional e pessoal e, que se concretizam sempre por
novas descobertas do mundo. Estas descobertas somente acontecem com a abertura que as
possibilidades apresentam ao ser-aí, que por sua vez, sempre está atrás de algo novo ou indo
mais profundo na exploração de um fenômeno conhecido, mas que provavelmente ainda
oferece novidades a serem conhecidas. Toda abertura acontece de modo que existindo algo
ainda fechado possa se apresentar possibilidades de abertura deste ente. Ainda assim, uma
possível abertura que concretize em descoberta não pode de modo algum significar um
fechamento para outras possibilidades. Ao contrário, outras aberturas deverão surgir de
forma sequencial e sempre se apresentando como novidade no horizonte, ocupando assim o
cotidiano do homem.
Um ente desconhecido ou àquele que não está sendo procurado pode não
incomodar por várias circunstâncias, inclusive, podem existir no silencio temporariamente
ou para sempre. Mas àquele que mesmo desconhecido incomoda a ponto de reclamar sua
existência, precisa ser encontrado para se desvelar completamente porque, se permanecer
oprimido ou obstruído em seu caminho, incomodará até que seja escutado e, o ideal é que
esta atitude não demore. Se o ser-aí em questão deixar de lado negando existência e este ente
ou fingir que nada existe, as consequências dependerão do grau de importância deste ente
dentro do sistema. Para qualquer efeito, o sufocamento de um ente se transforma em alto
risco secundário e revela de certa forma, falta de compromisso com a verdade e com tudo
que está em jogo: o ser-aí.
Numa investigação que se busca o ser de um ente, se deve primeiramente tomar
ciência que o ser deste ente à ser apreendido é certamente ‘o alvo da investigação’, mas o
fenômeno em si se encontra, além disso. O fenômeno na sua integra é a atitude exercida
pela prática desencadeada na movimentação deste ente. Podemos exemplificar em uma
possível manifestação em que o ser-aí é acometido com dores e sintomas de referência
próprios da pressão alta. Ao ser examinado por um profissional da saúde os níveis da
pressão podem ou não confirmar o diagnóstico de pressão alta, caso positivo – pressão alta -,
ainda neste momento não se sabe o que causou o aumento da pressão, mas em outro
momento uma pesquisa deve ser feita para tal revelação. O procedimento ideal em princípio
é uma medicação apropriada e prescrita que altere o resultado padronizando os níveis para
uma pressão controlada e boa. O fenômeno que causou a alteração ainda permanecerá
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desconhecido e que se não for identificado pode voltar a reclamar a qualquer momento e
causar novamente todo o descontrole que provocou a patologia descrita. Percebe-se que o
fenômeno ainda oculto é o que precisa ser desvelado para que se corrijam possíveis
manifestações patológicas deste nível, portanto, chegar no cerne real que vela o fenômeno é
a conduta que se deve esperar em uma investigação com bases na fenomenologia
hermenêutica.
“A circunvisão desperta a referência a um especifico ser para isso (Dazu), tornando assim
visível não apenas tal ser, mas o contesto da obra, todo o “canteiro da obra” e, na verdade,
como aquilo em que a ocupação sempre se detém. O conjunto instrumental não se
evidencia como algo nunca visto e sim como um todo já sempre visto antecipadamente na
circunvisão. Com este todo, anuncia-se o mundo” (HEIDEGGER, 2006, p. 124).
ANGÚSTIA HEIDEGGERIANA
A angústia, embora bastante conhecida como tema, parece não ser uma disposição
tão comum no dia a dia do ser-aí, visto que, do ponto de vista ontológico-existencial ela se
destaca como um retirar-se que somente é possível em momento privilegiado, do contrário,
ela permanece velada. Este velamento é por tempo indeterminado, porque no estar lançado
não se sabe em que momento esta disposição incomodará a ponto de se tornar visível na
clareira. Outra possiblidade que do ponto de vista fenomenológico pode ser remota, é da
disposição da angustia não incomodar mais e permanecer para sempre no velamento. A
interpretação coerente da angustia também não é tão comum porque se faz necessário uma
investigação e para este desfecho, em qualquer hipótese, é preciso uma análise existencial o
que é pouco comum no mundo da pressa. Nestes tempos, onde a força da tecnologia aponta
para várias direções exteriores ao homem, fortalece ainda mais a visão sobre o
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esquecimento do ser, assunto abordado nas entrelinhas de Ser e Tempo por Heidegger
(2006). A possível raridade do fenômeno da angústia no mundo contemporâneo aponta para
um fechamento do ser-aí para si mesmo, porque do contrário, esta disposição seria
encontrada com maior frequência neste ente.
Para Heidegger (2006), a ‘angústia’ é uma disposição afetiva privilegiada, pois a
partir da experiência dessa tonalidade é que são possíveis experimentar novos modos de
existência em abertura. O privilégio está implícito e explicito na possibilidade do ser-ai
pensar seu próprio modo de ser como ente dotado da consciência. Esta lhe permite saber da
sua existência, mas que também o alerta, pois, um dia certamente deixará de existir como
ser-aí. Esta possibilidade privilegiada singulariza o ser-aí despertando nele o compromisso
de assumir sua própria existência, fato que os outros estes intramundanos desconhecem.
Somente deixando de existir a responsabilidade delegada a si mesmo, provavelmente,
poderá ser anulada, pois Heidegger (2006) diz que “o fim e a totalidade do ser-ai não são
alcançados de forma definitiva com o finado da morte, porque esta experiência somente
pode ser alcançada por àquele que experimentou este existencial”. Quem ainda existe como
ser-ai somente sabe deste existencial pela experiência da morte dos outros, portanto,
desconhece a apropriação disto como experiência própria. O conhecimento desta forma
fenomenológica de apreender a totalidade do ser é libertadora, mas a angústia faz parte do
existir humano, portanto, acompanha o “ser-aí” em todo horizonte existencial de forma
velada ou se desvelando.
A ocupação diária do mundo na visão de Heidegger (2006) distrai e desvia a
atenção para longe não só de si mesmo, mas para o oposto da angústia. Na maioria das vezes
o ser-ai passa sua existência imerso neste existencial longe do angustiar-se, o que possibilita
o esquecimento que a existência como ser-ai é limitada com o esgotamento da corporeidade.
Este modo existencial evidencia uma fuga de si mesmo.
“Esse fenômeno da fuga de si mesmo e de sua propriedade parece ser, na verdade, o solo
fenomenal menos indicado para se investigar o que haverá de seguir, pois, nessa fuga, o
ser-ai não se coloca diante de si mesmo”. (HEIDEGGER, 2006, p.250).
somente desvela aquilo que de mais sublime pode ser alcançado como possibilidade de
complemento total do Dasein: a morte.
a única solução. O ser-aí então se vê diante de duas possibilidades, a fuga para o mundo no
modo de ser inautêntico ou encontrar si mesmo na singularização da angustia, é possível que
o mais forte neste existencial predomine.
Na angústia perde-se o que está à mão no mundo circundante, ou seja, o ente intramundano
em geral. O “mundo” não é mais capaz de oferecer alguma coisa, nem sequer a copresença
dos outros. A angústia retira, pois, da presença a possibilidade de, na decadência,
compreender a si mesma a partir do mundo e da interpretação pública. Ela remete a
presença para aquilo porque a angústia se angustia (...) (HEIDEGGER, 2006, p. 254).
Na angustia o sentido do mundo se perde e assim tudo que existe dentro dele
também perde o significado e se instala a completa fuga para si mesmo, que de certa forma,
coloca o ser-aí diante da sua insignificância perante o existir. Aquilo que sempre está à mão
dentro do mundo não tem mais importância porque a possiblidade de estar consigo mesmo
retira o apego pelas coisas do mundo. A fuga para o inautêntico não é mais a solução e nem
a copresença dos outros serve para aliviar ou diminuir o distanciamento do mundo. Nesta
abertura se mostra claramente a possibilidade temporal de existir na solidão onde a
companhia de si próprio se torna um aconchego tão nobre e diferente, que não se pode
encontrar melhor ou igual neste momento tão singular. Com a desmistificação e o
desmoronamento das verdades experimentadas até então, as certezas podem se misturar com
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as dúvidas, mas o encontro privilegiado que se dá neste horizonte mostra que certezas
absolutas inexistem e as dúvidas são motivos para se buscar algo novo quando necessário
diante deste provisório que é ‘o existir’.
A angústia singulariza e abre a presença como “solus ipse”. Esse “solipsismo” existencial,
porém, não dá lugar a uma coisa-sujeito isolada no vazio inofensivo de uma ocorrência
desprovida de mundo. Ao contrário, confere à presença justamente um sentido extremo em
que ela é trazida como mundo para seu mundo e, assim, como ser-no-mundo para si mesma
(HEIDEGGER, 2006, p. 255).
“Só na angústia subsiste a possiblidade de uma abertura privilegiada uma vez que
ela singulariza. Essa singularização retira a presença de sua decadência, revelando-lhe a
propriedade e impropriedade como possibilidades de ser” (HEIDEGGER, 2006, p. 257).
Para Heidegger (2006) a abertura privilegiada somente se pode alcançar na angústia, porque
para se chegar até esta dimensão existencial é preciso se preparar e a fuga da ocupação se
faz necessário para recolher em si mesmo. Ao se encontrar neste momento singular o ser-aí
já distanciou do mundo público onde se encontrava na decadência. Na angústia também se
torna possível reconhecer que outras possibilidades existenciais que até então estavam
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adormecidas, se abrem. Heidegger (2006) afirma que a “decadência não se dá como uma
queda de um lugar superior para um lugar inferior, mas o ser-aí decai de si mesmo”.
Portanto, decadência é movimento de ser-no-mundo junto aos entes e neste movimento, o
ser decai de si mesmo existindo no impessoal se ocupando no mundo público.
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“A primeira especulação de Martin Heidegger, puramente ontológica, é dirigida para a
solução do problema do ser. Embora já tenha sido estudada pela filosofia de todos os
tempos, jamais foi resolvido, porque em vez de estudarem o ser como tal os filósofos
sempre, estudaram um modo, particular de ser (Platão as idéias, Aristóteles a substância)”.
Para Heidegger (2006), o homem é a porta de acesso do ser, porque sendo ele o
ente dotado da consciência está habilitado, portanto, a identificar todos os fenômenos do
mundo, inclusive, os fenômenos do próprio “Dasein”. Afirma ainda que para apreender o ser
de um fenômeno é necessário deixar que este se manifeste claramente e tal maneira, que
aquilo que se procura se mostre sem nenhuma interferência subjetiva. Heidegger (2006)
também alerta para o horizonte existencial, que de certa forma, determina o presente,
passado e futuro do ser-ai, mas que somente ‘o agora é existir’ e carrega consigo toda
história do ser. O tempo, afirma ele, existe e está ligado de forma inseparável a este
existencial, de tal maneira, que as possibilidades de existir para o ser-aí estão amarradas e se
completando sempre. As três fazes temporais - passado, futuro e presente - correspondem,
no ser-ai, três modos de conhecer: o sentir, o entender e o discorrer. Pelo sentir está em
comunicação com o passado; pelo entender, está em comunicação com futuro, com as suas
possibilidades; pelo discorrer, ele está em comunicação com o presente. TERHORST (2016)
diz: “a filosofia de Heidegger é também filosofia de linguagem, uma vez que é no homem,
ser-em-situação, é através da linguagem que se dá a epifania do ser”. Heidegger (2006)
deixa evidente que através da linguagem se pode fazer ver aquilo de que se fala, e de tal
forma, que o ser-aí neste modo deixa que a linguagem se torne a morada do seu próprio ser.
Garaventa (2011) diz: ”as múltiplas formas de angústia [...]: a angústia da
liberdade ou do nada, que o indivíduo experimenta quando decide escolher a si mesmo; a
angústia do mal ou da fraqueza; a angústia do bem ou da obstinação; a angústia da
sexualidade; a angústia do amanhã; a angústia do finito [...]”. Em todas estas e em outras
possibilidades do ‘angustiar-se’ se percebe que é um assunto bastante conhecido do ser-ai
devido não ser uma escolha da consciência, mas uma experiência da existência. O
2
http://www.coladaweb.com/filosofia/o-existencialista-martin-heidegger - consulta em 11/11/2016
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máxima possibilidade. O que acontece no findar do ser-aí continua velado e não deve ser
considerado algo positivo nem negativo, pois, diante deste acontecimento que pode ser uma
abertura nesta região desconhecida, não cabe afirmação. “(...) Para o cumprimento desta
tarefa já se deve, de antemão, pressupor como conhecido e alcançado justamente aquilo que
se busca na investigação, o sentido de ser em geral)” (HEIDEGGER, 2006). Heidegger
(2006) ao afirmar que conclusões sobre este assunto somente pode ser considerado de forma
provisória, provavelmente, se deve ao motivo de novas conclusões futuras ainda serem
pensadas e anunciadas, aumentando assim as possibilidades de escolher. Entretanto, de
forma definitiva não se pode afirmar que esta ou aquela possui o sentido verdadeiro e
esclarecedor, pelo contrário, esta afirmação pode gerar mais confusão. Como ainda não foi
alcançado aquilo que se busca nesta direção, toda pressuposição pode conter em si uma
dúvida velada. A singularidade do ser-aí também o coloca diante do fenômeno da morte de
forma solitária, sendo este encontro considerado privilegiado, porque somente aquele de
passa por esta experiência pode relatar sua impressão a respeito. Se pode até compreender
este acontecimento na sua singularidade como ‘complemento do ser’, nunca como
totalidade.
Heidegger (2006) afirma que todo ente existe na sua singularidade e que para isto
não é necessário que ele tenha alguma experiência conhecida pelo homem, pelo contrário,
mesmo no velamento para o homem ele pode existir porque para isso não se faz necessário
comprovação humana. Entretanto, aquele ente que vive no velamento, mas que de alguma
forma é procurado, possivelmente o homem já o pré-determine em ideias antes mesmo de tê-
lo apreendido. A imaginação se encarrega de criar imediatamente expectativas e cria um
projeto especulativo a respeito. Isto não significa que tal ente possua as características
determinadas na imaginação deste ser-aí, pode ser que ele seja totalmente diferente da
projeção, fato que somente no seu desvelamento pode ser apreendido. É importante atentar
que, em alguma das vezes, o ente procurado pode não existir, mas aquele que não está sendo
procurado e que existe pode se mostrar de forma surpreendente, por isso a fenomenologia
alerta para as projeções antecipadas, pois, podem interferir no resultado.
“A transcendência do ser-aí é privilegiada porque nela reside a possibilidade e a
necessidade da individuação mais radical. Toda e qualquer abertura de ser enquanto
transcendens é conhecimento transcendental” (HEIDEGGER, 2006, p.78.). A individuação,
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diz respeito à fuga necessária do mundo e de suas ocupações em excesso, para acolher seu
próprio ser em suas necessidades fundamentais e originárias. No modo impessoal o ser não é
alcançado porque na ocupação a individuação se ausenta, devido a via de acesso se obstruir
na imensidão da mata fechada que vela a clareira.
O ser do Dasein, na visão fenomenológica de Heidegger (2006) está além de
qualquer outra coisa, seja ela reconhecida por sentidos ou por qualquer outra motivação.
Somente acolhendo a si mesmo, atitude esta que acontece no fenômeno da angústia se pode
atingir este existencial que possibilita a transcendência. Esta atitude é em si mesma solitária,
despretensiosa e ao mesmo tempo radical, por ser uma escolha que singulariza. Experiências
anteriores e conceitos pré-existentes não são trabalhos destinados à fenomenologia nesta
busca. Ao contrário, a experiência deve ser no existencial desta busca, pois, nela o ser-aí
pode encontrar com o desconhecido ou conhecido de si mesmo, mas que de alguma forma se
encontrava velado e agora se abre.
3
“Após uma profunda reflexão sobre a finitude, ao lado da angústia, também podemos
passar a ver a liberdade. A liberdade, evidentemente, não é total. Temos o limite dos nossos
corpos (por exemplo, não podemos voar sem ajuda de um avião), temos o limite de
circunstâncias externas (por exemplo, não ter dinheiro para adquirir isso ou aquilo ou não
conseguir um visto para ir para outro país), e muitos outros limites no que é chamado de
contingência.”
3
http://www.psicologiamsn.com/2016/01/psicologia-existencial-angustia-e-liberdade.html
Acesso em 30/09/2016.
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pode ser construído e fortalecido de forma verdadeira e com seus próprios valores.
Heidegger (2006), afirma que “somente a ‘angústia’ oferece possibilidade de existir com
liberdade e autenticidade, pois ela retira o ser-ai do mundo das ocupações e o coloca diante
de si mesmo para ser livre”. Mas a liberdade não é completa devido às contingencias do
existir: o corpo é limitado e vivemos compensando suas necessidades, não podemos voltar
ao tempo passado, não nos livramos da morte, as doenças são possibilidades, e do amanhã
nada podemos afirmar.
INAUTENTICIDADE E AUTENTICIDADE:
modelando suas experiências sem nunca experimentar a possibilidade de ter realizado tudo
que fosse possível porque, lhe é atribuído o dever de sempre buscar algo que falta e que se
encontra logo ali (...).
É assim que, o mundo como mundo, nos lança num perigo constante. Seja o mundo
compreendido de forma inautêntica (qual seja, o mundo no qual tudo parece já está pronto
e acabado diante de nós); seja o mundo compreendido de forma autêntica (mundo que se
revela como o puro possível: o puro poder ser – ser com os outros, ser junto às coisas e ser
em função de si mesmo-; mundo que assim se revela como o puro nada à medida que,
enquanto pura possibilidade de ser, ele se abre apenas como um projeto a ser realizado)
(SANTOS, 2006, p. 5).
de existir não se pretende atingir metas impostas, mas ‘ser si mesmo’, já é o bastante e o
suficiente. O mundo deixa seu status de pronto e acabado e passa a ser construído e
reconstruído em cada existir, sem comparações, mas também sem absolutismo e presunção.
Ao apropriar de suas próprias escolhas o ser-aí revela e deixa revelar a si mesmo o modo
pessoal, apensar de este modo não ser um processo continuo, a abertura a uma existência
mais completa se encontra neste modo de ser. Também a responsabilidade de cuidar de si
mesmo revela com propriedade a liberdade que se ganha neste existir.
Ao desviar-se da decadência e do mundo o ser-aí não foge de algo que lhe impõe
medo, mas de fato acolhe a si próprio e neste momento se encontra no modo autêntico. Todo
empenho que se dedicar a algum ente intramundano neste aviar-se se caracteriza como
escolha da consciência e não uma imposição advinda do mundo. No desviar próprio da
decadência não se pode apreender aquilo de que se foge porque na maioria das vezes é
desconhecido; mas no desviar ou fugir da decadência e do mundo não se foge de algo, pelo
contrário, se aproxima dele aviando-se para então apreende-lo na singularidade e totalidade
possível. Este desvio ou fuga da decadência conduz o ser-aí para sua singularidade, que por
sua vez, conduz à ‘angústia’, que põe este ente diante de um encontro privilegiado com sigo
mesmo.
fuga na ocupação, lugar onde o ser-ai passa a maior parte da sua existência fugindo de si
mesmo. Bauman (2004) diz em seu livro “Amor Liquido” que “as relações do homem
moderno estão fragilizadas por motivos de cada vez mais se tornarem flexíveis”.
Evidentemente, isto acontece porque a adaptação às regras da tecnologia que exige
transformações rápidas tem seu preço e quem sofre as consequências é o ser-ai. O homem
agora se relaciona consigo mesmo dentro de um padrão determinado pela velocidade, fato
este, que adquire aos poucos um padrão de normalidade por consequência da imposição
articulada meticulosamente pelo poder econômico mundial.
Uma vez que damos prioridade a relacionamentos em “redes”, as quais podem ser tecidas
ou desmanchadas com igual facilidade – e frequentemente sem que isso envolva nenhum
contato além do virtual – não sabemos mais manter laços a longo prazo (BAUMAN, 2004,
p. 6).
Podemos observar que tanto Heidegger (2006) quanto Bauman (2004) concordam
quando se referem “às relações humanas”, ou seja, quando se trata de contato entre o ser-ai
consigo mesmo, afirmam que as dificuldades de relacionamento tendem a aumentar com o
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imediatismo contemporâneo. Segundo eles, a fragilidade das relações pode aumentar quando
se troca o encontro presencial por àquele possibilitado pela tecnologia e a distância, e tende
a diminuir e fortalecer quando o calor da proximidade se faz presente. Em Heidegger (2006)
isto é evidente em várias ocasiões e, em Ser e Tempo, diz que “a linguagem é a morada do
ser”, isto fica mais claro ao se buscar exemplos para fortalecimento desta ideia. As relações
humanas são construídas de vários modos e um deles é através da linguagem falada,
especificamente neste modo, àquele que fala tem a oportunidade de se desnudar por
completo e quem ouve pode apreender tudo que se abriu neste dialogo. Principalmente,
quando esta experiência se dá em um ambiente onde a familiaridade e a confiança estão
presentes, a abertura poderá conduzir para a transcendência do compreender. Conduzido à
este lugar, que não é um lugar qualquer, o ser-ai tem a oportunidade de se colocar diante da
interpretação do compreendido, que por sua vez abre a clareira do encontro privilegiado. A
apreensão da linguagem num encontro privilegiado revela que a relação foi construída com
bases sólidas, e com confiança tal, que nos orienta a refletir se a solidez destas bases também
pode ser possível em relacionamentos rápidos e à distância. Para Bauman (2004) “o
fortalecimento das relações se passa por um tipo de conhecimento possível somente pelo
querer”, pois, quando se quer, as barreiras oferecidas pelo impulso do imediatismo são
desconstruídas para dar lugar a serenidade da construção diária. Este modo de conhecimento
proposto por Bauman (2004) não possui ansiedade para ter resultado imediato, pelo
contrário, caminha serenamente em direção ao infinito das relações que ontologicamente
possuem o findar desconhecido.
voltado para a liquidez. Mas tanto Heidegger (2006) quando Bauman (2004) alertam para as
relações rápidas direcionadas aos ser-ai, porque ao estar lançado no mundo com
possibilidades de sofrer ou se alegrar, este ente precisa ser compreendido no seu ser, fato
este essencial mesmo na possibilidade de uma indeterminada existência no transitório que é
a vida.
CONCLUSÃO:
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