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Associação Baptista Açoriana

Adoração 2004

“Aos pés de Jesus”


Jesus

Luísa Couto

03 de Julho de 2004
ÍNDICE

Pg.
1 – Introdução......................................................................................3
2 – A Nossa Escolha.............................................................................5
3 – Envolvimento das Emoções...........................................................6
4 – Paixão Extravagante......................................................................9
5 – Conclusão.........................................................................................
6 – Bibliografia.......................................................................................
1 – INTRODUÇÃO

Independentemente do ambiente em que crescemos e nos


formamos como pessoas, este, juntamente com as nossas
características enquanto indivíduos únicos, acaba sempre por
influenciar determinantemente a nossa maneira de agirmos e
interagirmos. Também no aspecto espiritual recebemos um conjunto
de informações ao longo dos anos, o qual molda os nossos
comportamentos; é o input que nos leva a conformarmo-nos com
modelos que repetimos vezes sem conta, e que gera em nós formas
de agir irreflectidas a que chamamos de automatismos.
A adoração torna-se num ritual repetitivo de comportamentos
interiorizados: as manifestações com as quais habituámo-nos a
expressar o nosso louvor, são as mesmas, domingo após domingo,
mês após mês, ano após ano… Não que a repetição seja errada por si
só, mas porque as mesmas manifestações acabam por se esvaziar de
sentido e transformar-se em rituais devocionais irreflectidos,
cumpridos como que por obrigação.
Por outro lado, a sociedade pós-moderna impõe-nos um ritmo
de vida que acrescenta ainda mais barreiras – ocupações constantes,
actividades a desenvolver, obrigações sociais, meios de comunicação
que invadem a nossa privacidade, etc., o que leva, inevitavelmente, a
darmos cada vez menos espaço na nossa vida para desfrutar da
amizade com Jesus e para absorver da presença de Deus que nos
nutre e sacia.
A nossa vida de adoração é, então, prejudicada; de tal maneira
que deixa de existir qualquer manifestação externa de louvor a Deus,
ou, existindo, estas serão vazias e sem profundidade. Tendo sido
criados para adorar, a expressão dessa adoração é fundamental, uma
vez que é um resultado natural da primeira.
Tal como no casamento, as provas de amor são oferecidas no
dia-a-dia, em cada gesto e atitude. Contudo há um espaço
insubstituível para troca de palavras amorosas e afectos, as quais,
por sua vez também precisam de ser complementadas pelas atitudes
que confirmam, na prática, os sentimentos que se verbalizam.
Assim, também no nosso relacionamento com Deus, temos que
encontrar o equilíbrio entre ter uma vida que oscile entre o “crente de
domingo” – efusivo e expressivo nos momentos de culto, mas cuja
atitude não é congruente com o resto da sua vida; e o crente que se
esforça por agradar a Deus continuamente, mas que se vê
embrenhado em tantas actividades (por vezes decorrentes do seu
ministério), que encontra pouco espaço para estar em comunhão
íntima com Deus.
Evidentemente, a nossa comunhão pessoal com Deus influencia
todo o corpo de Cristo.
Como encontrar a nossa própria expressividade em termos de
adoração a Deus? Como ser sincera (“sem cera”), sem capas, sem
defesas, sem disfarces?... Como expressar a nossa adoração da forma
como Jesus merece?
Na Bíblia lemos sobre o exemplo de alguém cuja expressão de
adoração tocou Jesus de tal maneira que ele prometeu que, onde
quer que o evangelho fosse anunciado, a sua atitude seria lembrada.
Trata-se de Maria de Betânia, a qual tem o privilégio de ter o seu
nome associado a actos de amor e devoção pelo seu e nosso Mestre!
Aprendamos com Maria.
2 – A NOSSA ESCOLHA

“Jesus e os seus discípulos seguiam o seu caminho. Ao


entrarem numa aldeia, uma mulher, chamada Marta,
recebeu Jesus em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada
Maria, que se sentou aos pés do Senhor para o ouvir. Ora,
Marta andava muito atarefada por ter muito que fazer.
Aproximou-se, disse: Senhor, não se te preocupa que
minha irmã me tenha deixe só com todo o trabalho? Diz-
lhe, então, que me venha ajudar.
Mas Jesus respondeu: Marta, Marta, andas preocupadas e
aflita com muitas coisas quando uma só é necessária;
Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.”
Lucas 10:38-42

Nem sempre é fácil evitarmos sucumbir às pressões da vida


moderna. Talvez pensemos por vezes : “antigamente é que era
bom…” Mas a verdade é que, já desde o primeiro século, aliás, desde
sempre, os servos de Deus foram confrontados com a necessidade de
fazer escolhas: escolher entre ceder à pressão, ou simplesmente
optar pelo Senhor.
Marta não estava aflita com o telefone que não parava de tocar,
nem com a colocação de sonho num quadro profissional, nem com a
inspecção do carro ou a declaração de IRS. Mas a sua atitude revelava
uma preocupação excessiva com as coisas materiais da vida.
Não que a sua atitude não fosse nobre – afinal de contas ela
estava a servir o próprio Jesus, mas foi ele que a repreendeu. Ele
disse que apenas uma coisa era, de facto, necessária, e essa ela não
estava a fazer. É fácil concluirmos que, para Jesus, há mais valor no
tempo que passamos a seus pés, do que em actividades, mesmo que
estas sejam para ele.
Apenas uma coisa é necessária e Maria escolheu-a, que é estar
aos pés de Jesus, a ouvi-lo, a aprender dele.
O momento da escolha é, então, um momento fundamental.
Que prioridades regem a nossa vida? Nas alturas em que vivemos um
conflito de valores, temos que optar: astar tempo em adoração, perto
de Jesus, a cumprir os seus propósitos para a nossa vida ou não falhar
os compromissos agendados.
Que pele vestiria nesta situação? A de Marta ou Maria?

Seja o centro, seja o tudo


Em meu coração, Senhor.
Seja a vida em meu peito
Cada dia aqui e eternamente.

Jesus, Jesus,
Jesus, Jesus.

Seja o sol que me aquece


Em meu coração, Senhor.
Seja a força que me sustenta
Cada dia aqui, e eternamente.

Jesus, Jesus,
Jesus, Jesus.

Meu tesouro,
Minha razão de viver,
Meu anseio
É te conhecer;
Pois não há outro igual a ti,
A quem tenho eu além de ti?
És minha vida, és a fonte Jesus.
3 – ENVOLVIMENTO DAS EMOÇÕES

A história da morte de Lázaro está narrada em João 11:1-44.


Lázaro, irmão de Marta e Maria era amigo de Jesus. Assim que ele
adoeceu as duas irmãs mandaram dizer-lhe “Senhor, o teu amigo está
doente” (João 11:3). Jesus demorou-se propositadamente para que a
glória de Deus fosse manifestada, e, quando ele chegou, Lázaro já
tinha morrido.
Vamos prestar atenção novamentge às duas mulheres. As duas
tiveram um encontro e um diálogo com o Senhor a respeito da morte
do irmão. As duas disseram exactamente a mesma coisa, mas as
respostas foram diferentes…
“Marta disse a Jesus: ‘Senhor, se cá estivesses, meu irmão não
tinha morrido. Mas também sei que Deus te concede tudo quanto
pedires” (João 11:21, 22). Marta acreditava no poder de Jesus para
ressuscitar Lázaro. Ela cria nele como o Filho do Deus vivo, o Messias.
Jesus respondeu-lhe com palavras tremendas: “Eu sou aquele que dá
a ressurreição e a vida. O que acredita em mim, mesmo que morra,
há-de viver.” (João 11:25)
Marta voltou para casa e chamou Maria a quem Jesus tinha
mandado chamar. Ela apressou-se em ir de encontro ao Mestre e, ao
encontrá-lo disse as mesmas palavras de Marta. Mas há um pormenor
importante: a Bíblia diz que “ao chegar onde estava Jesus, Maria
lançou-se-lhe aos pés, mal o viu, e disse-lhe: ‘Senhor, se cá
estivesses, meu irmão não tinha morrido” (João 11:32). O texto
continua a descrever o acontecimento e diz que “Quando Jesus viu
Maria a chorar (…) comoveu-se muito e ficou perturbado (…) Jesus
chorou.” (João 11:33-35)
Não houve nada de errado na atitude de Marta!
Mas a forma emocionada como Maria se aproximou de Jesus, o
seu choro impulsivo, a forma como ela correu e lançou-se aos pés de
Jesus traduzem uma atitude que comoveu o coração de Cristo ao
ponto de ele chorar. Ele sabia que Lázaro iria reviver, por isso,
provavelmente, ele não chorou a sua morte. Ele chorou, sim, pela
comoção de Maria que derramou a sua alma diante dele.
Não querendo sobrevalorizar as lágrimas, pois estas por si só não
comovem o Senhor (ele conhece o nosso coração e as nossas
motivações), é importante enfatizar a atitude por trás delas: uma
busca do Senhor sem reservas, sem receios, com a espontaneidade
de quem não teme o que os outros possam pensar. Essa é a adoração
que produz manifestações comoventes até para quem está à volta:
“Maria a chorar e os judeus que tinham chegado com ela também…”
(João 11:33)
Meu maior desejo é
Saber quem tu és em mim;
Preciso tanto te conhecer
E responder ao teu amor.
Sei que posso alcançar
Teu coração com meu louvor.

Nada vai me separar


Do teu amor que está em Jesus;
Em todo tempo te adorarei,
Na alegria ou na dor.

Sei que posso alcançar


Teu coração com meu louvor.

Quero tocar-te,
Quero mover teu coração,
Quero atrair teus olhos,
Com a minha adoração.
4 – PAIXÃO EXTRAVAGANTE

“Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde


vivia Lázaro, a quem ele tinha ressuscitado.
Ofereceram lá um banquete a Jesus. Marta servia e
Lázaro era um dos que estavam à mesa com Jesus.
Apareceu, então, Maria com um frasco de perfume
muito caro, feito de nardo puro. Deitou-o sobre os
pés de Jesus e depois secou-os com os seus cabelos.
E toda a casa ficou a cheirar a perfume.
Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que
o havia de atraiçoar, disse: ‘Porque não se vendeu
este perfume por trezentas moedas para distribuir
pelos pobres?’ (…) Então Jesus disse: ‘Deixem-na em
paz! Isto que ela fez serve para o dia do meu
enterro…” João 12 1-7

Mais uma vez, Marta servia, enquanto Maria, surpreende a todos


com uma atitude deveras especial para com Jesus.
Maria foi ousada! Ela revelou uma verdadeira paixão pelo seu
Mestre. Ela queria mostrar-lhe seu amor e não se intimidou por uma
sala cheia. Ela simplesmente derramou o seu tesouro ali.
É curioso que a oposição tenha surgido precisamente dentre os
discípulos de Jesus. Ainda hoje é muito frequente ouvirmos
comentários sobre alguém que fugiu dos paradigmas habituais, como
sendo exagero, emotividade ridícula.
Mas foi este gesto extravagante de Maria que levou à promessa
de Cristo de que ele jamais seria esquecido.
Outro aspecto importante deste acto relaciona-se com o seu
significado profético que provavelmente não foi percebido por ela
própria até que Jesus morresse na cruz. Aquilo que para Judas era
desperdiçar um perfume caro, foi, para Jesus, um acto movido pelo
Espírito Santo. Muito mais do que derramar um perfume caro sobre os
pés de Jesus, foi a preparação do seu corpo para a morte,
sepultamento e ressurreição.
Há que romper com preconceitos e ordens pré-estabelecidas, se
queremos dar lugar à actuação do Espírito Santo!
Mais uma vez, a atitude de Maria influencia os que estão perto
dela. Desta vez foi o perfume que ela derramou que fez com que toda
a casa ficasse a cheirar agradavelmente.
Quando o Espírito Santo nos dirige em adoração há um contágio,
uma envolvência que permite que todos, sem reservas se deixem
preencher pela doce fragrância da presença de Jesus em nossas
vidas.
Longe de ti não quero ficar,
Longe do teu amor não posso viver;
Leva-me até aquele lugar
De intimidade e comunhão.

Pelo teu espírito,


Leva-me, Senhor
Aos teus rios;
Leva-me em teus braços
Ao lugar secreto da adoração.

Teu coração desejo tocar,


Ver tua própria vida me envolver;
Em tua presença me derramar,
E mergulhar na tua unção.

Quebra todo jugo


No meu interior,
Rompe as cadeias,
Liberta-me, Senhor;
Quero ir mais fundo no teu amor.
5 – CONCLUSÃO

Cada um de nós é aquilo que Deus o criou para ser. Muitas


pessoas passam a sua vida a tentar imitar alguém de quem elas
gostam e que admiram, mas é só quando percebemos quem
realmente somos e aceitamos isso, que começamos a aproximarmo-
nos do plano de Deus para nós.
A adoração não está no gesto, mas o gesto traduz a nossa
adoração a Deus.
A presença de Deus na vida de alguém não tem que torná-la,
forçosamente, numa pessoa “esquisita”, embora por vezes os
grandes profetas, como João Baptista, tivessem comportamentos fora
dos padrões normais da sua comunidade. Seja qual for a
manifestação da adoração, a sua importância nunca deve ultrapassar
a de Cristo, na medida em que ele é o foco de toda a nossa adoração.
Maria personificou este equilíbrio entre o que sentiu e o que
manifestou. A sua adoração condizia com o seu estado de alma. Ela,
movida pelo Espírito, em diversas alturas, conseguiu virar-nos para
Jesus tão somente, e esse é um dos sinais que nos mostram que
estamos perante uma adoração genuína que exalta o Senhor.
Bibliografia

BÍBLIA SAGRADA (2000) – “A boa nova”, Tradução interconfessional


em português corrente, Lisboa, Sociedade Bíblica Portuguesa.
VALADÃO, Ana Paula (2002) – “Aprendendo com Maria”
[disponível em:] http://www.diantedotrono.com [Consultado
em:] 28-01-2003.

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