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O bote em Moro Uma ampla e estruturada a¢do hacker produz o mais feroz ataque desde o inicio da guerra contra o ex-juiz e a Lava Jato. Acusados aproveitam para tentar desqualificar a operacao. Investigadores acreditam tratar-se de uma investida profissional e suspeitam até de servicos secretos estrangeiros 14.06.19 gq FABIO SERAPIAO f¥9@ HW b 0:00/ 14:03 4) Em abril de 2014, semanas apos a Policia Federal prender quatro doleiros, entre eles o estrelado Alberto Youssef, a recém-batizada Operacao Lava Jato recebia o primeiro dos muitos ataques de que viria a ser alvo ao longo dos anos seguintes. Youssef encontrara um aparelho de gravacaéo de dudio na cela em que estava detido e muitos daqueles que viriam a aparecer no noticidrio envolvidos em esquemas de corrup¢do irrigados com dinheira lavado pelo doleiro se valeram da descoberta do suposto grampo ilegal para tentar invalidar a investigagao. Alguns meses adiante, em novembra, comecaram a circular posts publicados no Facebook por delegados da forca-tarefa de Curitiba e, a partir deles, criticos da operacdo levantaram a tese de que os investigadores miravam apenas politicos petistas. Era véspera da 7? fase da operacao, a Juizo Final, que devassou as principais empreiteiras do pais e reuniu provas para as dezenas de fases seguintes. Somadas a outros ataques de maior ou menor intensidade, realizados a luz ou nas sombras, essas investidas nao chegam nem perto do tamanho e da forca da Somadas 4 outros ataques de maior ou menor intensidade, realizadas a luz ou nas sombras, essas investidas ndo chegam nem perto do tamanho e da forca da anda de ataques surgida nos ultimos dias a partir de um conjunto de mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro, agora ministro da Justi¢a do governo Jair Bolsonaro, e o procurador Deltan Dallagnol. As mensagens, obtidas a partir de ac&o hacker que mirou os telefones pessoais de Moro, Deltan ¢ ao menos mais uma dezena de autoridades ligadas 4 Lava Jato, foram publicadas pelo site The Intercept. A publicacao informou ter obtido os dados de “fonte andnima” e que decidiu publicd-los por haver interesse publico nos didlogos. A despeito da discussdo sobre a origem ilegal do material, o vazamento uniu a turma cujos rastros criminosos foram mapeados pela operacao que desarticulou — e continua adesarticular - dezenas de organizacées criminosas pluripartidarias que sangraram os cofres publicos nas ultimas décadas. 0 burburinho sobre um possivel ataque aos celulares de autoridades ligadas a investigagao comecau ha pouco mais de um més, quando procuradores de Curitiba estranharam ligagdes recebidas por meio do aplicative de mensagens Telegram, uma variacao russa do WhatsApp que até entao era tida como um meio de comunicacao mais seguro que o concorrente. Aquela altura, 0 ex- procurador-geral da Republica Rodrigo Janot também percebeu que um hacker havia tentado invadir seu celular. Ainda nao havia ideia, porém, de que se tratava de uma agdo ampla e articulada. Nas semanas seguintes, foi a vez de integrantes da forca-tarefa no Rio de Janeiro perceberem algo de anormal. A desconfianca aumentou ainda mais na ultima terca-feira, 4, quando o prdéprio Moro confirmou publicamente que o celular que usava havia anos fora alvo de ataque. Na sexta- feira seguinte, o desembargador federal Abel Gomes, relator dos processos da Lava Jato no Rio que correm na segunda instancia, acionou a PF para investigar uma tentativa de invasdo de seu aparelha. Com a passar das horas, a lista so fez aumentar. A juiza Gabriela Hardt, que atuou como substituta de Moro em Cul a, integrantes do Conselho Nacional do Ministério Publico, e procuradores de Sado Paulo e Brasilia também disseram ter sido alvo dos ataques - que, aparentemente, miraram apenas autoridades costumeiramente atacadas pelos acusados na Lava Jato. Havia um modus operandi similar nas agGes. Moro e Janot, por exemplo, receberam ligacdes de seus proprios nuimeros. A principal suspeita até o momento é de que foi a partir do celular do ex-procurador-geral da Republica que os hackers obtiveram acesso ao aparelho de Deltan Dallagnol. O procurador Dallagnol as investigagdes apontam que 0 celular dele pade ter sido _acessado a partir da invasao a0 aparelho de janot As suspeitas de que havia uma acao orquestrada para invadir os celulares. go, 9, quando o Intercept publicou quatro textos com trechos de conversas de Dallagnol com integrantes ganharam corpo no inicio da noite do ultimo do da forca-tarefa da Curitiba e com o entao juiz Sergio Moro. Em resumo, as trocas. de mensagens, segundo o site, revelariam que o juiz orientou a atuacado dos procuradores, repassou informac6es é cobrou acées da forca-tarefa. Além disso, segundo o material publicado, os procuradores teriam conversado sobre a falta

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