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TEMAS LIVRES FREE THEMES


Abordagem do modelo transteórico
no comportamento alimentar

Transtheoretical model approach in eating behavior

Natacha Toral 1
Betzabeth Slater 1

Abstract The study of eating behavior has been Resumo O estudo do comportamento alimen-
much interest, as this is an essential element for tar tem despertado grande interesse por se tratar
the success of dietary interventions. In view of the de um elemento importante para o sucesso de
complexity of the subject and the countless influ- intervenções nutricionais. Considerando-se a
ences to which it is subject, it is suggested that an complexidade do tema e as inúmeras influências
in-depth exploration of eating behavior determi- a que está submetido, sugere-se que o aprofun-
nants enhances the impact of programs promot- damento de pesquisas sobre os determinantes do
ing healthy dietary practices. Increasingly more comportamento alimentar possibilite maior im-
frequent, the adoption of inadequate diets in Bra- pacto nas ações de promoção de práticas alimen-
zil and elsewhere in the world leads to questions tares saudáveis. A adoção cada vez mais freqüente
about the impact of dietary interventions tradi- de uma alimentação inadequada no Brasil e no
tionally applied to population groups. Many nu- mundo leva a um questionamento sobre o im-
tritional education strategies are currently de- pacto das intervenções nutricionais tradicional-
scribed in the literature; however, motivating mente utilizadas em âmbito populacional. Di-
people to change their eating habits is still a ma- versas estratégias de educação nutricional são
jor public health challenge. Applying the trans- atualmente descritas na literatura; contudo, al-
theoretical model seems to have a promising role cançar a motivação da população para uma
for an enhanced understanding of changes in eat- mudança efetiva do padrão alimentar ainda é
ing habits that are targeted by dietary interven- um dos grandes desafios para a saúde pública. A
tions. Strategies that are tailored to each step in aplicação do modelo transteórico parece ter um
these changes, as identified by this theory, can papel promissor em relação à melhor compreen-
motivate people more effectively to adopt health- são da mudança de comportamento alimentar,
ier eating habits. almejada nas intervenções nutricionais. Estra-
Key words Eating habits, Theories, Transtheo- tégias que envolvam o direcionamento para cada
retical model, Dietary interventions estágio de mudança de comportamento, identi-
1 Departamento de
Nutrição, Faculdade de
ficado segundo essa teoria, podem ser mais efica-
Saúde Pública, zes quanto à motivação dos indivíduos a adotar
Universidade de São Paulo. práticas alimentares mais saudáveis.
Av. Dr. Arnaldo 715,
Cerqueira César. 01246-
Palavras-chave Comportamento alimentar,
904. São Paulo SP. Teorias, Modelo transteórico, Intervenções nu-
natytb@usp.br tricionais
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Toral, N. & Slater, B.

Introdução o acesso aos alimentos. Porém, são observadas


outras implicações da condição financeira no
Uma busca crescente por maior compreensão do comportamento alimentar. Estudo recente reali-
comportamento alimentar individual ou de gru- zado por Drewnowski e Specter 5 mostrou que as
pos populacionais tem sido constantemente dietas saudáveis, caracterizadas pelo maior con-
observada na literatura. Este comportamento sumo de frutas, hortaliças, grãos integrais e car-
corresponde às atitudes relacionadas às práticas nes magras, são mais caras que as dietas caracte-
alimentares em associação a atributos sociocul- rísticas do padrão ocidental, ricas em alimentos
turais, como os aspectos subjetivos intrínsecos gordurosos e doces. Os autores afirmam que o
do indivíduo ou próprios de uma coletividade, acesso limitado a produtos de melhor qualidade
que estejam envolvidos com o ato de se alimen- nutricional pode inclusive ser analisado como um
tar ou com o alimento em si1. Destaca-se que, fator causal da obesidade.
para o melhor entendimento do tema, é indis- Em relação aos determinantes sociais do com-
pensável aprofundar o conhecimento dos deter- portamento alimentar, de Castro6 realizou uma
minantes do comportamento alimentar, os quais revisão sobre o impacto de diversos fatores no
incluem uma complexa gama de fatores nutricio- tamanho das refeições consumidas. A presença
nais, demográficos, sociais, culturais, ambientais de outras pessoas proporcionava um aumento
e psicológicos. significativo da quantidade consumida e do teor
calórico total da refeição. O autor levantou duas
hipóteses para explicar esse fato, denominado de
O comportamento alimentar “facilitação social”. Primeiro, a presença de ami-
e seus determinantes gos ou parentes, principalmente, poderia pro-
mover uma desinibição do indivíduo, levando-o
O peso e a imagem corporal do indivíduo são a comer mais. Em segundo lugar, a maior dura-
fatores nutricionais que influenciam seu compor- ção das refeições realizadas na presença de ou-
tamento alimentar. Isso porque tanto o excesso tros ocasionaria uma exposição prolongada do
de peso como a insatisfação com o próprio cor- indivíduo aos alimentos, propiciando também
po podem motivar a realização de restrições ali- um consumo maior. Verificou-se que o número
mentares. Calderon et al. 2 verificaram que 41,3% de pessoas presentes em cada refeição apresen-
dos adolescentes de uma escola pública america- tou uma correlação positiva com a quantidade
na afirmaram comer menos do que gostariam consumida, variando entre um aumento de 33%
de forma consciente para controlar o peso. Des- na presença de uma pessoa até 96% quando sete
taca-se que o início de tais práticas é observado ou mais pessoas estavam presentes6.
cada vez mais precocemente. No mesmo estudo, Do mesmo modo, fatores culturais estão en-
constatou-se que 15% dos participantes relata- volvidos nas práticas alimentares, como o vege-
ram ter aderido a dietas restritivas antes dos 11 tarianismo e algumas religiões, que preconizam
anos e 84% aos 14 anos. a seleção de determinados alimentos para o con-
Além da idade, outras características socio- sumo. O rigor das leis dietéticas judaicas exem-
demográficas são consideradas condicionantes plifica essa questão. Segundo a dieta kasher, é
do consumo alimentar, como sexo, etnia, escola- proibido o consumo de carne suína e carnes do
ridade e estado civil. Um estudo realizado com quarto traseiro, inclusive dos animais puros, além
1.450 adultos americanos demonstrou que, tan- da ingestão de ovos que contenham manchas de
to em homens quanto em mulheres, a escolari- sangue e a mistura de laticínios com carnes7.
dade apresentava uma associação positiva com Além disso, a política de globalização mundi-
o consumo de frutas e hortaliças3. Da mesma al facilitou o comércio de alimentos entre os pa-
forma, Havas et al.4 também constataram o pa- íses, internacionalizando práticas alimentares.
pel do nível educacional como preditor do con- Uma estratégia utilizada por grandes redes co-
sumo desses alimentos. Nesse estudo, que envol- merciais de fast foods é possibilitar o acesso a ali-
veu 3.122 mulheres, observou-se também que o mentos com as mesmas características em diver-
fato de ser negra, estudante, gestante ou lactante sos locais do mundo, de forma a isentar os indi-
e não ser tabagista foi associado a um consumo víduos da necessidade de se realizarem novas es-
maior de frutas e hortaliças. colhas na sua alimentação8. Entre países de con-
Freqüentemente, a renda é considerada um tinentes distintos, são observadas diferenças nas
delimitador das escolhas alimentares, no sentido quantidades consumidas, na composição, no fra-
da escassez de recursos disponíveis para permitir cionamento da dieta e no padrão de consumo
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em relação à distribuição diurna ou noturna das crição do ambiente promotor da obesidade, isto
refeições6. é, aquele que apresenta acesso amplo e facilitado
Diversos estudos têm investigado a influên- a alimentos de alta densidade energética, pobres
cia de aspectos psicológicos no consumo alimen- em micronutrientes, normalmente consumidos
tar. Os itens geralmente avaliados incluem o co- em estabelecimentos fora do âmbito familiar14.
nhecimento e as crenças sobre as características Considerando o exposto, é possível afirmar
de uma alimentação saudável, a atitude frente à que o comportamento alimentar é determinado
dieta, o reconhecimento dos seus benefícios e das por diversas influências, que incluem aspectos
barreiras encontradas para adotá-la, a disponi- nutricionais, demográficos, econômicos, sociais,
bilidade de um suporte social que favoreça práti- culturais, ambientais e psicológicos de um indi-
cas adequadas e a responsabilidade sobre com- víduo ou de uma coletividade. A interação exis-
pra e preparo das refeições9,10,11,12. tente entre as dimensões cognitivas e emocionais
Uma pesquisa com amostra representativa que estão envolvidas no comportamento alimen-
da Inglaterra mostrou que as atitudes relaciona- tar torna-se, portanto, evidente. Verifica-se que
das a uma alimentação saudável eram elementos os inquéritos alimentares utilizados atualmente
essenciais na diferenciação entre consumidores referem-se apenas ao primeiro componente da
com alta ou baixa ingestão de frutas e hortaliças, referida interação, ou seja, restringem-se a uma
inclusive mais importantes do que o conhecimen- caracterização racional da dieta, desconsideran-
to dos indivíduos sobre as características de uma do os demais componentes de uma prática tão
dieta adequada12. No estudo realizado por Ha- complexa como a alimentar. Dessa forma, o es-
vas et al.4, as variáveis psicológicas associadas sig- tudo aprofundado do tema requer uma aborda-
nificativamente à maior ingestão de frutas e hor- gem interdisciplinar, que inclua aspectos própri-
taliças foram o conhecimento correto sobre a os de diferentes áreas do conhecimento científi-
recomendação de consumo, a menor percepção co, provenientes da Nutrição, Antropologia, Eco-
de barreiras para aumentar o consumo, as atitu- nomia, Sociologia e Psicologia.
des mais positivas frente à alimentação e o maior
suporte social para essa prática.
Outro fator psicológico comumente avalia- O conhecimento sobre comportamento
do em estudos de comportamento alimentar é a alimentar em pesquisas de nutrição
auto-eficácia do indivíduo. Este termo corres-
ponde à confiança que ele tem em si mesmo em O interesse na investigação sobre o comporta-
relação à sua habilidade para fazer escolhas sau- mento alimentar baseia-se na possibilidade de
dáveis em determinadas situações, por exemplo, aumentar a efetividade de intervenções nutricio-
optar por frutas em vez de doces, consumir ali- nais1. Acredita-se que à medida que se conhecem
mentos saudáveis quando está fora de casa e co- melhor os determinantes do comportamento ali-
mer em quantidades moderadas na presença dos mentar, seja de um indivíduo ou de um grupo
amigos. populacional, aumentem as chances de sucesso e
Um estudo norte-americano avaliou a auto- o impacto de uma ação de promoção de práticas
eficácia de 242 estudantes adolescentes para a re- alimentares saudáveis15.
alização de determinadas escolhas alimentares Segundo Buttriss11, o aspecto mais impor-
saudáveis13. Foi demonstrado que maiores ní- tante na promoção da saúde provavelmente é
veis de auto-eficácia associavam-se a um consu- tornar o indivíduo capaz de traduzir as inúme-
mo menor de alimentos ricos em açúcares em ras informações sobre nutrição a que ele está ex-
ambos os sexos e menor consumo de alimentos posto em informações práticas sobre quais ali-
gordurosos entre meninos. No estudo de Havas mentos deve escolher para garantir uma alimen-
et al. 4, também se observou uma associação en- tação saudável. Da mesma forma, o fornecimento
tre a auto-eficácia e as práticas alimentares. Foi de informações explicaria apenas racionalmente
verificado que o escore de auto-eficácia das mu- uma mudança no comportamento alimentar1.
lheres avaliadas relacionava-se de forma signifi- Contudo, é importante destacar que o forne-
cativa ao consumo de frutas e hortaliças. cimento de informações sobre qualquer compor-
O ambiente tem sido considerado como uma tamento de saúde é fundamental nas atividades
grande influência do comportamento alimentar, educativas. O conhecimento contribui para sus-
principalmente em estudos epidemiológicos so- tentar ou desenvolver novas atitudes; é o com-
bre a obesidade. Na literatura, observa-se inclu- ponente racional necessário para motivar uma
sive a utilização do termo “obesogênico” na des- ação desejada. Apesar do fornecimento de infor-
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mações não ser um motivador incondicional das dos dois tipos de motivação para uma mudança
ações visadas, não há ação que ocorra sem moti- de comportamento: a intrínseca e a extrínseca. A
vação e a motivação não ocorre sem que haja a motivação intrínseca é aquela que surge do indi-
formação de uma base de experiências prévias, víduo, abrange seus desejos, necessidades e me-
construídas a partir de informações recebidas16. tas e é estabelecida a partir do desejo de se alcan-
Stables et al.17, de fato, verificaram que a cons- çar uma recompensa interna. Exemplos de moti-
ciência e o conhecimento sobre as recomenda- vações internas são os desejos de ter uma boa
ções dietéticas são preditores significativos da mu- saúde, de prevenir doenças ou de perder peso. Já
dança de comportamento alimentar. Os autores a motivação extrínseca é uma resposta a recom-
conduziram um estudo nos Estados Unidos so- pensas ou punições externas ao indivíduo e inclui
bre a influência do conhecimento do programa o suporte social recebido e possíveis recompen-
5-A-Day for a Better Health no consumo alimen- sas materiais. As orientações médicas para o con-
tar e observou-se que aqueles que conheciam as trole de uma patologia são exemplos de uma
mensagens veiculadas pelo programa consumi- motivação extrínseca, bem como as queixas de
am em média 1,5 porções a mais de frutas e hor- familiares em ocasiões sociais sobre o consumo
taliças quando comparados aos que desconheci- alimentar de um indivíduo, que podem atuar tan-
am tais informações. to de forma positiva como negativa, isto é, po-
Por outro lado, ressalta-se que o objetivo de dem estimular ou prejudicar a realização de mu-
uma intervenção nutricional não é apenas o for- danças no comportamento alimentar 3, 21.
necimento de informações, mas o alcance de uma Estudo realizado com 1.700 consumidores do
modificação no comportamento alimentar18. Este Reino Unido constatou que as principais razões
representa o grande desafio a ser enfrentado: que estimulavam a adoção de práticas alimenta-
transformar o conhecimento científico e as reco- res saudáveis eram o desejo de melhorar o esta-
mendações dietéticas em mudanças efetivas no do geral de saúde (60%), motivos pessoais de
comportamento alimentar19. saúde (20%), perda de peso (34%), matérias vei-
Há evidências de que intervenções nutricio- culadas em revistas (11%), na televisão ou no
nais apresentam maior efetividade quando são rádio (10%) e a pressão exercida pelo cônjuge ou
pautadas no comportamento, nas necessidades e parente (9%)11. Observa-se que há um relato
crenças da população-alvo. Brug et al. 20 desen- mais freqüente de fatores intrínsecos do que ex-
volveram um programa de educação nutricional trínsecos como motivação para modificações
individualizado, por meio da utilização do com- dietéticas.
putador, com o objetivo de melhorar o consumo Foi observado que as motivações intrínseca e
alimentar de 347 trabalhadores de Amsterdã. O extrínseca não afetam o comportamento alimen-
direcionamento das mensagens baseava-se nas tar da mesma forma. Verifica-se que apenas a
informações coletadas num processo de triagem motivação intrínseca é um preditor da adoção
sobre o consumo alimentar e em três fatores psi- de dietas ricas em fibras, frutas e hortaliças e
cossociais: atitudes, influência social e auto-eficá- pobres em gordura3. Portanto, as estratégias de
cia dos participantes. Observou-se que aqueles intervenção nutricional devem focalizar esse tipo
que receberam a intervenção individualizada apre- de motivação para estimular hábitos alimenta-
sentaram uma redução no consumo de gordura res saudáveis.
e demonstraram atitudes e intenções positivas
frente à adoção de hábitos alimentares saudáveis.
Para que o indivíduo modifique de fato suas A percepção das práticas alimentares
práticas alimentares, é necessária uma internali-
zação da justificativa para uma mudança em seus As dificuldades para se motivar os indivíduos a
costumes1. Esse processo é caracterizado pela mo- alterar o seu consumo alimentar têm sido muito
tivação exigida para adotar uma alimentação sau- estudadas, devendo-se considerar a gama de fa-
dável. Segundo Buttriss11, quando há uma ten- tores envolvidos nesse comportamento. Uma das
tativa de mudar práticas alimentares em um de- maiores barreiras para a prática de mudanças
terminado grupo, é essencial o conhecimento na dieta é a crença de que não há necessidade de
sobre os fatores que motivam os indivíduos ou alteração dos hábitos alimentares, decorrente, na
evitam que os mesmos realizem modificações em maioria das vezes, de uma interpretação errada
suas dietas. do próprio consumo. Há uma tendência dos in-
A motivação refere-se ao processo de esti- divíduos, especialmente entre aqueles com dietas
mular o indivíduo a agir. Assim, são identifica- inadequadas, serem muito otimistas quanto aos
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aspectos saudáveis de sua alimentação20. Estudo Corresponde a uma base para o planejamento,
realizado com 14.331 indivíduos a partir de 15 implementação e avaliação de intervenções, pos-
anos d idade da União Européia mostrou que sibilitando respostas ao por quê, o que e como
mais de 70% destes afirmaram não ser necessá- estas devem ocorrer. Isto é, uma teoria deve, por
rio alterar seu consumo alimentar, tendo em vis- exemplo, orientar a busca pelo por quê das reco-
ta que julgavam sua alimentação como suficien- mendações de saúde pública não estarem sendo
temente saudável22. Resultados semelhantes fo- seguidas, o que os pesquisadores devem saber
ram encontrados na Ucrânia, onde 53% da po- antes da organização dos programas intervenci-
pulação fizeram a mesma afirmação23. Em uma onais ou o que devem monitorar, medir ou com-
amostra representativa da população adulta ca- parar na avaliação de programas já existentes e
nadense, observou-se que 43% dos entrevista- como desenvolver estratégias que tenham real
dos classificaram seus hábitos alimentares como impacto no grupo-alvo. Teorias são, portanto,
excelentes ou muito bons24. ferramentas que podem auxiliar na compreen-
Contudo, restam dúvidas quanto aos reais são de diversos comportamentos de saúde e su-
meios que a população dispõe para avaliar sua gerir meios de alcançar mudanças nos mesmos.
própria dieta e se as supostas alterações dietéti- Apesar de diversas teorias estarem baseadas nas
cas realizadas para a adoção de hábitos saudá- mesmas idéias gerais, cada teoria emprega um
veis correspondem às recomendações dos guias vocabulário único para articular fatores específi-
alimentares. Tal fato é sustentado também pelo cos que são considerados importantes27.
aumento da incidência e prevalência de doenças Tendo em vista a complexidade da maioria
crônicas não-transmissíveis associadas à alimen- dos comportamentos de saúde, acredita-se que
tação, quadro característico da transição nutri- dificilmente uma única teoria seja suficiente para
cional que ocorre em todo o mundo25. explicá-los. Portanto, são utilizados modelos teó-
Esses dados representam um desafio para os ricos, os quais correspondem a um conjunto de
profissionais de saúde em relação à busca de in- teorias que facilitam o entendimento de um pro-
tervenções de sucesso, as quais sejam capazes de blema específico em um contexto particular. Ob-
mobilizar os indivíduos para a adoção de práti- serva-se na literatura científica um número cres-
cas alimentares saudáveis. Um dos determinan- cente de teorias e modelos teóricos que envolvem
tes para que os indivíduos levem em considera- comportamentos de saúde, entre os quais se des-
ção os comportamentos relacionados à saúde é taca a utilização do modelo transteórico21, 27.
a percepção e a convicção do indivíduo de que a
ação recomendada reduziria a ameaça à sua saú-
de21, 26. Pode-se inferir, portanto, que reconhecer O modelo transteórico
a necessidade de alteração dos hábitos alimenta-
res é um requisito fundamental para iniciar uma Diversos estudos ressaltam que o modelo trans-
mudança dietética, o que é válido tanto para adul- teórico pode ser considerado um instrumento
tos como para adolescentes. promissor de auxílio à compreensão da mudan-
ça comportamental relacionada à saúde. O mes-
mo foi desenvolvido por dois pesquisadores nor-
Modelos teóricos te-americanos, James O. Prochaska e Carlo Di-
para comportamentos de saúde Clemente, na década de 80, mediante estudos
com tabagistas. Na época, foi observado que
Destaca-se a necessidade de incluir dois fatores muitos fumantes conseguiam abandonar o vício
importantes nos programas de intervenção nu- sem auxílio de psicoterapia, enquanto outros
tricional que visam à mudança do comporta- somente tinham sucesso com esse tipo de trata-
mento alimentar. O primeiro ponto correspon- mento. O estímulo para as pesquisas que culmi-
de ao treinamento profissional para aquisição naram na elaboração do modelo foi a hipótese,
de habilidades técnicas que motivem os indiví- posteriormente confirmada, de que existiam prin-
duos no sentido desejado. O segundo aspecto é a cípios básicos que explicariam a estrutura da
utilização e integração de modelos teóricos no mudança de comportamento que ocorria na pre-
planejamento dessas ações 21. sença ou não de psicoterapia 28.
Uma teoria pode ser definida como um con- Deste então, o modelo transteórico tem sido
junto de conceitos, definições e proposições que aplicado a outros comportamentos além do ta-
apresentam uma visão sistemática de eventos ou bagismo, como alcoolismo, uso de drogas, ma-
situações de forma a explicá-los ou predizê-los. nifestação de distúrbios de ansiedade e pânico,
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realização de mamografia, prática de atividade ação desejada29, 32. Refere-se, por exemplo, ao in-
física, modo de exposição solar e para o planeja- divíduo que reconhece que tem um padrão ali-
mento de estratégias de prevenção de diferentes mentar pouco saudável, mas acredita que a falta
tipos de câncer, de gravidez não-planejada, de de tempo, o preço ou o sabor desagradável de
HIV/AIDS, entre outras situações29. Mais recen- alimentos tidos como saudáveis não possibili-
temente, observa-se sua utilização na área da tam a adoção de uma dieta adequada.
mudança alimentar, focalizando diferentes aspec- O indivíduo em decisão, estágio também de-
tos: consumo de gordura, frutas, hortaliças, fi- nominado preparação, pretende alterar seu com-
bras e cálcio, além de estratégias dietéticas para o portamento num futuro próximo, como no pró-
controle do peso e do diabetes30. ximo mês. Geralmente, após ter superado tenta-
O modelo transteórico utiliza estágios de tivas anteriores frustradas, são realizadas peque-
mudança para integrar processos e princípios de nas mudanças e um plano de ação é adotado,
mudança provenientes das principais teorias de ainda sem assumir um compromisso sério com
intervenção, o que explica o prefixo “trans” de sua o mesmo29. Considerando-se uma mudança no
nomenclatura29. Freqüentemente, é também de- comportamento alimentar, sugere-se que uma
nominado modelo de estágios de mudança de com- expressão característica desse estágio seja mani-
portamento. De acordo com esse modelo, as alte- festar o seguinte desejo: “na próxima segunda-
rações no comportamento relacionado à saúde feira, começarei a dieta”.
ocorrem por meio de cinco estágios distintos: pré- Já os indivíduos em ação correspondem àque-
contemplação, contemplação, decisão, ação e les que alteraram de fato seu comportamento,
manutenção28. Cada estágio representa a dimen- suas experiências ou seu ambiente de modo a
são temporal da mudança do comportamento, superar as barreiras antes percebidas. Tais mu-
ou seja, mostra quando a mudança ocorre e qual danças são visíveis e ocorreram recentemente,
é seu grau de motivação para realizá-la31. como nos últimos seis meses. Trata-se de um
No estágio de pré-contemplação, a mudança estágio que exige grande dedicação e disposição
comportamental ainda não foi considerada pelo para evitar recaídas29. Por exemplo, um indiví-
indivíduo ou não foram realizadas alterações no duo que reduziu seu consumo de alimentos gor-
comportamento e não há intenção de adotá-las durosos, visando à melhora do perfil lipídico, e
num futuro próximo (considerando-se, geral- passa a reconhecer os primeiros benefícios da
mente, seis meses). Tal situação pode ser decor- modificação de suas práticas anteriores poderia
rente da falta de informações corretas sobre as ser classificado em ação.
conseqüências de seu comportamento ou refere- No estágio de manutenção, o indivíduo já
se à situação na qual o indivíduo já realizou diver- modificou seu comportamento e o manteve por
sas tentativas frustradas de alterar suas atitudes e mais de seis meses. O foco daqueles assim classi-
atualmente não acredita mais em sua capacidade ficados é prevenir recaídas e consolidar os gan-
para modificá-las de forma efetiva. Ou seja, os hos obtidos durante a ação. Cabe ressaltar que
indivíduos nesse estágio reconhecem a solução, não se trata de um estágio estático, tendo em
mas não reconhecem o problema. Estes tendem a vista que há uma continuação da mudança de
apresentar maior resistência, pouca motivação e comportamento iniciada no estágio anterior28.
são classificados como não prontos para os pro- Em relação à alimentação, poderia corresponder
gramas de promoção de saúde28, 29. Em relação a um adulto que passou por uma reeducação
ao comportamento alimentar, este estágio cor- alimentar e adotou uma dieta saudável há mais
responde àqueles que não reconhecem suas prá- de um ano.
ticas alimentares inadequadas ou não dispõem Há uma tendência de analisar os estágios de
da motivação necessária para alterá-las. mudança de comportamento como uma seqüên-
No estágio de contemplação, o indivíduo co- cia estática e linear. Contudo, observa-se que
meça a considerar a mudança comportamental. freqüentemente indivíduos classificados em ação
Isto é, pretende-se alterar o comportamento no não conseguem manter suas estratégias na pri-
futuro, mas ainda não foi estabelecido um prazo meira tentativa, o que promove uma nova classi-
para tanto. O indivíduo, portanto, reconhece que ficação do indivíduo em estágios anteriores. Isto
o problema existe, está seriamente decidido a é, a ocorrência de recaídas é comum e leva a uma
superá-lo, mas ainda não apresenta um com- evolução dinâmica e a um delineamento em espi-
prometimento decisivo. Nesse estágio, há conhe- ral do modelo de estágios de mudança 28.
cimento dos benefícios da mudança, mas diver- A classificação dos indivíduos nos estágios
sas barreiras são percebidas, as quais impedem a de mudança de comportamento é realizada por
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um algoritmo, um questionário que compreen- fato do modelo ter sido delineado visando à inter-
de um número limitado de perguntas reciproca- pretação e intervenção sobre o comportamento
mente exclusivas. Apesar das diferenças entre os de indivíduos; esse fato pode ser considerado um
algoritmos aplicados em diferentes pesquisas, foi entrave para a aplicação do mesmo em atividades
observado que os indivíduos classificados nos de educação nutricional destinadas a coletividades.
estágios mais avançados apresentavam um con- Porém, estudos de intervenção baseados no mo-
sumo menor de gordura e maior de frutas, hor- delo transteórico realizados em grupos populaci-
taliças e fibras32, 33. onais têm mostrado resultados satisfatórios15, 35.
Trudeau et al.3 demonstraram que indivíduos Ressalta-se também que o modelo transteó-
no estágio de manutenção consumiam 0,99 e 0,68 rico engloba a avaliação de outras dimensões do
porções diárias a mais de frutas e hortaliças res- comportamento, além dos estágios de mudança,
pectivamente em comparação com aqueles nos tais como os processos de mudança, o equilíbrio
estágios de mudança alimentar anteriores ao da de decisões e a auto-eficácia do indivíduo. Os pro-
ação. Outro estudo realizado entre chineses mo- cessos de mudança possibilitam a compreensão
radores de Singapura investigou os fatores que sobre como a mudança de comportamento ocor-
influenciavam o consumo de cereais e constatou- re entre os estágios. À medida que o indivíduo
se que 89% da amostra que apresentava consu- modifica seu comportamento, são identificados
mo inadequado de cereais foram classificados nos dez processos de mudança, a saber: aumento da
estágios anteriores aos de ação e 75% dos que consciência, alívio dramático, auto-reavaliação,
apresentavam consumo adequado de grãos esta- autolibertação, relacionamentos de auxílio, con-
vam nos estágios de ação ou de manutenção34. dicionamento contrário, administração de con-
Na União Européia, 52% dos indivíduos fo- tingências, controle dos estímulos e liberação so-
ram classificados no estágio de pré-contempla- cial. No equilíbrio de decisões, o indivíduo avalia
ção, o que, segundo de Graaf et al.32, revela que a os prós e os contras da mudança de comporta-
maioria dos europeus não considerava a possi- mento. A auto-eficácia envolve a confiança que o
bilidade de alteração dos seus hábitos alimenta- indivíduo tem em si mesmo para superar situa-
res para adotar práticas mais saudáveis. No ções de desafio em sua mudança comportamen-
mesmo estudo, observou-se que as mulheres e tal e a habilidade de enfrentar as tentações con-
os indivíduos de nível educacional mais elevado trárias a uma modificação saudável28,29,30.
tendiam a ser classificados no estágio de manu- Contudo, observa-se que a maioria dos es-
tenção, enquanto que os homens e os indivíduos tudos que utilizam o modelo transteórico no
de baixa escolaridade apresentavam uma tendên- comportamento alimentar não incluem as di-
cia maior de estar nos estágios mais precoces. mensões citadas acima, restringindo-se apenas à
classificação dos estágios de mudança32,33,34. Isso
se deve à dificuldade de integração de todos os
Limitações do uso do modelo transteórico componentes entre os estágios29. Além disso, não
no comportamento alimentar foram desenvolvidos até o momento instrumen-
tos capazes de avaliar com precisão tais compo-
É importante destacar as dificuldades encontra- nentes do modelo quanto às diferentes práticas
das na aplicação do modelo transteórico, devido alimentares. Acredita-se também na influência do
à complexidade que o tema envolve. Sabe-se que fato de que a aplicação deste no comportamento
o comportamento alimentar consiste no consu- alimentar é relativamente recente, o que exige o
mo de no mínimo centenas de alimentos e bebi- aprofundamento de pesquisas no tema.
das. Por outro lado, o tabagismo, comportamen-
to no qual se baseou o desenvolvimento da teo-
ria em questão, envolve o consumo de apenas Intervenções nutricionais
um item, o cigarro15, 32. Além disso, deve-se con- e o uso do modelo transteórico
siderar que o tratamento do tabagismo preconi-
za o abandono do vício, isto é, a eliminação de De Graaf et al.32 avaliaram as principais influên-
determinada prática. Contudo, uma interven- cias na escolha alimentar entre consumidores da
ção nutricional não pode eliminar a prática “ali- União Européia e observaram que os indivíduos
mentação”. Deve-se, obviamente, mantê-la, mas no estágio de pré-contemplação consideravam o
modificá-la, de modo a que esta se torne mais sabor dos alimentos como o fator mais impor-
saudável e adequada para o indivíduo. tante, enquanto que no estágio de manutenção
Outra limitação importante corresponde ao os indivíduos consideravam a saúde como fator
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principal. Isso sugere que aqueles em pré-con- Conclusão


templação podem ser beneficiados principalmen-
te com mensagens educativas que demonstrem a A avaliação do consumo alimentar, bem como os
importância de uma dieta saudável; já para as guias alimentares atuais, não contempla as di-
pessoas no estágio de manutenção, a estratégia mensões cognitiva e emocional que estão envolvi-
pode ser o fornecimento de informações mais das no comportamento alimentar. Uma aborda-
detalhadas e práticas, como receitas saudáveis e gem holística é imprescindível para enfrentar o
conhecimentos específicos sobre nutrição. desafio de motivar os indivíduos para a adoção
As intervenções nutricionais tradicionalmen- de uma alimentação saudável. Portanto, a ampli-
te utilizadas partem do pressuposto de que os ação do conhecimento sobre os inúmeros deter-
indivíduos estão prontos para a ação, isto é, para minantes do comportamento alimentar é uma
uma mudança do seu comportamento alimen- importante ferramenta para superar o desafio de
tar, o que tem se mostrado insustentável na mai- transformar informações científicas de nutrição
oria das situações. Acredita-se que os progra- em mudanças reais das práticas alimentares.
mas de educação nutricional possam ser benefi- Considerando-se o impacto do comporta-
ciados caso considerem os diferentes estágios de mento alimentar na saúde, verifica-se a necessi-
mudança comportamental, tendo em vista que dade do desenvolvimento de estratégias de inter-
cada um deles corresponde a diferentes atitudes venção nutricional de sucesso para a adoção de
e percepções perante a nutrição e a saúde. Dessa práticas alimentares saudáveis em nível popula-
forma, o desenvolvimento de intervenções espe- cional. Sugere-se que a identificação dos diferen-
cíficas para cada estágio de mudança de com- tes estágios de mudança de comportamento seja
portamento alimentar pode proporcionar mai- o passo inicial para tanto. Tal classificação possi-
or eficácia quanto à motivação dos indivíduos a bilita a formulação e aplicação de programas de
adotar e manter o comportamento alterado. educação nutricional específicos, de modo a pro-
mover maior estímulo e motivação para a mu-
dança de práticas alimentares inadequadas e pro-
piciar uma qualidade de vida adequada em lon-
go prazo.
1649

Ciência & Saúde Coletiva, 12(6):1641-1650, 2007


Colaboradores Referências

N Toral realizou a revisão bibliográfica e redigiu 1. Garcia RWD. A comida, a dieta, o gosto – mudanças
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