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PODERJUDICIARIO DA UNIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
l 2 a VARA
DECISÃO
SÉRGIO LÚCIO SILVA DE ANDRADE em razão da suposta prática das condutas tipificadas
no artigo 288 do Código Penal; artigo 2°, §4°, II, da Lei nr. l 2.850/201 3; artigo 90 da Lei
8666/93, artigo 317, §1°, do Código Penal, artigo 1° da Lei 9.613/98; artigo 333 c/c o
§1°, do Código Penal, na forma do artigo 71, todos na forma do artigo 69 do Código
Penal Brasileiro.
que apesar da divisão fática, as denúncias ofertadas nestes autos e nos autos das ações
causa visto que a narrativa do Ministério Público Federal está amparada em declarações
assere que o suposto acordo de mercado envolvendo a obra do Estádio Nacional já estava
consolidado antes de a VIA ENGENHARIA fazer parte do consórcio que venceu a licitação.
Afirma que o crime de corrupção ativa, assim como as demais condutas, está amparado
denúncia, que o suposto crime de corrupção ativa atribuído ao réu seria decorrente do
descrição do ato de ofício que deu ensejo à suposta corrupção. Afirma que a denúncia
típica das condutas. Assere que a denúncia não apresenta informação relativa à ocultação
de 2013, vez que inexiste qualquer menção ao seu nome antes de tal marco temporal.
Alega preliminar de ausência de justa causa face à atipicidade dos fatos quanto à
corrupção passiva envolvendo o acusado JOSÉ ROBERTO ARRUDA vez que o mandato de
de 201 3/2014. Alega que a denúncia, formulada em desacordo com a base fática que lhe
deu suporte, não aponta qualquer vínculo de estabilidade e permanência entre o acusado
passiva narrado na denúncia se amolda ao tipo penal descrito no artigo 350 do Código
político do acusado. Aduz a ausência de affectio criminis societatis na narrativa dos fatos
vertical da suposta organização criminosa. Assere que a denúncia não descreve a divisão
de tarefas entre os membros nem a sua forma de atuação dentro da suposta organização
tipificado no artigo 288 do Código Penal em razão da citada prisão cautelar. Em relação
passou por severa análise do TCDF e Poder Judiciário. Assere a inexistência de reunião na
residência oficial em 2009 com Clóvis Primo. Alega não ter tido ciência acerca de
na sala 903 do edifício América Office Tower. Afirma não ter desempenhado qualquer
papel, direto ou indireto com o objetivo de contratar o escritório Castro Mello. Aduz a
CPB vez que no ano de 201 3 o réu não poderia demandar propina retroativa em razão da
referente a fato pretérito. Aduz a incompetência do Juízo visto que a suposta corrupção
ativa se amoldaria ao tipo descrito no artigo 350 do Código Eleitoral tendo em vista que a
própria denúncia consigna que "a data da assinatura (02/05/2014) vincula-se ao período
pré-eleitoral da campanha para Governador do DF, para qual ARRUDA pediu "apoio
financeiro" à A.G." Afirma não ter conhecimento à respeito do suposto pagamento de dois
milhões de reais ao acusado SÉRGIO LÚCIO SILVA DE ANDRADE em seu nome. Sustenta
infração de natureza eleitoral visto que a denúncia consigna que "Carlos José de Souza
realizou 06(seis) pagamentos a SÉRGIO LÚCIO no Estádio Mane Garrincha com valores
oriundos do caixa 2 da AG." Afirma a inépcia da inicial bem como a ausência de justa
causa no que concerne a doação à Paróquia São Pedro. Anota que não era governador à
época das doações à igreja - l 0.05.201 O e 31.1 0.201 O - inexistindo nos autos qualquer
Afirma que a denúncia não aponta as circunstâncias em que teriam sido solicitadas as
entre a doação realizada e uma suposta ação do acusado. Alega, quanto à imputação do
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crime de lavagem de dinheiro, que trata-se de crime impossível vez que o acusado não
foi contratado pela ANDRADE GUTIERREZ S/A em 2014, para assessorá-la no exame de
que o fato imputado ao acusado - datado de 2014 -- não implica qualquer tipo de
associação criminosa, vez que inexiste vínculo com os demais denunciados, à exceção de
delitos de corrupção passiva e lavagem de dinheiro afirma que a acusação está amparada
aduz que o Supremo Tribunal Federal consolidou orientação de que o ato que gera o
produto do crime antecedente não pode constituir a lavagem de dinheiro. Alega que a
escamoteamento consciente de bens e valores bem como não aponta dado objetivo capaz
dinheiro, teriam como destinatário o denunciado JOSÉ ROBERTO ARRUDA. Aduz excesso
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mesmo atos autónomos de branqueamento de capitais. Aduz que mesmo que a descrição
contida na denúncia quanto a lavagem de dinheiro fosse pertinente, ainda assim não se
contrato de honorários advocatícios. Alega a ausência de justa causa para a ação penal
7. É o relato necessário.
FUNDAMENTO E DECIDO.
estatal tendo em visa o transcurso de mais de 08(oito) anos entre a data dos fatos
a sua configuração.
"(...)
com o delito previsto no art. 89 da Lei n. 8.666/1993, o art. 90 desta lei não
cumpriu a sua finalidade, tanto que o processo chegou ao seu fim natural.
Inepta seria a peça cujo vício de narrativa fosse tão grave que impossibilitasse
havendo prova alguma de que teriam praticado o fato induzidos pelo parecer
2622-1 1.2011.4.01.3813).
11. Esclareço que em relação ao réu JOSÉ ROBERTO ARRUDA, não há que
se falar em prescrição quanto ao crime acima referido porquanto, por ocupar o cargo de
Governador do Distrito Federal, à época dos fatos, em tese, incide a causa de aumento
prevista no artigo 327, §2°, do Código Penal (STF: Inquérito n. 2.606/MT, Plenário).
com o disposto nos artigos 109, inciso IV e 117, inciso l do Código Penal e artigo 61 do
mera irregularidade que poderá ser sanada a qualquer momento no curso do processo,
sendo certo que este Juízo, inclusive, solicitou a mídia ao Ministro Edson Facchin do
tratarem de supostos crimes eleitorais, ressente-se de amparo legal. Isso porque, não há
elementos nos autos que permitam concluir pela inexistência de crimes comuns e tão
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corrupção ativa e passiva e narrou ter sido a vantagem ilícita recebida, também, por meio
criminal.
licitude, depende de provas e dever ser objeto da instrução no curso da ação penal.
modo objetivo e claro de forma a viabilizar a ampla defesa e o contraditório. É certo que
dos envolvidos, o que deverá ser comprovado no curso da instrução criminal: "Admite-se
a denúncia geral, em casos de crimes com vários agentes e condutas ou que, por sua
própria natureza, devem ser praticados em concurso, quando não se puder, de pronto,
desde que os fatos narrados estejam suficientemente claros para garantir o amplo
29/10/2007).
recebimento da denúncia. Nesse sentido, registro "No exame das condições da ação e/ou
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da justa causa para o exercício da ação criminal, não se mostra imprescindível a obtenção
19. Ainda que assim não fosse, na linha do julgado proferido nos autos
colhidos em colaboração premiada não é prova por si só eficaz, tanto que descabe
condenação lastreada exclusivamente neles, nos termos do art. 4°, § 16, da Lei
12.850/2013. São suficientes, todavia, como indício de autoria para fins de recebimento
da denúncia (Inq 3.983, Rei. Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, Dje de 12.05.2016)."
Juízo acolheu a alegação de litispendência formulada pela defesa nos autos da ação penal
formulado.
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criminosa, deverá ser realizada por ocasião da prolação da sentença, não sendo este o
conduta tipificada no artigo 317 do CPB sob o argumento de que o réu JOSÉ ROBERTO
ARRUDA, desprovido de cargo público no ano de 201 3, não teria como demandar propina
retroativa em razão da função por ato supostamente ocorrido em 2009 tendo em vista o
absolvição sumária (artigo 397 do Código de Processo Penal). As defesas não trouxeram
denúncia.
Comes Silva Filho, Júlio César de Azevedo Reis, Murilo Santos e Silva e Moacir Anastácio
de Carvalho.
Primo, Flávio Gomes Machado Filho, Carlos José de Souza, Roberto Xavier de Castro
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Processo n° 1229-82.2018.4.01.3400
Júnior, Ricardo Curti Júnior, Eduardo Alcides Zanelatto, João Marcos de Almeida da
Fonseca, Marcus Vinícius Dutra Moresi e Igor Andrade Fonseca Homem mediante
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