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24/05/2019 Barbara Bruns: "O Brasil não atrai talentos para a carreira de professor" - ÉPOCA | Vida

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VIDA

Barbara Bruns: "O Brasil não atrai talentos para a carreira de professor"
Economista-chefe do Banco Mundial diz que a baixa qualidade dos docentes impede avanços na qualidade da educação do país
CAMILA GUIMARÃES
15/11/2014 - 10h00 - Atualizado 15/11/2014 10h25

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A baixa qualidade do professor na América Latina é a principal limitação para o avanço da educação nos
países da região, incluindo o Brasil. A qualidade dos docentes é comprometida por um fraco domínio do
conteúdo acadêmico e por falta de habilidade na prática de sala de aula. Essa é uma das principais
conclusões do estudo Professores Excelentes: Como Melhorar a Aprendizagem dos Estudantes da América
Latina e do Caribe, do Banco Mundial, que será lançado em livro, em português, no final de novembro (um
resumo do estudo pode ser lido aqui). “Nenhum corpo docente da região pode ser considerado de nível
global”, afirma Barbara Bruns,  
economista-chefe da área de educação do Banco Mundial, responsável pelas pesquisas sobre qualidade da
educação na América Latina e Caribe.“Mas alguns países, como o Chile e a Colômbia, estão fazendo
mudanças significativas.” Sobre o Brasil, Barbara afirma que é urgente achar formas de melhorar a
qualidade da formação de novos professores e de medir o desempenho dos que já estão na ativa. Só assim o
país conseguira dar um salto na qualidade da educação.
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ÉPOCA: Até que ponto a qualidade do professor impacta o desempenho dos alunos?
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Barbara Bruns: Muitas pesquisas educacionais com 50%
mostram queOFF
o aprendizado – as notas dos alunos, seu
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sucesso na trajetória escolar e depois na faculdade – está muito ligado à condição socioeconômica da
família. Essas pesquisas eram valiosas porque foram feitas em uma época em que tínhamos pouca
capacidade de medir o que acontecia dentro da escola. Agora, nós temos muitos dados que analisam o
desempenho do professor na sala de aula e descobrimos que o impacto do professor é muito maior do que
poderíamos imaginar. Pesquisas atuais e reconhecidas nos permitem saber que alunos com o mesmo nível
socioeconômico podem aprender mais ou menos, de acordo com o professor.
ÉPOCA: Em que os professores do Brasil precisam melhorar?
Barbara : Em basicamente três pontos. O primeiro, atrair para as faculdades de pedagogia mais alunos que
sejam talentosos e tenham grande capacidade de ser professores. O Brasil, assim como outros países da
América Latina, não atrai os melhores e mais brilhantes alunos do ensino médio. Estes procuram outras
carreiras, outras profissões. Uma das coisas que o Brasil precisa fazer é achar um jeito de atrair esses
cérebros e transformá-los em professores. O segundo é melhorar a qualidade dos professores que já estão
trabalhando. Qualquer que seja a medida ou política que o governo adote para melhorar a atratividade da
carreira, ela terá resultado no longo prazo. Todos os países que investiram para atrair novos talentos
também tinham estratégias para melhorar a qualidade de quem já estava no sistema. Isso é um desafio,
porque, assim como em outros países, o Brasil gasta muito dinheiro em cursos de capacitação de professores
sem efeito.
ÉPOCA: Que tipo de habilidades têm de ser estimuladas?
Barbara : As essenciais: como fazer boa gestão da sala de aula, do tempo da aula, se comunicar com clareza
com os alunos, preparar lições e provas. Visitei inúmeras salas de aula no Brasil inteiro, observando alunos e
professores. Na maioria das classes, pelo menos 30% dos alunos não prestavam atenção na aula. O Brasil
precisa medir a qualidade dos professores. Sabemos que para entrar na rede pública muitos passam por
concursos, mas muitos não têm qualificação mínima, apesar dos títulos. O Brasil precisa saber o que de fato
sabem seus professores, para poder ajuda-los a melhorar de forma eficiente. O Chile criou uma prova de
avaliação de conhecimento para os alunos que estão se formando em pedagogia, prestes a assumir uma sala
de aula. Descobriu que 8% deles não tinha o conhecimento esperado para isso.

Barbara Bruns: os alunos mais pobres


precisam dos melhores professores
(Foto: Foto/ Divulgação)
ÉPOCA: E o terceiro ponto?
Barbara :  Incentivo. O Brasil precisa de professores mais motivados. Isso depende de uma boa supervisão de
diretores, que entendam seus professores e os ajudem no que for preciso. São poucos os diretores brasileiros
que fazem isso sistematicamente. Depende também de passar mais responsabilidade para esse professor.
Um profissional se sente valorizado quando responsabilidades e é cobrado pelo seu trabalho. Essa é uma das
maiores diferenças entre os sistemas do Brasil e de potencias educacionais como Cingapura, Japão e
Finlândia. Nesses países, os professores se sentem muito competentes e orgulhosos da profissão. Eles
passam muito tempo trabalhando juntos, dividindo boas ideias e práticas, de forma muito natural.  No
Brasil, a maioria chega para dar aula e sai correndo quando bate o sinal. Não têm tempo para observar uns
aos outros. Acredito que a maioria dos professores no Brasil tenta fazer seu melhor, mas, assim como
acontece nos EUA, eles estão muito cansados e desanimados com as condições de trabalho. Eles reconhecem
que não estão tendo sucesso na sua missão, que não têm a habilidade de ensinar e, o mais perigoso, eles
desistem e culpam os alunos.
ÉPOCA: A senhora pôde observar isso no Brasil? Pode dar um exemplo?
Barbara : Eu me lembro de uma professora brasileira cuja aula acompanhei aula em setembro. Era uma
escola de periferia, terceira serie. Era uma professora nova. Eles eram estudantes com problemas, estavam
atrasados. O problema começa daí. Assine Época
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estarem atrasados deveriam ter designado a melhor
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professora da escola, não uma iniciante. De repente, no meio da aula, ela se dirigiu até mim e disse, na
frente das crianças: “Esses meninos estão muito atrasados e nunca terão condições de aprender o que falta.” 
Isso é intolerável. São sempre os estudantes pobres que sofrem mais, porque eles são os mais difíceis de
ensinar. Se não tivermos professores que realmente acreditam neles e são treinados para ensina-los, então
ficarão mesmo para trás.
ÉPOCA: E incentivos monetários?
Barbara : É uma motivação muito importante. Os salários precisam ser melhores. Mas, o mais importante, é
que eles precisam ser de acordo com o desempenho de cada um. Temos muitos dados, muitas pesquisas do
mundo inteiro mostrando que não dá certo, como incentivo, aumentar o salário igual para todo mundo.
Ganha mais quem é melhor. É por aí que os jovens talentosos serão atraídos. Eles olham para a carreira do
professor e percebem que podem ter uma vida confortável e um trabalho satisfatório. A Inglaterra fez isso.
Washington DC fez isso, na reforma iniciada há cinco anos. Hoje, temos jovens que querem ser professores e
não pensavam nisso cinco anos atrás.
ÉPOCA: Há uma forte discussão nos EUA e em outros países sobre a estabilidade de emprego dos
professores. Ela dificultaria o sistema a se livrar dos professores ruins. O que a senhora acha?
Barbara : É preciso demitir quem não tem bom desempenho. Todos os professores, sem exceção, precisam de
retorno, de apoio, de condições adequadas de trabalho para melhorar e se desenvolverem. Ser professor não é
tarefa fácil.O interessante  é que nos EUA e na América Latina estão passando leis que dizem o seguinte: os
professores precisam ser avaliados periodicamente, ter a oportunidade de melhorar, mas se isso não
acontecer,  eles podem ser demitidos. Chile, Colômbia e México estão nesse caminho. Boa parte dos distritos
americanos também. Isso afeta a atratividade da carreira. Manter os professores ruins e tratá-los como os
bons espanta os jovens talentos.

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BARBAR BRUNS EDUCAÇÃO ENTREVISTA

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