EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ VARA DE
FAMÍLIA E SUCESSÕES DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE JOÃO
PINHEIRO - MINAS GERAIS
EVANDRO TEODORO DA SILVA, brasileiro, divorciado, desempregado,
portador do RG 13627490 SSP/MG e do CPF nº 036.538.416-07, nascido em 16/02/1978, filho de JOSÉ TEODORO DA SILVA e de CELINA PIRES, residente e domiciliado na rua Emílio Lopes Cançado, 454 Bairro Água Limpa, João Pinheiro, Minas Gerais, CEP 38770-000, sem endereço eletrônico, telefone: (38) 998112040, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por meio de sua advogada que esta subscreve, com fulcro nos artigos 13 e 15, da Lei n.º 5.478/68, no artigo 1.699, do Código Civil, no artigo 693, parágrafo único, do Código de Processo Civil e demais cominações legais aplicáveis ao caso, propor a presente:
AÇÃO DE REVISIONAL DE ALIMENTOS, com pedido de antecipação de
tutela
em face de GUSTAVO PERES DA SILVA e CARLA NADYELLE PERES DA
SILVA, menores absolutamente incapaz, representados por sua genitora IRENE PERES GOMES, brasileira, divorciada, domestica, portadora do RG nº 14.887.880 SSP/MG e CPF nº 102.865.036-11, nascida em 20/01/1975, filha de ANTONIO GOMES CAMACHO e domiciliada na Rua Bahia, 20, Zona Rural – Fazenda Baixadinha, Patos de Minas, Minas Gerais, e-mail: alynepereira.adv@gmail.com, pelos fatos e fundamentos seguintes.
1 DOS FATOS
Nos autos de nº 0363.15.000874-8, referente à Ação de divorcio
consensual, o pedido inicial foi julgado procedente, sendo realizado o divorcio, juntamente com a homologação do acordo referente à guarda dos filhos, e a pensão estipulada pela genitora. Conforme o acordo firmado nas folhas de 08 a 10, a guarda e responsabilidade dos filhos GUSTAVO PERES DA SILVA e CARLA NADYELLE PERES DA SILVA ficou com a genitora e a guarda do menor MATHEUS PERES DA SILVA ficou com o genitor, ora executado, sendo as visitas pelos filhos aos pais sendo livres. O Requerente ficou na incumbência de pagar os alimentos aos Requerentes: Gustavo Peres da Silva e Carla Nadyelle Peres da Silva no montante de 40% (quarenta por cento) do salário mínimo. E que a genitora ficaria isenta da pensão ao filho Matheus.
Ocorre que, o Requerente encontra-se desempregado desde o dia
28 de fevereiro de 2018 (documento em anexo), o que deixou a sua situação econômica, extremamente fragilizada, impossibilitando-o, de efetuar o pagamento dos alimentos arbitrados no processo supramencionado.
No entanto, mesmo desempregado, vem realizando os depósitos da
forma que consegue, para que seus filhos não fiquem desamparados.
Entretanto, no presente momento, o Requerente não possui
condições de pagar a quantia estipulada, ou seja, os 40% (quarenta por cento) do salario mínimo, pois está totalmente fora dos seus padrões financeiros.
Ressalta-se que, a narrada situação incomoda extremamente o
Requerente, que consciente de seus deveres deseja contribuir com o sustento dos menores impúbere.
Afirmativa para isso, é que o próprio Requerente mesmo
desempregado e com dificuldades, não deixou de efetuar os depósitos, porem, a menor do valor estipulado, referente à pensão alimentícia de seus filhos, e nem quer se eximir das responsabilidades como pai. No entanto no presente momento, o Requerente não possui condições financeiras de pagar a pensão alimentícia de seus filhos, devendo ser estipulado valor condizente com a situação do mesmo. Assim, ante esse novo quadro fático, o valor fixado a título de alimentos o está impossibilitando de manter até mesmo as suas necessidades próprias. Dessa forma, resta demonstrado que, no binômio necessidades do alimentando versus possibilidades do alimentante, ocorreu uma diminuição potencial na possibilidade de pagamento do alimentante.
Ressalte-se, ademais, que o requerente não tem o objetivo de
deixar de cumprir a obrigação moral de prestar o auxílio aos filhos, mas apenas de adequar os alimentos à sua renda quase inexistente atualmente.
2 DO DIREITO
I - DA PRELIMINAR:
O Requerente declara para todos os fins de direito e sob as penas
da lei, que não possui condições de arcar com as despesas inerentes ao presente processo, sem prejuízo do seu próprio sustento e de sua família, necessitando, portanto, da Gratuidade da Justiça, nos termos do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal e da Lei nº 1.060/50.
II- DO MÉRITO:
É cediço que o quantum fixado nas prestações alimentícias não
transita em julgado, podendo ser revisto a qualquer tempo se alteradas as condições financeiras do alimentante e/ou do alimentado. É a aplicação, em concreto, da cláusula rebus sic stantibus.
Por outro lado, o Código Civil, ecoando o disposto no artigo 15 da
Lei dos Alimentos determina nos seus artigos 1694 a 1699, que os alimentos devem ser fixados observando o binômio Possibilidade X Necessidade (do credor). No que se refere à possibilidade de alteração dos valores fixados anteriormente em ação judicial, o art. 1.699 do CC discorre, in verbis: Art. 1.699. “Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.”
Ainda nesse sentido, o § 1º do artigo 1.694 do Código Civil dispões
que os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
A doutrina e a Jurisprudência, por sua vez, vêm garantindo a
aplicação do princípio da proporcionalidade na fixação das verbas de natureza alimentar, como sintetizado no bem lançado acórdão 173929, do E. TJDF, cuja ementa ressalta:
“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ALIMENTOS.
REVISÃO. LIMITES. LITIGANCIA DE MÁ FÉ. 1. O BINOMIO POSSIBILIDADE/NECESSIDADE DEVE SER OBSERVADO NO ARBITRAMENTO DA VERBA ALIMENTICIA, MANTENDO A PROPORCIONALIDADE ENTRE OS ENCARGOS SUPORTADOS E O SUSTENTO DO ALIMENTANTE. Apc 2000.01.1.037210-4, Rel. Valter Xavier, DJU: 11.6.2003.”
E mais:
CIVIL. REVISÃO DE ALIMENTOS. DIMINUIÇÃO DOS
RENDIMENTOS DO ALIMENTANTE. COMPROVAÇÃO. ADEQUAÇÃO DA VERBA ALIMENTÍCIA AO BINÔMIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE. 1. COMPROVADA NOS AUTOS A DIMINUIÇÃO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA DO ALIMENTANTE, QUE SOFREU REDUÇÃO EM SEUS RENDIMENTOS COM A PERDA DE UMA DE SUAS FONTES DE RENDA, ACOLHE-SE O PEDIDO DE REVISÃO DE ALIMENTOS A FIM DE ADEQUÁ-LOS À NOVA REALIDADE, ESPELHANDO O BINÔMIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE QUE PAUTA A SUA FIXAÇÃO, NOS TERMOS DO ART. 1.694, § 1º, DO CC. 2. RECURSOS IMPROVIDOS. (APELAÇÃO CÍVEL 20040110753699, Acórdão nº 227635, julgado em 15/08/2005, 4ª Turma Cível, Relator CRUZ MACEDO, publicado no DJU em 18/10/2005, p. 152) (Grifo inexistente no original)
Como ressaltado acima e atendendo ao binômio
necessidade/possibilidade, temos que houve uma diminuição das possibilidades econômicas do Autor, motivo pelo qual propõe a presente revisional, no sentido de obter uma obrigação alimentar que atenda suas condições econômicas
3 DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, DE NATUREZA ANTECIPADA
Com efeito, verificam-se presentes, tanto os elementos que
evidenciam a probabilidade do direito quanto o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, nos exatos termos do art. 300, do novo Código de Processo Civil, vejamos:
““Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”
Os documentos carreados à inicial dão credibilidade à alegação do
requerente, apresentando, de forma clara e cristalina, a probabilidade do direito invocado, principalmente pela comprovação da alteração de sua situação financeira daquela época da pactuação dos alimentos.
Já o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo podem
ser visualizados pela ineficácia da medida, em caso uma possível prisão civil do requerente, tanto na ação de execução de alimentos em curso, quanto nas futuras ações que poderão ser ajuizadas.
Dessa maneira, requer digne-se Vossa Excelência de antecipar,
liminarmente, a tutela pretendida, com fundamento no artigo 300, do novo Código de Processo Civil, decretando-se a redução da pensão alimentícia devida pelo requerente aos requeridos, para o valor corresponde a 30% (trinta por cento) sobre o salário mínimo nacional, atualmente o valor de R$ 264,00 (duzentos e sessenta e quatro reais). Assim, com certeza estão presentes todos os fundamentos para a concessão da antecipação pretendida, especialmente pela farta documentação.
Cumpre destacar que o valor dos alimentos corresponde a quase a
totalidade da renda do demandante, situação que ofende os princípios da dignidade da pessoa humana e da proporcionalidade.
Assim, uma vez narrados os fatos e declinado o direito em que o
Requerente alicerça sua pretensão, passa-se ao pedido.
3 PEDIDO
Diante do exposto, requer:
a) A concessão da Justiça Gratuita, em virtude do Requerente não
apresentar condições de custear o processo sem prejuízo de seu sustento, conforme declaração inclusa; b) A concessão da Tutela de Urgência pleiteada no sentido de reduzir, liminarmente, a obrigação alimentícia fixada em acordo. c) A intimação do Ministério Público; d) A designação de audiência de conciliação, instrução e julgamento, com a citação da ré, para os fins pertinentes, sob as penas da lei;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova lícitos e
permitidos em direito, especialmente através de depoimento pessoal, de testemunhas, documentos, prova pericial, dentre outros.
À causa dá-se o valor de R$ XXXXXX (XXXXX). Obs: Aplica-se a
norma prevista para a ação de alimentos, isto é, 12 (doze) vezes o valor da pensão requerida.