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Gabriel Lopes – Atualidades.

Trajetória das mulheres no Brasil

- Colônia (1500 - 1815):

. Marcado pela submissão da mulher e da sociedade ao padrão cultural Europeu

. A mulher assumiu um papel social de reprodutora, negando-se assim, o seu prazer e a sua
oportunidade de escolha

. A mulher branca, assume o papel de status diante da mulher indígena e negra, no entanto,
permanece subordinada ao homem

. Naturalização da cultura de violência sobre a mulher. Dominação Patriarcal

. Instrução: Lavar, coser e afazeres domésticos (na sociedade portuguesa, não havia espaço para a
instrução feminina)

Durante o período colonial, a mulher começa a se destacar, quando exerce cargos em momentos de
ameaça ao poder português e ausência masculina. Mesmo relegadas a passividade, se mostraram
hábeis administradoras e líderes quando tiveram a oportunidade de demonstrar suas habilidades.
As duas capitanias hereditárias bem sucedidas, foram governadas por mulheres: Ana Pimentel,
esposa de Martim Afonso de Souza, assume a capitania de São Vicente após o retorno do marido à
Portugal e Brites de Albuquerque, esposa de Duarte Pereira, governou a capitania de Pernambuco
por alguns anos. A índia Clara Camarão, juntamente com outras mulheres, participaram
ativamente da luta contra os holandeses, as mulheres lutavam enquanto os homens descansavam e
almoçavam e vice-versa.

- Império (1822 – 1889)

. Conquistam o direito de ensino primário a partir de 1827. O ensino no entanto, continua


direcionado para as atividades domésticas, não podendo, por exemplo, que a mulher aprendesse
nada além das 4 operações básicas de matemática. Iniciou o processo de leitura e escrita

. Mal se iniciam no mundo das letras, as mulheres se destacam na imprensa, sendo o período
imperial, muito rico na criação de periódicos femininos, em sua grande maioria, de caráter
conservador e voltado para a vida de casa

. Foram pioneiras também nas campanhas abolicionistas

. A primeira mulher à ingressar no ensino superior foi Rita Lobato, no ano de 1881, graduando-se
em 1887 como médica. O direito a matrícula em ensino superior só foi permitido as mulheres em
1877

O período é marcado pelo início do feminismo no Brasil. Dentre os principais nomes se destacam
Nísia Floresta Brasileira Augusta (codinome de Dionísia Gonçalves), professora, abolicionista e
defensora da república. Traduziu em 1853 a obra “Direito das mulheres e injustiça dos homens” e
também fundou a primeira escola para mulheres no Rio de Janeiro em 1838.

Outro destaque é Maria Firmina dos reis, romancista brasileira e ex-escrava. Escreveu um dos
grandes romances da época: Úrsula, de caráter abolicionista

- República

. O primeiro código civil brasileiro, instituído em 1916, reforça preconceitos sobre a mulher, sendo
consideradas como “cidadãs de segunda categoria”:

→ Após o casamento, cabia ao marido a autorização para trabalhar, realizar operações financeiras e
fixar residência

→ A mulher que possuísse relações extra-conjugais, podia ser deserdada

→ A não-virgindade poderia ser usada como motivo para anulação do casamento e desonra social

→ Assim como as crianças, portadores de deficiências mentais, mendigos e índios, a mulher casada
era considerada incapaz juridicamente

. É criado em 1910, o PRF (Partido republicano Feminino), primeira força que pretendia iniciar a
mulher no mundo eleitoral

. A urbanização e inserção da mulher no mercado de trabalho, leva a revindicações constantes da


classe operária feminina por melhores condições de trabalho. Em 1919, através da participação de
Bertha Lutz no Conselho Feminino da Organização Internacional do Trabalho, foi aprovado o
salário igualitário sem distinção de sexo.

. O Voto Feminino:

→ A primeira mulher brasileira a ter o voto reconhecido foi a professora Celina Guimarães Viana
de Mossoró / RN , em 1927. O Rio Grande do Norte, possuía legislação que garantia que “poderia
votar e ser votados, sem distinção de sexos, todos os cidadãos que reunirem as condições exigidas
por esta lei” (Lei 660/1917)

→ N o ano seguinte (1928), foi eleita a primeira prefeita da América Latina: Luíza Alzira Soriano
Teixeira, na cidade de Lajes / RN

→ Em 1932, é garantido o sufrágio feminino, no Código eleitoral Provisório. Somente em 1946,


essa conquista seria exercida de forma plena e constitucional, no mesmo ano (1932), foi eleita a
primeira Carlota Pereira de Queiroz

- Período Pós-Segunda Guerra Mundial

. Em 1948, a greve dos ferroviários de Cruzeiro, SP, foi iniciada pelas mulheres que se deitaram nos
trilhos e impediu que os trens circulassem normalmente. Mesmo muito limitada pelas leis e pela
cultura machista, a mulher rapidamente inicia a sua participação na oposição política

. A aptidão da mulher à oposição, posição claramente compreensível devido à marginalidade cidadã


que sofreu durante toda a sua História no Brasil, começa a ser combatida. Em 1949 e em 1950, duas
operárias ligadas ao PCB são assassinadas durante participação pública em comícios: Zélia
Magalhães, no Rio de Janeiro e Angelina Gonçalves, no Rio Grande do Sul

. Em 1952, realiza-se a 1a Assembleia Nacional de Mulheres. O evento que teria como objetivo
principal a defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras, foi marcado pelo protesto contra o envio
de jovens brasileiros à guerra da Coréia. Nesse evento, Elisa Branco, foi presa por levantar uma
faixa com a mensagem “Nossos filhos não irão para a Coréia”, permanecendo encarcerada por 3
anos

. Através das revindicações femininas, em 1962, conquistam o direito ao trabalho sem necessidade
do consentimento do marido. O longo período de luta marcado pela repressão e pela morte das
mulheres militantes, permitiu um legado de conquista de direito para todas as mulheres

- Aprendizado e feminismo na Luta Armada (Ditadura)

. Decretado o AI-5 no final do ano de 1968, fecham-se as alternativas à oposição. A mulher então se
vê envolvida na luta armada e na participação nos partidos, então, postos na ilegalidade

→ A estimativa da participação feminina na luta armada, segundo Maria Teles, fica em torno de
11,7%. Esse valor foi calculado com base nos 340 nomes registrados no Comitê Brasileiro de
Anistia, onde 40 nomes constavam com mulheres desaparecidas ou assassinadas pelo regime militar

→ A participação feminina na luta armada, serviu como aprendizado e como imposição. As


mulheres passaram a ter contato com a organização militar e com as táticas de guerrilha, até então,
uma novidade para a maioria delas, tiveram a oportunidade (aproveitada!) de demonstrar o seu
valor e contestar os limites esperados na atuação feminina. Vista como frágil e descontrolada
emocionalmente, a mulher demonstrou com a sua força que esses paradigmas sociais eram
mentirosos e que o comportamento de gênero era condicionado pelas expectativas sociais e não por
natureza

→ No entanto, precisou ainda assim, lutar com o machismo encontrado até mesmo nos meios
revolucionários: Os homens tinham a tendência de esperar que a força feminina fosse demonstrada
através do revestimento de uma atitude feminina, seus nomes foram consideravelmente apagados
dessa História e o comando das ações, ficou relegado, exceto em casos emergenciais, aos homens

- Conquistas femininas pós-redemocratização

. 1983 – 1985: Criação do conselho Estadual da Condição Feminina, órgão estatal responsável por
garantir a cidadania plena a mulher e da Delegacia da Mulher, ambos em São Paulo

. 1988: A primeira constituição após a redemocratização, marca a Igualdade perante a lei entre

. 2003: Criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres, um dos canais da secretaria é o 180,
canal de denúncias de casos de violência contra a mulher

. 2006: Criação da Lei Maria da Penha, marco no combate a violência contra a mulher

. 2015: Qualificação do crime de feminicídio


- Como argumentar sobre o assunto:

→ A limitação física da mulher:

O Material didático, aliado ao debate em sala de aula e às experiências do dia-a-dia, mostram que
a limitação que se diz natural à mulher é um condicionamento social. Como exemplo, vimos
mulheres que lutaram em revoluções, ocuparam cargos políticos, participaram da sociedade, além
disso, no cotidiano, vemos mulheres solteiras cuidando de famílias, sustentando casas e
trabalhando em funções até então garantidas à homens
→ O direito da mulher e a lei

Devido ao nosso caráter conservador, temos sempre a tendência a considerar que os debates e
revindicações que circulam na sociedade, são desnecessários ou ultrapassados. No caso da mulher
e de outras parcelas excluídas da cidadania, sempre se aponta uma resposta como “basta se impor
que o problema se resolve”, ou até mesmo usamos justificativas ultrapassadas como “o direito
masculino” sobre o resto da sociedade, no entanto, ao observar a figura, vemos que algumas
questões muito “ultrapassadas” ainda estão sendo discutidas e ainda se apresentam como
empecilho na aquisição de direitos. Aliado a observação da imagem, procure criar um argumento,
respondendo aos seguintes quesionamentos:

. Qual o papel atual do movimento de luta pelos direitos femininos?


. O papel de poder desempenhado pelo homem na sociedade atual?
. A luta pelos direitos femininos deve ser exercida exclusivamente pelas mulheres? O machismo
afeta exclusivamente as mulheres?
→ Colonização e direitos da mulher

A colonização, tanto institucional-religiosa, quanto através de outro país, é sempre um obstáculo


pela conquista de direitos. A sociedade livre e autônoma, sempre é um inimigo da dominação, veja
o caso da Arábia Saudita:

“A Arábia Saudita talvez seja a nação com o regime mais extremista religioso do planeta, onde mulheres e
minorias religiosas são tratadas como segunda classe e os gays são considerados criminosos. A Arábia
Saudita também difunde a ideologia wahabbita, que é uma vertente ultra-radical do islamismo sunita adotada
pelo ISIS (Grupo Estado Islâmico ou Daesh), Al Qaeda, Al Shabab (grupo terrorista da Somália), Taleban e
Boko Haram. Ainda assim, o regime misógino, homofóbico e islamofascista dominado por um braço da
família Saud segue como o maior aliado dos EUA no mundo árabe e no mundo islâmico. Isso se deve tanto
ao petróleo como interesses geopolíticos comuns, como conter o Irã.”

Retirado de http://internacional.estadao.com.br/blogs/gustavo-chacra/por-que-os-eua-sao-aliados-da-arabia-saudita/

Através do texto acima, a observação da imagem abaixo e as questões propostas no final, além do
debate proposto em sala de aula, procure construir um argumento sobre o tema “colonização e
direitos da mulher”

Retirado de https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/esporte/2018/02/28/princesa-saudita-diz-que-direito-das-
mulheres-vai-alem-de-poder-dirigir.htm

. Quais as relações entre a imposição religiosa e o domínio europeu na nossa sociedade de hoje
relacionada ao déficit social?
. Qual a relação pode ser estabelecida entre a colonização (Estatal e religiosa) do século XVI em
diante no Brasil e nos países orientais / Asiáticos de hoje?
Questões:

Responder as questões e discutir em sala de aula, exijam do professor!

ENEM 2017 – Caderno Azul – Questão 09

TEXTO I

Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Acudiu três cavalheiros
Todos os três de Chapéu na mão

O primeiro foi seu pai


O segundo, seu irmão
O terceiro foi aquele
A quem Tereza deu a mão

BATISTA, M. F. B. M; SANTOS, I. M. F. (Org.). Cancioneiros da Paraíba. João Pessoa: Grafset, 1993 (adaptado)

TEXTO II

Outra interpretação [e feita a partir das condições sociais daquele tempo. Para a ama e para a
criança para quem cantava a cantiga, a música falava do casamento como um destino natural na
vida da mulher, na sociedade brasileira do século XIX, marcada pelo patriarcalismo. A música
prepara a moça para o seu destino não apenas inexorável, mas desejável: o casamento,
estabelecendo uma hierarquia de obediência (pai, irmão mais velho, marido), de acordo com a
época e circunstância de sua vida.

Disponível em: http://provsjose.blogspot.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012.

O comentário do Texto II sobre o Texto I evoca a mobilização da língua oral que, em determinados
contextos

(A) Assegura a existência de pensamentos contrários à ordem Vigente


(B) Mantém a heterogeneidade das formas de relação social
(C) Conserva a influência religiosa sobre certas culturas
(D) Preserva a diversidade cultural e comportamental
(E) Reforça comportamentos e padrões culturais

(UERJ 2014) – Questão 56


Os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, e Maria do Rosário, dos
Direitos Humanos, afirmaram que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia o direito
dos empregados domésticos ajuda a eliminar o “resquício da escravidão” que há no Brasil. Os dois
discursaram em evento do Conselho Nacional do Ministério Público. Gilberto Carvalho citou o
livro Casa grande e senzala, do sociólogo Gilberto Freyre, sobre os relacionamentos históricos dos
homens brancos com índios e africanos. O ministro disse que a PEC ajuda a encerrar a “casa grande
e senzala” que o país vivia.
Adaptado de g1.globo.com, 03/04/2013.

No texto, destaca-se uma justificativa para a relevância da lei que visa a garantir novos direitos aos
empregados domésticos. De acordo com o texto, a criação dessa lei se relaciona principalmente ao
seguinte fator:

(A) exclusão política dos grupos populares


(B) hierarquização social nas condições de trabalho
(C) desvalorização econômica dos empregos formais
(D) discriminação étnica nas qualificações profissionais

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