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Acho difícil descrever o livro sem comentar que sou ouvinte e, só com a ajuda dele (e da
obrigatoriedade de uma disciplina na faculdade) pude aprofundar meu entendimento sobre o
vasto e complexo universo da língua e das pessoas que a praticam, principalmente as pessoas
surdas, que, por eu não ter aprendizagem em LIBRAS, ficamos barrados de uma comunicação
mais complexa. É uma posição de abertura que o livro evoca, uma inclusão em si de vislumbres
a cerca de um mundo que, sem a devida importância ser colocada no ensino da língua como
algo mais próximo, poderia passar “alheio” como diz a autora quando fala da situação de
surpresa que ocorre muitas vezes quando a língua é dita enquanto língua (surpresa que só não
ocorre por pessoas surdas, ou ouvintes proximais de alguma forma). A importância
transformativa do livro é algo sentido a cada palavra que expande, literalmente, um universo e
permite o desejo de uma relação de vizinhança, onde antes havia ignorância ou
deslegitimidade (seja voluntária ou “inconsciente”). Tal pontuação da qualidade da minha
língua, serve para justificar a distância utilizada ao falar de universos distintos, partindo de um
referencial da minha história de vida e relações mais frequentes, mas que em nada se difere
por superioridade ou alcance em relação a essa outridade (em relação a mim) que a
comunidade surda me evoca (ser (comunidade ouvinte) e escrever (“os surdos”).
O livro se divide em três capítulos: um sobre a Língua de Sinais, o segundo sobre O Surdo e o
terceiro sobre A Surdez.
A língua de sinais não é mímica, tal que não parte de uma invenção aleatória de
correspondentes a palavras e expressões e sim de um código complexo e existente de
expressões. Embora se trate de uma língua expressa pela dimensão visual, a língua de sinais
não é icônica e tem expressões também abstratas em sua constituição.