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3 LIGAÇÕES PARAFUSADAS.................................................................................................................... 16
3.1 TIPOS DE PARAFUSOS ............................................................................................................................ 16
3.2 DIMENSIONAMENTO.............................................................................................................................. 16
4 LIGAÇÕES SOLDADAS ........................................................................................................................... 25
4.1 TECNOLOGIA DE SOLDAGEM ....................................................................................................... 25
4.2 PATOLOGIAS NAS LIGAÇÕES SOLDADAS ................................................................................................ 26
4.3 POSIÇÕES DE SOLDAGEM ....................................................................................................................... 27
4.4 TIPOS DE SOLDA E SEUS RESPECTIVOS PROCESSOS DE DIMENSIONAMENTO ........................................... 27
4.5 SIMBOLOGIA DE SOLDA ......................................................................................................................... 31
4.6 EXEMPLOS DE REPRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 33
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
[1] Pinheiro, A. C. F. B., Estruturas Metálicas, Ed. Edgard Blücher, São Paulo, 2001;
[2] Ferreira, W. G., Dimensionamento de Elementos de Perfis da Aço Laminados e Soldados,
Vitória, 2004;
[3] ABNT NBR 8800, Projeto e Execução de Estruturas de Aço de Edifícios, ABNT, Rio de
Janeiro, 2008;
[4] Pfeil, W. Pfeil, M., Estruturas de Aço, Ed. LTC, Rio de Janeiro, 2000;
[5] Perfis Gerdau Açominas, Informações Técnicas, www.gedauacominas.com.br;
[6] Perfis Usiminas Mecânica, Catálogo de Perfis, www.usiminasmecanica.com.br;
1 INTRODUÇÃO
1.1 DEFINIÇÕES
Os aços estruturais são aqueles que, devido a sua resistência, ductilidade, e outras
propriedades, são utilizados em elementos estruturais que suportam e transmitem esforços
mecânicos. A sua classificação pode ser feita sob diversas formas, onde podemos citar suas
propriedades mecânicas, quantidade de carbono, elementos de liga etc.
O aço é uma liga de ferro e carbono, com outros elementos adicionais, como silício,
manganês, fósforo, enxofre etc. O teor de carbono pode variar desde 0% ate 1,7%. O carbono
aumenta a resistência do aço, porém o torna mais duro e frágil. Os aços com baixo teor de carbono,
têm menor resistência à tração, porém são mais dúcteis. As resistências à ruptura por tração ou
compressão dos aços utilizados em estruturas são iguais, variando entre amplos limites, desde
300 MPa até valores acima 1200 MPa.
A Figura 1 apresenta o diagrama Tensão x Deformação para alguns aços. Para obtenção deste
diagrama, ensaia-se em laboratório uma haste metálica (corpo de prova), devidamente presa a uma
prensa hidráulica, e aplica-se nesta haste esforços de tração, medindo-se as deformações do aço. O
aparelho responsável pela medição das deformações na haste é conhecido como extensômetro.
Caso o corpo de prova seja descarregado e imediatamente recarregado, durante o período
elástico, a peça não apresenta nenhuma deformação residual e o caminho a ser percorrido será igual
ao inicial. Caso esse alívio de tensões ocorra após o escoamento, a peça apresentará deformações
residuais representadas no gráfico abaixo por 0,002%, onde a reta tracejada é paralela à reta inicial
do ensaio.
As tensões fy e fu, são denominadas, respectivamente como tensão de escoamento e tensão de
ruptura, que serão usadas no dimensionamento dos elementos estruturais, de acordo com as
propriedades mecânicas do aço ensaiado.
Constantes Físicas
• Módulo de Elasticidade: E = 205000 MPa
• Coeficiente de Poisson: ν = 0,3
• Coeficiente de Dilatação Térmica: β = 12 x 10-6 °C-1
• Peso Específico: γa = 77 kN/m3
Ductilidade
Fragilidade
Elasticidade
É definida como a capacidade que o material possui de retornar ao seu estado inicial após o
descarregamento, não apresentando deformações residuais.
Plasticidade
A deformação plástica é uma deformação provocada por tensão igual ou superior ao limite de
escoamento. Neste tipo de deformação, ocorre uma mudança na estrutura interna do metal,
resultando em um deslocamento relativo entre os seus átomos (ao contrário da deformação elástica),
resultando em deformações residuais.
Corrosão
As peças estruturais podem ser encontradas no mercado sob diversas formas. Nas Figuras
2, 3, 4, 5 e 6 mostradas a seguir, são apresentadas algumas das mais usadas.
• Chapas
São laminados planos assim denominados quando
uma das dimensões (espessura) é muito menor que
as demais. Sua especificação, de acordo com a
norma, é através das letras CH seguida da espessura
(mm) e o tipo de aço empregado.
Figura 2 - Chapa
• Barras
Figura 3 - Barra
• Perfis Laminados
Peças que apresentam grande eficiência estrutural podendo ser encontradas sob diversas
geometrias, sendo algumas apresentadas nas figuras abaixo. Os perfis H, I, C podem ter abas
paralelas (padrão europeu, ver [5]) ou não (padrão americano), de acordo com sua especificação. Já
os perfis tipo L ou cantoneiras, são formados por duas abas perpendiculares entre si, podendo
apresentar larguras iguais ou diferentes.
• Perfis Soldados
São elementos que surgiram de forma a suprirem as limitações impostas pelos perfis
laminados tipo I. Podendo ser encontrados sob diversas geometrias, como H, I, L. A norma também
permite que sejam criados perfis especiais, de modo a suprir as necessidades do projetista. Também
possuem grande eficiência estrutural. A nomenclatura é dada pelo símbolo do perfil utilizado
seguido pela sua altura em mm e a massa em kg/m.
São perfis formados a frio, padronizados sob as formas L, U, UE, Z, ZE. Porém, oferecem
grande liberdade de criação ao projetista. O seu dobramento deve obedecer a raios mínimos (não
muito pequenos) evitando a formação de fissuras nestes pontos. Esse tipo de perfil apresenta cantos
arredondados e utilização de aços com alto teor de carbono.
Dentre os acima apresentados, ainda podemos ter os trilhos, tubos, e perfis compostos, como
por exemplo, o perfil caixão composto da união de dois perfis I. O leitor deve consultar as mais
variadas bibliografias, bem como os catálogos dos fabricantes, bem como a NBR 14762:2001,
destinada exclusivamente aos perfis de chapa dobrada, a fim de ficar a par dessas formas e/ou
composições, bem como seus critérios específicos de projeto.
O método de dimensionamento no qual se baseia este curso é o Método dos Estados Limites,
que é o método que trata a NBR 8800/08 [3].
Um estado limite ocorre sempre que a estrutura deixa de satisfazer um de seus objetivos. Eles
podem ser divididos em:
S d = S( ∑ γ fi Fi ) < Rd = φRn
A solicitação de projeto Sd deve ser menor que a resistência de projeto Rd. A solicitação de
projeto (ou solicitação de cálculo) é obtida a partir de uma combinação de carga Fi, cada uma
majorada pelo coeficiente γfi, enquanto a resistência última Rn é minorada pelo coeficiente φ para
compor a resistência de projeto.
De acordo com a NBR 8800/08 [3], as combinações de cargas normais e aquelas referentes a
situações provisórias de construção podem ser dadas por:
S d = ∑ γ g G + γ q1Q1 + ∑ γ qj ψ j Q j
As ações excepcionais (E), tais como explosões, choques de veículos, efeitos sísmicos etc.,
são combinadas com outras ações de acordo com a equação:
S d = ∑ γ g G + E + ∑ γqψ q
Q1 – ação variável básica;
Qj – demais ações variáveis;
γqj – coeficiente de majoração de cargas variáveis;
ψj - fator de combinação;
G – ações permanentes;
γg – coeficiente de majoração de cargas permanentes;
E – ações excepcionais.
γg γg γq γq γq γq
Normais 1,4 (0,9) 1,3 (1,0) 1,5 1,4 1,2 1,2
Durante a
1,3 (0,9) 1,2 (1,0) 1,3 1,2 1,2 1,0
construção
Excepcionais 1,2 (0,9) 1,1 (1,0) 1,1 1,0 0 0
Caso de carga ψj
Sobrecarga em pisos de biblioteca, arquivos, oficinas e garagens 0,75
Carga de vento em estruturas 0,60
Cargas de equipamentos, incluindo pontes rolantes; sobrecargas em pisos diferentes 0,65
dos anteriores
Variação de temperatura 0,60
Para combinações que envolvem ações de mesma natureza da ação variável predominante Q1,
adota-se ψj = 1. Por exemplo, todas as ações variáveis decorrentes do uso de uma edificação
(sobrecarga em pisos e coberturas, cargas de pontes rolantes e de outros equipamentos) são
consideradas da mesma natureza. O fator ψj deve ser tomado igual a 1,0 para as ações não listadas
na tabela.
Exemplo 1.1:
Uma viga de edifício comercial está sujeita a momentos fletores oriundos de diferentes cargas:
- peso próprio de estrutura metálica Mg1 = 10 kNm
- peso de outros componentes não-metálicos permanentes Mg2 = 50 kNm
- ocupação da estrutura Mq = 30 kNm
- vento Mv = 20 kNm
Calcular o momento fletor solicitante de projeto Md.
Solução:
As solicitações Mg1 e Mg2 são permanentes e devem figurar em todas as combinações de
esforços. As solicitações Mq e Mv são variáveis e devem ser consideradas, uma de cada vez, como
dominantes nas combinações. Têm-se então as seguintes combinações:
1,3 Mg1 + 1,4 Mg2 + 1,5 Mq + 1,4 x 0,6 Mv
(1,3x10)+(1,4x50)+(1,5x30)+(1,4x0,6x20) = 144,8 kNm
(1,3x5)+(1,4x10)+(1,4x12)+(1,5x0,65x15) = 51,9 kN
A solicitação axial trativa de projeto é então Nd = 53,1 kN.
2 PEÇAS TRACIONADAS
2.1 DIMENSIONAMENTO DE BARRAS À TRAÇÃO
Peças tracionadas são elementos estruturais onde atua força axial, perpendicularmente ao
plano da seção. No caso particular, quando a força axial é aplicada no centro de gravidade da seção,
denomina-se de Tração Simples. São as peças de verificação mais simples, pois não envolvem o
perigo de instabilidade, ao contrário da compressão, que será vista adiante.
Na prática, existem inúmeras situações em que encontramos elementos estruturais sujeitos a
tração, podendo citar: tirantes, contraventamentos de torres e barras de treliças. Encontram-se
diversas formas para estes elementos, como barras circulares, barras chatas ou perfis laminados
simples (todos estes constituídos de uma seção simples) ou perfis laminados compostos (ou seja,
constituídos por duas ou mais seções).
Os critérios de dimensionamentos verificados são: o escoamento da seção bruta, que é
responsável pelas deformações excessivas e ruptura da seção líquida efetiva, responsável pelo
colapso total da peça. Um dos conceitos de maior importância neste dimensionamento é a
determinação correta da área da seção transversal e os coeficientes envolvidos. A partir dos
resultados obtidos pelos dois critérios, admite-se o menor valor entre os dois.
N d ≤ φ t Ag f y , com φ t = 0,90
Ag = área bruta
N d ≤ φ t Ae f u , com φ t = 0,75
Ae = área líquida efetiva
AISC / NB AASHTO
Peças dos vigamentos principais 240 200
Peças de contraventamento e outros vigamentos secundários 300 240
Figura 9 - Tensões normais de tração axial, em uma peça tracionada com furo
Numa barra com furos (Figura 10a e 10b), a área líquida (An) é obtida subtraindo-se da área
bruta (Ag) as áreas dos furos contidos em uma seção reta da peça (linha de ruptura). Assim, temos
Ae = Ct An.
Ct = coeficiente de redução;
An = área líquida: a definição desta área visa levar em consideração o enfraquecimento da
seção transversal devido aos furos. Caso não haja furos An = Ag.
Para fins de cálculo adota-se:
df = dp +2 mm
df = dp +3,5 mm (furo padrão).
df = diâmetro do furo;
dp = diâmetro do parafuso.
(a) (b)
Figura 10 - Seção líquida de peças com furos
An =ln t
Onde:
s2
l n = l g − ∑ d f +∑ .
4g
Calcula-se para cada linha de ruptura, uma área líquida e utiliza-se a mais crítica. Ainda
considerando a Figura 11, podemos ter as seguintes linhas de ruptura:
No caso de cantoneiras com furos em abas opostas rebate-se uma aba no plano da outra para
transformá-la em uma chapa.
Ct = 1
A) Para Perfis I ou H, quando (bf/d)>=(2/3)d, ou para perfis T obtidos a partir daqueles, com
ligações apenas nas mesas (Caso forem ligações parafusadas, deve ser composta de no mínimo 3
parafusos alinhados na direção da força)
Ct = 0,90
B) Para Perfis I ou H, quando (bf/d)<(2/3)d, para perfis T obtidos a partir daqueles ou para
todos os demais perfis (Caso forem ligações parafusadas, deve ser composta de no mínimo 3
parafusos alinhados na direção da força)
Ct = 0,85
C) Para quaisquer perfis com ligações parafusadas, composto de apenas 2 parafusos alinhados
na direção da força
Ct = 0,75
D) Para chapas ligadas nas extremidades por soldas longitudinais, o valor de Ct é obtido
conforme o a relação entre l e b (comprimento mínimo da solda e largura da chapa respectivamente)
descritos abaixo:
b ≤ l ≤ 1,5b Ct = 0,75
1,5b ≤ l < 2b Ct = 0,87
l ≥ 2b Ct = 1,00
Exemplo 2.1:
Calcular a área líquida da cantoneira L 177,8x101,6x19,05 abaixo, com furos padrão para parafusos
φ3/4”.
a
63,5 b
63,5 c
177,8 76,2
d
e
57,15 57,15 57,15
Solução:
Conforme o Item 2.2, podemos considerar a cantoneira como uma chapa, portanto, temos
57,15 2 57,15 2
l n = 260,35 − 3 × 22,55 + + = 210,94mm .
4(2 × 63,5 − 19,05) 4(76,2)
Exemplo 2.2:
Determinar o maior esforço de cálculo (Nd) suportado pela peça do exercício anterior. Determinar
também a maior carga nominal suportada pela peça (N), considerando γ = 1,4. Considere o aço
ASTM A36.
Solução:
N d = φ t Ag f y , com φ t = 0,90
Ag = 260,35 × 19,05 = 4959,67mm 2
N d = 0,9 × 4959,67 × 250 = 1115925,2 N (1115,93kN )
N d = φ t Ae f u , com φ t = 0,75
Ae = C t An = 1 × 4018,4 = 4018,4mm 2
N d = 0,75 × 4018,4 × 400 = 1205520 N (1205,50kN )
Portanto, o maior esforço de cálculo suportado pela peça é de 1115,93 kN. E a maior carga nominal
suportada pela peça é
N d 1115,93
N= = = 797,09kN .
1,4 1,4
Exemplo 2.3:
Duas chapas 22x300 mm são emendadas por traspasse, com oito parafusos φ7/8”(22 mm).Verificar
se as dimensões das chapas são satisfatórias, admitindo-se aço ASTM A36 e furo padrão.
300 mm
300 kN 300 kN
t = 22 mm
Solução:
O problema será resolvido admitindo as chapas sujeitas à tração axial, embora o tipo de ligação
adotado introduza excentricidade no esforço axial.
Área bruta:
Ag = 300 × 22 = 6600mm 2 .
A área líquida na seção furada é obtida deduzindo-se quatro furos com diâmetro 22+3,5 = 25,5 mm.
3 LIGAÇÕES PARAFUSADAS
3.1 TIPOS DE PARAFUSOS
Parafusos comuns (ASTM A307): são forjados com aços-carbono de teor de carbono
moderado. Estes parafusos têm sua aplicação em estruturas leves e possuem baixa resistência
à tração (415 MPa).
Parafusos de alta resistência (ASTM A325 / ASTM A490): são feitos com aços tratados
termicamente. Estes parafusos são aplicáveis quando se deseja uma maior resistência na
ligação. Estes parafusos podem se enquadrar em duas categorias:
3.2 DIMENSIONAMENTO
s
α = − η1 ≤ 3,0 ;
d
e
α = − η 2 ≤ 3,0
d
Tabela 6 - Valores de η
η1 η2
Pouco alongado na
0,83 0,20
direção do rasgamento
e
N α = − η 2 ≤ 3,0
d
s
N
α = − η1 ≤ 3,0
d
s
Exemplo 3.1:
Determinar a máxima força de serviço da emenda abaixo, considerando furo padrão, para os
seguintes casos:
a) aço MR-250 e parafusos A307 φ7/8”.
b) aço MR-250 e parafusos A325-X φ7/8”.
40 75 40
150 mm
N N
#16 mm
#16 mm
Solução:
1) Calculemos, primeiramente, a tração na chapa:
Ag = 150 × 16 = 2400mm 2 .
Área bruta:
N d = 0,9 × 2400 × 250 = 540000 N
Área líquida:
N d = 0,75 × 1576,8 × 400 = 473040 N
Conclusão, a maior força nominal resistida pela ligação, será a menor entre os três casos
estudados dividida pelo coeficiente de segurança:
mín{473,04;162,3;768,1}
N=
1,4
162,3
N= = 115,9kN
1,4
3) Considerando parafusos A325 – X:
A partir da observação da tabela na página seguinte, obtemos a força cortante máxima para
um parafuso fabricado em aço A325 – X, com 7/8” de diâmetro:
N d = 4 × 124,8 = 499,2kN
mín{473,04;499,2;768,1}
N=
1,4
473,04
N= = 337,9kN
1,4
Conclusão: ao utilizar o parafuso de alta resistência, conseguiu-se praticamente triplicar a
capacidade de carga da ligação, tendo como critério de dimensionamento dominante a ruptura da
área líquida ao invés do cisalhamento do fuste do parafuso.
NOTAS:
1 - Na determinação da solicitação de cálculo para parafusos sujeitos à tração, além das solicitações externas, deve ser
levado em conta o efeito de alavanca (“Prying Action”), que pode aumentar consideravelmente a força de tração nos
parafusos.
2 - Nas ligações por contato, além da resistência à tração e/ou ao corte, estas ligações devem ainda atender aos itens
7.3.2.4 e/ou 7.3.2.5 da NBR 8800.
Dimensionamento a tração
φ t Rnt
Rnt = 0,75 A p f u
Onde:
Exemplo 3.2:
Uma viga metálica W360x64, deverá ser fixada em dois pilares de concreto armado existentes,
mediante a utilização de uma placa de base de 10mm de espessura e 4 barras rosqueadas chumbadas
quimicamente nestes pilares. Pretende-se utilizar barras A 325-N com 16mm de diâmetro. Os
carregamentos já foram majorados. Verificar a segurança desta ligação. Considerar aço da chapa
ASTM-A572 (gr.50)
Solução:
As reações de apoio, bem como os diagramas mostrados, foram obtidas com o auxílio do
software FTOOL.
DMF
Será considerada a ligação mais desfavorável, ou seja, aquela que apresenta momento de 126,2kNm
e cortante de 76,6kN.
4 LIGAÇÕES SOLDADAS
4.1 TECNOLOGIA DE SOLDAGEM
As ligações soldadas caracterizam-se pela coalescência das partes em aço a serem unidas por
fusão. A fusão do aço é provocada pelo calor produzido por um arco voltaico que se dá entre um
eletrodo metálico e o aço a soldar, havendo a deposição do material do eletrodo.
Entretanto, o material fundido deve ser isolado da atmosfera para evitar a formação de
impurezas na solda. Este isolamento pode se dar, na grande maioria dos casos, por duas maneiras,
conforme mostra a figura abaixo. Os principais tipos de eletrodos para soldas em estruturas
metálicas são:
(a) Eletrodo manual revestido: Há desprendimento gasoso do revestimento do eletrodo,
proveniente da fusão. Os gases criam uma atmosfera inerte de proteção para evitar a porosidade
(introdução de O2), a fragilidade (introdução de N2), bem como estabilizar o arco voltaico,
permitindo maior penetração da solda.
(b) Arco submerso em material granular fusível: O eletrodo nu é acompanhado de um
tubo de fluxo com material granulado, que funciona como isolante térmico, garantindo assim
proteção quanto aos efeitos da atmosfera. O fluxo granulado funde-se parcialmente, formando uma
camada de escória líquida que posteriormente se solidifica.
Os principais eletrodos utilizados na indústria da construção metálica são:
E70xx, com resistência à ruptura por tração: fw = 70ksi = 485MPa (mais comum);
E60xx, com resistência à ruptura por tração: fw = 60ksi = 415MPa
Obs: ksi, uma antiga unidade inglesa de tensão (e, consequentemente de pressão), significa
kilo pound per square inch, ou seja kilo libras por polegada quadrada.
Máquina de solda
(gerador de corrente
contínua)
Arco Submerso
Revestimento
Eletrodo
Eletrodo
Material fusível
Arco
Máquina de solda
Metal-base
Metal da solda solidificado
Metal-base
As soldas podem apresentar uma grande variedade de defeitos. Podemos observar os mais
comuns, nas figuras a seguir:
R$(a)<R$(b)<R$(c)<R$(d)
(a) Plana
(b) Horizontal
(flat)
(d) Sobrecabeça
(c) Vertical
(overhead)
Soldas de Entalhe
São utilizadas quando se deseja preenchimento total do espaço entre as peças ligadas. No
dimensionamento, considera-se a seção do metal base de menor espessura. Podem ser de dois tipos:
(a) Penetração Total: quando a espessura efetiva da garganta é igual à espessura da chapa de
menor dimensão;
Tabela 8 - Dimensões mínimas das gargantas de solda de entalhe com penetração parcial
As resistências de cálculo das soldas de entalhe são dadas em função de uma área efetiva de
solda, Aw = t e l , onde te é a espessura efetiva e l é o comprimento efetivo do cordão de solda.
A verificação estrutural das soldas de penetração (total ou parcial) consiste na verificação da
distribuição das tensões no contato entre o metal da solda e o metal base. Quando se trata de
penetração total, a verificação se restringe ao metal base, devido ao fato de o metal da solda
apresentar resistência de ruptura maior que este. Nas soldas de penetração parcial, deve ser adotado
o menor dos valores obtidos entre o escoamento do metal base e a ruptura do metal da solda, na
região de contato. O mesmo procedimento deve ser adotado em caso de cisalhamento, quando
tensões atuando em direções diferentes, são combinadas vetorialmente.
A tabela seguinte resume as fórmulas de verificação de dimensionamento das soldas em
função de seu tipo de penetração e de solicitação.
Considerar fy como a tensão de escoamento do metal base e fw a tensão de ruptura por tração
do eletrodo que será utilizado na execução da solda
Soldas de Filete
As dimensões mínimas para as pernas de filetes de solda são mostradas na tabela seguinte:
Espessura da Comprimento
chapa mais da perna do
grossa (mm) filete b (mm)
Até 6,3 3
6,3-12 5
12,5-19 6
>19 8
A seção dos cordões de solda em filetes é considerada, para efeito de cálculos, como um
triângulo retângulo, na maioria das vezes isósceles. Os filetes são designados pelo comprimento dos
lados deste triângulo.
Quando a seção representar um triângulo não isósceles, a designação do filete deve designar
os comprimentos de ambos os lados do triângulo.
Conforme mostrado na figura seguinte, a área efetiva para cálculo de um filete de solda de
lados iguais a b e comprimento l , é dada por:
tl = 0,7bl
t = 0,7 b b1 b2
t=
2 2
b 1 + b2
Fa
nta
ce
b b
rga
1
Perna
Ga
t
t
b Raiz
b
2
Recomenda-se a utilização de soldas de filete pelo método do arco submerso devido ao fato
de serem mais confiáveis nestas circunstâncias. Neste caso, pode-se considerar:
b ≤ 9,5mm te = b
b > 9,5mm t e = t + 2,8mm
As dimensões máximas a serem adotadas para as pernas dos filetes, são condicionadas pela
espessura da chapa mais fina, conforme mostra a figura a seguir:
bmáx
t b
A verificação estrutural das soldas em filete é dada em função do menor dos dois valores que
verificam separadamente o metal base e a solda:
metal base:
Am = bl
φRn = 0,9 Am (0,6 f y )
metal da solda:
Aw = tl = 0,7bl
φRn = 0,75 Aw (0,6 f w )
Entalhe
Contra -
Filete Tampão Sem
Solda V Bisel U J
Chanfro
Chapa de Acabamento
Em toda volta De campo
espera Plano Convexo
M
C
A
S L-P
TIPO DE ELETRODO
S { } L-P
{ }
E60
50
5
1 3
2 4
Figura 19 - Solda de filete, de oficina, ao longo das faces 1-3 e 2-4; as soldas têm 50mm de comprimento
com perna de 5mm; o eletrodo a ser usado é E60
CORTE A−A
A A 8
5 40-150
5 40-150
B B
CORTE B−B
Figura 21 - Solda de filete, de oficina, com perna de 5mm itermitente e alternada; o comprimento do filete
é de 40mm e o passo (ou espaçamento) é de 150mm
C C
CORTE C−C
Figura 22 - Solda de entalhe em bisel de um só lado, de campo, com chapa de espera; a seta aponta na
direção da peça com chanfro; chapas de espera são indicadas em soldas de penetração total de um único lado,
com intuito de evitar fuga de material da solda e a conseqüente penetração inadequada
D D
CORTE D−D
Exemplo 4.1
Uma chapa de aço de 12mm de espessura, está solicitada à uma força de tração axial de
40kN, e está ligada à uma outra placa de mesma espessura, formando um perfil em “T”, por meio
de solda. Dimensionar a solda utilizando eletrodo E60 e aço ASTM A36, nas duas situações
possíveis, ou seja, solda de filete (corte AA) e solda de penetração total (corte BB). Admitir a carga
como sendo de utilização variável.
12mm
CORTE A−A
A A
40kN
CORTE B−B
B B
40kN
Conforme observado, no exemplo acima, a solda de penetração total oferece uma margem de
segurança superior à solda de filete.
Exemplo 4.2
Verificar o comprimento e a espessura (perna) para uma solda de filete, requeridos para a
conexão da figura. Admitir aço ASTM A36 e eletrodo E60. Considerar o esforço solicitante como
variável.
12x127mm
C CORTE C−C
90kN
180kN
C
10x75mm
Conforme o exercício 4.1 anterior, admite-se para perna do filete de solda, o lado mínimo
especificado na Tabela 10. Desta forma temos, para a chapa mais grossa, b=5mm.
Exemplo 4.3
CORTE D−D
D F1 l1
150kN
F2 l2
A D
12.5mm
Exemplo 4.4
CORTE D−D
l1 F1
150kN F3
F2
A l2
12.5mm
Conforme visto no exemplo anterior, pudemos observar que a ligação soldada da figura
acima, é menos resistente quanto ao metal base do que quanto ao metal de solda. Portanto,
considerando apenas a verificação quanto ao metal base temos:
F1d = 0,9 Am (0,6 f y ) = 0,9(l1 × 0,5)(0,6 × 25) = 6,75l1
F2 d = 0,9 Am (0,6 f y ) = 0,9(l 2 × 0,5)(0,6 × 25) = 6,75l 2
F3d = 0,9 Am (0,6 f y ) = 0,9(12,7 × 0,5)(0,6 × 25) = 85,7 kN
5 BARRAS COMPRIMIDAS
5.1 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO
É a carga a partir da qual a barra que está sendo comprimida mantém-se em posição
indiferente.
π 2 EI
Pcr =
L2fl
Onde
E = módulo de elasticidade;
I = menor momento de inércia da barra;
Lfl = comprimento de flambagem da barra .
L fl = kL
k é o parâmetro de flambagem.
Associado à flambagem, temos ainda, o índice de esbeltez λ.
kL
λ=
r
r é o menor raio de giração da barra.
δ
L
Valores
0,50 0,70 1,0 2,0
Teóricos de k
Valores
Recomendados
0,65 0,80 1,0 2,1
para o
Dimensionamento
φc N n = φc ρQAg f y
Onde:
φ c = 0,90
f cr
ρ=
fy
−
Se 0 ≤ λ ≤ 0,20 ⇒ ρ = 1
− 1
Se λ > 0,20 ⇒ ρ = β − β 2 −
−2
λ
1 −2 − 2
β= 1 + α λ − 0, 04 + λ
−2
2λ
− λ Qf y
λ=
π E
Valores de α::
Curva a: α = 0,158; Curva b: α = 0,281; Curva c: α = 0,384; Curva d: α = 0,572.
Notas:
1.200
1.000
0.800
Rô
0.600
0.400
0.200
0.000
0
8
0.
0.
0.
0.
0.
1.
1.
1.
1.
1.
2.
2.
2.
2.
2.
Lambda Barra
Sendo:
b b
Q = 1, para ≤
t t max
b b
Para > , Q < 1 e são considerados os seguintes casos:
t t max
bf = 74 mm tf = 9,51 mm
tw = 6,3 mm d = 160 mm
A = 22,8 cm2 ry = 1,55 cm
b E 205000
= 0,55 = 0,55 = 15,8
t max fy 250
b bf 74
= = = 3,86 < 15,8 , OK!
t 2t f 2 × 9,5
Com isso podemos usar Q =1.
kL 1 × 3000
= λ== 193,55 < 200 , OK!
r 15,5
Para calcularmos o valor de ρ , temos que conhecer o valor de:
− λ Qf y 193,55 1 × 250
λ= = = 2,15
π E π 205000
com
d 160
= = 2,16 , t< 40 mm (Curva b: α = 0,281)
bf 74
β=
1
− 2
1 + α
−2
λ − 0, 04 +
− 2
λ ∴ β =
1
2 × 2,15 2
[
1 + 0,281 2,15 2 − 0,04 + 2,15 2 = 0,673 ]
2 λ
1 1
ρ =β − β2 − ∴ ρ = 0,673 − 0,673 2 − = 0,187
−2 2,15 2
λ
A resistência de cálculo da peça é:
φc N n = φc ρQAg f y ∴ φ c N n = 0,9 × 0,187 × 1 × 2280 × 250 = 95931N
φ c N n = 95,9kN > N d = 80kN , (Atende)
Exemplo 5.2
Uma viga treliçada tem uma diagonal com 2,50m de comprimento, com as extremidades rotuladas
devido à sua fixação se dar por meio da utilização de parafusos. Determinar o esforço máximo nesta
diagonal, quando for constituída por cantoneira L 2”x1/4”, nas seguintes disposições:
1
ρ = 0,7633 − 0,76332 − = 0,244
1,787 2
A resistência de cálculo da peça é:
φ c N n = 0,9 × 0,244 × 1 × (2 × 6,06 × 10 −4 )× (250 × 10 6 ) = 66811N
66,8
φ c N n = 66,8kN > N d = 1,4 N ∴ N = = 47,7 kN
1,4
Obs: Em caso de seções compostas (mais de um perfil), é necessário que se garanta que as
seções trabalhem em conjunto.
Segundo a NBR 8800, para que seja garantido este trabalho em conjunto das seções, quando
se tem barra associada em cantoneiras, deve-se prever um calço entre os perfis, cujo
afastamento mínimo entre os mesmos (l ) , deve ser calculado como:
l kL
< β
rmin r conjunto
Onde:
l = afastamento entre os calços;
β = ½ para ligações soldadas e β = ¼ para ligações parafusadas;
rmin = raio de giração mínimo de uma barra isolada.
< (161)∴ l < 80cm
l 1
0,99 2
Adotado calço de 8mm de espessura a cada 50cm.
b bf 5,08 b
= = = 8 < = 13 (Q=1)
t tf 0,635 t máx
−
λ = 0,0111λ = 0,0111 × 128 = 1,421
Como se trata de cantoneira, temos: Curva c, α = 0,384.
β=
1
2 × 1,4212
[
1 + 0,384 1,4212 − 0,04 + 1,4212 = 0,8814 ]
1
ρ = 0,8814 − 0,8814 2 − = 0,351
1,4212
A resistência de cálculo da peça é:
φ c N n = 0,9 × 0,351 × 1 × (2 × 6,06 × 10 −4 )× (250 × 10 6 ) = 95639 N
95,6
φ c N n = 95,6kN > N d = 1,4 N ∴ N = = 68,3kN
1,4
Adotado ainda, calço de 8mm de espessura a cada 50cm (idem letra b).
I x1 42,30
rx1 = = = 1,86cm
2A 2 × 6,06
kL 1,0 × 250
λ= = = 134 < 200(atende )
rz1 1,86
b bf 5,08 b
= = = 8 < = 13 (Q=1)
t tf 0,635 t máx
−
λ = 0 , 0111 λ = 0 , 0111 × 134 = 1, 487
Neste caso, as cantoneiras formam uma caixa (perfil tubular quadrado), e assim será
considerada. Temos: Curva A, α = 0,158.
β=
1
2 × 1,487 2
[ ]
1 + 0,158 1,487 2 − 0,04 + 1,487 2 = 0,7788
1
ρ = 0,7788 − 0,7788 2 − = 0,386
1,487 2
A resistência de cálculo da peça é:
φ c N n = 0,9 × 0,386 × 1 × (2 × 6,06 × 10 −4 )× (250 × 10 6 ) = 105233N
105,3
φ c N n = 105266,32kN > N d = 1,4 N ∴ N = = 75,2kN
1,4
Neste caso, não são dimensionados calços, porém o espaçamento do cordão de solda
intermitente que garante o trabalho em conjunto da seção.
Como mos casos anteriores temos, como espaçamento entre os cordões de solda,
50cm.
A partir da análise da tabela a seguir, podemos concluir que, a disposição entre os
perfis em cantoneira apresentada na letra (d), consiste na disposição capaz de apresentar
maior resistência.
Tabela 14 - Resumo
Disposição das cantoneiras duplas Carga máxima que suporta (kN)
(a) Lado a lado 47,7
(b) Opostas pelo vértice 68,3
(c) Em forma de caixa 75,2
Exemplo 5.3
Uma coluna de aço foi composta por perfis 2U 4”x 7,95, conforme mostra a figura. Determinar o
máximo esforço normal N ao qual a coluna resiste e o afastamento do travejamento. Considerar a
coluna como bi-rotulada.
Solução:
5
d = (4,01 - 1,16) + = 5,35cm
2
rx = 3,97cm
[ ]
I y = 2[I y1 + Ad 2 ] = 2 13,1 + 10,10 × 5,35 2 = 604,37cm 4
Iy 604,37
ry = = = 5,46cm
2A 2 × 10,10
rmin = rx = 3,97cm
kL 1 × 600
λ= = = 151,13
rmin 3,97
b 4,01 b
= = 5,34 < = 16 ∴ Q = 1,0
t 0,75 t max
λ Qf y λ 1,0 × 250 × 10 6
λ= = = 0,0111λ
π E π 205 × 10 9
λ = 0,0111 × 151,13 = 1,6775
Curva C: (α = 0,384)
β=
1
2 × 1,6776 2
[ ]
1 + 0,384 1,6776 2 − 0,04 + 1,6776 2 = 0,7913
1
ρ = 0,7913 − 0,7913 2 − = 0,271
1,6776 2
( ) (
N n = ρQAg f y = 0,271 × 1,0 × 2 × 10,10 × 10 −4 × 250 × 10 6 )
Travamento:
l
≤ λ ∴ l ≤ 151,13 × 1,14 ∴ l ≅ 172cm
rmin
Adotado travejamento a cada 150cm.
6 BARRAS FLETIDAS
6.1 CONCEITOS GERAIS
No projeto no estado limite último de vigas, sujeitas à flexão simples, calcula-se para as
seções críticas, o momento e o esforço cortante resistente de projeto para compará-los aos
respectivos esforços solicitantes. Além disso, deve-se verificar os deslocamentos no estado limite de
utilização.
A resistência à flexão das vigas pode ser afetada pela flambagem local e pela flambagem
lateral. A flambagem local é a perda de estabilidade das chapas comprimidas componentes do
perfil, a qual reduz o momento resistente da seção.
Na flambagem lateral a viga perde seu equilíbrio no plano principal de flexão (em geral
vertical) e passa a apresentar deslocamentos laterais e rotações de torção. Para se evitar a
flambagem lateral de uma viga I, cuja rigidez à torção é muito pequena, é preciso prover contenção
lateral à viga.
Os tipos de seções transversais mais adequados para o trabalho à flexão, são aqueles com
maior inércia no plano de flexão, isto é, com as massas mais afastadas do eixo neutro.
No caso de barras fletidas, a NBR 8800 é aplicável no dimensionamento de barras em seções
transversais I, H, caixão duplamente simétrico, tubulares de seção circular e U, simétrica em
relação ao eixo perpendicular a alma. A norma também é aplicável ao dimensionamento de seções
cheias, podendo ser redondas, quadradas ou retangulares.
Todo material deste capítulo está voltado para as vigas de perfil I em flexão no plano da alma.
As barras de aço fletidas poderão ter as tensões internas variando do campo elástico ao campo
plástico. O momento resistente, igual ao momento de plastificação total da seção Mpl corresponde a
grandes rotações desenvolvidas na viga. Neste ponto, a seção do meio da viga (considerando-a bi-
apoiada) transforma-se em uma rótula plástica, ou seja, a seção da viga não é capaz de absorver
mais esforços.
ε <ε y
σ = f y
Completamente
M1 elástica
M1 M1 < My
εy
fy
Início do
M escoamento
2
M
2
M = My
2
εy
fy
M
3
εy
fy
M4 M4 = Mpl
M4
fy
C
Ac
yc
yt
At Ft
fy
C = Ac ⋅ f y
Ft = At ⋅ f y
M pl = C ⋅ yc + Ft ⋅ yt
M pl = Ac ⋅ f y ⋅ yc + At ⋅ f y ⋅ yt
M pl = f y ( Ac ⋅ yc + At ⋅ yt )
Z = ( Ac ⋅ yc + At ⋅ yt )
M pl = f y ⋅ Z
O valor de Z pode ser obtido direto da tabela dos fabricantes de perfil, ou através da fórmula:
tw
Z = b f t f (d − t f ) +(d − 2t f ) 2
4
ou Z ≅ 1,12W x
Wx é o módulo resistente elástico.
(fy - fr)
λp λr λ
Mn
λ − λp
Mpl M pl − ( M pl − M r )
λr − λp
Mr
Cb β1 β2
M cr = 1 +
λ λ2
λp λr λ
Figura 29 – Mn em função de λ
M
Mpl
CL1
CL2
My CL3
CL4
δ
Figura 30 – Idéia geral do comportamento
Obs: o estado limite de ruptura por tração na flexão não é considerado na tração, pelo fato de que os
aços estruturais são, de tal forma dúcteis, que a ruptura por tração jamais ocorrerá antes dos estados
limites acima relacionados.
Md = φb Mn
Onde
φb = 0,90
Mn = resistência nominal ao momento fletor.
Vigas com grandes diferenças de inércia segundo os dois eixos principais e fletidas segundo o
plano de maior inércia, tendem a saírem do eixo e girar, tombando, como indicado na figura abaixo.
Clamp at
root
z
x
u
y
Unloaded
position
Buckled
position
φ
Dead weight
load applied
vertically
Neste caso podemos ter vigas sem travamento ou vigas contidas lateralmente. No caso de
vigas contidas lateralmente este travamento do flange comprimido pode ser afastado de um
comprimento Lb ou ser travada continuamente.
Uma viga de vão Lb, sujeita a momentos nas extremidades, flamba quando alcança o
momento crítico
M cr = C bW x f 12 + f 22 .
M1 é o menor e M2 o maior dos dois momentos fletores de cálculo nas extremidades do trecho
não contido lateralmente. Quando o momento fletor em alguma seção intermediária for superior, em
valor absoluto, aos momentos de extremidade, Cb deve ser tomado igual a 1,0. Também no caso de
balanço Cb deverá ser tomado igual a 1,0.
Em qualquer caso, o valor de Cb = 1,0 será correto ou estará a favor da segurança.
0,69 E 9,7 E
f1 = e f2 = 2
Lb d Lb
Af r
T
Iy
rT = 2
Aw
Af +
6
Consideremos, agora, o comprimento não contraventado (Lr), para o qual Mcr = Mr. Sendo Mr
o momento fletor correspondente ao início do escoamento, incluindo ou não o efeito de tensões
residuais.
19,9.rT2 .d
Lr = 1+ 1+ X 2
Af X
2
X =
40,75
( f y − f r ) rT d
Cb E Af
E
L p = 1,75ry
fy
M n = M cr
M n = M pl
(M − M ) ( )
M n = M pl −
(L − L ) L − L
pl r
b p
r p
Mr = W ( f − f ); f = 115MPa
x y r r
No caso de vigas com seção transversal I, se a espessura for muito pequena em relação à
largura, a mesa flambará antes que a seção alcance o momento de plastificação. Para que isto seja
evitado, a relação entre a largura da mesa e duas vezes a espessura da mesa de ser
bf E
λ= ≤ 0,38 = λp .
2t f fy
λ p = 10,88 , para MR 250
λ p é o parâmetro de esbeltez correspondente à plastificação.
Pode-se definir também um parâmetro( λ r ) de esbeltez que corresponde ao início do
escoamento, com ou sem tensões residuais.
E
λ r = 0,62 , para perfis soldados. λ r = 24,16 , para MR 250
f y − fr
E
λ r = 0,82 , para perfis laminados. λ r = 31,95 , para MR 250
f y − fr
Nos casos usuais, tem-se:
Para λ > λr
M n = M cr
Para λ ≤ λp
M n = M pl
(λ − λ ) (
M n = M pl − −Mr)
p
(λ − λ ) M
r p
pl
M r = Wc ( f y − f r ) < Wt f y
Situação semelhante à FLM, porém relativa à alma do perfil. Analogamente, para se evitar
este tipo de limite, relação entre a altura da alma e sua espessura deve ser:
h E
λ= ≤ 3,5 = λp
tw fy
λ p = 100,2 , para MR 250
Para λ ≤ λp
M n = M pl
(λ − λ ) (
M n = M pl − −Mr)
p
(λ − λ ) M
r p
pl
M r = Wc f y
Para λ > λr; não aplicável a FLA, a viga é esbelta quanto à alma. Verificar NBR 8800 –
Anexo F.
Caso não ocorra nenhum dos estados limites estudados acima (FLT, FLM e FLA), tem-se:
M n = M pl .
Existe uma outra limitação para o caso de vigas, para se evitar grandes flechas:
M n = 1,25W x f y
Obs: a resistência nominal (Mn) ao momento fletor não pode ser maior do que 1,25W x f y , sendo W x o
módulo resistente elástico mínimo da seção, ainda que se obtenha um valor maior de Mn através do
estudo da FLM, FLA e FLT.
Exemplo 6.1:
Verifique se a viga CVS 400x82 é capaz de suportar o carregamento indicado. Considere aço MR-
250, bem como que existem travamentos transversais nos pontos de aplicação das cargas
concentradas. Em seguida, atribua um perfil W (laminado de abas paralelas) que seja equivalente.
M pl = Z x f y
( )(
M pl = 1734,4 × 10 −6 250 × 10 3 )
M pl = 433,6kNm
(λ = 24,16; λ p = 10,88)
FLM: r
bf 300
λ= = = 12 ∴ λ p < λ < λ r (Seção não compacta)
2t f 2 × 12,5
( )
M r = Wx ( f y − f r )∴ M r = 1584 × 10 −6 250 × 103 − 115 × 103 = 213,8kNm
λ − λp 12 − 10,88
M n = M pl − (M pl − M r ) = 433,6 − (433,6 − 213,8)
λr − λ p 24,16 − 10,88
M n = 415,06kNm
FLT:
205 × 10 6
L p = 1,75ry
E
(
= 1,75 7,3 × 10 −2 ) = 3,66m
fy 250 × 10 3
) (( )× (400 ×10 )
2 2
−2 −3
X=
40,75
( f y − f r ) rt d = 40,75 6 250 ×103 − 115 ×103 8,14 ×10−3
( = 2,02
Cb E A f 1,0 × 205 ×10 300 × 10 )× (12,5 ×10 ) −3
d 400 ×10 −3
19,9rt 2
A
(
19,9 × 8,14 × 10 ) (
−2 2
−3 −3
)
Lr = f
1+ 1+ X = 2 300 ×10 × 12,5 ×10 1 + 1 + 2,02 2 = 12,56m
X 2,02
M n = M pl = 433,6kNm
Flechas:
M n = 1,25 f yWx = 1,25 × 250 × 10 3 × 1584 × 10 −6
M n = 495kNm
M dr = 0,9mín[415,06;433,6;433,6;495]
M dr = 0,9 × 415,06
M dr = 373,55kNm
M máx = 188,2kNm
M d = 1,4 M máx = 1,4 × 188,2 = 263,5kNm
M dr = 373,55 > M d = 263,5kNm (perfil atende)
Exemplo 6.2:
Verificar qual o valor máximo de serviço que pode ser assumido pela carga P, atuante na viga VS
1000x140, apresentada abaixo: Considerar que existe travamento da viga nos pontos A, B e C. Aço
MR 250 (E=205GPa; fy=250MPa).
d=1000mm bf=400mm
P P P
tf=12,5mm tw=8mm
A C
h=975mm A=178cm2
B Ix=305593cm4 Iy=13337cm4
Wx=6112cm3 Wy=667cm3
4,0m 4,0m 4,0m 4,0m
rx=41,4cm ry=8,661cm
Zx=6839cm3 Zy=1016cm3
M pl = Z x f y
rt=10,3cm It=68,9cm4
( )(
M pl = 6839 × 10 −6 250 × 10 3 )
M pl = 1709,7 kNm
FLM:
(λ r = 24,16; λ p = 10,88)
bf 400
λ= = = 16 ∴ λ p < λ < λr
2t f 2 × 12,5
(Seção não compacta)
M r = W x ( f y − f r )∴ M r = 6112 × 10 −6
(250 × 10 3
)
− 115 × 10 3 = 825,1kNm
λ − λp 16 − 10,88
M n = M pl − (M pl − M r ) = 1709,7 − (1709,7 − 825,1)
λr − λ p 24,16 − 10,88
M n = 1368,6kNm
(λ = 160,4; λ p = 100,2)
FLA: r
h 975
λ= = = 121,8 ∴ λ p < λ < λ r
tw 8 (Seção não compacta)
(
M r = W x ( f y )∴ M r = 6112 × 10 −6 250 × 10 3 = 1528kNm )
λ − λp 121,8 − 100,2
M n = M pl − (M pl − M r ) = 1709,7 − (1709,7 − 1528)
λr − λ p 160,4 − 100,2
M n = 1644,5kNm
FLT:
205 × 10 6
L p = 1,75ry
E
(
= 1,75 8,661 × 10 − 2 ) = 4,34m
fy 250 × 10 3
) (( ) ( )
2 2
10,3 × 10 − 2 × 1000 × 10 −3
X =
40,75
( f y − f r ) rt d = 40,75 6 250 × 10 3 − 115 × 10 3
1,0 × 205 × 10
( −3
) ( −3
) = 11,39
Cb E Af 400 × 10 × 12,5 × 10
d −3
× 10
19,9rt 2
A
19,9 × 10,3 × 10 −2 ( ) (400 ×1000
2
−3 −3
10 × 12,5 × 10 )
Lr = f 1+ 1+ X 2 = 1 + 1 + 11,39 2 = 13,05m
X 11,39
(L r − Lp
b
13,05 − 4,34
M n = 1337,8kNm
Flechas:
M n = 1,25 f yWx = 1,25 × 250 × 10 3 × 6112 × 10 −6
M n = 1910kNm
M dr = 0,9mín[1368,6;1644,5;1337,8;1910]
M dr = 0,9 × 1337,8
M dr = 1204kNm
M dr 1204
M dr = 1,4 M B ∴ M B = ∴MB = ∴ M B = 860kNm
1,4 1,4
Determinação de P:
P P P
A C
B
4,0m 4,0m 4,0m 4,0m
VA VC
∑M C =0
V A × 16 − P × 12 − P × 8 − P × 4 = 0
24 P 3
16V A − 24 P = 0 ∴V A = ∴V A = P
16 2
M B = VA × 8 − P × 4
3
MB = P×8− P× 4
2
M B = 12 P − 4 P = 8 P
8 P = 860
P = 107,5kN
Exemplo 6.3:
Verificar a viga abaixo, utilizando perfil VS 550x88. Considerar que existe travamento da viga nos
pontos B e D. Considerar o peso próprio da viga (0,9kN/m). Adotar MR 250 (E=205GPa;
fy=250MPa).
d=550mm bf=250mm
tf=16mm tw=6.3mm
h=518mm A=112,6cm2
Ix=64345cm4 Iy=4168cm4
Wx=2340cm3 Wy=333cm3
rx=23,9cm ry=6,08cm
Zx=2559cm3 Zy=505,1cm3
rt=6,77cm It=72,7cm4
Como esta viga é dotada de cargas permanetes e cargas acidentais, será feita a obtenção dos
momentos individualmente, conforme a natureza da solicitação.
M pl = Z x f y
( )(
M pl = 2559 × 10 − 6 250 × 10 3 )
M pl = 639,75kNm
Trecho CD:
FLM: r
(λ = 24,16; λ p = 10,88)
bf 250
λ= = = 7,81∴ λ < λ p (Seção compacta)
2t f 2 × 16
M n = 639,75kNm
FLT:
205 × 10 6
L p = 1,75ry
E
(
= 1,75 6,08 × 10 − 2 ) = 3,05m
fy 250 × 10 3
)( ) ( )
2 2
−2 −3
X =
40,75
( f y − f r ) rt d = 40,75 6 250 × 10 3 − 115 × 10 3 6,77 × 10 × 550−×3 10 = 2,325
(
Cb E Af 1,0 × 205 × 10 0,25 × 16 × 10 ( )
d 550 × 10 −3
19,9rt 2
A
19,9 × 6 , 77 × 10 (
−2 2
) (
250 × 10 −3 × 16 × 10 −3 )
Lr = f 1+ 1+ X 2 = 1 + 1 + 2,325 2 = 10,14m
X 2,325
(L r − Lp
b
10,14 − 3,05
M n = 86,73kNm
Flechas:
M n = 1,25 f yWx = 1,25 × 250 × 10 3 × 2340 × 10 −6
M n = 731,25kNm
M dr = 0,9mín[639,75;639,75;486,73;731,25]
M dr = 0,9 × 486,73
M dr = 438,06kNm
M q = 288kNm
M g = 18,4kNm
M d = 1,4 M q + 1,3M g = (1,4 × 288) + (1,3 × 18,4 ) = 427,16kNm
M dr = 438,06 > M d = 427,16kNm (perfil atende)
Trecho BC:
(FLM, FLA e Flechas, idem ao vão CD).
FLT:
L p = 3,05m (idem ao vão CD)
M 2 = (1,4 × 288) + (1,3 × 18,4 ) = 427,16kNm
M 1 = (1,4 × 279,3) + (1,3 × 19,4 ) = 416,24kNm
2
416,24 416,24
C b = 1,75 + 1,05 + 0,3 = 3,06 > 2,3 ∴ C b = 2,3
427,16 427,16
)( ) ( )
2 2
−2 −3
X =
40,75
( f y − f r ) rt d = 40,75 6 250 × 10 3 − 115 × 10 3 6,77 × 10 × 550−×3 10 = 1,011
(
Cb E Af 2,3 × 205 × 10 0,25 × 16 × 10 ( )
d 550 × 10 −3
19,9rt 2
A
(
19,9 × 6,77 × 10 −2 2
) ( −3
250 × 10 × 16 × 10
−3
)
Lr = f
1+ 1+ X = 2 1 + 1 + 1,0112 = 19,31m
X 1,011
(L r − Lp
b
19,31 − 3,05
M n = 531,20kNm
M dr = 0,9mín[639,75;639,75;531,20;731,25]
M dr = 0,9 × 531,20
M dr = 478,08kNm
M q = 288kNm
M g = 18,4kNm
M d = 1,4 M q + 1,3M g = (1,4 × 288) + (1,3 × 18,4 ) = 427,16kNm (idem ao vão CD)
M dr = 478,08 > M d = 427,16kNm (perfil atende)
Trecho AB:
(FLM, FLA e Flechas, idem ao vão CD).
FLT:
L p = 3,05m (idem ao vão CD)
M 1 = 0 ∴ C b = 1,75
)( ) ( )
2 2
−2 −3
X =
40,75
( f y − f r ) rt d = 40,75 6 250 × 10 3 − 115 × 10 3 6,77 × 10 × 550−×3 10 = 1,329
(
Cb E Af 1,75 × 205 × 10 0,25 × 16 × 10 ( )
d 550 × 10 −3
19,9rt 2
A
(
19,9 × 6,77 × 10 −2 2
) ( −3
−3
250 × 10 × 16 × 10 )
Lr = f
1+ 1+ X = 2 1 + 1 + 1,329 2 = 15,40m
X 1,329
(L r − Lp
b
15,40 − 3,05
M n = 528,30kNm
M dr = 0,9mín[639,75;639,75;528,30;731,25]
M dr = 0,9 × 528,30
M dr = 475,47 kNm
M q = 279,3kNm
M g = 19,4kNm
M d = 1,4 M q + 1,3M g = (1,4 × 279,3) + (1,3 × 19,4 ) = 416,24kNm (idem ao vão CD)
M dr = 475,47 > M d = 416,24kNm (perfil atende)