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O que é corrente alternada?

Corrente Contínua (CC ou DC-direct current) versus Corrente


Alternada (CA ou AC-alternating current)

A figura ao lado mostra um diagrama


esquemático de um circuito básico de corrente
contínua: uma fonte que fornece a energia elétrica e
uma carga que funciona consumindo esta energia
elétrica. A fonte pode ser uma bateria química, um
gerador mecânico ou qualquer dispositivo que seja
uma fonte contínua de energia elétrica. A carga pode
ser uma lâmpada, um aparelho elétrico ou eletrônico
que consuma continuamente a energia elétrica
fornecida. Na figura a fonte é representada por uma
bateria (V) e a carga por uma resistência (R).

Neste circuito, com esta configuração, elétrons recebem energia da fonte,


deixam seu terminal negativo e viajam pelo circuito (seta azul) passando pela
carga transferindo a ela parte de sua energia e retornando ao terminal positivo,
para continuamente completar o ciclo enquanto o circuito permanecer. A este
movimento de cargas chamamos de corrente elétrica (I). Por convenção
indicamos a corrente elétrica pelo movimento das cargas positivas (seta
vermelha)
Considere agora o mesmo circuito com uma
pequena diferença, como mostrado ao lado: agora a
fonte de energia está constantemente trocando sua
polaridade. Ela começa com o terminal positivo na
parte superior e o negativo embaixo, movendo os
elétrons como no primeiro circuito (setas cheias).
Entretanto, com o passar do tempo a voltagem
começa a diminuir e eventualmente reverte a
polaridade. Agora a corrente flui no sentido inverso
(setas segmentadas). O ciclo repete-se então indefinidamente e como resultado
a corrente no circuito reverte sua direção repetidamente. Esta é a chamada
corrente alternada.

A energia elétrica fornecida comercialmente nas residências é do tipo


alternada e muitos de nossos dispositivos elétricos não fazem distinção entre
corrente contínua ou alternada. Lâmpadas incandescentes se acendem
independente da direção da corrente. Outros dispositivos são sensíveis ä direção
do fluxo da corrente e geralmente possuem internamente dispositivos para
transformar a energia alternada fornecida pela energia contínua.
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Fontes de tensão alternada

Um gerador de tensão alternada simples é uma


bobina (anel condutor) imersa em um campo
magnético B que gira com freqüência angular ω.
Geradores de tensão alternada são variações mais
completas desta configuração simples. Enquanto
gira, o fluxo do campo magnético que atravessa a
bobina é:

= . = = +

Nestas condições, uma força eletromotriz ε será induzida nas extremidades


do anel, como determinado pela Lei de Faraday:

=− =− + = + = +

O valor do ângulo de fase δ ‘e determinado pelas condições iniciais. Por


comodidade nas operações matemáticas, é interessante definir as condições
iniciais de modo que o ângulo de fase seja nulo e assim faremos:

Propriedades da corrente alternada

Uma fonte de tensão contínua, como


uma bateria, fornece uma voltagem
constante ao longo do tempo, como
mostrado na figura ao lado. Enquanto as
reações químicas que ocorrem na bateria suportarem, a tensão permanecerá
constante. Em qualquer fonte CC a tensão sempre permanecerá constante.

Em contraste, em uma fonte CA a


amplitude muda constantemente e
regularmente troca de polaridade,
como mostrado ao lado. A troca é
suave e regular, repetindo
indefinidamente numa sucessão de ciclos, numa forma senoidal.

Como as mudanças são tão regulares, a voltagem e a corrente alternada


possuem uma série de propriedades associadas a esta particular forma de onda.
Estas propriedades básicas são:

Freqüência. Uma das mais importantes propriedades de qualquer forma de


onda regular. Identifica o número de vezes que um ciclo se completa num
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determinado período de tempo. No SI a unidade de tempo é o segundo de modo


que a freqüência de uma onda é comumente medida em ciclos por segundo ou
Hertz (Hz) e representada pela letra f. No Brasil e em muitos outros países a
tensão alternada fornecida comercialmente é de 60 Hz. Em alguns países da
Europa o sistema de fornecimento de energia funciona na frequência de 50 Hz.

Período. É o tempo necessário


para se completar um ciclo de uma
forma de onda. É, portanto, o inverso
da freqüência. O período é então
medido em segundos (s). Uma onda
de 50 Hz terá, portanto um período
de 1/50 =0.02 s. Para a frequência de 60 Hz o período será 1/60 = 0.016667 s.
Esses valores são frequentemente expressos como 20 ms ou 16.6667 ms
respectivamente, onde 1 ms é 1 milissegundo = 0.001 segundo (1/1000 s).

Comprimento de onda. Porque uma onda se move fisicamente no espaço


simultaneamente à sua evolução no tempo, podemos estar interessados em
saber quanto uma onda se move no tempo de um ciclo. Isto depende obviamente
da velocidade com que a onda se move. Sinais elétricos viajam pelos fios
praticamente na velocidade da luz que é com boa aproximação dada por
3×108 m/s, e representada matematicamente pela letra 'c.' Sabendo a
freqüência da onda podemos efetuar a divisão de c/f para obter em metros a
grandeza que queremos. A letra grega λ (lambda) é usada para representar o
comprimento de onda. Então λ = c/f, como mostrado na figura. O comprimento
de onda pode ser medido de qualquer parte do ciclo até o mesmo ponto do
próximo ciclo.

Amplitude. Outra grandeza que queremos saber é quanto positiva ou


negativa é a voltagem, com respeito a alguma referencia neutra. Em corrente
contínua é fácil: a voltagem é constante. O valor medido a qualquer momento é
sempre o mesmo. Em corrente alternada a tensão muda constantemente.
Matematicamente, a amplitude de uma onda senoidal é o valor da função no seu
ponto de máximo valor. Entretanto, é mais comum nos referirmos a um sistema
de tensão alternada pelo seu valor de voltagem ou corrente efetiva. Este é o
valor que efetivamente gera o mesmo trabalho se a energia fosse fornecida na
forma CC. Neste momento não vamos derivar matematicamente esta grandeza,
vamos simplesmente afirmar que, para uma onda senoidal o valor efetivo é
simplesmente o valor de pico multiplicado por 0,707 (1/√2). Então, quando
dizemos que temos uma linha de 120 volts, estamos nos referindo à voltagem
efetiva e não ao valor de pico que é próximo de 170 volts. A voltagem efetiva é
também conhecida como voltagem rms.

No trabalho com energia elétrica AC, as propriedades mais importantes são


freqüência e amplitude, e geralmente os equipamentos elétricos são
especificados para funcionarem em valores de freqüência e amplitude ajustados
aos valores da energia fornecida. Período e comprimento de onda não são
grandezas importantes neste contexto.
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Porque usar corrente alternada?

Uma vez que alguns equipamentos requerem CC para alimentá-los e outros


podem facilmente operar com ambas, CC ou CA, uma questão surge
naturalmente: “Por que não dispensar completamente CA e alimentar tudo com
CC”. Esta solução é suportada pelo fato de que CA é difícil de lidar assim como de
ser usada. Entretanto existe uma importante razão para mantê-la que se
superpõe todas as outras considerações quando se trata de distribuição maciça
de energia. Tudo se resume a uma questão de custo!

CC ainda é usada em algumas aplicações comerciais. Um ótimo exemplo é o


sistema de transporte público que faz uso de bondes e ônibus elétricos.
Tomemos o exemplo do sistema de transporte público de São Francisco. Bondes
são trens elétricos com a energia fornecida por uma linha de alimentação (fio)
suspensa. Ônibus elétricos são como ônibus comuns, exceto que são movidos por
motores elétricos e recebem sua energia por uma linha dupla de alimentação (2
fios) também suspensa. Em ambos os casos, operam em 600 V CC e as linhas de
alimentação estão espalhadas por toda a cidade.

A desvantagem é que a maioria dos dispositivos elétricos de cada bonde ou


ônibus, incluindo todas as lâmpadas interiores, são comuns e requerem 110 ou
220 V. Ao mesmo tempo, entretanto, se optarmos por reduzir a voltagem de
alimentação, teriamos que aumentar a corrente usada por cada bonde ou ônibus
para fornecer a mesma quantidade de energia para movê-los (Potência é igual ao
produto da voltagem aplicada e a corrente resultante: P=V.I). Acontece que as
linhas de alimentação não são constituídas de condutores perfeitos, eles possuem
alguma resistência. Irão, portanto absorver alguma quantidade de energia da
corrente elétrica e dissipá-la na forma de calor, de acordo com a Lei de Joule
(P=I2.R).

Agora, se reduzimos a voltagem por um fator de 5 (para 120 V), devemos


aumentar a corrente por um fator de 5 para manter a mesma potência fornecida
ao bonde ou ônibus. Ma a perda de energia é função do quadrado da corrente, de
modo que iremos perder não 5 vezes mais energia na resistência dos fios, mas
vinte e cinco vezes mais. Para minimizar esta perda teríamos que reduzir a
resistência dos fios usando fios muito mais grossos e pagar uma alta soma pela
quantidade extra de cobre usado. Uma solução mais barata é montar um gerador
motorizado em cada bonde ou ônibus alimentado com 600 V CC e fornecendo
baixa tensão para alimentar os equipamentos embarcados nos bondes e ônibus.

A mesma realidade das Leis de Ohm e Joule existe nos grandes sistemas de
distribuição de energia de todos os países. Precisamos manter a voltagem usada
nas residências em um valor razoável e relativamente seguro, mas ao mesmo
tempo precisamos minimizar as perdas na transmissão de energia sem arruinar o
sistema comprando grossos fios de cobre. Ao mesmo tempo não podemos usar
geradores motorizados em cada uma das casas do país; eles necessitariam de
manutenção constante e mesmo assim falhariam frequentemente. Precisamos de
um sistema que nos permita aumentar a voltagem (e então reduzir a corrente)
para a transmissão de energia a longas distâncias e então reduzi-la para um
valor seguro para a distribuição individual a casas e empresas. Alem do mais,
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precisamos fazer isso sem usar equipamentos com partes móveis que quebram
ou necessitam de manutenção.

A resposta está no uso de um sistema de geradores e transformadores a CA.


Transformador é um equipamento elétrico que converte CA a uma certa voltagem
para CA em uma diferente voltagem, maior ou menor, com perdas
insignificantes. Então podemos gerar eletricidade em CA a uma voltagem
razoável para os geradores (alternadores), usar transformadores para elevar a
voltagem para a transmissão de longa distância e então usar transformadores
novamente para abaixar a voltagem para os valores seguros para a distribuição
às casas e empresas.

Na prática isto é feito em estágios. As linhas de transmissão de alta voltagem


(tipicamente de 70.000 a 770.000 V) carregam a energia através do país pelos
fios atrelados a grandes torres metálicas. Depois esta voltagem é reduzida
(tipicamente entre 14 000 e 22.000 V) para a distribuição em pequenas regiões.
Estas são a linhas elevadas no alto dos postes que você vê espalhadas pela
cidade. A seguir, transformadores são instalados em alguns postes e reduzem a
tensão para a distribuição individual (tipicamente 120 ou 220 V)

O projeto destes sistemas minimiza o custo total da distribuição


contrabalanceando os custos dos transformadores e dos fios utilizados, assim
como o custo da manutenção e reparos de danos no sistema. É desta forma que
o custo da eletricidade entregue na sua casa é mantido a um mínimo com um
alto nível de confiabilidade no serviço (sic!).

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