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Identificação:
Disciplina: Direito Penal I
Departamento: Direito
Curso: Direito
Professor: Antoniel Lobo Cardoso
Carga Horária:
90 minutos.
Ementa:
Princípios aplicáveis ao Direito Penal.
Bibliografia utilizada:
- Capez, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1; parte geral (arts 1º a 120). 11ª.
ed. Rev. e atual. – São Paulo; Saraiva, 2007.
- Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral, volume 1 – 11ª. ed.
Atual. – São Paulo; Saraiva, 2007.
- Prado, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, parte geral: arts. 1º a 120. 8ª ed.
rev. atual. e ampl. – São Paulo: editora Revista dos Tribunais, 2008. Vol. 1.
- Greco, Rogério. Código Penal comentado, 2ª ed. – Niterói – RJ. Ímpetus, 2009.
Objetivos:
CONTEÚDO:
1. INTRODUÇÃO.
5. REVISÃO.
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1. INTRODUÇÃO.
O certo é que, tanto uns, quanto outros operam como fundamento e limite do exercício
da atividade punitiva estatal.
O Princípio da Anterioridade, por sua vez, significa que a lei penal incriminadora
somente pode ser aplicada a um fato concreto caso tenha tido origem antes da prática da
conduta para a qual se destina.
Estão contidos no CF, 5º, XXXIX: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal”, e, também, no CP, 1º: “Não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”.
Em latim: „nullum crimen nulla poena sine lege‟. Formulação que se deve a Feurbach2.
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Alguns autores procuram levar a efeito uma distinção entre o princípio da legalidade e o da reserva legal.
Segundo parte da doutrina, a diferença residiria no fato de que, falando-se tão-somente em Princípio da Legalidade,
estaríamos permitindo a adoção de quaisquer dos diplomas elencados pelo CF, 59 (lei complementares, leis
ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções); ao contrário, quando fazemos
menção ao Princípio da Reserva Legal, estamos limitando a criação legislativa, em matéria penal, tão-somente às
leis ordinárias – que é a regra geral- e às leis complementares.
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Anselm von Feruerbach.
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CF, 5º, XL: “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
Exceções:
a) O próprio CF, 5º, XL, segunda parte: “... salvo para beneficiar o réu”.
b) CP, 2º, parágrafo único: “a lei posterior, que de qualquer modo, favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado”.
c) Leis excepcionais e leis temporárias5.
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Costume: É uma das formas de integração das leis. É o uso reiterado de uma conduta com a consciência coletiva de
que a prática é obrigatória. Possui dois elementos: objetivo: o uso reiterado; subjetivo: a consciência da
obrigatoriedade. Pode ser: a) secundum legem: conforme a lei. Já foi erigido em lei, e, portanto, perdeu a
característica de costume propriamente dito; b) praeter legem: o que preenche as lacunas quando a lei for omissa; c)
contra legem: o que se opõe ao dispostivo de uma lei.
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Analogia: uma das formas de integração das leis onde se aplica a uma relação jurídica não disciplinada as normas
de direito objetivo aplicáveis a casos semelhantes. Ver LICC, 4º: „quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito‟.
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Leis excepcionais são as promulgadas para vigorar em situações ou condições sociais anormais, tendo sua vigência
subordinada à duração da anormalidade que as motivou. Leis temporárias são as que têm tempo de vigência
determinado em seu próprio dispositivo; diferem das excepcionais, porque decorrido o prazo para sua vigência não só
perdem a eficácia, com deixam de vigorar. Em verdade, deixam de existir. uma vez decorrido o prazo para sua
vigência não só perdem a eficácia, com deixam de vigorar. Em verdade, deixam de existir.
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Em resumo: a lei posterior mais severa é irretroativa. A lei posterior mais benéfica é
retroativa.
Vimos que o Direito Penal só deve preocupar-se com os bens mais importantes e
necessários à vida em sociedade.
Isso quer dizer que o Direito Penal não deve interferir em demasia na vida do indivíduo,
retirando-lhe autonomia e liberdade.
Afinal, a lei penal não deve ser vista como a primeira opção (prima ratio) do legislador
para compor os conflitos existentes em sociedade e que, pelo atual estágio de
desenvolvimento moral e ético da humanidade, sempre estarão presentes.
Por isso, caso o bem jurídico possa ser protegido de outro modo, deve-se abrir mão da
opção legislativa penal, justamente para não banalizar a punição, tornando-a, por vezes,
ineficaz, porque não cumprida pelos destinatários da norma e não aplicada pelos órgãos
estatais encarregados da segurança pública.
Podemos, por isso, anotar que a vulgarização do Direito Penal, como norma
solucionadora de qualquer conflito, pode levar ao seu descrédito.
Enfim, o Direito Penal deve ser visto como subsidiário aos demais ramos do Direito.
O poder punitivo do Estado deve estar regido e limitado por este princípio. Com isso, o
que se quer dizer é que o Direito Penal somente deve intervir nos casos de ataques muito
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graves aos bens jurídicos mais importantes. As perturbações mais leves do ordenamento
jurídico são objeto de outros ramos do Direito.
Se é com base neste princípio que os bens são selecionados para permanecer sob a tutela
do Direito Penal, porque considerados como os de maior importância, também será com
fundamento nele que o legislador, atento às mutações da sociedade, que com sua
evolução deixa de dar importância a bens que, no passado, eram da maior relevância,
fará retirar do nosso ordenamento jurídico-penal certos tipos incriminadores.
Tal princípio encontra-se implícito na CF/88 quando diz serem invioláveis os direitos à
liberdade, à vida, à igualdade, à segurança e à propriedade (CF, 5º, caput), além de
colocar como fundamento do nosso Estado democrático de direito a dignidade da pessoa
humana (CF, 1º, III).
A correta leitura deste princípio procura evitar o que Francesco Carrarra denominou de
Nomorréia (ou nomomania), isto é, criação excessiva e descriteriosa de figuras
delituosas.
Se levarmos em contar que, dentro de uma concepção dicotômica das infrações penais,
ou seja, fazendo-se a divisão, entre, de um lado, os crimes/delitos e, do outro, as
contravenções penais, considerando-se que a estas últimas é destinada a proteção dos
bens que não gozam da mesma importância do que aqueles protegidos pelos
crimes/delitos, de acordo com o critério proposto pelo princípio da intervenção mínima
o Direito Penal deveria afastar as chamadas contravenções penais, permitindo que a
proteção dos bens por elas realizadas fosse destinada aos outros ramos do ordenamento
jurídico, já que não têm a relevância exigida pelo Direito Penal.
Consiste no reconhecimento do condenado como pessoa humana, e que como tal deve
ser tratado. É no não esquecimento que o réu é pessoa humana.
Indica que o Direito Penal deve pautar-se pela benevolência, garantindo o bem-estar da
coletividade, incluindo-se o dos condenados.
Estes não devem ser excluídos da sociedade, somente porque infringiram a norma penal,
trados como se não fossem seres humanos, mas animais ou coisas.
Este princípio sustenta que o Estado, no exercício exclusivo do jus puniendi, não pode
aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesem a constituição
físico-psíquica dos condenados.
a) CF, 5º, XLVII6: “Não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra
declarada nos termos do artigo 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos
forçados; d) de banimento; e) cruéis”.
b) CF, 5º, XLIX: “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”;
c) CF, 5º, L: “às presidiárias serão asseguradas as condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período da amamentação”;
Dispõe que a pena deverá atingir apenas o sentenciado, ou seja, a punição não deve
ultrapassar a pessoa do delinqüente.
Previsto no CF, 5º, XLV: “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido”.
Ou seja, somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada
pelo Estado.
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Esse dispositivo também representa o princípio da limitação das penas.
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personalíssimo, quer dizer, somente o autor do delito é que pode submeter-se às sanções
penais a ele aplicadas.
A família do condenado, geralmente, perde aquele que trazia o sustento para casa;
Quer dizer que a aplicação da pena não deve ser padronizada, cabendo a cada
delinqüente a exata medida punitiva pelo que fez. Consiste no processo para retribuir o
mal concreto do crime, com o mal concreto da pena, na concreta personalidade do
criminoso.
Previsto no CF, 5º, XLVI: “a lei assegurará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes”:
1) Fase da cominação da pena: ocorre com a seleção feita pelo legislador, quando
escolhe para fazer parte do pequeno âmbito de abrangência do Direito penal
aquelas condutas, positivas ou negativas, que atacam nossos bens mais
importantes;
2) Fase da aplicação da pena: tendo o julgador chegado à conclusão de que o fato
praticado é típico, ilícito e culpável, dirá qual a infração penal praticada pelo
agente e começará, agora, a individualizar a pena a ele correspondente,
observando as determinações contidas no CP, 59. Primeiramente fixará a pena-
base de acordo com o critério trifásico determinado pelo CP, 68, atendendo às
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CC, 1977: „a herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só respondem os
herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube‟.
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O juiz natural é somente aquele integrado no Poder Judiciário, com todas as garantias
institucionais e pessoais previstas na CF.
CF, 5º, LIII: “ninguém será processado ou sentenciado, senão pela autoridade
competente”.
Princípio abrangente que significa, em linhas gerais, que todas as pessoa têm direito a
um processo justo. Sintetizado pela expressão: „due process of law‟.
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LEP, 5º: os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a
individualização da execução penal.
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CF, 5º, LV: “aos litigantes em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório9 e ampla defesa10, com os meios e recursos a ela
inerentes”.
Previsão: CF, 5º, LVII: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória”.
Deste princípio decorre a exigência de que a pena não seja executada enquanto não
transitar em julgado a sentença condenatória, ou seja, somente depois de a condenação
tornar-se irrecorrível é que a pena poderá ser executada.
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O contraditório consiste na necessidade de ouvir a pessoa perante a qual será proferida a decisão, garantindo-lhe o
pleno direito de defesa e de pronunciamento durante todo o curso do processo. Não há privilégios a nenhuma das
partes que não seja concedido à outra. Há uma “igualdade de armas” entre as partes. Determina, outrossim, que se dê
oportunidade à parte não só de falar sobre as alegações do outro litigante, como também de fazer a prova contrária.
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Tem-se que a ampla defesa constitui-se na possibilidade de utilização de todos os meios disponíveis em direito
para se provar inocência alegada em processo judicial.
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CC, 212: „salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: I- confissão;
II- documentos; III- testemunhas; IV- presunção; V- perícia‟.
As presunções, portanto, são as conseqüências ou ilações que a lei ou o julgador deduzem de um fato conhecido.
A presunção poderá ser: a) comum; ou b) legal.
a) Presunção comum (hominis): é a que se funda naquilo que, ordinariamente acontece. É admissível nos casos em
que o é a prova testemunhal. Diz Pontes de Miranda que a presunção comum não é meio de prova nem dá motivo de
prova. É atividade do juiz. Do intérprete.
b) Presunção legal, (juris) é a que é estabelecida pela própria lei. Subdivide-se em: a) Presunção legal absoluta
(juris et de jure) quando a lei estabelece que certos atos ou fatos são tidos por verdadeiros, não admitindo prova em
contrario. b) Presunção legal relativa ou condicional (juris tantum) a que se tem por verdade quando não se prova
o contrário.
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No nosso Direito, existem penas que não podem ser impostas, pois há proibição
estabelecida pelo texto constitucional.
Previsto no CF, 5º, XLVII12 procura impedir qualquer tentativa de retrocesso quanto à
cominação das penas levadas a efeito pelo legislador.
Com efeito, a proibição de tais penas atende a um dos fundamentos de nosso Estado
Democrático de Direito, previsto no CF, 1º, III, que é a „dignidade da pessoa humana‟.
Quanto à pena de banimento: o banimento era uma medida de política criminal que
consistia na expulsão do território nacional de quem atentasse contra a ordem política
interna ou a forma de governo estabelecida.
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CF, 5º, XLII: „não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do CF, 84,
XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis‟.
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LEP, 39, V: „constituem deveres do condenado: execução do trabalho, das tarefas e das ordens
recebidas‟.
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LEP, 114, I: „somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que: I- estiver trabalhando ou
comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente‟.
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Quanto às penas cruéis: a doutrina preleciona, com acerto que o antônimo de pena cruel
é a pena racional. Ou seja, se a pena não for racional, será cruel. Entram nessa categoria
todas as mutilações, tais como o decepamento da mão do ladrão, em países
muçulmanos, a castração de condenados por crimes de violência sexual, etc.
O princípio sob análise não só permite ao acusado que permaneça em silêncio durante
toda a investigação, e, mesmo em juízo, como impede que seja ele compelido a produzir
ou contribuir com a formação da prova contrária ao seu interesse (nemo tenetur se
detegere).
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O princípio da intervenção mínima e da lesividade são como que duas faces de uma
mesma moeda.
Na verdade, nos orientará no sentido de saber quais as condutas que não poderão sofrer
os rigores da lei penal.
Portanto, só pode ser castigado aquele comportamento que lesione direitos de outras
pessoas e que não seja simplesmente um comportamento pecaminoso ou imoral.
Assim, o Direito Penal só deve ser aplicado quando a conduta lesionar um bem
jurídico. As condutas de cunho moral, por mais escandalosas que sejam, são
desprovidas de lesividade para legitimar a intervenção penal.
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O reprovável direito penal do autor procura penaliza o „ser‟ de uma pessoa, e não seu agir, sua conduta.
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Ou seja, além de atuar somente quando os demais ramos do Direito não foram
suficientes para reprimir e/ou corrigir a conduta ilícita, o Direito Penal somente irá
proteger determinados bens jurídicos.
De outra sorte, o Princípio da Fragmentariedade significa que nem todas as lesões a bens
jurídicos protegidos devem ser tuteladas e punidas pelo Direito Penal, pois este constitui
apenas uma parte do ordenamento jurídico.
Por essa razão é que o Direito Penal deve ser visto, no campo dos atos ilícitos como
fragmentário, ou seja, deve ocupar-se somente com as condutas lesivas mais graves aos
bens juridicamente tutelados.
Tal princípio foi introduzido por Claus Roxin, em por finalidade auxiliar o intérprete
quando da análise do tipo penal, para fazer excluir do âmbito de incidência da lei
aquelas situações consideradas como de bagatela. Portanto, o Direito Penal, por sua
natureza fragmentária, só vai aonde seja necessário para a proteção do bem jurídico.
Não deve o Direito Penal ocupar-se de bagatelas. Não se pode confundir, no entanto,
delito de bagatela com crime de menor potencial ofensivo. Estes últimos são definidos
pelo Artigo 6116 da Lei 9.099/95 e submetem-se ao processo e julgamento nos juizados
especiais criminais. Neles não se fala em aplicação do princípio da insignificância já que
possuem uma certa gravidade, ao menos perceptível socialmente.
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Artigo 61 da Lei 9.099/95: „Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei,
as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não
com multa‟.
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Quer dizer que as penas devem ser harmônicas com a gravidade da infração penal
cometida, não tendo cabimento o exagero, nem tampouco a extrema liberalidade na
cominação das penas nos tipos penais incriminadores.
Não teria sentido punir um furto simples com elevada pena privativa de liberdade, como
também não seria admissível punir um homicídio com pena de multa.
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CP, 68: „A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas
as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento‟.
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Talião: do latim talis – igual – era a antiga pena, que consistia em infligir a alguém castigo perfeitamente
equivalente ao mal que fizera a outrem. Expressava-se pela fórmula “olho por olho, dente por dente” e teve larga
aplicação na legislação grega e romana estendendo-se até a idade média. A civilização moderna, no entanto, a aboliu.
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Quer dizer que ninguém será penalmente punido, se não houver agido com dolo ou
culpa, dando mostras de que a responsabilização não deve ser objetiva, mas subjetiva.
O próprio Código Penal em seu artigo 18 estabelece que somente haverá crime quando
estiver presente o dolo e a culpa.
Além disso, a redação do parágrafo único desse artigo: „salvo os casos expressos em lei,
ninguém será punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente‟.
Não o encontrando, deve-se procura a culpa, desde que expressamente prevista, como
alternativa, no tipo incriminador.
Conforme o CF, 5º, caput, todos são iguais perante a lei. Portanto, não poderá o
delinqüente ser discriminado em razão de cor, sexo, religião, raça, procedência, etnia,
etc.
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CF, 1º, III: „a República Federativa do Brasil, formada pela unio indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, consititui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I- a soberania; II- a
cidadania; III- a dignidade da pessoa humana; IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V- o pluralismo
político. (SCDIVAP)
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Funda-se na premissa de que todos devem esperar por parte das outras pessoas que estas
sejam responsáveis e ajam de acordo com as normas da sociedade, visando a evitar
danos a terceiros.
Por essa razão, consiste na realização da conduta, na confiança de que o outro atuará de
um modo normal já esperado, baseando-se na justa expectativa de que o comportamento
das outras pessoas se dará de acordo com o que normalmente acontece.
Exemplo 2: motorista que trafega pela preferencial passa por cruzamento na confiança
de que o veículo da via secundária aguardará sua passagem.
Tal princípio diz que o substrato do ilícito penal há de ser sempre um comportamento
concreto e exteriorizado.
Ninguém pode ser punido pelo que pensa (mera cogitação) ou pelo modo de viver. Só
responde penalmente quem realiza um fato (Direito Penal do fato); está proibido punir
alguém pelo seu estilo de vida (leia-se: está vedado o chamado Direito Penal de autor20,
que pune o sujeito não pelo que ele fez, mas sim pelo que ele é). O Direito Penal nazista,
é exemplo histórico de Direito Penal de autor (o sujeito, na época nazista, era punido
não pelo que fazia, mas pelo que era: judeu, prostituta, homossexual, etc.).
Exemplo: suicida frustrado; pessoa que mutila (por essa razão a autolesão não é crime,
salvo quando houver intenção de prejudicar terceiros, como na auto-agressão cometida
com o fim de fraude ao seguro, em que a instituição seguradora será vítima de
estelionato).
Entende que a responsabilidade pela prática de uma infração penal deve ser
compartilhada entre o infrator e a sociedade, quando essa não lhe tiver proporcionado
oportunidade. Não é adotado entre nós.
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4. PROVAS ANTERIORES:
Meus caros, vejam como tenho explorado o tema tratado nas aulas nº 01 e 02 em provas
aplicadas em semestres anteriores. O gabarito está no final da página. Boa sorte.
1.1 (..........) o princípio nullum crimen, nulla poena sine lege aplica-se a todo e qualquer
tipo de pena, inclusive às medidas de segurança;
1.2 (..........) A medida provisória, nem após sua aprovação pelo Congresso, pode instituir
crime ou pena criminal;
1.3 (..........) pelo princípio da legalidade, a exigência de lei prévia e estrita impede a
aplicação, no Direito Penal, da analogia in bonam partem, e, também, a aplicação da
analogia in malam partem, justificado por uma questão de justiça;
1.4 (..........) Tal qual a analogia in malam partem, a interpretação extensiva não é admitida
no Direito Penal porque importa em ampliar a figura penal a casos não expressamente
previstos;
1.5 (..........) Todos os bens juridicamente protegidos foram postos sob a tutela específica do
Direito Penal, principalmente aqueles com valoração social;
1.6 (..........) Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal, mas esse princípio não se aplica às Medidas Provisórias.
1.7 (..........) O Princípio da legalidade não é aplicado no Direito Penal;
1.8 (..........) Se as práticas criminosas se tornarem rotineiras, não há qualquer impedimento
para a utilização do costume como fonte de leis penais incriminadoras;
1.9 (..........) A Medida Provisória, por ter força de lei, pode definir crimes e impor penas,
mas não é retroativa.
1.10 (..........) Ab-rogação é a revogação parcial de uma lei penal;
1.11 (..........) O princípio nullum crimen, nulla poena sine lege encontra-se expresso
tanto na Constituição Federal quanto no Código Penal;
1.12 (..........) A lei penal poderá retroagir para alcançar um fato praticado antes de sua
vigência;
1.13 (..........) O Princípio da legalidade é aplicado no Direito Penal;
1.14 (..........) Justificam-se as disposições penais quando meios menos incisivos, como os de
Direito Civil ou Direito Administrativo, não bastam ao interesse de eficiente proteção aos
bens jurídicos. Diz-se, portanto, que o Direito Penal é: fragmentário.
1.15 (..........) O Código Penal vigente é o Decreto-Lei nº 2.848/40.
1.16 (..........) O princípio da insignificância ensina que o Direito Penal não deve preocupar-
se com crimes de bagatela;
1.17 (..........) É possível, no Brasil, a aplicação da pena de morte;
1.18 (..........) Em razão do princípio da lesividade jamais se pode punir a auto-lesão.
1.19 (..........) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado;
2.1 Quais princípios exigem que a lei penal incriminadora seja editada antes da
ocorrência do fato criminoso:
2.2 Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória. Trata-se do princípio do estado de inocência (para alguns, princípio da
presunção de inocência). Trata-se de presunção absoluta.
a) Incriminador e fragmentário;
b) Fragmentário e subsidiário;
c) Subsidiário;
d) Máximo;
a) A lei 9.072/90.
b) O Decreto-lei 2.848/40;
c) A Lei 7.209/84;
d) A Lei 8.069/90;
2.7 Não são todos os bens jurídicos que estão sob a proteção do Direito Penal, somente
os considerados mais importantes e necessários ao convívio em sociedade, daí o
caráter:
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2.8 O Direito Penal não deve se preocupar com crimes de bagatela. Trata-se:
a) Do Princípio da insignificância;
b) Do Princípio da fragmentariedade da lei penal;
c) Do Princípio da irretroatividade da lei penal;
d) Do Princípio da legalidade;
2.9 De acordo com a Constituição Federal, podem legislar sobre Direito Penal:
3. Responda:
4. Complete o espaço em branco com a assertiva que julgar correta: “De acordo
com a doutrina autorizada, o Direito Penal é mínimo e ___________, ou seja, deve
intervir o mínimo possível na vida das pessoas, protegendo apenas parcelas
daqueles bens jurídicos julgados mais importantes para a manutenção do convívio
social‟.
a) Subsidiário;
b) Sancionador;
c) Valorativo;
d) Fragmentário;
e) Máximo;
respondendo a processo como mero usuário deverá ser julgada e, se for o caso,
condenada e cumprir a respectiva pena de prisão”.
(.........) Verdadeiro;
(..........) Falso;
No Brasil, esta sanção poderia ser utilizada já que atenderia aos requisitos da
prevenção (geral e especial) bem como da retribuição da pena.
(.........) Certa.
(.........) Errada.
“BRASÍLIA - Dos 11 depoimentos agendados pela Polícia Federal para hoje sobre
a Operação Caixa de Pandora, apenas três investigados falaram com o delegado
federal Alfredo Junqueira, responsável pelo caso.
que poderá contribuir para sua condenação desde que provados os fatos, o
resultado danoso e uma relação de ligação lógica entre ambos (fato e resultado).
(.........) Verdadeiro;
(.........) Falso;
I – A analogia é uma das técnicas empregadas para interpretação das leis penais;
II – Por uma questão de lógica, o indivíduo condenado por um fato que, quando
praticado, era definido como crime, não se beneficia de lei posterior que já não o
considera como tal;
III - Ninguém será privado da liberdade até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, é a previsão expressa da Constituição Federal a respeito do princípio da
presunção de inocência;
IV - Quem for condenado por uma conduta, cuja sanção penal a legislação não prevê,
cumprirá pena de acordo com o prudente arbítrio do juiz, levando-se em consideração,
principalmente, a extensão do prejuízo causado à vítima e a gravidade da agressão ao
bem jurídico penalmente tutelado em respeito ao princípio da lesividade;
Estão incorretas:
Estão corretas:
GABARITO:
1.1 – V 2.1 – A 12 – D
1.2 – F 2.2 – D
1.3 – F 2.3 – C
1.4 – F 2.4 – A
1.5 – F 2.5 – B
1.6 – F 2.6 – D
1.7 – F 2.7 – C
1.8 – F 2.8 – A
1.9 – F 2.9 – B
1.10 – F 3.1 – DISCURSSIVA
1.11 – V 3.2 – DISCURSSIVA
1.12 – V 4–D
1.13 – V 5 – FALSA
1.14 – F 6 – ERRADA
1.15 – V 7 – FALSA
1.16 – V 8–D
1.17 – V 9 – B (I e IV)
1.18 – F 10 – D
1.19 – V 11 - C
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5. REVISÃO
01. O Princípio da legalidade determina que não há crime sem lei anterior que o
defina;
02. O Princípio da anterioridade determina que a sanção penal tem que ter
previsão antes da ocorrência do fato;
03. O Costume e a Analogia não podem ser fontes de normas penais; (a não ser
quando „in bonam partem‟);
05. Pelo Princípio da irretroatividade da lei penal, a lei penal não retroagirá,
salvo para beneficiar o réu.
10. O Princípio da Intervenção Mínima sugere que o Direito Penal deve intervir o
mínimo possível na vida em sociedade;
11. O Princípio da humanidade exige que o réu seja tratado como pessoa humana;
12. A pena não deve atingir a terceiros, mas sim, apenas a pessoa do infrator, é o que
determina o Princípio da Pessoalidade;
14. Pelo Princípio do Juiz Natural, ninguém será processado ou sentenciado senão
pela autoridade competente, bem como não haverá juízo ou tribunal de exceção;