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HORMÔNIOS TIREOIDIANOS

Marcela

A tireóide é constituída por folículos, que envolvem o colóide, onde estão armazenados os hormônios tireoidianos.
 As células foliculares produzem os hormônios foliculares da tireoide (T3 e T4) por um eixo hipotálamo-hipófise-
tireóide, enquanto as células parafoliculares produzem a calcitonina.
 Funções de T3 e T4: Esses hormônios promovem efeitos diversos, auxiliando no crescimento ósseo, no maior
desenvolvimento do SNC, aumentando o metabolismo basal (aumenta a produção de CO2, aumenta a
ventilação, o débito cardíaco) e, consequentemente, a função renal e a excreção de ureia. É importante
ressaltar que um aumento do metabolismo implica na elevação do número de mitocôndrias e de enzimas
envolvidas na cadeia respiratória, no ciclo de Krebs e na fosforilação oxidativa. Há também aumento do
número de bombas Na/K ATPase, com maior consumo de O2, resultando em atividade metabólica mais
intensa.
o Aumento do crescimento ósseo
o Desenvolvimento e crescimento do cérebro do bebê
o Desenvolvimento dos dentes
o Crescimento normal das unhas
o Aumenta o consumo de O2
o Aumenta digestão
o Acentua a audição, memória e capacidade de aprendizagem
o Regulação da função reprodutora
 No corpo humano, cerca de 93% dos hormônios liberados na tireoide é T4, e apenas 7% é T3. Esses hormônios
não diferem quanto a sua ação, porém, o T3 é fisiologicamente mais ativo, agindo de forma mais intensa e
rápida, embora persista por menos tempo na corrente sanguínea.
o Por ser mais ativo, o T3, ao sair da célula e ligar-se a receptores nucleares, controla a transcrição
gênica, ou seja, regula a produção de enzimas e proteínas  provocando o aumento das mitocôndrias,
enzimas respiratórias, íons sódio e potássio, ATPase e outras enzimas, o que aumenta o consumo de O2
e, consequentemente, aumenta o metabolismo.
o T4: em maior concentração no corpo e transformado em T3 nos tecidos periféricos pelo processo de
deiodização (perda de um iodo específico). Possui maior meia vida, e, por isso, pode ser considerado
uma “reserva de T3”  importância!
 Exemplo: pessoas com hipotireoidismo geralmente fazem uso de medicamentos que repõe as
quantidades de T4  a maior meia vida desse hormônio garante a maior permanência dele no
corpo e, consequentemente, maior eficácia do tratamento.
o T3: mais potente/ativo e em menor concentração
o A Hipófise (adeno-hipófise) estimula a produção de T3 e T4 pelo TSH (tireotropina), o qual é, por sua
vez, estimulado pelo TRH (hormônio regulador de tireotropina), produzido pelo Hipotálamo.
 TSH: aumenta o bombeamento de iodo (ou seja, aumenta a captação), estimulando a
produção da tireoglobulina e o processo de conjugação; e aumenta a endocitose.
 Feedback: TRH → TSH → produção de T3 e T4 → diminuição da produção de TRH e TSH →
diminuição de T3 e T4 → aumento da produção de TRH e TSH…
 Em regiões frias, é normal que as pessoas sejam mais magras pelo estímulo do metabolismo
para manter a temperatura basal constante.
 Para a formação de T3 e T4 é necessário cerca de 1mg de iodo por dia. Com isso, o sal é geralmente iodado  o
Ministério da Saúde instituiu que o sal deveria vir iodado.
o Em regiões pobres em iodo, o T3 e o T4 não são produzidos → o nível desses hormônios cai → TRH e
TSH são estimulados → estimulam a tireoide, mas que não pode produzir os seus hormônios sem o
iodo → hipertrofia da tireóide → bócio endêmico.
 O bócio pode estar presente no hipertireoidismo e no hipotireoidismo
 Iodeto + Tirosina (um dos aminoácidos componentes da tireoglobulina) → monoiodotirosina → diiodotirosina
o Monoiodotirosina + diiodotirosina → T3
o Diiodotirosina + diiodotirosina → T4
 T4 – iodo → T3 (nos tecidos periféricos pelo processo de deiodização)

A síntese de T3 e T4

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1. A primeira etapa é conhecida como “sequestro de iodo”, em que o iodeto passa do meio extracelular para o
meio intracelular das células foliculares da tireoide.
o O transporte meio extracelular → intracelular é feito por meio de uma bomba de iodeto, que co-
transporta de forma ativa, o iodo e o sódio. A energia proveniente para a realização desse processo
provém da bomba de sódio e potássio.
o Fisiologicamente, a concentração de iodeto é 30 vezes maior no interior celular quando comparada à
circulação. E quando essa glândula atinge sua máxima capacidade funcional, é capaz de aumentar em
250 vezes essa diferença de concentração.
2. Após entrar na célula, o iodo é transportado para o folículo por meio da pendrina, que realiza um mecanismo
anti-porte entre iodo e cloreto
3. Os íons iodeto são oxidados pela enzima peroxidase, transformando-se numa forma mais que tem mais
afinidade com a tireoglobulina, a qual ele vai se ligar.
 A tireoglobulina é uma proteína formada por +- 70 aminoácidos tirosina, produzida no retículo
endoplasmático e no complexo de Golgi, e, posteriormente, secretada no coloide.
4. A organificação da tireoglobulina: No coloide, o iodo previamente oxidado se liga ao aminoácido tirosina da
tireoglobulina com ajuda da enzima iodinase (ou peroxidase). Quando um iodo se liga em uma tirosina, forma-
se a monoiodotirosina; e, se dois iodos se ligam à tirosina, forma-se a diiodotirosina
 A combinação de uma molécula de monoiiodotirosina com uma de diiodotirosina, leva a formação de
triiodotironina (T3). A combinação de duas moléculas de diiodotirosina leva a formação de tiroxina (T4)
5. Liberação de T3 e T4: as células da tireoide emitem pseudópodes que realizam endocitose, formando as
vesículas de pinocitose. Lisossomos se fundem a essa vesícula, e suas proteinases digerem/clivam as moléculas
de tireoglobulina, liberando o T3 e o T4, que se difundem para dentro dos capilares circundantes  vão para a
corrente sanguínea.
 As moléculas de tirosina iodetadas (monoiodotirosina e diiodotirosina) que não participaram da
formação dos hormônios (pois nem todas se ligam ao iodo) são também liberadas, mas não secretadas
na corrente sanguínea; assim, são clivadas pela enzima deiodinase, liberando iodo, que se torna
disponível novamente para reciclagem (pode se associar a outra tireoglobulina e formar hormônios,
por exemplo) dentro da glândula.
 Essa reciclagem é extremamente importante: Pessoas que têm deficiência congênita da
enzima deiodinase apresentam uma diminuição da síntese dos hormônios tireoidianos.
6. Após serem liberados na corrente sanguínea, esses hormônios ligam-se à proteínas plasmáticas para serem
transportados aos tecidos, como à albumina. Nos tecidos periféricos, principalmente no fígado, para que o T4
seja convertido em T3, é necessário que ele libere um iodo. Mas essa conversão pode não resultar em um T3
funcional, e sim um T3 reverso. Isso acontece quando há a retirada do iodo, porém não é o iodo específico que
resultaria no T3 funcional (  ou seja, não se pode retirar qualquer iodo, precisa de ser o iodo específico).
 Esse T3 reverso parece não desempenhar atividade biológica, mas tem um papel na regulação dos
hormônios tireoidianos, sendo que a produção de T3 reverso inativa a conversão de T4 em T3 funcional.
Disfunção da tireoide
É importante lembrar que o coloide tem uma grande concentração de tireoglobulina e, consequentemente, de
hormônios tireoidianos armazenados. Com isso, mesmo diante de uma disfunção do eixo regulatório, é possível
manter o nível hormonal fisiológico por mais ou menos um mês. Ou seja, mesmo que a função da tireoide seja perdida
(que não tenha a produção de novas doses hormonais), o corpo não sentirá isso imediatamente. É preciso que as
reservas praticamente acabem para que haja uma depleção de T3 e T4 e, por consequência, o surgimento de diversos
sintomas advindo dessa patologia.
 HIPOFUNÇÃO
o Congênita: pode gerar cretinismo na criança, que, se não tratada, apresentará problemas no
crescimento ósseo, no desenvolvimento do sistema nervoso e comprometimento das funções
desempenhadas pelos hormônios T3 e T4  mais em países subdesenvolvidos (pela falta de iodo na
alimentação)
o Adquirido
 Deficiência de iodo: raro, devido à adição de iodo no sal  mais em países subdesenvolvidos
(pela falta de iodo na alimentação)
 Tireoide de Hashimoto (autoimune)  mais em países desenvolvidos
 Tireoidectomia total: retirada cirúrgica da tireoide  usada, muitas vezes, no tratamento do
hipertireoidismo
 Irradiação da tireoide (iodo radioativo): como a tireoide tem alta captação de iodo (em torno de
80-95% no dia), a captação de iodo radioativo é capaz de destruir as células tireoidianas
rapidamente, levando ao hipofuncionamento da glândula. Esse iodo radioativo é utilizado no
tratamento de câncer da tireoide, já que a taxa de destruição celular é elevada, e sua
seletividade é quase exclusiva pela tireoide.
1. Primário: o problema está na tireoide. O T3 e T4 estão baixos, estimulando a hipófise a
produzir TSH, na tentativa de aumentar esses níveis. Entretanto, em alguns casos não há esse
aumento, como: no acometimento congênito, na destruição/remoção (auto imune ou por
radiação) das glândulas tireoides, na deficiência de iodo, na falta de enzimas, na inibição por
drogas (como lítio, amiodarona, tionamidas).
 Presente em 5% dos indivíduos, predominantemente em mulheres.
2. Secundário (mais raro): o problema está na hipófise, que pode ter sido acometida por algum
tumor, por exemplo. Consequentemente, há deficiência de TSH, que não estimula a tireoide a
produzir T3 e T4.
3. Terciário: acometimento do hipotálamo – baixa de TRH.
o Sinais e sintomas:
 Alteração da atividade das glândulas sebáceas → cabelo, pele e unha ressecados.
 Bócio por hipertrofia da tireoide – endêmico.
 Lipólise comprometida devido à diminuição do metabolismo → acúmulo de colesterol e de
gordura = ganho de peso.
 Anemia → com a diminuição do metabolismo, a demanda por O2 também diminui, o que
provoca a diminuição da síntese de eritropoietina (glicoproteína que controla a eritropoiese, a
produção de células vermelhas no sangue) e, consequentemente, de hemácias.
 Cansaço, sonolência, depressão, hipoventilação, mixedema (edema duro)
 Perda de apetite, prisão de ventre
 Amenorréia → não menstrua – a baixa de T3 e T4 fazem a produção de TRH aumentar. Esse
aumento do TRH estimula a produção de TSH e de PRL. Como o PRL tem feedback negativo
com o GnRH, a produção de GnRH diminui. O GnRH controla a produção de FSH e LH.
Portanto, com a diminuição de GnRH, há diminuição de FSH e LH = mulher não menstrua.
o Diagnóstico:
 Se o TSH estiver normal (nl de 0,5 a 4,5 mUI/L) e T3 e T4 baixos → hipo. primário
 Se o TSH estiver baixo e T3 e T4 baixos → hipotireoidismo secundário
 Para causas autoimunes, como na Tireoidite de Hashimoto, avalia-se o nível de anticorpos
antitireoidianos, como antiperoxidase (antiTPO) e antitireoglobulina. Por isso, pacientes com
distúrbios tireoidianos autoimunes não podem nem doar sangue: doariam os anticorpos
capazes de destruir a glândula.
 HIPERFUNÇÃO
o Causas:
 Doença de Graves (doença autoimune): são produzidos anticorpos de TSH estimulantes
(TRAb), que mimetizam a função do TSH, ou seja, são capazes de se ligar ao receptor do TSH e
estimular a tireoide, que passa a secretar muito T3 e T4
 Adenoma Tóxico (Doença de Plummer): tumor que aumenta a secreção dos hormônios
tireoidianos
 Hipertireoidismo induzido por iodo
 Adenoma hipofisário secretor de TSH
 Tireoidites (viral /bacteriana)
 Hormônio Tireoidiano Exógeno (drogas /alimentos)
o Sinais e sintomas:
 Exoftalmia: “olhos esbugalhados”  muito comum nos hipertireoidismos autoimunes, que há
uma ligação dos anticorpos no tecido muscular, gerando edema. Pode haver lesão do nervo
óptico, afetando a acuidade visual e o fechamento da pálpebra completo (durante o sono, o
olho pode permanecer aberto: logoftalmia), o que causa ressecamento da córnea
 O metabolismo acelerado faz com que a pessoa sinta muita fome  mesmo assim, esse
metabolismo ainda é tão acelerado que a pessoa perde peso
 Insônia, ansiedade e  Baixo colesterol
nervosismo  Sudorese
 Taquicardia  Hiperventilação
 Bócio: grande estímulo da
tireoide =hiperplasia celular
o Diagnóstico – Exames laboratoriais:
 Dosagem de TSH: <0,1mlU/L (na primária)
 T4 livre  T3 livre
 Dosagem do anticorpo anti-receptor do TSH (TRAb)
 Captação de iodo radioativo (l131) – diagnóstico e cálculo da dose terapêutica

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