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FERREIRA, Rafael Fonseca. Diário de classe: Brasil quase 30 anos depois... O que é
uma Constituição?, Revista Consultor Jurídico, 2018.
“A arte do diálogo está desaparecendo? [...] Ou será ainda que o que se tem chamado
de incapacidade para o diálogo não é propriamente a decisão de recusar a vontade de
entendimento e uma mordaz rebelião contra o pseudoentendimento dominante na vida
pública?”
“[...] dois elementos são derradeiros para o diálogo: a capacidade de ouvir e a existência
de uma linguagem comum entre os participantes; outros fatores podem determinar a
impossibilidade de participar no diálogo como a alienação social e política, o
dogmatismo e o ceticismo, a indiferença acerca do que se dialoga, o bloqueio da
produtividade interpretativa e o fatalismo da conformidade.”
“[...] como é possível olhar o novo (texto constitucional de 1988) se os nossos pré-juízos
(pré-compreensão) estão dominados por uma compreensão inautêntica do Direito,
onde, no campo do Direito Constitucional, pouca importância tem sido dada ao estudo
da jurisdição constitucional? [...]30 anos da Constituição de 1988, se temos algo
diferente para dizer sobre Constituição? E no Direito, progredimos ou regredimos?”
“Passados quase 30 anos e ainda imersos em mazelas políticas e jurídicas típicas de pré-
CF/88: autoritarismos, protagonismo das relações de poder, estamentos, clientelismo, do
direito como instrumento etc., todos dilemas (predadores exógenos e endógenos do
Direito) que servem para denunciar que não compreendemos materialmente a
Constituição.
E é por aí que trilharam temas de duvidosa constitucionalidade, sem maior
estranhamento (e com torcida), alguns deles recentíssimos: o impeachment; a emenda
dos gastos públicos; a presunção de inocência transformada em presunção de
culpabilidade; a intervenção federal militar no RJ. A Constituição não foi feita para
resistir às maiorias eventuais? E o que aconteceu com a jurisdição constitucional?”