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"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e
poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível."
ASSÉDIO SEXUAL
NO
AMBIENTE DE TRABALHO

É preciso diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, até que, num dado momento, a tua fala
seja a tua prática.
Paulo Freire
Welington Almeida Pinto

ASSÉDIO SEXUAL
​NO
AMBIENTE DE TRABALHO

Legislação Brasileira
ISBN 85-901689-6-4

SUMÁRIO GERAL

Obra voltada para a prevenção. Abordamos, de forma clara e objetiva, os aspectos jurídicos existentes,
capazes de assegurar às vítimas de Assédio Sexual ampla proteção das Leis Brasileiras e punir com rigor
os assediadores.

I. ASSÉDIO SEXUAL. DA DEFINIÇÃO E DOS TIPOS PENAIS EXISTENTES NA LEGISLAÇÃO


BRASILEIRA
II. RECLAMAÇÃO LEGAL
III. ASPECTOS JURÍDICOS EXISTENTES NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
IV. NORMAS ADOTADAS NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
V. DAS VÍTIMAS DO ASSÉDIO SEXUAL
VI. O ASSÉDIO SEXUAL NO BRASIL
VII. O ACUSADO
VIII. PRINCIPAIS ACUSAÇÕES
IX. NORMAS PREVENTIVAS
X. O ASSÉDIO SEXUAL SOB A ÓTICA DO JUDICIÁRIO E DO LEGISLATIVO
XI. REGRAS DE PROTEÇÃO À MULHER ESTABELECIDAS POR ORGANIZAÇÕES
INTERNACIONAIS
XII. O QUE ESTABELECE A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
XIII. LEI DO ASSÉDIO SEXUAL DO BRASIL
XIV. MENSAGEM Nº 424, DE 15 DE MAIO DE 2001.
XV. LEI 8.560. RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE
XVI. APLICAÇÃO DA LEI Nº 8.560/92
XVII - ASSÉDIO SEXUAL NO AMBIENTE DE TRABALHO -
Texto Relacionado/Ministério do Trabalho.
XVIII - JURISPRUDÊNCIAS

ASSÉDIO SEXUAL.
DA DEFINIÇÃO E DOS TIPOS PENAIS EXISTENTES NA
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
O chefe aproxima-se da nova funcionária, elogia o modelo da sua roupa e, num ímpeto de
deleite, a convida para jantar depois do expediente.
E agora?
Ele está apenas sendo gentil, dando uma cantada ou usando de seu poder de chefia como forma
de conquista e intimidação?
Na verdade, é comum encontrar pessoas, principalmente homens, em condições de
superioridade na relação empregador/empregado, achando que podem dispor do corpo de seus
subordinados.
Pessoas que pensam e agem com o poder de também dispor do corpo de seus auxiliares, para
executar tarefas pouco convencionais aos seus prazeres sexuais.

O que é Assédio Sexual?

A princípio, trata-se de uma coerção sexual, normalmente, exercida por uma pessoa que, no
trabalho, na escola ou, em qualquer outra organização, ocupa cargo hierarquicamente superior e impõe a
seus subordinados favores sexuais em troca de favores ou promoções.
A Comissão de Direitos e Liberdades Individuais do
Congresso Nacional assim define o Assédio Sexual: O Assédio Sexual consiste num ato de insinuação
sexual que atinge o bem-estar de uma mulher ou de um homem, ou que constitui um risco para sua
permanência no emprego. Ele pode assumir a forma de insinuações persistentes tanto verbais, quanto
gestuais.
O Assédio Sexual é um comentário sexual, um gesto, um olhar, palavras sugestivas repetidas e
não desejadas ou um contato físico, considerado repreensível, desagradável ou ofensivo e que nos
incomoda em nosso trabalho.
Nos Estados Unidos da América e outras Nações do Mundo existem leis severas para punir o
crime de Assédio Sexual. Tocar ou contar uma piada picante para uma colega de trabalho ou de classe
pode virar um caso de polícia. Isso é o resultado do avanço da legislação que protege a mulher como
cidadã, que passou a ser encarada com rigor pelos tribunais, levando um processo do gênero às últimas
consequências.
No Brasil, um país latino, machista, como encara Assédio Sexual?
O assunto sempre foi polêmico, gerando muita discussão entre os legisladores. Para uns, o Código
Penal não abrangia a matéria amplamente, pois os tipos penais não puniam todos os casos. Por isso foi
necessário aprovar lei específica para criar mecanismos mais rigorosos que pudessem inibir a ação dos
assediadores sexuais
A vítima de Assédio Sexual, quando mulher, poderá ter grave problemas de saúde, provocados por
distúrbios psicossomáticos de difícil tratamento, como depressão, ansiedade, estresse, perda de
autoestima, absenteísmo e, fatalmente, o desinteresse pelo trabalho, tornando-se uma profissional de
baixa produtividade.
Ajuizar uma ação na Justiça não é fácil, desgastante para os envolvidos em todos os aspectos.
Difícil de colher provas ou fortes indícios que podem incriminar o réu. Portanto, evitar a ocorrência do
Assédio Sexual no local de trabalho, é o melhor que uma empresa pode fazer.
O ideal é que cada um, dentro de uma organização comercial, mantenha-se responsável a todo
momento, honesto e íntegro, assegurando um desempenho produtivo em favor dos negócios da empresa.
A Advogada norte-americana Kathy Chinov recomenta aos homens que têm a intenção de assediar,
sexualmente, alguém do sexo feminino, que pense duas vezes antes de cometer o delito e, para saber se
está agindo deforma constrangedora, ela afirma: Basta aos homens, diante de um determinado
comportamento, se perguntar: eu gostaria que minha mãe, minha irmã ou minha filha fosse exposta a
isto? Se refletir com inteligência, pode desistir da intenção de sexualmente molestar alguém.

RECLAMAÇÃO LEGAL
No Brasil, o Assédio Sexual, como reclamação legal, ainda é pouco comum, mesmo com leis ou
normas específicas que assegurem amparo legal para as vítimas, poucas são as ações transitadas na
justiça brasileira.
O maior obstáculo nesses casos é a omissão da própria vítima, principalmente, se for mulher. O
medo de ser ridicularizada, perder o emprego ou de passar por uma puritana indesejada no ambiente de
trabalho. Outro problema é o medo de ser rotulada de criadora de caso, o que pode dificultar sua
contratação em novos empregos. Tudo isso torna à mulher um grande empecilho para registrar uma
queixa, quando molestada sexualmente dentro do seu local de trabalho.
Caso a vítima resolve instaurar um inquérito policial para apurar o crime, novos desafios surgem,
principalmente diante da dificuldade em definir ou provar uma acusação de Assédio Sexual. O crime nem
sempre apresenta uma atitude explícita ou clara, o que pode ser uma ofensa para um não é para outro,
portanto, trata-se de uma questão pessoal que somente o indivíduo afetado poderá saber o conteúdo da
ofensa.
ASPECTOS JURÍDICOS EXISTENTES
NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

Grande número de juristas brasileiros garante que o nosso Código Penal é suficiente e capaz de
oferecer punição adequada a qualquer conduta delituosa nesse sentido, solucionando com imparcialidade
conflitos da sociedade e reivindicações fundamentais de direitos individuais, em benefício da ordem
geral e coletiva.
Portanto, oferecer ao aparelho do Estado mais instrumento para reprimir, no terreno das relações
individuais, comportamentos de Assédio Sexual, para muitos, não tinha necessidade. Para eles, o nosso
Código Penal, como equipamento para punir todos os crimes envolvendo o Assédio Sexual, era
suficiente.
Ele garante a penalização do culpado, através de tipos penais previstos, como:
Constrangimento Ilegal:
... constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou fazer o que ela
não manda;
Ameaça:
... ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe
mal injusto e grave.
Crimes especificamente contra a Liberdade Sexual:
... estrupo, atentado violento ao pudor, posse sexual mediante fraude e atentado ao pudor mediante fraude.
Sedução e Corrupção de Menores, que alicerçam o conjunto de previsões legais para incriminar qualquer
cidadão que, por ventura, cometa um crime de Assédio Sexual, verbal ou físico.
Como já vimos, para muitos juristas, criar uma lei específica para punir o Assédio Sexual, seria
criar um tipo penal reiterativo e coincidente com as hipóteses previstas na Lei Penal Brasileira, que já
oferecia meios de punir a delinquência praticada em atos dessa natureza.
No Congresso Nacional, projetos de lei sempre tramitaram na tentativa de criminalizar o Assédio
Sexual, dando ênfase às seguintes definições penais:
Assédio Verbal:
... constranger por meios de palavras ou gestos, mulher ou homem, com o intuito de obter
favorecimento ou vantagem sexual.
Assédio Físico:
... empregar meios físicos mediante violência, grave ameaça, fraude ou coação psicológica,
para constranger mulher ou homem à prática de atos sexuais.
Direito Comparado

NORMAS ADOTADAS NOS


ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Países do primeiro mundo são bem mais normatizados nesse assunto. Nos Estados Unidos da
América, por exemplo, desde 1980, a Suprema Corte declarou que as normas sobre o Assédio Sexual no
local de trabalho – EEOC - Equal Employment Opportunity Commission/Comissão de Oportunidades
Iguais no Emprego, devem merecer o mesmo peso que a Leis em vigor no País.
São elas:
Séc.1.604.11 – Assédio Sexual:
a) – O Assédio baseado no sexo é uma violação da Séc. 703 do Título VII. Investidas sexuais
indesejáveis, solicitação de favores sexuais e outras condutas físicas ou verbais de natureza sexual
constituem Assédio Sexual quando:
1) – a submissão a tal conduta é transformada, explícita ou implicitamente, numa condição para a
pessoa obter ou manter o emprego;
2) – a submissão ou rejeição a tal conduta é usada como base para decisões que afetam esse
indivíduo profissionalmente, ou tal conduta tem o propósito ou efeito de interferir, de modo exorbitante,
no desempenho do indivíduo ou criar um ambiente de trabalho hostil e ofensivo:
b) – Ao determinar se uma suposta conduta constitui Assédio Sexual, a Comissão irá avaliar o
registro como um todo e a totalidade das circunstâncias, tais como a natureza das investidas sexuais e o
contexto em que ocorrem os supostos incidentes. A determinação da legalidade de uma determinada ação
será tomada pelos fatos, numa base de caso a caso.
c) – Aplicando-se os princípios gerais do Título VII, um empregador, agência de empregos, comitê
conjunto de aprendizado ou organização trabalhista (de agora em diante chamados de empregador) é
responsável por seus atos e os de seus agentes e supervisores com relação ao Assédio Sexual,
independentemente de os atos específicos alegados terem sido autorizados ou, até mesmo, proibidos pelo
empregador, e independentemente também de o empregador ter tomado conhecimento, até por obrigação
de sua ocorrência. A Comissão examinará as circunstâncias do relacionamento trabalhista específico e
das funções profissionais exercidas pelo indivíduo ao determinar se ele age numa função de supervisor
ou de agente.
d) – Com relação à conduta entre colegas de trabalho, um empregador é responsável por atos de
Assédio Sexual no local de trabalho quando ele (ou seus agentes ou supervisores) sabe ou devia ter
sabido da conduta, a não ser que possa provar que tomou uma atitude corretiva imediata e apropriada.
e) – Um empregador também pode ser responsável por atos de não-funcionários, com relação ao
Assédio Sexual de funcionários/as no local de trabalho, quando ele (ou seus agentes ou supervisores)
teve conhecimento, ou tinha a obrigação de ter tido, da conduta e não tomou uma atitude corretiva
imediata e apropriada. Ao rever tais casos, a Comissão levará em consideração o alcance do controle do
empregador e quaisquer outras responsabilidades legais que este possa ter com relação à conduta dos
referidos não-funcionários.
f) – A prevenção é o melhor instrumento para eliminação do Assédio Sexual. Um empregador
deverá instituir todas as medidas necessárias para impedir que ocorra o Assédio Sexual, tais como
abordar enfaticamente a questão, expressar forte desaprovação, desenvolver sanções apropriadas,
informar os funcionários de seus direitos de abordar e como abordar a questão do Assédio de acordo
com o Título VII, e desenvolver métodos para sensibilizar todos os interessados.
g) – Outras práticas correlatas: quando oportunidades de emprego ou vantagens são concedidas por
causa da submissão de um indivíduo à solicitação de favores sexuais por parte do empregador, este
poderá ser responsabilizado por discriminação ilegal contra outras pessoas que eram qualificadas, mas
às quais foi negada aquela oportunidade ou vantagem de emprego.
Condutas de assédio sexual são vistas de forma distinta em diferentes países. Estados Unidos da
América, Canadá, Austrália, Dinamarca, Irlanda, Suécia e outros tratam do assédio sexual nas leis civis
sobre igualdade. A França e a Nova Zelândia dispõem sobre a matéria em leis trabalhistas, enquanto em
países asiáticos o assédio sexual não é reconhecido como um problema social.
O primeiro país a legislar, na concepção moderna, sobre assédio sexual foram os Estados Unidos
da América na década de 1970. A França, além de punir o assédio sexual no Código Penal, também
legisla sobre o tema no Código do Trabalho. A Itália disciplina a matéria em leis avulsas, e o
ressarcimento dos danos advindos do assédio sexual encontra respaldo nos Arts. 2.043 e 2.049 do
Código Civil.
A Nova Zelândia é o país que tem uma das legislações mais completas sobre a matéria, no entanto,
os Estados Unidos da América podem ser considerados o país mais severo na repreensão ao assédio
sexual, pois apesar de não disporem de legislação específica sobre a matéria, possuem uma
jurisprudência extremamente rígida, onde apenas o toque do corpo e os abraços são motivos de
desconfiança, podendo ensejar reclamações de assédio sexual.

DAS VÍTIMAS
DO ASSÉDIO SEXUAL

Quem é a vítima do Assédio Sexual?


O Assédio Sexual é uma questão que abrange ambos os sexos, uma mulher ou um homem pode ser
vítima de um constrangimento dessa natureza, como também podem ocorrer casos entre pessoas do
mesmo sexo: homem assediando homem e mulher assediando mulher.
Em qualquer dos casos, poderá ser aberto um inquérito policial para apurar os fatos e penalizar o
assediador.
O Assédio Sexual nem sempre é cometido com agressão física, mas sempre destitui a vítima de
seus direitos individuais, privando-lhe a liberdade, a dignidade e o respeito próprio. E mais, delimita a
divisão dos papéis sociais e seus constantes mecanismos de dominação.
No Brasil, de acordo com o resultado de uma pesquisa elaborada pela Brasmarket - Análise e
Investigação de Mercado, em 1995, 52% das mulheres consultadas já foram molestadas sexualmente no
ambiente de trabalho.
Delas:
22% não deram importância
18% sentiram-se ofendidas
6% sentiram-se envaidecidas
54% não souberam como agir.
As poucas que denunciaram o crime ou buscaram na Justiça a proteção legal, sentiram-se
impotentes, principalmente pelo fato de que muitas foram afastadas de suas funções ou demitidas por
difamação.
Nos Estados Unidos da América uma publicação editada por especialistas em pesquisas, o Guide
to Affirmative Action, de Illinois, atestou que 90% de todas as mulheres consultadas garantem que o
Assédio Sexual é um problema grave e 72% consideram que já foram assediadas no local de trabalho.
Das mulheres que foram assediadas sexualmente:
52% ficaram sujeitas a comentários ou provocações sexuais
41% foram alvos de olhares ou sorrisos sugestivos
26% foram molestadas por insinuações ou pressões sutis
25% foram tocadas ou agarradas com clara intenção de realização de coito
20% receberam propostas indecorosas
14% insistentemente foram provocadas a aceitar um relacionamento amoroso
9% tinham sofrido variadas propostas sexuais indesejáveis
2% sofreram estupro coercitivo.
A situação é preocupante. Exibe um quadro em que mostra que a grande maioria das mulheres
norte-americanas já vivenciou o Assédio Sexual, pessoalmente, ou tem conhecimento de alguém que já
passou por uma situação desta natureza.
A pesquisa deixa claro que, na grande parte dos casos, os envolvidos trabalham na mesma empresa
e a vítima normalmente encontra-se numa posição de menor poder do que o acusado. A situação mais
comum é a do chefe/subordinado (a) e clientes/fornecedores assediando funcionários (as).
As mulheres, principais vítimas do Assédio Sexual, enfrentam o problema dentro e fora do
trabalho. Nas escolas são constantemente assediadas por colegas e professores.
Mas raramente denunciam o crime, temendo represálias e perseguição por parte dos agressores,
principalmente do professor que poderá reprová-la nas provas com notas baixas.
O empregado assediado terá o direito de postular junto aos tribunais trabalhistas uma indenização
decorrente dos danos morais sofridos com o assédio sexual. O empregador poderá ser condenado a
indenizar os danos morais sofridos pelo empregado por infringência a um dever contratual, o respeito à
dignidade do empregado.
Nota: As vítimas, além do direito a transferência de local de trabalho, o empregado tem direito a
rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos do art. 483 alíneas e, d ou c da Consolidação das
Leis do Trabalho e de indenização por danos morais, nos termos do art. 5º, X, da Constituição Federal.

O ASSÉDIO SEXUAL
NO BRASIL
No Brasil, como em outras partes do Mundo, poucas vítimas dão queixa. A principal razão é ter
que levar aos tribunais um indivíduo, hierarquicamente, superior no trabalho ou na escola, acusado de
Assédio Sexual.
Em 1994, o Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo elaborou um questionário
sobre como é feito o Assédio Sexual no Brasil e como reagem as vítimas.
O documento foi respondido por 2.206 mulheres em doze grandes capitais brasileiras. Perguntas:
Em alguma ocasião seu patrão, supervisor, superior, encarregado ou cliente:
1) Abordou-a com propostas de conotação sexual?
SIM: 36% - NÃO: 64%
2) Confidenciou assuntos íntimos e embaraçosos sem que Você o incentivasse?
SIM: 29% - NÃO: 71%
3) Presenteou-a de maneira insistente e indiscreta?
SIM: 17% - NÃO: 83%
4) Tentou comprar seus favores com uma generosidade suspeita ou com ameaças relativas ao
emprego?
SIM: 13% - NÃO: 87%
5) Tentou convencê-la a aceitar suas investidas por meio de chantagens afetivas (por exemplo,
apresentando-se como vítima de uma relação fracassada, infeliz)?
SIM: 24% - NÃO: 76%
6) Prometeu vantagens ou promoções condicionadas à aceitação de suas investidas?
SIM: 17% - NÃO: 83%
Mulheres que responderam SIM a pelo menos uma das perguntas sofreram ou sofrem Assédio
Sexual em seu local de trabalho.
Muito mais do que uma agressão, o Assédio Sexual pode representar o início de um eterno
sofrimento.

O ACUSADO

Quem é o acusado?
Em grande maioria, são os homens, independe da idade, raça ou projeção social. Em número muito
pequeno, aparecem quadros em que a vítima é do sexo masculino ou feminino, assediado por uma mulher.
De acordo com as pesquisas, o crime de Assédio Sexual, quase sempre, é provocado por gerentes,
supervisores, diretores de empresas que, usando de seu poder formal, pressionam uma funcionária a ter,
com ele ou terceiros, relações sexuais.
Em número menor, também ocorre entre colegas de trabalho, ou clientes assediando funcionários
(as) da empresa fornecedora.
Em qualquer dos casos, se provocada uma Ação Judicial, a empresa poderá também ser
responsabilizada, principalmente se a direção tinha conhecimento do quadro e nada fez para impedir o
ato.

ASSÉDIO VERBAL

Quando o agressor (a), através de palavras, tenta assediar um (a) companheiro(a) de trabalho
dentro da empresa em que ambos trabalham ou, mesmo, um cliente, dirigindo-se com palavras insinuantes
ao funcionário(a), deixando (a) constrangido(a), como por exemplo:
Flertes insinuantes e constantes.
Olhares maliciosos.
Pedidos diretos ou indiretos de favores sexuais.
Comentários sarcásticos.
Piadas insinuantes ou pornográficas.
Alusões eróticas a atos libidinosos.
Convites para sair a uma aventura amorosa.
Cantadas frequentes.
Ameaças com propostas indecorosas.
Cortejamento ostensivo.

ASSÉDIO VISUAL

Nesse caso, quando o acusado (a) é direto e incisivo em mostrar à vítima materiais eróticos ou
pornográficos, que a deixe em situação constrangedora, como:
Revistas eróticas ou pornográficas.
Fotografias ou pôsteres que mostrem ou sugerem um ato sexual ou erótico.
Caricaturas indecentes.
Uso de roupas provocadoras ou reveladoras.
Gestos obscenos.
ASSÉDIO FÍSICO

Assédio físico é o mais violento. O agressor (a) sai do campo das palavras e do visual e parte para
o toque, através de um contato físico e indesejável com a vítima, como:
Esbarrar ou tocar propositalmente em partes íntimas da vítima.
Estar sempre muito próximo com toques indesejáveis.
Acariciar os cabelos e o rosto da vítima.
Palmilhar as mãos constantemente nas costas da vítima.
Apertos de mãos demorados.
Ataque físico, aproveitando alguma ocasião.
O Assédio Sexual, em qualquer dos casos, é uma atitude inoportuna. A vítima poderá sentir
agredida por um simples olhar insinuante, uma piada maldosa, um tocar de corpos, intencional ou não,
considerando o ato como uma infeliz invasão à sua privacidade, contra o seu corpo e o seu estado
emocional, em que o assediador usa o sexo como uma arma.

O que diz a Lei:

Em qualquer situação de Assédio verbal, visual ou físico, em que a pessoa molestada sente-se
importunada, e o agressor avisado continua insistindo no assédio, pode-se caracterizar um típico caso de
constrangimento ilegal, ou outro tipo penal, favorecendo à vítima.
Diante dessa conduta delituosa, busca-se a proteção na Lei Penal Brasileira.

CORPO DE DELITO

O grande problema da acusação de Coerção Sexual é reunir provas. O Corpo de Delito


praticamente não existe. Diferente do caso em que a vítima sofre um estrupo ou outra violência física,
facilmente detectada a agressão através de um exame pericial.
O Assédio Sexual, em qualquer dos casos, é uma atitude inoportuna. A vítima poderá sentir
agredida por um simples olhar insinuante, uma piada maldosa, um tocar de corpos, intencional ou não,
considerando o ato como uma infeliz invasão à sua privacidade, contra o seu corpo e o seu estado
emocional, em que o assediador usa o sexo como uma arma.

O que diz a Lei:

Em qualquer situação de Assédio verbal, visual ou físico, em que a pessoa molestada sente-se
importunada, e o agressor avisado continua insistindo no assédio, pode-se caracterizar um típico caso de
constrangimento ilegal, ou outro tipo penal, favorecendo à vítima.
Diante dessa conduta delituosa, busca-se a proteção de um Processo Administrativo ou uma Ação
Judicial com a finalidade de apurar a verdade que pode incriminar ou inocentar o réu, o que, nesse caso,
passa a ser vítima de acusações levianas e maldosas.

IN DUBIO PRO REU

​ a dúvida, a favor do réu. É o que pode ocorrer com as reclamações contra Assédio Sexual.
N
Muitas vezes, por falta de provas, o processo acaba sendo arquivado.
​Normalmente, o assediador é sutil e preocupado em não materializar provas capazes de
incriminá-lo. O delito, normalmente, é cometido em locais isolados, portas fechadas, longe e, sobretudo,
distante de testemunhas oculares. Nessas situações, o malfeitor ataca a vítimas com propostas
indecorosas, gestos maliciosos, toques físicos, além de chantagens com ameaças veladas.
​Caso a vítima denuncia o fato, o agressor rapidamente tenta inverter o quadro, dizendo que tudo
não passou de um mal-entendido e, sem maiores esclarecimentos dá o caso por encerrado. A vítima, sem
provas, desencorajada ou inculpada pelos próprios colegas acha melhor desistir da reclamação.
​Portanto, armar-se de provas é fundamental numa situação dessa natureza. Um minigravador pode
ser muito interessante para registrar a coerção, o que poderá ajudar a incriminar o réu.

O PROCESSO

Durante as investigações, ou enquanto durar a demanda, a situação dentro da empresa manter-se-á


dentro de um clima desagradável, favorecendo uma publicidade desfavorável à imagem da organização.
O culpado, judicialmente responsabilizado, é quem deveria pagar as custas do processo, os
advogados e a indenização a que o assediado tem direito.
Certo? Nem sempre.
Há tribunais que entendem que houve vínculo de reponsabilidade penal para a empresa,
favorecendo o clima para o delito e sobrecarrega o empregador com as despesas processuais.
Trata-se de uma ação que causa danos morais e financeiros irreparáveis. O melhor é evitá-la.

SEGREDO DE JUSTIÇA: O processo sobre assédio sexual deverá correr em segredo de justiça,
nos tribunais trabalhistas. Apesar de a Consolidação das Leis do Trabalho ser omissa nesse aspecto, é
caso de se aplicar subsidiariamente o art. 155 do Código de Processo Civil.

A PREVENÇÃO

O Assédio Sexual está irremediavelmente integrado ao ambiente de trabalho de qualquer empresa


ou organização com mais de um funcionário.
Deve ser combatido e não ser uma condição de emprego. O delito pode ser impedido com medidas
claras e bem colocadas para todos os indivíduos: empresários, dirigentes e funcionários terão de buscar
uma relação positiva no local de trabalho. Evitar discriminações de qualquer natureza e, principalmente,
favorecer questões ligadas ao Assédio Sexual.
É necessário esclarecer periodicamente a assunto, colocando a desaprovação por parte da
empresa.
Melhor seria desenvolver métodos que despertam nos funcionários a necessidade de entender e
respeitar normas impostas, sob pena de sanções apropriadas, assegurando aos funcionários o direito de
levantar o problema.
E dar a eles a segurança de que qualquer acusação será apurada com responsabilidade pela direção da
empresa, evitando que a questão pule para as raias da Justiça.
Nos Estados Unidos da América, o Governo Federal, em 1980, elaborou um estudo sobre o
Assédio Sexual entre seus servidores.
O resultado apurou que o tempo e a produtividade perdidos devido ao Assédio Sexual custaram
188,7 milhões de dólares aos cofres públicos em um período de 2 anos; 42% de mulheres e 14% de
homens declaram que já tinham sido vítimas de Assédio Sexual.
Cinco anos depois, a pesquisa mostrou que as porcentagens continuavam nos mesmos patamares e
os custos tinham aumentado para 267 milhões de dólares.
É importante pensar seriamente na prevenção do Assédio Sexual dentro de uma organização. O
departamento jurídico ou um advogado externo deve traçar normas para assegurar que o crime não seja
cometido entre os seus funcionários. Melhor do que a repressão é a prevenção.

PRINCIPAIS ACUSAÇÕES

Formular uma Ação de Assédio Sexual não é fácil. Por se tratar de uma acusação de difícil
definição o assunto merece um respaldo jurídico abrangente, como todos os atos ilegais de
discriminação.
Tribunais procuram tratar a matéria de forma ampla, reconhecendo o Assédio Sexual como Abuso
de Poder, Molestação Sexual, Constrangimento Ilegal, Crime de Ameaça, Crime Contra a Liberdade
Sexual (estupro, atentado violento ao pudor, posse sexual mediante fraude ou atentado ao pudor mediante
fraude), Crime de Sedução e Corrupção de Menores.
A denúncia deve ser materializada, principalmente, em situações abaixo:
Condição de Emprego - quando um superior obriga um (a) funcionário (a) a submeter-se às suas
investidas sexuais, caso contrário, seria demitido (a).
Ambiente Hostil - quando um (a) funcionário (a) é obrigado (a) a trabalhar em um ambiente repleto
de intimidação, insinuações maldosas, olhares maliciosos, toques físicos frequentes e comentários
ofensivos de natureza sexual.
Promoção de Cargo - vinculado a favores sexuais exigidos pelo responsável da promoção da
vítima.
Homossexualismo – investidas homossexuais de um superior, de qualquer nível na empresa, com
um (a) funcionário (a).
Em qualquer destas situações, um Tribunal terá recursos para julgar e decidir por uma sentença ao
acusado e, possivelmente, à organização em que ocorreu o crime.

OUTRAS SITUAÇÕES DE
ASSÉDIO SEXUAL

Um indivíduo que insiste em convidar alguém que não está interessado (a), recusando todos os seus
apelos para sair para um programa.
Quando um determinado cliente convida a secretária da empresa para sair. Ela recusa. Ele insiste.
Ela torna a recusar. O cliente então queixa com o Diretor, dizendo da recusa da secretária e que o fato
pode prejudicar os negócios.
Nesse caso, o empregador deve mostrar ao cliente que não vale a pena, o melhor é esquecer e
levar os negócios à frente. Caso facilite as investidas do cliente, em um julgamento, o empregador pode
ser implicado legalmente.
Um calendário ou um pôster, retratando nus eróticos, dependurado na parede da sala individual de
um funcionário, pode ser considerado Assédio Sexual Visual para uma determinada funcionária que,
obrigatoriamente, tem de pegar documentos na mesa deste indivíduo.
O Superior deve falar com o funcionário a esse respeito e exigir dele a retirada da gravura de sua
sala, justificando que, na maioria dos locais de trabalho, não fica bem calendários retratando nus
eróticos; trata-se de uma atitude ofensiva e imprópria a uma organização comercial.
É comum um Gerente escalar uma funcionaria para fazer horas extras. Em seguida, convida a moça
para jantar. Considerando o gerente uma pessoa de absoluta confiança, por educação e respeito, aceita o
convite.
Durante o jantar, ele começa a tecer comentários de fundo sexual e insiste em toques físicos. A
moça, constrangida, esquiva-se como pode dos carinhos indesejados. Esclarece ao Chefe o seu
constrangimento e deixa claro que, entre eles, nada mais teria além de um relacionamento de trabalho.
Diante da recusa e, como retaliação, se o Gerente punir a funcionária com o rebaixamento de cargo
ou demissão, cabe uma Ação Penal contra o Gerente.
Quando uma funcionária usa no trabalho calça justíssima, saia curta ou transparente, no trabalho,
provocando seus colegas do sexo masculino a fazer comentários picantes e piadas a seu respeito, pode
considerar um crime de Assédio Sexual?
Trata-se de uma questão polêmica. Quem é o assediador? A mulher, os homens, ou ambos? E
quando é que as roupas ou o comportamento de uma mulher é provocante? E quem define isso? E se for
estrupada, será ela a responsável?
É bom evitar problemas dessa natureza. A direção ou a gerência da organização deve mostrar à
funcionária o que é considerado vestimenta de trabalho, isto é, dentro de padrões formalmente aceitáveis
pela empresa.
O melhor seria fornecer uniformes.
Uma foto erótica ou pornográfica, uma charge sexualmente maliciosa, colocada sobre a
escrivaninha de um/a funcionário/a pode caracterizar um crime de Assédio Sexual. Cria um ambiente de
trabalho hostil e ofensivo, deve ser evitado.
De qualquer forma é muito importante estabelecer, dentro da organização, medidas para conter ou
modificar comportamentos estranhos que podem ser caracterizados como Assédio Sexual. E, sobretudo,
oferecer a segurança de que qualquer denúncia será apurada com isenção.

NORMAS PREVENTIVAS

Uma empresa deve estabelecer e divulgar normas que proíbam atitudes que possam caracterizar
Assédio Sexual dentro de suas dependências. O que não quer dizer que ficará sem por cento isenta ou
protegida de acusações e processos legais decorrentes de delitos desta natureza.
O Assédio Sexual deve ser evitado a qualquer custo, pois é um processo caro no sentido amplo,
baixa o moral dos envolvidos e, consequentemente, reduz sensivelmente a produção da vítima – pessoas
temerosas ou humilhadas não terão bom desempenho de suas funções.
Empregadores que adotam política preventiva, esclarecendo e proibindo o Assédio Sexual no
trabalho, incluindo penas para o desrespeito à disciplina, à violação das normas, punindo, se for o caso,
até com a demissão do acusado, alcançará um índice bem menor de ocorrências desta natureza.
Embora o Assédio Sexual seja ilegal, sua eliminação somente terá resultado satisfatório mediante
muito empenho em esclarecer o tema com frequência a todos os membros da Organização. A interação de
todos, homens e mulheres, que favorecerá um local de trabalho seguro e protegido, livre da intimidação e
do medo; bem mais produtivo.

NORMAS CONTRA ASSÉDIO SEXUAL


Sem criar um clima hostil de trabalho, uma empresa pode tomar atitudes contra o Assédio Sexual,
como por exemplo:
a) - estabelecer normas, proibindo o Assédio Sexual, em qualquer nível, no local de trabalho
b) – manter periodicamente palestras e orientação a todos os funcionários, inclusive o escalão
superior.
c) – criar meios para que os funcionários possam fazer suas queixas, imparcialmente.
d) – desestimular o relacionamento amoroso dentro do local de trabalho.
e) – divulgar sempre que o Assédio Sexual é intolerável no ambiente de trabalho, seja explícito ou
sutil, verbal, visual ou físico.
f) – a gerência será sempre responsável pelo desempenho do ambiente de trabalho, assegurando
total tranquilidade a todos dentro da empresa, portanto, antes de escolher um homem para o cargo de
chefia, veja quem está por trás.
O estabelecimento de normas dessa natureza contribuirá para um ambiente de trabalho livre de
discriminação. Os funcionários vão manter ilibado padrão de integridade, e principalmente respeito um
pelo outro.

COMO DIVULGAR AS NORMAS

Qualquer atitude ou normas estabelecidas por uma empresa no sentido de evitar e esclarecer a
proibição de Assédio Sexual no local de trabalho, só terá o alcance desejado se a comunicação for
eficaz.
Numa operação ante assédio jamais desprezar a fixação das normas no quadro de aviso, distribuir
memorandos, fazer noticiar artigos esclarecedores nas publicações internas, formalizar a discussão do
assunto, sempre que possível, nas reuniões de trabalho.

MEMORANDOS

Um dos melhores veículos para a divulgação de normas da empresa é o memorando, distribuído


entre o pessoal.
É importante enfatizar a importância do assunto, afirmando que a empresa estará, a todo o
momento, atenta para que o Assédio Sexual não ocorra em suas dependências.

ARTIGOS INFORMATIVOS

É fundamental preparar para as publicações internas, artigos discutindo ambientes de trabalho


positivos, em que as relações interpessoais são de alto nível, sem a presença de Assédio Sexual.
A matéria deve ser rica em dados e fatos, demonstrando o alcance negativo do Assédio Sexual.
Explorar os efeitos negativos para a vítima, para o acusado e para a empresa, e por fim, mostrar a
importância de preservar a igualdade entre homens e mulheres no local de trabalho.
CARTILHA PARA EVITAR ASSÉDIOS
Em Minas, o Sindicato das Secretárias do Estado (SINDSEMG) não discute se o decote acentuado
ou a minissaia, que deixa partes insinuantes da mulher à mostra, favorece ou não o Assédio Sexual. Mas
defende que a adequadação do traje é um dos instrumentos para evitar o mal estar ou traumas muitas
vezes irreversíveis.
Para reforçar as recomendações, a entidade produziu uma cartilha sobre Assédio Sexual em que
mostra como uma profissional deve se comportar no local de trabalho, evitando transparências e outros
modelos insinuantes. O bom senso e a discrição para vestir devem prevalecer, em qualquer época.
Com as normas bem divulgadas é muito mais fácil transformar qualquer empresa numa organização
de trabalho especial.

O ASSÉDIO SEXUAL SOB A ÓTICA


DO JUDICIÁRIO E DO LEGISLATIVO
No Brasil, os Tribunais continuam julgando as Ações nesse sentido, também baseando os
processos em Constrangimento Ilegal, geralmente apontando situações em que envolvem o homem como o
assediador e a mulher como vítima, fora ou dentro do ambiente do trabalho.
Uma funcionária da USP registrou uma queixa por Constrangimento Ilegal contra um professor da
mesma Universidade, em 1993.
Por falta de provas, processo foi arquivado, em 1994. Em Porto Alegre, várias funcionárias de um
Partido Político acusaram seu chefe de Assédio Sexual, também incriminado por uma comissão interna,
que resolveu, por questões éticas, afastá-lo de suas funções no Partido.
Em Campinas, uma secretária usou de um minigravador, escondido sob suas vestimentas, para
registrar o Assédio de seu chefe. A queixa foi registrada na Delegacia de Defesa da Mulher, que aceitou a
fita gravada como prova. Depois de uma perícia ficou provada a idoneidade da mesma. Mas o Ministério
Público, por sua vez, exigiu o teste de comparação de vozes. Por falta de recursos, o teste não foi
realizado dentro do prazo legal, motivo suficiente para que o caso fosse arquivado, em 1995.
Em Belém, do Pará, em janeiro de 2001, três alunas foram assediadas por um Professor,
prometendo-lhes boas notas em troca de favores sexuais. Uma delas gravou a proposta e denunciou o
fato. Aberto o Inquérito Policial, o Professor foi indiciado por crime de Sedução, agravado por Abuso de
Poder, por ser funcionário público.
Em Belo Horizonte, entre várias Ações de Assédio
Sexual, houve condenação para uma mulher, acusada de assediar um homem.

TRIBUNAIS NORTE-AMERICANOS

Em 1990, entre centenas de julgamentos envolvendo reclamações de Assédio Sexual, o Tribunal de


Nova Iorque recebeu uma denúncia nesse sentido, acionada por uma ex-funcionária da empresa Lloyd
Brasileira, acusando o Diretor da organização de demiti-la, em represália, por não ceder aos seus
caprichos sexuais.
A causa, com um pedido de indenização de 8,5 milhões de dólares, caiu nas mãos da Juíza Sônia
Sotomayor, que até então, em quatro julgamentos de Assédio Sexual decidira pela condenação dos
homens acusados.
Em maio de 1995, após intensa investigação, incluindo a submissão dos envolvidos a uma
avaliação psicológica, a Juíza deu a sentença, inocentando o acusado e a Lloyd Brasileira de culpa
naquele processo. Justificou que não foi encontrado nos autos nada que comprovasse as acusações
contra os réus.

LEI DE ASSÉDIO SEXUAL


EM MINAS GERAIS
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerias foi uma das primeiras do Brasil a votar uma
Lei que pune com mais rigor a empresa jurídica de direito privado.
É a Lei nº 11.039/93, de autoria da então Deputada Estadual Maria Elvira, que no seu texto pune a
empresa em cujo estabelecimento ocorra ato vexatório, discriminatório ou atentatório contra mulher, com
corte de crédito bancário, inabilitação em concorrência pública, não-parcelamento de débitos tributários
estaduais, interdição temporário da firma e até a suspensão da inscrição estadual pelo prazo mínimo de
um ano.
Na Câmara Federal, parlamentares como Sandra Starling, Marta Suplicy, Benedita da Silva, Maria
Laura e outros deputados foram autores de Projetos de Lei semelhantes, que tramitaram pela casa.
O quadro de violência contra as mulheres e a constante impunidade aos agressores levou a
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais a criar uma Comissão Especial para tratar do
assunto, integrada por Parlamentares e Membros do Tribunal de Justiça do Estado, Movimento
Popular da Mulher, Delegacia Especializada de Crimes Contra a Mulher e a Coordenadoria dos Direitos
Humanos e Cidadania da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.
Instalada em 23 de março de 1995, a Comissão trabalhou durante 90 dias e, no final de seus
trabalhos, redigiu 40 propostas e recomendações, dirigidas aos poderes públicos estaduais.
Entre as propostas, destacamos:
Ao Poder Legislativo foi solicitada a realização de um Fórum Nacional sobre a violência contra a
mulher, a votação de proposições de leis que concorram para a melhoria dos serviços públicos
relacionados com o problema, o encaminhamento ao Congresso Nacional de propostas de alteração do
Código Penal e do Civil, no que tange à defesa dos direitos da mulher, e, ainda, a ampla divulgação do
relatório, inclusive nos meios judiciários e policiais.
Também pediu a efetiva punição dos autores de delitos contra a mulher, a criação de varas
especializadas para os crimes contra os costumes, a implementação, em caráter de urgência, dos Juizados
Especiais, a extensão a todas as Comarcas do serviço de Orientação Psicológica e Assistencial da Vara
da Infância e da Juventude e a criação de plantões forenses para o contínuo atendimento às delegacias de
mulheres.
Ao Poder Executivo recomendou-se a implantação de Delegacias Especializadas de Crimes contra
a Mulher em todas as cidades de médio e grande porte do Estado, a instituição de plantões, o urgente
aparelhamento das Delegacias que já se encontram em funcionamento, a criação de casas de apoio para o
acolhimento da mulher vítima de violência, a promoção de campanhas de esclarecimento público,
inclusive junto a seus servidores, sobre a violência e discriminação sofrida pela mulher, a introdução de
questões relativas às relações entre os gêneros nos currículos das Escolas Estaduais e da Academia de
Polícia, a criação de programas voltados para a promoção do trabalho da mulher e de sua emancipação
econômica e a regulamentação da Lei nº 11.039, de 14 de março de 1993, que trata da repressão ao
Assédio Sexual no trabalho.
O Assédio Sexual é uma realidade universal. Cometido por pessoas acima de qualquer suspeita,
como profissionais liberais, políticos, empresários e funcionários públicos, que depois tentam, a
qualquer custo, impor a lei da mordaça entre suas vítimas.
É necessário dar maior proteção às vítimas e fazer com que elas denunciem o crime. Somente com
a denúncia, mesmo que estribada em Constrangimento Ilegal, Abuso de Poder, Ameaça ou outros tipos
penais previstos no Código Penal Brasileiro, é que vamos reconhecer o ato como criminoso e punir o
acusado.
Da certeza de impunidade ao Assédio Sexual existe a distância de um inconveniente gesto.
REGRAS DE PROTEÇÃO À MULHER ESTABELECIDAS POR
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS


IV Conferência Mundial sobre a Mulher Setembro de 1995

DECLARAÇÃO DE PEQUIM
Art. 9 – Garantir a plena aplicação dos direitos humanos das mulheres e meninas como parte
inalienável, integral e indivisível de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais;
...
Art. 23 – Garantir a todas as mulheres e meninas todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais, e tomar medidas eficazes contra as violações desses direitos e liberdades;
Art. 24 – Adotar medidas que sejam necessárias para eliminar todas as formas de discriminação
contra as mulheres e as meninas, e suprimir todos os obstáculos à igualdade ente os sexos e ao avanço e à
promoção da expansão do papel da mulher;
...
Art. 29 – Prevenir e eliminar todas as formas de violência contra as mulheres e as meninas;
Art. 31 – Promover e proteger todos os direitos humanos das mulheres e das meninas;

DECLARAÇÃO DA CONFERÊNCIA
NACIONAL DAS MULHERES BRASILEIRAS
RUMO A BEIJING
...
Art. 11 – Não pode haver igualdade enquanto a violência doméstica e sexual, o tráfico de mulheres
e a prostituição infanto-juvenil contarem a indiferença do Executivo, Poder Judiciário e Ministério
Público no combate efetivo e erradicação desta negação dos direitos humanos básicos das mulheres.

O QUE ESTABELECE A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA


Código Civil:

Dos Fatos Jurídicos - Disposições Preliminares


Art. 76 – Para propor, ou contestar uma Ação é necessário ter legítimo interesse econômico, ou
moral.
Parágrafo único. O interesse moral só autoriza a Ação quanto toque diretamente ao autor, ou à sua
família.
Da Coação
Art. 98 – A coação, para viciar a manifestação da vontade, há de ser tal, que incuta ao paciente
fundado temor de dano à sua pessoa, à sua família, ou a seus bens, iminente e igual, pelo menos, ao
receável do ato extorquido.
Do Direito das Obrigações – Indenização
Art. 1.547 – A indenização por injúria ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte
ao ofendido.
Parágrafo único. Se este não puder provar prejuízo material, pagar-lhe-á o ofensor o dobro da
multa no grau máximo da pena criminal respectiva (art. 1.550)
Art. 1.548 – A mulher agravada em sua honra tem direito a exigir do ofensor, se este não puder ou
não quiser reparar o mal pelo casamento, um dote correspondente à sua própria condição e estado:
I – se, virgem e menor, for deflorada;
II – se, mulher honesta, for violentada, ou aterrada por ameaças;
III – se for seduzida com promessas de casamento;
IV – se for raptada.
Art. 1.549 – Nos demais crimes de violência sexual, ou ultraje ao pudor, arbitrar-se-á,
judicialmente, a indenização.
Art. 1.550 – A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e
danos que sobrevierem ao ofendido, e no de uma soma calculada nos termos do parágrafo único, do art.
1.547.

Código Penal:

Da Aplicação da Lei Penal


Tempo do Crime
Art. 4 – Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.
Lugar do Crime
Art. 6 – Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou devirá produzir-se o resultado.
Crime Consumado e Tentado
Art. 14 – Diz-se o crime:
I – Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
II – Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstancias alheias à vontade do
agente.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Calúnia
Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe, falsamente, fato definido como crime:
Pena – detenção de 3 (três) meses a 1 (hum) ano, e multa.
Difamação
Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena – detenção de 3 (três) meses a 1 (hum) ano, e multa.
Injúria
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena – detenção de 1 (hum) a 6 (seis) meses, ou multa.
Disposições Comuns
Art. 141 – As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
cometido:
....
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação
ou da injúria.
- Cont. artigo 141
Parágrafo único. Se o crime cometido mediante pagamento.
Retratação
Art. 143 – O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação,
fica isento de pena.
Art. 144 – Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se
julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do Juiz, não
as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Art. 145 – Nos crimes previstos neste Capítulo, somente se procede mediante queixa, salvo
quando, no caso do art. 140, § 2, da violência resulta lesão corporal.

Capítulo VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
Seção I
Dos Crimes Contra Liberdade Pessoal

Constrangimento Ilegal
Art. 146 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer
o que ela não manda:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (Hum) ano, ou multa.
Aumento da Pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se
reúnem mais de 3 (três) pessoas, ou há emprego de armas.
Ameaça
Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe
mal injusto e grave:
Pena – detenção, de 1 (hum) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.

TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES
Capítulo I
DOS CRIMES CONTRA A
LIBERDADE SEXUAL

Estrupo
Art. 213 – Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
Atentado Violento ao Pudor
Art. 214 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que
com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
Posse Sexual Mediante Fraude
Art. 215 – Ter conjunção carnal com mulher honesta, mediante fraude:
Pena – Reclusão, de 1 (hum) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. Se o crime á praticado contra mulher virgem, menor de dezoito anos e maior de
quatorze:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Atentado ao Pudor Mediante Fraude
Art. 216 – Induzir mulher honesta, mediante fraude, a praticar ou permitir que com ela se pratique
ato libidinoso diverso da conjunção carnal:
Pena – Reclusão, de 1 (hum) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de dezoito e maior de quatorze anos:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art.216-A - Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício
de emprego, cargo ou função.
Pena - Detenção, de 1(um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo Único. (VETADO)
LEI DO ASSÉDIO SEXUAL
DO BRASIL
Lei Nº 10.224, de 15 de maio de 2001
Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal, para dispor sobre o crime de Assédio
Sexual e dá outras providências.

O PRESIDENDE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, passa a vigorar
acrescido do seguinte art. 216-A:
"Assédio Sexual" (AC)*
Art.216-A - Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício
de emprego, cargo ou função.
Pena - Detenção, de 1(um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo Único. (VETADO)
Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 15 de maio de 2001; 180º da independência e 113º da República.

Fernando Henrique Cardoso


José Grigori
* AC = Acréscimo

MENSAGEM Nº 424, DE 15 DE MAIO DE 2001.

Senhor Presidente do Senado Federal,


Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do parágrafo 1o do artigo 66 da Constituição
Federal, decidi vetar parcialmente o Projeto de Lei no 14, de 2001 (no 61/99 na Câmara dos
Deputados), que "Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, para
dispor sobre o crime de assédio sexual e dá outras providências".
Ouvido, o Ministério da Justiça assim se manifestou quanto ao seguinte dispositivo:
Parágrafo único do art. 216-A, acrescido ao Decreto-Lei no 2.848, de 1940, pelo
art. 1o do projeto em questão.
“Art. 216-A"
"Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem cometer o crime:" (AC)
"I – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade;" (AC)
"II – com abuso ou violação de dever inerente a ofício ou ministério." (AC)
Razões do veto
"No tocante ao parágrafo único projetado para o art. 216-A, cumpre observar que a norma
que dele consta, ao sancionar com a mesma pena do caput o crime de assédio sexual cometido
nas situações que descreve, implica inegável quebra do sistema punitivo adotado pelo Código
Penal, e indevido benefício que se institui em favor do agente ativo daquele delito.
É que o art. 226 do Código Penal institui, de forma expressa, causas especiais de aumento
de pena, aplicáveis genericamente a todos os crimes contra os costumes, dentre as quais constam
as situações descritas nos incisos do parágrafo único projetado para o art. 216-A.
Assim, no caso de o parágrafo único projetado vir a integrar o ordenamento jurídico, o
assédio sexual praticado nas situações nele previstas não poderia receber o aumento de pena do
art. 226, hipótese que evidentemente contraria o interesse público, em face da maior gravidade
daquele delito, quando praticado por agente que se prevalece de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade."
Estas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar o dispositivo acima
mencionado do projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores
Membros do Congresso Nacional.
Brasília, 15 de maio de 2001.

RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE

LEI 8.560, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1992


Regula a Investigação de Paternidade dos Filhos
Havidos Fora do Casamento e Dá Outras Providências
Art. 1º - O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito:
I – no registro de nascimento;
II – por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III – por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
IV – por manifestação expressa e direta perante o Juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o
objeto único e principal do ato que o convém.
Art. 2º - Em registro de nascimento de menor, apenas com a maternidade estabelecida, o oficial
remeterá ao Juiz certidão integral do registro e o nome e prenome, profissão, identidade e residência do
suposto pai, a fim de ser averiguada, oficiosamente, a procedência da alegação.
§ 1º - O Juiz, sempre que possível, ouvirá a mãe sobre a paternidade alegada e mandará, em
qualquer caso, notificar o suposto pai, independentemente de seu estado civil, para que se manifeste
sobre a paternidade que lhe é atribuída.
§ 2º - O Juiz, quando entender necessário, determinará que a diligência seja realizada em segredo
de justiça.
§ 3º - No caso do suposto pai confirmar expressamente a paternidade, será lavrado termo de
reconhecimento e remetida certidão ao oficial do registro, para a devida averbação.
§ 4º - Se o suposto pai não atender, no prazo de 30 (trinta) dias, a notificação judicial, ou negar a
alegada paternidade, o Juiz remeterá os autos ao representante do Ministério Público para que intente,
havendo elementos suficientes, a ação de investigação de paternidade.
§ 5º - A iniciativa conferida ao Ministério Público não impede a quem tenha legítimo interesse de
intentar investigação, visando a obter o pretendido reconhecimento a paternidade.
Art. 3º - É vedado legitimar e reconhecer filho na ata do casamento.
Parágrafo único. É ressalvado o direito de averbar alteração do patronímico materno, em
decorrência do casamento, no termo de nascimento do filho.
Art. 4º - O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento.
Art. 5º - No registro de nascimento não se fará qualquer referência à natureza da filiação, à sua
ordem em relação a outros irmãos do mesmo prenome, exceto gêmeos, ao lugar e cartório do casamento
dos pais e ao estado civil destes.
Art. 6º - Nas certidões de nascimento, não constarão indícios de a concepção haver sido
decorrente de relação extraconjugal.
§ 1º - Não deverá constar, em qualquer caso, o estado civil dos pais e a natureza da filiação, bem
como o lugar e o cartório de casamento, proibida referência à presente Lei.
§ 2º - São ressalvadas autorizações ou requisições judiciais de certidões de inteiro teor, mediante
decisão fundamentada, assegurados os direitos, as garantias e interesses relevantes do registrado.
Art. 7º - Sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a paternidade, nela se fixarão os
elementos provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite.
Art. 8º - Os registros de nascimento, anteriores à data da presente Lei, poderão ser retificados por
decisão judicial, ouvido o Ministério Público.
Art. 8º - Esta Lei entra em vigor na de sua publicação.
Art. 10 – São revogados os Arts. 332, 337 e 347 do Código Civil e demais disposições em
contrário.
APLICAÇÃO DA LEI Nº 8.560/92
SEGUNDO A CORREGEDORIA DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS

Instrução nº 205793:

O Desembargador Sérgio Léllis Santiago, Corregedor de Justiça do Estado de Minas Gerais, no


uso das atribuições conferidas pelo art. 40, VI, da Lei nº 7.655, de 21 de dezembro de 1979, e
considerando a sanção da Lei Federal nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992, que regula a investigação de
paternidade dos filhos havidos fora do casamento, e tendo em vista a sua imediata vigência, resolve
traçar as orientações seguintes, a serem observadas pelos Oficiais do Registro Civil de Pessoas
Naturais:
1) – Em registro de nascimento de menor, apenas com a maternidade estabelecida, o Oficial deverá
remeter ao Juiz de Direito, imediatamente, a certidão integral de registro e o nome e prenome, profissão,
identidade e residência do suposto pais, a fim de ser averiguada, oficiosamente, a procedência da
alegação, segundo o disposto no art. 2º da Lei nº 8.560/92, conforme modelos anexos.
2) – Na Comarca de Belo Horizonte e naquelas em que houver Vara de Registro Público, os
Oficiais farão a remessa da certidão do registro das informações suprareferidas, para os Juízes das Varas
de Registro Públicos, nos termos do art. 73, parág. 1º, II, da Lei nº 7.655, de 21 de dezembro de 1978;
2.1) – Nas demais comarcas do Estado, a remessa desse expediente será feita aos Juízes de Direito
com a competência cível, nos termos do art. 72, XLIII, da Lei nº 7.655/79.
3) - A distribuição do expediente mencionado no item
de nº 1, da presente instrução, que ocorrerá sob a forma de
Declaração de Paternidade, será efetuada com plena isenção de custas e emolumentos para os
interessados e para os oficiais do Registro Civil das Pessoas Naturais.
4) – Esses Registradores deverão ficar atentos, ainda, às disposições contidas nos artigos 3º, 5º e
6º da Lei nº 8.560/92

Belo Horizonte, 08 de janeiro de 1993.


DES. SÉRGIO LELLIS SANTIGO
Corregedor de Justiça
*Publicação no Órgão Oficial Minas Gerais, Diário do Judiciário, do dia 11/02/1993.

APLICAÇÃO DA LEI Nº 8.560/92


SEGUNDO A CORREGEDORIA DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Provimento nº 19
O Corregedor-Geral de Justiça do Estado de Santa Catarina baixou o Provimento nº 19, publicado em 28
de outubro de 1993, que tem o seguinte teor:
Considerando as normas contidas na Lei Federal nº 8o.560, de 29 de dezembro de 1992, que
regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento, com imediata vigência;
Considerando que, embora reputada oficiosa, a averiguação da filiação de que trata a Lei
8.560792, reclama um mínimo de ordenamento dos atos respectivos, objetivando facilitar a declaração
da relação parental;
Considerando o que consta dos Processos nºs DA 79 e90/93, que formulam indagações acerca da
mencionada Lei, resolve:
1 - Em registro de nascimento de menor, apenas com a maternidade estabelecida, o oficial remeterá
ao Juízo com jurisdição sobre registros públicos, onde houver, e, nas demais comarcas, ao juízo cível,
por distribuição, certidão integral do registro de nascimento do menor e a primeira via das informações
de alegação de paternidade, conforme anexo I.
1.1 – Por se tratar de procedimento registrário, não contencioso, a averiguação de paternidade
prevista na Lei 8.560/92 será processada perante o Juizado Especial de causas Cíveis, nas comarcas
onde funcionar essa unidade jurisdicional (LC 77/93, art. 5º, III).
2 – O oficial deverá indagar à mãe sobre a paternidade do menor, esclarecendo-se quanto à
voluntariedade, seriedade e fins da declaração, que se destina à averiguação oficiosa de sua procedência,
na conformidade das disposições da Lei 8.560/92.
2.1 - Quando a genitora se enganar, ou não puder prestar tais informações, o oficial deverá fazer
constar o fato no expediente a ser encaminhado ao Juiz de Direito competente, nos moldes do Anexo II.
2.2 – No assento do registro do menor, nada constará a respeito da alegação da paternidade.
3 – O oficial redigirá o termo de alegação de paternidade que conterá, também, o nome e prenome,
profissão, identidade e residência do suposto pai, fazendo referência ao nome do menor e assento de seu
registro, em duas vias, assinadas pela mãe e pelo oficial.
3.1 – Para caracterização de identidade do suposto pai, serve qualquer carteira, cédula ou título
expedido por Órgão Público. Se a mãe souber informar a respeito, o oficial poderá consignar outros
dados que possibilitem a identificação do suposto pai.
4 – O expediente de que trata o item 2, deste Provimento, será distribuído, autuado e registrado
como Declaração de Paternidade, com providências que precedem à expedição da notificação do
indicado genitor.
4.1 – A notificação do suposto pai poderá efetivar-se por qualquer meio que proporcione cabal
conhecimento dos objetivos da medida.
5 – Confirmado o nexo paterno-filial, será lavrado termo de reconhecimento para efeito de
averbação no registro do filho, vedada qualquer referência à Lei nº 8.560/92.
6 – Em se tratando de reconhecimento de filho maior, é indispensável o conhecimento deste
(Código Civil, art. 362, e Lei nº 8.560/92, art. 4º), permitindo-se ao Juiz aferir a anuência no
procedimento instaurado.
7 – Os atos e procedimentos regulados por este Provimento são isentos de custas e emolumentos
para os interessados e para os oficiais do Registro Civil de Pessoas Naturais.

Publique-se. Registre-se. Cumpra-se.

Florianópolis, 21 de outubro de 1993


Des. Napoleão Xavier do Amarante
Corregedor-Geral de Justiça

APLICAÇÃO DA LEI Nº 8.560/92 SEGUNDO O CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA


DO ESTADO DE SÃO PAULO
Provimento nº 494, de 28 de maio de 1993
Dá nova redação ao Provimento nº 355/89
O Conselho Superior da Magistratura no uso de suas atribuições legais, e
Considerando a necessidade de adequar a disciplina normativa do Provimento nº 355/89 às novas regras
relativas a reconhecimento de filhos, estabelecidas pela Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992,
Resolve:
Da Filiação Havida Fora do Casamento
Art. 1º - No registro de filhos, havidos fora do casamento, não serão considerados o estado civil
e/ou eventual parentesco do genitores, cabendo ao oficial velar unicamente pelo entendimento da
declaração por eles manifestada e a uma das seguintes formalidades:
a) – genitores comparecem, pessoalmente, ou por intermédio de procurador com poderes
específicos, ao ofício do Registro Civil de Pessoas Naturais, para efetuar o assento, do qual constará o
nome dos genitores e dos respectivos avós;
b) – apenas um dos genitores comparece, mas com declaração de reconhecimento ou anuência do
outro à efetivação do registro.
Parágrafo único. Nas hipóteses acima, a manifestação da vontade por declaração, procuração, ou
anuência, será feita por instrumento público, ou particular, reconhecida a firma do signatário.
Art. 2º - Sendo o registrado, fruto de relação extraconjugal da mãe, constarão de seu nome, apenas
os patronímicos da família materna.
Art. 3º - O reconhecimento de filho independente do estado civil do genitores ou de eventual
parentesco entre eles, podendo ser feito:
a) – no próprio termo de nascimento, na forma das disposições anteriores;
b) – por escritura pública;
c) – por testamento;
d) – por documento público ou escrito particular, com firma do signatário reconhecida.
Art. 4º - O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento (art. 362, Código Civil).
Art. 5º - Nas hipóteses previstas no artigo 3º, letras b, c e d, o pedido de averbação do
reconhecimento será autuado e, após manifestação do Ministério Público, o Juiz-Corregedor Permanente
despachará, permanecendo os autos em cartório, após cumprimento da decisão.

Da Adoção
Art- 6º - O filho adotivo titula os mesmos direitos e qualificações da filiação biológica (art. 227, §
6º, da Constituição Federal).
Art. 7º - A adoção será sempre assistida pelo Poder Público (art. 227, § 5º, da Constituição
Federal).
§ 1º - Em se tratando de menores, em situação irregular, observar-se-á o disposto no Estatuto da
Criança e do Adolescente.
§ 2º - Nas demais hipóteses, serão observadas as regras da lei civil, devendo a averbação do ato
notarial ser feita por determinação do Juiz-Corregedor Permanente do Cartório de Registro Civil, após
manifestação da Curadoria dos Registros Públicos. Do Registro e das Certidões
Art. 8º - Nos assentos e certidões de nascimento, não será feita qualquer referência à origem e
natureza da filiação, sendo vedadas, portanto, a indicação da ordem da filiação relativa a irmãos de
mesmo prenome, exceto gêmeos, do lugar e cartório de casamento dos pais e de seu estado civil, bem
como qualquer referência às disposições da
Constituição Federal, da Lei nº 8.560/92 e deste Provimento, ou a qualquer outro indício de não ser o
registrado fruto de relação conjugal.
Art. 9º - No caso de participação pessoal da mãe, no ato do registro, aplicar-se-á o prazo
prorrogado no item 2º, do artigo 52, da Lei nº 6.015/73.
Art. 10º - Em caso de registro de nascimento sem paternidade estabelecida, havendo manifestação escrita
da genitora com os dados de qualificação e endereço do suposto pai e declaração de ciência de
responsabilidade civil e criminal decorrente, deverá o oficial encaminhar ao cidadão do assento e a
manifestação da genitora ao Juiz-Corregedor Permanente do Ofício do Registro Civil.
Art. 11º - Em juízo, ouvidos a mãe e o suposto pai, acerca da paternidade e confirmada essa pelo
indigitado pai, será lavrado termo de reconhecimento e remetido mandado ao Oficial de Registro para a
correspondente averbação.
§ 1º - Negada a paternidade, ou não atendendo o suposto pai à notificação em 30 dias, serão os
autos remetidos ao órgão do Ministério Público que tenha atribuição para intentar ação de investigação
de paternidade, que em sendo caso, encaminhará os autos à Procuradoria de Assistência Judiciária do
Estado, que eventualmente, tenha essa atribuição.
§ 2º - Todos os atos referentes a esse procedimento serão realizados em segredo de justiça,
especialmente, as notificações.
Art. 12º - Este Provimento entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições
em contrário.
*Publicação no DOE Just., 08-06-93 e AASP nº 1799, de 16 a 22-06-
93, p. 2.

Texto Relacionado:

ASSÉDIO SEXUAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego, Gêneros Diferentes, Direitos iguais. Brasília, 2010.
A partir do ingresso da mulher no mercado de trabalho, vários aspectos da discriminação pela questão
de gênero têm se manifestado. Elas recebem salários menores que os dos colegas homens e ainda que
sejam, na maioria das vezes, mais escolarizadas que eles, têm menores oportunidades de conseguir
emprego, são as primeiras a entrar nas listas de demissão quando há cortes nas empresas e, por fim, são
as maiores vítimas daquilo que a legislação denomina assédio sexual.
Há casos inversos, em que o homem se vê assediado por uma mulher. Mas essa não é a regra e sim a
exceção. Em qualquer hipótese, essa prática agora é crime, com legislação especifica e penalidades
previstas.
A lei 10.224, de 15 de maio de 2001, caracterizou o crime de assédio sexual, com punição, como
expressa no art.216-A: “Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerente ao exercício
de emprego, cargo ou função”. A pena prevista é de 1 a 2 anos de detenção.
Não é necessário contato físico para ser considerado assédio sexual, são várias as condutas que podem
constituir a prática do assédio, desde expressões verbais ou escritas claras, comentário sutis, gestos,
imagens transmitidas por meios magnéticos, etc.

O assédio sexual no ambiente de trabalho consiste em constranger trabalhadora (es) por meio de
cantadas e insinuações constantes com o objetivo de obter vantagens ou favorecimento sexual.

O assédio sexual é um dos muitos tipos de violência que a mulher sofre no seu dia-a-dia. De modo
geral, acontece quando o homem, em condição hierárquica superior, não tolera ser rejeitado e passa a
insistir e pressionar para conseguir o que quer.
A intenção do assediador pode ser expressa de várias formas. No ambiente de trabalho, atitudes como
piadinhas, fotos de mulheres nuas, brincadeiras consideradas de macho ou comentários constrangedores
sobre a figura feminina podem e devem ser evitadas.

A ação contra o assédio sexual não é uma luta de mulheres contra homens. É uma luta de todos, inclusive
de todos os homens que desejam um ambiente de trabalho saudável.

O assédio sexual é também comum nos meios de transportes coletivo, para o combate deste crime,
alguns países como no México que após denúncias implementou o ônibus feminino para circulação
exclusiva de mulheres.

Por um mínimo de coerência, não se pode defender os princípios de igualdade e justiça de um lado, e de
outro tolerar, desculpar ou até mesmo defender comportamentos que agridam a integridade das
mulheres.

O assédio é enquadrado no artigo 146 do Código penal, que considera "constrangimento ilegal" e prevê
detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa para o assediador.

A CLT diz que o assédio sexual pode ser considerado "falta grave" e o assediador pode ser demitido
por justa causa. Ainda o artigo 1521 do Código Civil atribui ao empregador à responsabilidade, sendo
que a pessoa assediada pode exigir indenização da empresa.
Derrotar a prática do assédio sexual no trabalho é parte integrante da luta pela igualdade de direitos e
oportunidades entre homens e mulheres.
Texto base:
BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego, Gêneros Diferentes, Direitos iguais. Brasília, 2010.
Disponível em
http://www.mte.gov.br/comissao_igualdade/arquivos/cart_generos_diferentes_direitos_iguais.pdf.

JURISPRUDÊNCIAS:
SÚMULAS VINCULANTES
(41 documentos publicados)

(DOC. LEGJUR 136.2322.3000.8700)


1 - TRT 3 Região. Dano moral. Assédio sexual. Ausência de hierarquia. Dano moral.
«Para que fique caracterizado o assédio sexual no ambiente de trabalho não é necessário que aquele que
assedia seja superior hierárquico da vítima, requisito esse necessário apenas à responsabilização penal.
Dos fatos narrados na inicial, constata-se que o assédio sexual alegado pela reclamante é o que se intitula
assédio sexual ambiental, pois em nenhum momento houve qualquer ameaça, como por exemplo, de perda
do emprego.»

(DOC. LEGJUR 103.1674.7549.0900)


2 - TRT 4 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Empregado. Assédio sexual. Limitação ou
inibição da liberdade sexual. Único fato. CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X.
«O assédio sexual não depende necessariamente de reiteradas investidas podendo resumir-se a um fato,
porquanto para sua configuração basta, ainda que de forma tentada, a limitação ou inibição da liberdade
sexual, causando constrangimento no ofendido, com base no uso do poder de subordinação do superior
hierárquico, ou mesmo decorrente do risco da perda de emprego, quando o assediador for colega de
mesma hierarquia

(DOC. LEGJUR 103.1674.7568.1900)


3 - TJRJ. Responsabilidade civil. Dano moral. Ação indenizatória. Acusação feita por funcionária de
assédio sexual. em relação a seu chefe. E-mails enviados pelo pai ao Prefeito e Secretario de Saúde
acusando o assédio sexual. Abertura de sindicância. Absolvição do acusado. Lesão à honra e
angústia. Verba fixada em R$ 6.000,00. CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X.
«Há elementos probatórios fortes a indicarem que o autor, ao receber a chefia do setor, implantou
disciplina severa entre os servidores que o incompatibilizou com eles. Alegação que fez a funcionária,
segunda ré, de que o autor lhe endereçou perguntas invasivas de sua intimidade, que não configuram
assédio sexual. e que tampouco se mostram ofensivas. Comportamento leviano da segunda ré, que, em
evidente exagero, contribuiu para aumentar os ânimos contra o chefe, estando provado que, e...
(Continua)
(DOC. LEGJUR 136.2350.7000.6200)
4 - TRT 3 Região. Dano moral. Assédio sexual. Não enquadramento à tipificação do artigo 216-A do
CP. Pedido de indenização por danos morais. Descabimento.
«O assédio sexual é uma forma de abuso de poder no ambiente de trabalho. A Lei 10.224, de 15 de maio
de 2001, introduziu no Código Penal a tipificação do crime de assédio sexual, dando a seguinte redação
ao art. 216- A: «Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício,
emprego, cargo ou função». Na hipótese contemplada nestes autos, a Autora não ... (Continua)

(DOC. LEGJUR 103.1674.7155.3600)


5 - STJ. Inquérito Policial. Assédio sexual. Trancamento. Constrangimento ilegal. Inexistência.
«Se os fatos descritos na representação criminal são atípicos no tocante ao assédio sexual mas, em tese,
podem configurar ilícito penal ou contravencional - incabível é o trancamento do Inquérito Policial.
Ademais; no caso, nem sequer houve indiciamento, pela autoridade policial, do paciente.»

(DOC. LEGJUR 103.1674.7557.1200)


6 - TRT 3 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio sexual. Conceito. Empregado.
CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X.
«A doutrina destaca dois conceitos básicos do assédio sexual. O primeiro deles, chamado de assédio
sexual por chantagem, ocorre quando o agressor vale-se da sua posição hierárquica superior e comete
verdadeiro abuso de autoridade ao exigir favor sexual sob ameaça de perda de benefícios. Quando esse
tipo de assédio é praticado na relação de emprego, a coação resulta da possibilidade da vítima perder o
emprego. A segunda hipótese de assédio sexual, chamada assédio por intimidaç... (Continua)

(DOC. LEGJUR 103.1674.7549.3500)


7 - TRT 3 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio sexual. Caracterização. Necessidade
de prova convincente. CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X.
«A caracterização do assédio sexual não prescinde da prova de que a empregada tenha sido vítima de
reiteradas investidas sexuais por parte de seu superior hierárquico, sujeitando-a a situações humilhantes,
atentatórias à honra e dignidade. Simples alegações de que o comportamento do superior era inadequado,
intimidador ou abusivo, ainda que graves, mas sem respaldo probatório convincente, não autorizam
reconhecer o assédio sexual e o dever de indenizar.»

(DOC. LEGJUR 103.1674.7230.8000)


8 - TRT 4 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio sexual. Conceito. Pedido
improcedente. CF/88, art. 5º, V e X.
«A hipótese dos autos não pode ser confundida com a de assédio sexual, porquanto este se caracteriza
pelo constrangimento provocado na vítima, na busca de favor sexual mediante o uso de poderes
concedidos por situação hierárquica superior, hipótese que não restou comprovada nos autos. Também
não há prova de que a situação, ainda que constrangedora, tenha configurado verdadeiro atentado à
dignidade da empregada, o que autoriza o deferimento da indenização pleiteada.»
(DOC. LEGJUR 103.1674.7557.0700)
9 - TRT 3 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio moral ou sexual. Distinção.
CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X.
«Os atos reputados como de violência psicológica, porquanto praticados de forma permanente no
ambiente de trabalho, somente ensejam a hipótese de assédio sexual, quando os danos morais dele
provenientes decorrerem da prática de atos verbais e físicos praticados pelo assediador, com a
finalidade de submetê-lo aos seus caprichos sexuais. Todavia, quando a resistência do autor às demandas
sexuais do superior hierárquico desperta ressentimentos, que levam o preposto da ré a perseguir sua...
(Continua)
(DOC. LEGJUR 103.1674.7568.0300)
10 - TRT 2 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio moral. Assédio sexual. Empregado.
Prova. Valor especial aos indícios fornecidos pelos depoimentos da vítima e das testemunhas. Verba
fixada em 4 vezes o último salário base da autora. CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X.
«Em se tratando de prova de assédio sexual, não se pode exigir o mesmo grau de certeza e robustez
inerentes a provas relativas a matérias que não envolvem a intimidade da pessoa. Nesses casos, a prova
do comportamento abusivo é dificultada pelo comportamento dissimulado do assediador que, via de
regra, atua em ocasiões em que não há testemunhas presentes. Nesses casos há que se conferir valor
especial aos indícios fornecidos pelos depoimentos da vítima e das testemunhas.»
(DOC. LEGJUR 103.1674.7549.2300)
11 - TRT 3 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio sexual caracterizado. Verba fixada
em R$ 10.000,00. CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X.
«Tendo a autora comprovado que o dirigente da empresa onde laborava, valendo-se da circunstância de
superior hierárquico, tentou obter dela favorecimento sexual, não há dúvida quanto à caracterização do
assédio sexual, pelo que deve a ré arcar com o pagamento de indenização por danos morais, como forma
de minorizar o prejuízo de ordem íntima sofrido pela vítima e de coibir condutas que atentam contra a
dignidade e a integridade física ou moral da pessoa humana.»
(DOC. LEGJUR 11.3264.6000.0800)
12 - TRT 2 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio moral. Opção sexual. Insinuações
vexatórias. Possibilidade. CF/88, art. 5º, V e X. CCB/2002, arts. 186 e 927.
«O empregador que não respeita o caráter signalagmático do contrato de trabalho e procede de forma a
expor seus empregados a insinuações vexatórias, que comprometem

(DOC. LEGJUR 103.1674.7568.9900)


13 - TRT 2 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio sexual. Empregado. Verba fixada
em 12 meses de salário. CF/88, art. 5º, V e X. CCB/2002, art. 186.
«Trata-se de típico caso de assédio sexual, quando o assediador é superior hierárquico e usa de sua
situação privilegiada para pressionar a empregada, inclusive com ameaças de demissão, como ocorreu
no caso em pauta. Assim, no caso sub judice, estavam presentes Os elementos caracterizadores do
assédio agente (assediador) e a destinatária (assediada), a rejeição expressada pela segunda e a
reiteração da conduta, ressaltada pela reafirmação de detenção de poder. Comprovada, por... (Continua)

(DOC. LEGJUR 103.1674.7557.1300)


14 - TRT 3 Região. Rescisão indireta. Assédio sexual. Empregado. Empregador que insistentemente
se declara apaixonado e quer namorar com a empregada. Rescisão indireta caracterizada.
Considerações da Juíza Wilméia da Costa Benevides sobre o tema. CLT, art. 483.
«... Constata-se, portanto, que o simples fato de o reclamado não ter dirigido à reclamante ameaça é
insuficiente para excluir ou descaracterizar o assédio sexual. Por outro lado, a constante repetição, pelo
empregador, de que estava apaixonado pela autora e com ela queria namorar consubstancia, sim, uma
forma de assédio por intimidação. Tal conduta, logicamente, comprometeu a confiança que deveria existir
entre as partes e constitui fundamento capaz de autorizar o rompimento indiret... (Continua)
(DOC. LEGJUR 103.1674.7111.5900)
15 - TAMG. Responsabilidade civil. Dano moral e material. Ato ilícito. Assédio sexual.
Molestamento verbal. CF/88, art. 5º, V e X.
«Enseja reparação civil, de conformidade com o art. 159 do CCB, o molestamento verbal reiterado, de
caráter sexual, apto a causar danos morais, em razão do constrangimento ou ofensa moral, e danos
materiais, consistentes nas despesas efetuadas em defesa do direito à tranqüilidade e ao bom nome do
cidadão.»
(DOC. LEGJUR 103.1674.7549.2400)
16 - TRT 3 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio sexual. Considerações do Juiz José
Miguel de Campos sobre o tema. CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X.
«... A matéria referente ao assédio sexual é demasiadamente delicada, apesar de não ser novidade na
prática social empregatícia e nem nos tribunais. A questão mereceu enquadramento legal, na esfera
criminal, através da Lei 10.224 de 16/maio/2001, que estabeleceu o tipo penal do assédio sexual no
artigo 216-A do Código Penal: «Constranger alguém com intuito de levar vantagem ou favorecimento
sexual prevalecendo-se o agente de sua forma de superior hierárquico, ou ascendência inere... (Continua)

(DOC. LEGJUR 103.1674.7027.7600)


17 - TJRJ. Responsabilidade civil. Dano moral e material. Assédio sexual. Médico. Separação
judicial. Culpa da mulher. Detetive. Ressarcimento dos danos. Lide temerária. CF/88, art. 5º, V e X.
«Não pode a mulher pretender se ressarcir do que o ex-marido teria pago a detetive particular para aferir
sua própria infidelidade. Também não lhe é devida indenização por dano moral se a ruptura de seu
casamento se deu com sua própria cumplicidade, ao aceitar o alegado assédio se é que ocorreu, ao invés
de denunciá-lo ao marido ou ao órgão que disciplina a conduta médica. Sendo maior, capaz e experiente
não poderia a autora ignorar as ruinosas consequências para a estabilida... (Continua)

(DOC. LEGJUR 103.1674.7465.2900)


18 - TRT 2 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Empregado. Acusação de assédio sexual.
Exposição do empregado a situação vexatória e humilhante. Indenização devida. Indenização fixada
em 25 maiores salários. CF/88, art. 5º, V e X. CCB/2002, art. 186. CCB, art. 159.
«Não se nega à empresa o direito de apurar eventual prática de assédio sexual em suas dependências.
Todavia, ao fazê-lo deve cercar-se de cautelas especiais, para preservar a imagem e direitos dos
envolvidos, e bem assim, a imagem da própria instituição. In casu, ao indagar numa sessão pública com
estagiários, de forma precipitada e até leviana, se algum deles já fora molestado pelo reclamante, o
empregador maculou gravemente a imagem do autor, vez que sobre este passou a pairar, ... (Continua)
(DOC. LEGJUR 103.1674.7549.1000)
19 - TRT 4 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Empregado. Assédio sexual. Prova indireta.
Prova indiciária. Possibilidade. Verba fixada em R$ 35.000.00. CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e
X.
«O assédio sexual, nos limites da jurisdição trabalhista - quando a prova for extremamente difícil de ser
produzida - se submete à prova indiciária e inclusive à inversão do encargo probatório. Hipótese em que
o ato restou demonstrado por meio de prova indiciária, mormente porque o conjunto dos elementos de
prova, além de corroborar a narrativa da petição inicial, não confirma o álibi alegado em contestação,
tampouco a alegação de que a autora não tivesse laborado no dia at... (Continua)

(DOC. LEGJUR 103.1674.7473.7800)


20 - TRT 2 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Empregado. Assédio sexual não
caracterizado. Simples «carícia» nas mãos da recorrente, ou convite para sair. CF/88, art. 5º, V e X.
CCB/2002, art. 186. CP, art. 216-A (Lei 10.224/01). Analogia.
«A prova dos autos evidencia que simples «carícia» nas mãos da recorrente, ou convite para sair, feito
pelo genitor das sócias, sem outras consequências, não é suficiente para caracterizar assédio sexual.
Ademais a recorrente comparecia apenas um ou duas vezes na loja, somente para levar numerário, já que
trabalhava em outro local. Relevância da comunicação da MM. Juíza com as partes na instrução do
feito.»

(DOC. LEGJUR 103.1674.7333.6400)


21 - TRT 3 Região. Assédio sexual. Dano moral. Responsabilidade do empregador pelos atos do
preposto. Prova indiciária. Indenização fixada em R$ 3.000,00. CCB, art. 1.521, III. Súmula 341/STF.
CF/88, art. 5º, V e X. CLT, art. 483, «e».
«Ao empregador incumbe a obrigação de manter um ambiente de trabalho respeitoso, pressuposto
mínimo para a execução do pacto laboral. A sua responsabilidade pelos atos de seus prepostos é objetiva
(CCB, art. 1.521, III e Súmula 341/STF), presumindo-se a culpa. A prova dos atos atentatórios da
intimidade da empregada é muito difícil, pois geralmente são perpetrados na clandestinidade, daí porque
os indícios constantes dos autos têm especial relevância, principalmente quando aponta... (Continua)

(DOC. LEGJUR 104.4321.0000.0200)


22 - TST. Responsabilidade civil. Dano moral. Empregado. Assédio sexual configurado. Princípio da
dignidade da pessoa humana. Terceirização. Locação de mão de obra. Responsabilidade subsidiária.
Verba fixada em R$ 30.000,00. CF/88, arts. 1º, III e IV, 5º, V e X. CCB/2002, art. 186.

(DOC. LEGJUR 108.3914.1000.1700)


23 - TJRJ. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio sexual. Autor teria sofrido em decorrência
de ter sido indevidamente acusado pela Ré de ter contra ela investido com propósito sexual
Procedência do pedido, fixada a indenização em R$ 10.000,00. CF/88, art. 5º, V e X. CCB/2002, arts.
186 e 927.
«Provas oral e documental que confirmaram os fatos narrados na inicial os quais ensejaram a instauração
de sindicância administrativa. Dever de indenizar. Dano moral configurado. Indenização arbitrada em
montante compatível com a repercussão dos fatos em debate, observados os princípios da razoabilidade
e da proporcionalidade. Ônus da sucumbência corretamente impostos à Ré. Súmulas 105/TJRJ e
326/STJ. Honorários advocatícios que observaram os critérios do art. 20, §§ 3º e 4º... (Continua)
(DOC. LEGJUR 137.4285.0000.2300)
24 - STJ. Administrativo. Improbidade administrativa. Assédio sexual de professor da rede pública.
Prova testemunhal suficiente. Violação aos princípios da administração pública. Dolo do agente. Ato
ímprobo. Caracterização. Precedentes do STJ. Lei 8.429/1992, art. 11.
«1. Cinge-se a questão dos autos a possibilidade de prática de assédio sexual. como sendo ato de
improbidade administrativa previsto no caput do art. 11 da Lei 8.429/1992, praticado por professor da
rede pública de ensino, o qual fora condenado pelas instâncias ordinárias à perda da função pública. [...].
4. É firme a orientação no sentido da imprescindibilidade de dolo nos atos de improbidade
administrativa por violação a princípio, conforme previstos no caput do art. 11 d... (Continua)

(DOC. LEGJUR 103.1674.7019.6500)


25 - TJRS. Responsabilidade civil. Dano moral. Veiculação por jornal. Assédio sexual. Interesse em
recorrer. Sucumbência material. Fixação do «quantum» devido.
«Não se há de negar ao vencedor interesse em recorrer, quando a sentença, ainda que favorável, não lhe
alcançou tudo que, objetivamente seria possível alcançar. É ônus seu, porém, demonstrar - e
objetivamente - onde situada a sucumbência, quando, na inicial, demite-se de fornecer o «quantum» que
entende devido ou mesmo o critério que seria de levar-se em conta para a fixação daquele,
precipuamente em se cuidando de dano moral. Fixado pelo Juiz, porque assim o quis a parte autor...
(Continua)
(DOC. LEGJUR 103.1674.7499.5700)
26 - STJ. Competência. Responsabilidade civil. Dano moral. Empregado. Ação indenizatória. Dano
oriundo de assédio sexual. em ambiente de trabalho. Prestadora de serviços que é demitida e
recontratada por determinação do tomador de serviços. Relação de trabalho configurada.
Julgamento pela Justiça do Trabalho. CF/88, arts. 5º, V e X e 114. CCB/2002, art. 186.
«Compete à Justiça Trabalhista processar e julgar ações de indenização por danos morais decorrentes de
assédio sexual praticado em ambiente de trabalho, onde as partes envolvidas estão em níveis
hierárquicos diferentes, mesmo que se trate de vítima que trabalhe por meio de empresa terceirizadora de
serviços e que a ação seja ajuizada contra a pessoa do superior hierárquico.»

(DOC. LEGJUR 103.1674.7258.3300)


27 - TJSP. Responsabilidade civil. Dano moral. Empregado. Assédio sexual. Superior hierárquico.
Fixação em 150 salários mínimos. CF/88, art. 5º, V e X.
«Atendendo-se à apreciação da realidade, o grau de dolo do apelante, a repercussão do fato lesivo,
estimo o «quantum» atinente ao dano moral sofrido pela requerente em 150 salário mínimos, que bem
indeniza com equilíbrio e em parâmetros razoáveis o mal causado, de molde a não ensejar uma fonte de
enriquecimento, mas que também não seja apenas simbólico.»
(DOC. LEGJUR 136.2784.0000.3000)
28 - TRT 3 Região. Indenização. Assédio moral. Tratamento discriminatório e hostil fundado na
opção sexual do empregado. Aplicação da teoria da «punitive damages».
«Concretizada a reincidência e gravidade da conduta ilícita, não se deve apenas ter por viável a
concepção compensatória da indenização, pois esta, por vezes, apesar de buscar reparação completa dos
prejuízos, se mostra ineficaz. O ofensor, mesmo depois de lhe ser imposto o pagamento compensatório,
não raras vezes se mostra indiferente ao ocorrido, pois normalmente pode pagar o preço, gerando-lhe
ganhos, tendo por consequência enriquecimento ilícito com a persistência da prát... (Continua)

(DOC. LEGJUR 103.1674.7255.5400)


29 - TJSP. Responsabilidade civil. Dano moral. Empregado. Assédio sexual. Superior hierárquico.
Verba devida. CF/88, art. 5º, V e X. CCB/2002, art. 186.
«Superior hierárquico que se aproveitou da situação de funcionária subordinada para dirigir-lhe
propostas indecorosas e toques pessoais.»
(DOC. LEGJUR 103.1674.7543.9400)
30 - TST. Responsabilidade civil. Dano moral. Empregado. Assédio sexual. Prescrição bienal. CF/88,
arts. 5º, V e X e 7º, XXIX. CLT, art. 11. CCB/2002, art. 186.
«Prevalece no âmbito do TST o entendimento de que o prazo prescricional para pleitear reparação
resultante de dano moral decorrente de relação de emprego é o previsto no art. 7º, XXIX, da CF/88.
Ressalva do entendimento pessoal do Relator.»
(DOC. LEGJUR 11.6663.9000.0700)
31 - TRT 2 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio sexual. Prova testemunhal avaliada
no contexto do caso, segundo o sistema de persuasão racional, considerado o juízo de
verossimilhança. Situação que não se confunde com a condenação por indício. Verba fixada em R$
15.000,00. CF/88, art. 5º, V e X. CCB/2002, arts. 186 e 927.
«Existindo prova do assédio, não há como classificá-la como indício, elemento circunstancial ao fato,
cujo reconhecimento dependeria do exercício de juízo dedutivo e que daria origem a uma «presunção». A
condenação imposta se sustenta na prova testemunhal produzida pela demandante, devidamente
interpretada, não resultando de indícios.»

(DOC. LEGJUR 103.1674.7213.6900)


32 - TRT 4 Região. Despedida. Justa causa. Tese da petição inicial noticia assédio sexual. Defesa
sustenta mau procedimento e insubordinação. Prova testemunhal afirma que a reclamante sempre
teve comportamento exemplar. CLT, art. 482.
«Desentendimento meramente com o chefe de nome Marcelo, único que presenciou a recusa da autora em
prestar trabalho. Testemunha suspeita porque envolvida diretamente nos fatos. Justa causa que exige
prova robusta, inexistente nos autos. Parcelas rescisórias são mera consequência. Provimento negado.»

(DOC. LEGJUR 140.3545.9011.2100)


33 - TJSP. Assédio sexual. Descaracterização. Art. 216-A, § 2º, do CP. Absolvição decretada em
primeiro grau. Recurso do Ministério Público. Condenação nos moldes da denúncia. Improcedência.
Palavra da ofendida isolada nos autos. Mensagens enviadas pelo recorrido para o celular da vítima
que não são ameaçadoras ou de conotação sexual tratando-se de gracejos insuficientes a configurar
o delito. Conduta do agente que não se amolda ao tipo penal em comento. Ausência de provas
robustas a embasar uma condenação. Sentença mantida. Recurso improvido.
(DOC. LEGJUR 11.6663.9000.0800)
34 - TRT 2 Região. Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio sexual. Ofensor gestor dentro do
estabelecimento. Prova da relação de emprego. Desnecessidade. Considerações da Desª. Bianca
Bastos sobre o tema. CF/88, art. 5º, V e X. CCB/2002, arts. 186, 927 e 932, III.
(DOC. LEGJUR 103.1674.7305.0000)
35 - TRT 12 Região. Responsabilidade civil. Empregado. Dano moral. Assédio sexual no local de
trabalho. Prova indiciária. Valoração do depoimento da vítima. Responsabilidade do empregador.
Dano fixado em R$ 17.500,00 para uma das reclamantes e R$ 8.000,00 para outra. CF/88, art. 5º, X e
V,
«O empregador tem o dever de assegurar ao empregado, no ambiente de trabalho, a tranqüilidade
indispensável às suas atividades, prevenindo qualquer possibilidade de importunações ou agressões,
principalmente as decorrentes da libido, pelo trauma resultantes às vítimas.»

(DOC. LEGJUR 137.4285.0000.2400)


36 - STJ. Recurso especial. Administrativo. Improbidade administrativa. Assédio sexual de professor
da rede pública. Tese da atipicidade. Ausência de prequestionamento. Súmula 282/STF. CF/88, art.
105, III. CPC, art. 541. Lei 8.038/1990, art. 26. Lei 8.429/1992, art. 11.
«2. A tese inerente à atipicidade da conduta em razão da inexistência de nexo causal entre o ato e a
atividade de educador exercida pelo Professo não foi abordada pelo Corte de origem, o que atrai a
incidência da Súmula 282/STF.»
(DOC. LEGJUR 137.4285.0000.2500)
37 - STJ. Recurso especial. Administrativo. Improbidade administrativa. Assédio sexual de professor
da rede pública. Dignidade da pessoa humana. Matéria constitucional. Competência do STF. CF/88,
arts. 1º, III e 105, III. CPC, art. 541. Lei 8.038/1990, art. 26. Lei 8.429/1992, art. 11.
«3. O recorrente também tratou de questão constitucional, qual seja, a dignidade da pessoa humana,
matéria que refoge da competência desta Corte Superior, sob pena de usurpação da competência do
Supremo Tribunal Federal.»
(DOC. LEGJUR 103.1674.7554.8000)
38 - TJRJ. Responsabilidade civil. Dano moral. Consumidor. Assédio sexual. Transporte de
passageiros. Ação indenizatória ajuizada por passageira em face de transportador ferroviário em
razão de ter sido sexualmente molestada por homem (importunação ofensiva ao pudor - LCP, art.
61), quando viajava em vagão destinado exclusivamente a mulheres. Verba fixada em R$ 10.000,00.
CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X.
«Se o autor deixa a critério do juiz a fixação da indenização de dano moral, tem interesse recursal se a
verba arbitrada lhe parecer exígua. Afinal, ele, ao deduzir o pedido, não tem por expectativa qualquer
valor, mas algo que compense o prejuízo extra patrimonial, que iniba a reincidência e que puna o ofensor.
Sendo o de transporte ferroviário contrato de adesão, a vítima não está obrigada a provar a culpa do
transportador pelo abalo sofrido, bastando comprovar a condição de ... (Continua)
39 - TJPR. Homicídio. Legítima defesa. Tipicidade.
«A repulsa ao assédio sexual, desferindo a ofendida, que se encontrava no recesso de seu lar, um só
golpe de faca contra o agressor, conduta necessária e moderada, ajusta-se ao conceito da legítima defesa
da honra, impondo-se o reconhecimento da excludente de ilicitude.»
(DOC. LEGJUR 141.1950.7002.7000)
40 - STJ. Administrativo. Ação civil pública. Improbidade administrativa. Atentado violento ao
pudor. Professor municipal. Alunas menores. Violação do art. 535 do CPC não caracterizada.
Violação dos princípios da administração pública. Art. 11 da Lei 8.429/1992. Enquadramento.
Independência das esferas. Elemento subjetivo. Dolo genérico.
«1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as
questões essenciais ao julgamento da lide. 2. O ilícito previsto no art. 11 da Lei 8.249/1992 dispensa a
prova de dano, segundo a jurisprudência do STJ. 3. Não se enquadra como ofensa aos princípios da
administração pública (art. 11 da LIA) a mera irregularidade, não revestida do elemento subjetivo
convincente (dolo genérico). 4. É possível a responsabilização do agente p... (Continua)

(DOC. LEGJUR 124.7663.0000.4400)


41 - STJ. Competência. Justiça trabalhista x Justiça Estadual Comum. Honorários advocatícios.
Reclamação trabalhista. Indenização. Ação indenizatória proposta por ex-empregado em face do
ex-empregador. Ressarcimento do valor gasto a título de honorários contratuais com a propositura
de reclamatória trabalhista julgada procedente. «ações de indenizações por dano moral ou
patrimonial, decorrentes da relação de trabalho». Competência absoluta da Justiça do Trabalho.
Atos decisórios praticados no processo. Nulidade declarada. Considerações do Min. Luis Felipe
Salomão sobre o tema. Precedentes do STJ e do TST. CF/88, art. 114, VI. CPC, art. 113, § 2º. Lei
8.906/1994, art. 22. CCB/2002, arts. 389, 395 e 404. Orientação Jurisprudencial 305/TST-SDI-I.
Súmula 219/TST. Súmula 329/TST. CF/88, art. 133. CPC, art. 20. Lei 5.584/1970, art. 14.
«... 2. Com o ajuizamento da presente demanda, pretende a recorrente o recebimento de indenização por
danos materiais consistentes nos valores gastos com a contratação de advogado para promoção de ação
trabalhista outrora aforada na Justiça do Trabalho, objetivando reconhecimento das verbas decorrentes
da rescisão de seu contrato de trabalho com a recorrida. Sustenta, em síntese, que o descumprimento de
normas trabalhistas, pelo empregador, acarretou-lhe perdas e danos, nas quais ... (Continua)

TST - AIRR 1 (TST)


Data de publicação: 11/10/2013
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. ASSÉDIO
SEXUAL. O Regional não dirimiu a controvérsia à luz das disposições contidas no art. 5º , LX , da CF ,
razão pela qual incide o óbice da Súmula 297 do TST, ante a ausência do devido prequestionamento.
Também não se cogita de afronta ao inciso LV do artigo 5º da CF , pois o devido processo legal está
sendo devidamente observado, com a plena oportunidade ao reclamado do contraditório e da ampla
defesa. Por outro lado, a indicação de ofensa ao artigo 37 da CF é genérica, e não impulsiona o
prosseguimento da revista, a teor da Súmula 221 do TST. Agravo de instrumento conhecido e não
provido.

TST - AIRR 1 (TST)


Data de publicação: 08/11/2013
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL. ASSÉDIO SEXUAL E MORAL. HORAS EXTRAS. DIFERENÇAS. Não se processa o
Recurso de Revista quando a discussão intentada pressupõe o reexame do conjunto fático-probatório dos
autos. Aplicação do disposto na Súmula n.º 126 do TST. Agravo de Instrumento não provido.

TST - RECURSO DE REVISTA RR 10870320115040411 1087-03.2011.5.04.0411 (TST)


Data de publicação: 04/10/2013
Ementa: RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ASSÉDIO SEXUAL.
Recurso calcado em ofensa aos arts. 818 da CLT e 331, I , do CPC e em divergência jurisprudencial. O
Tribunal de origem, ao deferir a indenização por danos morais, consignou que, embora a prova oral não
tenha demonstrado de forma cabal os fatos alegados na petição inicial, restou suficientemente
demonstrado que o sócio da empresa recorrente foi inconveniente e desrespeitoso com a autora. Assim,
não resta demonstrada a violação dos artigos 818 da CLT e 333, I, do CPC , pois o Tribunal Regional
decidiu a lide com amparo nas provas efetivamente produzidas. De fato, examinando o depoimento das
testemunhas, concluiu que -a conduta do sócio da reclamada para com suas funcionárias não era
adequada a um ambiente de trabalho, sendo possível reconhecer que ele foi inconveniente e
desrespeitoso com a reclamante - (sem grifo no original, fls. 198). Recurso de revista não conhecido.
VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ACÓRDÃO DO TRT DA 4ª REGIÃO QUE REDUZ
O QUANTUM ARBITRADO PELA R. SENTENÇA DE R$ 20.000,00 PARA R$ 10.000,00 COM BASE
NO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESA RÉ. ALEGAÇÃO DESSA ÚLTIMA NO RECURSO DE
REVISTA DE QUE AINDA SUBSISTE VIOLAÇÃO DOS ARTIGOS 944, PARÁGRAFO ÚNICO , DO
CÓDIGO CIVIL DE 2002 E 5º, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. IMPROCEDÊNCIA.
Recurso de revista calcado em violação dos arts. 5º, V, da Constituição da República e 944 , parágrafo
único , do Código Civil e em divergência jurisprudencial. A decisão que fixa o valor da indenização é
pautada em critérios subjetivos, já que não há, no ordenamento brasileiro, lei que defina de forma
objetiva o valor que deve ser fixado a título de dano moral. No caso, é incontroverso que há
caracterização, em tese, do tipo previsto no artigo 216-A do Código Penal, bem como que a Autora,
vítima da conduta praticada por superior hierárquico, foi imediatamente afastada do trabalho, denunciada
na polícia por calúnia e depois dispensada sem justa causa, razão...

TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA AIRR 17348820105110006


1734-88.2010.5.11.0006 (TST)
Data de publicação: 24/08/2012
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SUMARÍSSIMO -ASSÉDIO
SEXUAL- INEXISTÊNCIA. Nega-se provimento a agravo de instrumento que visa liberar recurso
despido dos pressupostos de cabimento. Agravo desprovido.

TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 2351002320095020 SP 02351002320095020006 A20 (TRT-2)


Data de publicação: 27/09/2013
Ementa: ASSÉDIO SEXUAL. PROVA ROBUSTA. O assédio sexual é uma ilicitude de extrema
gravidade, e assim tanto a doutrina como a jurisprudência têm considerado que para configuração do
assédio sexual, é necessária prova robusta de que o assediador utiliza-se de sua posição hierárquica
superior, como forma de coagir a vítima a realizar favores de índole sexual, coagindo-a, ameaçando-a ou
constrangendo-a ilicitamente, justamente em razão dessa relação de poder que se origina no próprio
ambiente de trabalho. Portanto, ainda que não seja exigida prova ocular devida a dificuldade nestes
casos, o fato é que a prova mesmo que indireta é ônus da reclamante nos termos do artigo 818 da CLT e
deve estar robustamente evidenciada nos autos.

TRT-1 - Recurso Ordinário RO 361001820095010023 RJ (TRT-1)


Data de publicação: 10/10/2013
Ementa: DANO MORAL. ASSÉDIO SEXUAL. O dano moral é todo sofrimento humano que não resulta
de uma perda pecuniária, mas de violação a direitos de personalidade. Representa, pois, uma afronta à
dignidade do indivíduo, a qual engloba os direitos à honra, ao nome, à intimidade, à privacidade e à
liberdade. Já o dano moral decorrente de assédio sexual deve evidenciar os sofrimentos morais
decorrentes de atitude desrespeitosa e abusiva do empregador, com conotação sexual. O assédio sexual
é crime tipificado no art. 216-A do Código Penal e, por tal motivo deverá ser cabalmente comprovado.
TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA AIRR 8519620105240001
851-96.2010.5.24.0001 (TST)
Data de publicação: 27/06/2011
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ASSÉDIO SEXUAL. Confirmada
a ordem de obstaculização do Recurso de Revista, na medida em que não demonstrada a satisfação dos
requisitos de admissibilidade insculpidos no artigo 896 da CLT. Agravo de Instrumento não provido.

TRT-1 - Recurso Ordinário RO 9377120115010066 RJ (TRT-1)


Data de publicação: 21/02/2013
Ementa: ASSÉDIO SEXUAL. MENSAGEM ELETRÔNICA COM CONTEÚDO PORNOGRÁFICO.
Improsperável a pretensão motivada no recebimento de indenização a título de assédio sexual quando
comprovado que o remetente de mensagem eletrônica contendo material pornográfico jamais fora
superior hierárquico da reclamante, não utilizou equipamento de informática instalado no ambiente de
trabalho para tal fim, tendo enviado e-mail dessa natureza diretamente para a conta pessoal fornecida
pela própria empregada.

TRT-1 - Recurso Ordinário RO 1263005020085010009 RJ (TRT-1)


Data de publicação: 12/12/2012
Ementa: ASSÉDIO SEXUAL. DANO MORAL - A prática do assédio sexual, de um modo geral, é de
forma secreta, o que dificulta sobremaneira a prova direta e objetiva pela vítima. Em razão disso, os
agressores contam com a certeza da impunidade. Por isso, também, na análise de demanda sobre assédio
sexual, o juiz deve investigar todos os seus indícios trazidos aos autos, avaliando-os de forma global, e,
uma vez convencido, deve aplicar as sanções para impedir a continuidade da afronta aos direitos
fundamentais do ser humano, em especial à dignidade, à honra, à intimidade das mulheres trabalhadoras
que procuram esta Justiça Especializada.
STJ - CONFLITO DE COMPETENCIA CC 110924 SP 2010/0041857-0 (STJ)
Data de publicação: 28/03/2011
Ementa: PROCESSO CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA COMUM
ESTADUAL E TRABALHISTA. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. ASSÉDIO
SEXUAL EM AMBIENTE DE TRABALHO. EMPREGADO DOMÉSTICO. 1. Compete à Justiça
Trabalhista processar e julgar ações de compensação por danos morais decorrentes de assédio sexual
praticado contra empregado doméstico em seu ambiente de trabalho, ainda que por parte de familiar que
nesse não residia, mas que praticou o dano somente porque a ele livre acesso possuía. 2. Na configuração
do assédio, o ambiente de trabalho e a superioridade hierárquica exercem papel central, pois são fatores
que desarmam a vítima, reduzindo suas possibilidades de reação. 3. Nas relações domésticas de trabalho
há hierarquia e subordinação não apenas entre a pessoa que anota a Carteira de Trabalho e Previdência
Social e o empregado doméstico, mas também na relação desse com os demais integrantes do núcleo
familiar. 4. Conflito conhecido para o fim de declarar a competência do JUÍZO DA 1ª VARA DO
TRABALHO DE JAÚ - SP, juízo suscitante.

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