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23º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais

04 a 08 de Novembro de 2018, Foz do Iguaçu, PR, Brasil

ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA DE CANUDOS


DESCARTÁVEIS NA FABRICAÇÃO DE PAVERS DE CONCRETO

T. M. Vieira1
G. W. Duarte1
1
Centro Universitário Barriga Verde - UNIBAVE
Rua Pe João Leonir Dall'Alba, 601 - Murialdo, Orleans - SC
email: tainara_mazon@hotmail.com

RESUMO

A necessidade de desenvolvimento de produtos que aceitem a incorporação de


resíduos em sua produção está aumentando na construção civil, principalmente para
minimização da extração de recursos naturais. Desta forma, esta pesquisa foi
realizada objetivando estudar a substituição ou inclusão de resíduos da indústria de
canudos descartáveis nos percentuais de agregados utilizados no concreto. Foram
analisados um traço padrão e três traços com substituições/inclusão do resíduo de
canudo por de areia e brita. O desempenho dos pavers foi avaliado por meio de
testes de resistência à compressão e absorção d’água e, posteriormente, os
resultados foram analisados estatisticamente. No teste de resistência à compressão
identificaram-se resultados significantes pela incorporação dos resíduos, onde uma
das composições não sofreu alteração negativa significativa nas propriedades
mecânicas e no teste de absorção d’água confirmou-se a mesma hipótese,
comprovando que a melhor composição é a formada pela substituição de 15 % de
areia lavada por resíduo.

Palavras-chave: Resíduo, paver, polipropileno, Análise Estatística.

INTRODUÇÃO

Os dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento – SNIC(1), indicam que


as vendas de cimento no mercado interno totalizaram 53,8 milhões de toneladas em
2017 e, para atender essa grande demanda, grandes quantidades de matérias-
primas não renováveis precisam ser extraídas da natureza. A World Business
Council for Sustainable Development – WBCSD(2) enfatiza que a indústria de
cimento é uma grande fonte de emissão de gases do efeito estufa, gerado pelo
dióxido de carbono (CO 2 ), que é emitido durante a queima dos compósitos do
cimento.
Toda essa quantidade produzida e comercializada de cimento é um forte
indicativo da também extração das demais matérias-primas para produção do

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concreto, ou seja, os agregados areia e brita. Segundo a ANEPAC (Associação


Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção)(3), em 2017,
a produção de agregados para a construção civil foi de 497 milhões de toneladas.
Enfatizando ainda mais a necessidade de se atentar para os impactos causados
pelo setor da construção civil através da utilização desses agregados naturais, que
incluem a exploração descontrolada de recursos não renováveis, a fabricação de
cimento, emissão de gás carbônico na atmosfera e a poluição do ar gerada pelo
transporte dos recursos até os grandes centros(4).
Outro setor que se destaca pelo crescimento significativo é o dos polímeros,
oriundos também de fontes de recursos naturais não renováveis. Esses materiais
estão ocupando grande espaço na indústria mundial, com a vantagem da
capacidade de serem reutilizados e/ou reciclados(5).
Na atualidade, os descartáveis fazem parte do cotidiano de todos, na forma de
talheres, copos, pratos, recipientes, canudos, entre outros, e podem ser produzidos
a partir de polímeros de várias classificações, sendo o polipropileno um dos mais
comuns.
Além disso, a quantidade de resíduos gerados por esse tipo de atividade é
relativamente alta, sendo necessário um estudo aprimorado para buscar diminuir o
seu descarte já que demoram muitos anos para se decompor, e sempre que
possível reutilizá-los em outros produtos aumentando o seu valor agregado.
Uma das formas mais viáveis para a diminuição desses resíduos na natureza e
em aterros é incorporá-los como matéria-prima na produção de algum artefato. A
sua incorporação é benéfica em dois casos: no primeiro, quando ela não afeta de
forma negativa ou positiva as propriedades do artefato, servindo apenas como
material de enchimento; já o segundo caso, técnica e economicamente mais
interessante, é quando a sua adição melhora alguma propriedade do artefato ao
qual está incluído.
Assim sendo, os materiais e produtos utilizados na construção civil vêm se
sobressaindo pela ampla possibilidade de incorporação de diversos tipos de
resíduos, sendo muitas vezes possível diminuir o uso de matérias-primas não
renováveis com a adição ou substituição de algum agregado, ou do próprio cimento,
por resíduos inerentes de diversas atividades produtivas(6).

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Neste contexto, pode-se citar a indústria produtora dos canudos plásticos que
devido à uma característica inerente ao processo acaba gerando uma quantidade
relativamente grande de descarte no início do processamento dos canudos.
Com o intuito de reaproveitar esses resíduos, o estudo realizado tem como
principal objetivo avaliar a possibilidade de incorporação de resíduo da produção de
canudos descartáveis em pavers de concreto. Como o material será utilizado na
forma de pequenos fios, espera-se conseguir diminuir a quantidade de agregados
utilizados na produção de concreto e, consequentemente, também a exploração de
recursos naturais de fontes não renováveis.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Como matéria-prima para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se o


Cimento Portland Composto com adições de Pozolana (CP II-Z-32), adotado por se
tratar de um tipo largamente utilizado nas obras de construção civil em geral, brita de
rocha granítica nº 02, com dimensão máxima de 19 mm e a areia média do tipo
lavada.
Para desenvolvimento do traço foram realizados cálculos que pré-definem a
resistência padrão, utilizando o Método de Cálculo de Dosagem do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo IPT/EPUSP(7), aplicados esses
procedimentos de cálculo, obteve-se o seguinte traço Cimento: Areia: Brita: Fator a/c
(1: 1: 2: 0,38).
Para adaptação da quantidade de água do traço calculado, a umidade da areia
foi calculada a partir de um ensaio de umidade de agregados, optando-se pelo
Método da Frigideira(8).
Em seguida, a mistura do cimento, agregados e água foi realizada utilizando
uma betoneira de eixo inclinado, com capacidade de 120 litros. A ordem de
introdução dos materiais se deu da seguinte forma: (1) 100 % da brita; (2) 50 % da
água; (3) 100 % da areia; (4) mistura por 02 minutos; (5) 100 % do cimento; (6) 50 %
da água e (7) mistura por 04 minutos.
Após o período de mistura, o concreto foi retirado da betoneira e disposto em
fôrmas de pavers com dimensões 0,09 m x 0,11 m x 0,22 m. Os mesmos foram
adensados mecanicamente por 01 minuto utilizando uma mesa vibratória. Após esse
procedimento, eles permaneceram in loco, em repouso, por 24 horas, sendo
posteriormente desformados manualmente.

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O método de cura adotado foi submersão, onde as amostras ficaram por 28


dias submersas em água à uma temperatura de (23 ± 5) ºC. Por fim, amostras de
cada composição foram submetidas à ensaio de resistência à compressão e à
ensaios de absorção de água.
Os testes de resistência à compressão foram desenvolvidos seguindo a norma
NBR 9781:2013(9), aplicando-se um carregamento contínuo em uma Prensa Eletro
Hidráulica 100 Tf, modelo FT-01, nº de série 051, da empresa Fortest à uma
velocidade de 550 KPa/s.
Para o teste de absorção de água, seguiu-se também as especificações da
NBR 9781:2013 e foram utilizadas uma estufa ventilada com temperatura de (110 ±
5) ºC e uma balança com resolução de 0,1 g.
Constatada a resistência do traço padrão dentro dos limites esperados pelos
cálculos desenvolvidos e seguindo a proposta deste trabalho, realizaram-se algumas
alterações para analisar a possibilidade de inclusão do resíduo de canudo.
Três novas composições foram desenvolvidas, intencionando analisar qual a
melhor forma de incorporação do material avaliado. Portanto, as novas misturas
compostas de cimento, areia, brita, água e polipropileno estão indicadas na Tabela
01. Sendo assim, o Traço 01 é composto por 15 % de resíduo em substituição ao
agregado miúdo (areia). O Traço 02 é composto pelo mesmo percentual, mas em
substituição ao agregado graúdo (pedra brita) e o Traço 03 tem 15 % de resíduo
adicionado ao percentual da brita.

Tabela 01 – Composição dos Traços.


Traço Composição (Volume) Dosagem (Volume)
Padrão 1: 1: 2: 0,38 -
Traço 01 1: 0,85/0,15: 2: 0,38 15% de polipropileno em substituição à areia
Traço 02 1: 1: 1,85/0,15: 0,38 15% de polipropileno em substituição à brita
Traço 03 1: 1: 2/0,15: 0,38 15% de polipropileno adicionados à brita

Vale ressaltar que o resíduo obtido da produção de canudos descartáveis


dispõe-se na forma de fios como é mostrado na Figura 01 (A) e os fios foram
picados em pequenos segmentos com média de 2,5 cm de extensão, conforme
Figura 01 (B).

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Figura 01 - (A) Polipropileno em fio; (B) Polipropileno picado.

Por fim, todos os procedimentos anteriormente descritos foram repetidos na


execução das amostras desses três novos traços.
Os resultados obtidos nos ensaios acima serão comparados baseando-se nas
médias e desvio padrão de cada traço, além de análises estatísticas de variância
(ANOVA), para verificar se há variação significativa entre todas as médias e,
posteriormente, será realizado o teste Tukey a fim de obter a relação das amostras
que apresentaram variância entre si.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Resistência à Compressão

A Figura 02 apresenta os valores médios e o desvio padrão do traço padrão e


suas três novas composições. As amostras que apresentaram maiores índices
médios de resistência à compressão em relação à composição padrão foram às
pertencentes ao traço 01, que é composto por 15 % de resíduo em substituição ao
percentual de areia. Nota-se um aumento de resistência de 11,52 % em relação ao á
média do traço padrão, devido a substituição da areia, que tem granulometria
pequena, pelo resíduo, que se apresenta em forma de filetes de 2,5 cm. Logo, os
filetes de resíduo resistem mais a fissuração quando expostos a carga pontual,
como a proposta pelo teste de resistência à compressão, em comparação à areia,
pois conforme Gencel et al(10), os filetes de polipropileno fazem o papel de fibra
curta, pois previnem ou controlam a formação e a propagação de fissuras.
O traço 02, em relação ao traço padrão, apresenta uma queda de resistência
de 20,81 %, sendo este composto pela substituição de 15 % do agregado graúdo, ou
seja, a pedra brita, por resíduo. Nota-se que a substituição do agregado
tridimensional pelo resíduo bidimensional não gerou resultados positivos à proposta
deste estudo, pois conforme Cunha et al(11) a brita confere grande parte da

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resistência mecânica do concreto. Sendo assim, substituí-la por outro material,


mesmo que na forma de fibras, não melhora a sua resistência. Além disso, pela
comparação superficial dos materiais, percebe-se que enquanto a brita possui uma
superfície porosa, que facilita a aderência ao cimento, o resíduo de polipropileno
possui uma superfície extremamente lisa, o que não gera a compatibilidade
suficiente com o cimento do concreto.
Fazendo a mesma comparação, agora com o traço 03, também houve uma
queda no percentual de resistência, embora um pouco menor, em torno de 13,07 %,
pois este traço é composto pela adição de 15 % de resíduo sobre o percentual da
brita. Portanto, aumentar a quantidade de material graúdo, mesmo que este absorva
pouca água, como é o caso do resíduo de polipropileno, acaba diminuindo a relação
cimento:agregado graúdo, o que acarretou uma perda na resistência à compressão
do paver.

50
Compressão (MPA)

40
Resistência à

30

20

10

0
Padrão Traço 01 Traço 02 Traço 03
Figura 02 - Média e desvio padrão do traço padrão e as três novas composições.

Apesar de ser observado um aumento na resistência à compressão no traço 01


e uma diminuição nos traços 02 e 03, comparando-os ao teste padrão, não se sabe
se estatisticamente esses resultados são significativos, ou seja, se a variação
observada é realmente resultante de incorporação do resíduo ou se está associada
aos erros padrões normais de um trabalho experimental. Por isso, uma Análise
Estatística de Variância – ANOVA – foi realizada (Tabela 02), com o intuito de
avaliar as afirmações expostas na Figura 02 e verificar se existe diferença
estatisticamente significativa entre os dados.
A Tabela 02 mostra que o F calculado é maior do que o F crítico e que o Valor-
P é menor do que o grau de confiança adotado, neste caso, 95 %. Dessa forma,
pela análise estatística não se aceita a hipótese nula, ou seja, as médias diferem
entre si, podendo-se concluir que existe diferença significativa entre os traços
estudados.

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Tabela 02 - Análise Estatística de Variância (ANOVA).


F Valor- F
Fonte de Variação SQ GL MQ
calculado P crítico
Entre os grupos 275,7467 3 91,91556 6,038469 0,018819 4,066181
Dentro dos
121,7733 8 15,22167
grupos
Total 397,5200
11

Apesar da Tabela 02 expor evidências de que ao menos um traço se diferencia


dos demais, não se sabe em qual deles esta diferença é significativa. Então, para
identificar e analisar essa variação, desenvolveu-se o Teste Tukey, que faz uma
comparação entre cada uma das médias avaliadas e verifica entre quais delas
houve variação significativa, conforme mostrado na Tabela 03.

Tabela 03 – Teste de Tukey.


Composição Padrão Traço 01 Traço 02 Traço 03
Padrão 0,4879 0,12250 0,42400
Traço 01 2,10 0,01565 0,05806
Traço 02 3,63 5,7310 0,77770
Traço 03 2,28 4,3800 1,35000

A Tabela 03 mostra que existe diferença entre o traço 02 e 01. Como o


resultado da resistência à compressão do traço 01 é maior do que o traço 02 e não
houve variação significativa do traço padrão para com o traço 01, percebe-se que é
estatisticamente mais vantajoso em relação à propriedade mecânica, incorporar o
resíduo em substituição à areia do que a brita.
Além disso, não houve significância entre o traço padrão e o traço 01, o que
indica que é possível incorporar o percentual avaliado de resíduo em substituição à
areia, sem danificar as propriedades mecânicas do paver. Esse é um bom indicativo
de que artefatos de concreto podem ser utilizados para destinar de forma mais
correta alguns resíduos da indústria sem afetar negativamente a propriedade
mecânica dos produtos. Nesse caso, além de destinar corretamente o resíduo,
deixa-se de utilizar 15 % em volume de areia na composição do concreto, o que
diminui ainda mais os impactos ambientais causados por esta atividade.

Absorção d’Água

Fernandes(8) explica que o índice de porosidade de uma peça é definido pelo


teste de absorção de água, uma vez que quanto menor for a porosidade da peça,

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menor será a quantidade de água por ela absorvida, resultando em menores índices
de absorção e maiores valores de resistência mecânica.
Para que as amostras apresentem concordância com os itens especificados na
NBR 9781:2013, os índices de absorção de água devem apresentar resultado médio
menor ou igual à 6 %.
A Figura 03 exibe os valores médios e desvio padrão do traço padrão e suas
três novas composições para os índices de absorção d’água, onde os melhores
índices de absorção d’água em relação à composição padrão foram os pertencentes
ao traço 01. Isso porque o resíduo apresenta uma absorção d`água menor do que a
areia a qual substituiu. Além disso, essa diminuição na absorção d`água indica que
houve boa homogeneidade e baixa porosidade na mistura.
O traço 02 e o traço 03, relacionados ao traço padrão, apresentam um aumento
no índice de absorção de 7,59 % e 0,99 %, respectivamente, pois possivelmente a
substituição do agregado tridimensional (pedra brita) ou a adição do resíduo
bidimensional ocasionou maior porosidade na mistura.

7,90%
Absorção d'Água (%)
7,60%
Indíce de Absorção (%)

7,30%
7,00%
6,70%
6,40%
6,10%
5,80%
5,50%
5,20%
Padrão Traço 01 Traço 02 Traço 03
Figura 03 – Média e desvio padrão da absorção d`água do traço padrão e as três
novas composições.

Novamente, apesar de ser observada uma diminuição da absorção d`água no


traço 01 e um aumento nos traços 02 e 03 (Figura 03), em comparação ao teste
padrão, não se sabe se estatisticamente esses resultados são significativos. Por
isso, uma Análise Estatística de Variância (ANOVA) foi realizada (Tabela 04) com o
intuito de avaliar as afirmações apresentadas na Figura 03 e verificar se existe
diferença estatisticamente significativa entre os dados.
Apesar de mostrar que existe diferença significativa entre os resultados, a
Tabela 04 não expõe qual dos traços se diferencia dos demais. Então, para
identificar e analisar essa variância, fez-se o Teste Tukey, mostrado na Tabela 05.

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Tabela 04 - Análise Estatística de Variância (ANOVA).


F Valor- F
Fonte de Variação SQ GL MQ
calculado P crítico
Entre os grupos 2,4217 3 0,8072333 8,5648099 0,007037 4,066181
Dentro dos grupos 0,754 8 0,09425
Total 3,1757
11

Tabela 05 – Teste de Tukey - Absorção d’água.


Padrão Traço 01 Traço 02 Traço 03
Padrão 0,9604 0,01429 0,7699
Traço 01 0,685 0,00767 0,5039
Traço 02 5,828 6,514 0,0583
Traço 03 1,371 2,057 4,457

Em relação aos índices de absorção d’água, a Tabela 05 mostra que existe


diferença significativa entre o traço padrão e traço 02 e também entre os traços 01 e
02. Além disso, não houve significância entre o traço padrão e o traço 01, o que
indica que é possível incorporar o percentual avaliado de resíduo em substituição à
areia, sem danificar a absorção de água do paver.

CONCLUSÕES FINAIS

O presente trabalho utilizou resíduos da indústria de canudos plásticos


buscando incorporá-los como matéria-prima na produção de algum artefato, neste
caso, pavers de concreto. Sendo assim, o objetivo dessa incorporação foi buscar um
resultado positivo ou nulo em relação à alteração das propriedades mecânicas do
concreto, além de suavizar a exploração de recursos naturais para a obtenção de
agregados para a construção civil.
Dentre as três composições formuladas e estudadas, pode-se notar que o
traço 01 apresentou melhores resultados nos testes de resistência à compressão e
absorção d’água quando comparado aos demais traços e à composição padrão.
Os traços 02 e 03 sofreram alterações negativas nas propriedades
mecânicas, gerando uma redução na resistência à compressão das amostras e,
consequentemente, um aumento nos índices de absorção d’água.
Como não houve variação significativa em nenhuma das propriedades
analisadas entre o traço padrão e o traço 01 (substituição da areia por resíduo),
pode-se concluir que a utilização do resíduo em substituição ao agregado miúdo,
dentro do intervalo analisado, é estatisticamente viável, não alterando
negativamente a propriedade do concreto produzido.

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A incorporação diminui consideravelmente o uso de areia lavada e,


consequentemente, reduz os impactos gerados pela extração intensiva deste
recurso natural, além de ser uma boa opção de destinação para alguns resíduos da
indústria.

REFERÊNCIAS

1. SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DO CIMENTO. Resultados preliminares


de dezembro de 2017. Disponível em: < http://snic.org.br/numeros-resultados-
preliminares-ver.php?id=20> Acesso em: 07 ago. 2018.

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para o Relatório e Monitoramento das Emissões na Indústria de Cimento. Disponível
em: <
https://www.wbcsdcement.org/pdf/CSI%20Guidelines%20for%20Emissions%20Moni
toring%20and%20Reporting%20in%20the%20Cement%20Industry_v2_Portugese.p
df>. Acesso em: 20 ago. 2017.

3. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS ENTIDADES DE PRODUTORES DE


AGREGADOS PARA CONSTRUÇÃO. Disponível em: <
http://www.anepac.org.br/relacionamento >. Acesso em: 20 ago. 2018.

4. FREITAS, M. I. Os Resíduos De Construção Civil No Município De Araraquara/Sp.


2009. 70p. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente)
– Centro Universitário de Araraquara - UNIARA. Araraquara, 2009.

5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PLÁSTICO. Relatório de


atividades 2017. Disponível em:
<http://file.abiplast.org.br/file/download/2018/relat%C3%B3rio_de_atividades_abiplas
t.pdf>. Acesso em 21 ago. 2018.

6. TAMAKI, L. Reciclagem de concreto para agregado também é tendência mundial.


Revista Pini Web. 2012. Disponível em: <
http://piniweb17.pini.com.br/construcao/tecnologia-materiais/futuro-da-construcao-e-
incorporar-residuos-de-outras-industrias-252563-1.aspx>. Acesso em: 21 ago. 2018.

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7. HELENE, P. R. L; TERZIAN, P. Manual de Dosagem e Controle do Concreto. São


Paulo: Pini, 1992. 189p.

8. FERNANDES, I. D. Blocos e Pavers: Produção e Controle de Qualidade. 2ª. ed.


Jaraguá do Sul: Editora Treino Assessoria e Treinamentos Empresariais Ltda, 2011.
181p.

9. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9781: Peças de


Concreto para Pavimentação – Especificação e Métodos de Ensaio. Rio de Janeiro,
2013.

10. GENCEL, O. et al. Mechanical Proprirties of self-compacting concrete reinforced


with polypropylene fibres. Materials Research Innovations. v.15, 2011.

11. CUNHA, N. D. L. et al. Análise De Influência Da Variação Granulométrica Da Brita


Na Resistência Do Concreto. 2017. 05p. Congresso Técnico Científico da
Engenharia e da Agronomia – CONTECC’2017. Belém, 2017.

STUDY OF THE INCORPORATION OF WASTE FROM THE INDUSTRY OF


DISPOSABLE STRAWS FOR THE MANUFACTURE OF CONCRETE PAVERS

ABSTRACT
The need to develop products that accept the incorporation of waste into its
production is increasing in the civil construction, mainly to minimize the extraction of
natural resources. In this way, this research was carried out aiming to study the
substitution or inclusion of waste from the disposable waste industry in the
percentages of aggregates used in the concrete. A standard trace and three traces
with substitutions / inclusion of the straw residue by sand and gravel were analyzed.
The performance of the pavers was evaluated by means of tests of resistance to
compression and water absorption and, later, the results were analyzed statistically.
In the compressive strength test, significant results were obtained by the
incorporation of the residues, where one of the compositions did not undergo

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significant negative change in the mechanical properties and in the water absorption
test, confirming the same hypothesis, proving that the best composition is the formed
by the substitution of 15% of sand washed by residue.

Keywords: Residue. Paver. Polypropylene. Statistical Analysis.

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