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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC


CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TRABALHO DE MATERIAIS ELÉTRICOS

Materiais Isolantes

André Almeida
Emerson Andrey da Conceição

JOINVILLE, 2018
2

RESUMO

Este trabalho consiste em uma análise da condutividade e da constante dielétrica em três


materiais: fenolite, óleo de transformador e isolante de cabo coaxial. Além disso será feito
uma análise do ensaio de dispersão dielétrica desses mesmos materiais, relacionando a
dissipação de energia e a densidade de energia armazenada no dielétrico com a tangente de
perdas, que é uma característica importante para se ter uma noção mais aprofundada sobre
materiais isolantes. Conhecer as propriedades de materiais isolantes é fundamental para a
área da engenharia elétrica, pois implica em muitas aplicações práticas como o isolamento de
cabos de redes de transmissão e utilidade em circuitos eletrônicos como placas de circuito
impresso

Palavras-chave: condutividade, constante dielétrica, materiais isolantes, dispersão dielétrica.


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Modelo de dipolo elétrico ......................................................................................... 7


Figura 2 – Análise da condutividade em alguns materiais. ...................................................... 12
Figura 3 – Constante dielétrica para alguns materiais em alta frequência. ........................................... 13
Figura 4 – Constante dielétrica para alguns materiais em baixa frequência ......................................... 14
Figura 5 – Estados eletrônicos em um isolante. .............................................................................. 17
Figura 6 – Condutividade em alguns materiais....................................................................................18
Figura 7 – Tangente de perdas para alguns materiais.....................................................................20
Figura 8 – Tangente de perdas para os materiais analisados.........................................................20
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SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................. 2

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................... 3

LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS ........................................................................................ 5

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 6

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 7

3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 9

3.1 MATERIAIS DA ANÁLISE DIELÉTRICA DE ISOLANTES .................................... 9

3.2 MÉTODOS DA ANÁLISE DIELÉTRICA DE ISOLANTES ...................................... 9

3.3 MATERIAIS DO ENSAIO DE DISPERSÃO ELÉTRICA......................................... 10

3.4 MÉTODOS DO ENSAIO DE DISPERSÃO ELÉTRICA ........................................... 10

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 11

4.1 ANÁLISE DIELÉTRICA DE MATERIAIS ISOLANTES ...........Erro! Indicador não


definido.

4.2 CONDUTIVIDADE E CONSTANTE DIELÉTRICA ................................................ 16

4.3 POLARIZAÇÃO DE ELETRODO.............................................................................14

4.4 ENSAIO DE DISPERSÃO DIELÉTRICA DE MATERIAIS ISOLANTES E


PERDAS DIELÉTRICAS..................................................................................................18

4.5 DISPERSÃO DIELÉTRICA........................................................................................17

4.6 TANGENTE DE PERDAS........................................................................................ 19

5 CONCLUSÕES...............................................................................................................21

REFERÊNCIAS.............................................................................................................22
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LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS

Momento de dipolo induzido


Constante de proporcionalidade induzida
Campo elétrico molecular
Carga pontual
Constante de proporcionalidade dipolar
Campo elétrico dipolar
Polarização do material
Densidade molecular
Densidade de cargas elétricas
Densidade de cargas elétricas nos polos
Permissividade elétrica no vácuo
Indução elétrica
Campo elétrico
Susceptibilidade elétrica
Constante dielétrica do material
Impedância do material
σ Condutividade elétrica
Frequência angular
Condutividade em frequência zero
A Área do eletrodo
d Espaçamento do eletrod0
a Raio do condutor interno
b Raio do condutor externo
L Comprimento do capacitor coaxial
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1 INTRODUÇÃO

Assim como os condutores são extremamente importantes no ramo da Engenharia


Elétrica, os isolantes possuem seu papel em diversas aplicações. As aplicações mais comuns
são em dispositivos eletrônicos tais como: capacitores, indutores e transistores. Outra área de
emprego dos isolantes é nas redes de transmissão de energia elétrica, dados e etc. Os cabos
devem ser isolados eletricamente para que não sofram influência e não influenciem outros
cabos que podem estar perto. Sabe-se da teoria eletromagnética que nos cabos coaxiais (cabos
das redes de transmissão) só existe campo elétrico entre o “fio” condutor e o isolante.
Segundo Fonsêca (2013) algumas propriedades dos isolantes são: ausência de
escoamento, insensibilidade às vibrações e à umidade, bom comportamento diante do fogo e
boa resistência ao envelhecimento (apud, COTRIM, 2013).
Diante dessa grande viabilidade do uso de isolantes, o estudo de suas características é
importante, pois uma vez que essas características são tabeladas e conhecidas, o uso em
aplicações se torna de fácil acesso.
7

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Quando se aplica um campo elétrico sobre um determinado material, esse material


sofre o que é conhecido como polarização. A polarização são deslocamentos de partículas
carregadas eletricamente. Há três tipos de polarização mais conhecidos: eletrônica, atômica e
dipolar.
A polarização eletrônica se remete ao fato da nuvem eletrônica se deslocar em relação
ao núcleo, sob a ação de um campo elétrico. A atômica é caracterizada pelo deslocamento dos
seus átomos constituintes. Estas duas são chamadas também de polarização induzida, uma vez
que, que precisam de um campo elétrico aplicado para surgir o momento de dipolo elétrico.
Segundo Quevedo (1940), define-se dipolo elétrico como duas cargas pontuais (com carga
igual, mas sinal contrário) separadas por uma distância. A figura 1 representa o modelo ideal
de dipolo elétrico, onde q é a carga das esferas pontuais (geralmente possuem o mesmo valor
da carga do elétron) e d é a separação entre elas.

Figura 1 – Modelo de dipolo elétrico

Fonte: próprios autores.

Quando um campo elétrico é aplicado sobre um material, ocorre a reorganização das


cargas. Ou seja, há a criação de polos negativos e positivos na amostra. Esses polos tendem a
se alinhar com o campo aplicado. Quando os polos estão se alinhando cria-se o momento de
dipolo, este pode ser calculado de acordo com a equação:
(1)
Onde é uma constante de proporcionalidade e é o campo elétrico molecular.
A polarização induzida descreve o processo de polarização em moléculas apolares, a
polarização dipolar ocorre em moléculas polares. Segundo Atkins (2001) moléculas polares
possuem diferença de eletronegatividade entre as ligações de seus elementos. Existem
moléculas que possuem essa diferença de eletronegatividade entre as suas ligações, mas
8

continuam sendo apolares, tal fato ocorre, pois, os momentos de dipolo elétrico se cancelam,
os maiores exemplos são alguns hidrocarbonetos. As moléculas polares possuem um
momento de dipolo permanente, não necessitando que um campo elétrico seja aplicado. O
processo de polarização dipolar ocorre no alinhamento desses dipolos com o campo aplicado.
Dessa forma a equação para o momento de dipolo completa é:

Onde é a constante de proporcionalidade dipolar e é o campo elétrico que


realiza os alinhamentos dos dipolos.
A polarização pode ser calculada como:

Onde é a densidade molecular.


Um dos efeitos da polarização das moléculas é o surgimento da carga de polarização.
A carga de polarização é o acúmulo de cargas elétricas nas paredes e superfícies do meio onde
se encontra a substância devido a um campo elétrico aplicado. Esse acúmulo de cargas
influência no cálculo do campo elétrico do meio analisado. Outro efeito importante é o
surgimento do campo despolarizante. Este campo surge em decorrência da polarização do
meio, ele possui o sentido contrário do campo aplicado e um módulo menor. É por conta
desse campo despolarizante que o campo elétrico total da substância ser menor do que o
campo aplicado (RAMOS, 2018).
A polarização afeta a relação constitutiva do material, que nada mais é do que relação
entre indução e campo elétrico. Da lei de Gauss para um meio polarizado tem-se:

Onde é a densidade de cargas livres e é a densidade de cargas elétricas nos


polos. Relacionando a equação anterior com a indução elétrica tem-se:
(5)
Onde D é a indução elétrica, é a permissividade elétrica no vácuo e P é a
polarização. Reorganizando os termos pode-se concluir que:

(7)
(8)
(9)
Onde é a susceptibilidade elétrica e é a constante dielétrica do material.
9

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS DA ANÁLISE DIELÉTRICA DE ISOLANTES

 Isolantes de cabos de instalação elétrica;


 Óleo isolante de transformador;
 Isolante de placa de circuito impresso (fenolite);
 Isolante de cabo coaxial (polietileno);
 Analisador de impedância 4294A da Agilent®
 MATLAB®

3.2 MÉTODOS DA ANÁLISE DIELÉTRICA DE ISOLANTES

Através das análises do espectro de impedância obtidos do analisador de impedância


pode-se calcular os valores da condutividade e constante dielétrica do material. Utilizando
eletrodos para fazer a conexão elétrica entre o material, sabendo as dimensões da amostra e a
distância entre os eletrodos, a impedância pode ser calculada como em um capacitor de placas
paralelas (essa é uma aproximação, supondo que o campo elétrico é uniforme entre os
eletrodos). A impedância é calculada na forma:

Onde d é a distância entre os eletrodos, A é a área da amostra analisada, σ é a


condutividade, j é o número imaginário, ω é a frequência angular, é a constante dielétrica e
permissividade elétrica no vácuo. A condutividade ( ) e constante dielétrica são
obtidas da equação anterior (WEINERT, 2018).
Se a geometria tiver uma simetria cilíndrica a impedância pode ser calculada pela equação:
10

Onde b é o raio do isolante, a é o raio do condutor, L é o comprimento da amostra


analisada e as outras constantes são descritas assim como na equação 1.
O uso do software MATLAB® será para a obtenção dos gráficos de condutividade e
constante dielétrica dos materiais. Foi feito um código, onde as dimensões dos materiais e as
constantes foram declaradas. Dessa forma, utilizando os comandos do MATLAB® para
extrair as partes reais e imaginárias das equações (11) e (12), pode-se obter os valores
desejados, e consequentemente, plotar o gráfico dessas variáveis.

3.3 MATERIAIS DO ENSAIO DE DISPERSÃO ELÉTRICA

 Isolantes de cabos de instalação elétrica;


 Óleo isolante de transformador;
 Isolante de placa de circuito impresso (fenolite);
 Isolante de cabo coaxial (polietileno);
 Analisador de impedância 4294A da Agilent®
 MATLAB®

3.4 MÉTODOS DO ENSAIO DE DISPERSÃO ELÉTRICA

Utilizando as curvas de condutividade e os valores de constante dielétrica obtidas na


análise anterior, esse ensaio visa elencar os parâmetros da equação:

Onde é a condutividade em frequência zero, A e n são constantes arbitrárias


(n tem valor menor que um) e é a frequência angular. Como complemento, a tangente de
perdas foi calculada de acordo com a equação:

Os parâmetros dessa equação já foram abordados anteriormente.


O uso do software MATLAB® nesse ensaio foi semelhante ao tópico anterior, onde
através de um código pode-se calcular as variáveis necessárias e traçar os gráficos dessas
variáveis.
11

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ANÁLISE DIELÉTRICA DE MATERIAIS ISOLANTES

Materiais isolantes são caracterizados por terem em sua estrutura microscópica


poucos elétrons livres, e por isso uma enorme resistência ao fluxo dos mesmos, em outras
palavras isso significa que se energia de gap for muito grande, de modo que um elétron não
consiga penetrar na banda de condução em condições normais de temperatura, não há corrente
elétrica (RAMOS, 2018). Outra característica importante é a constante dielétrica, uma
grandeza adimensional que caracteriza isolantes utilizados em capacitores, influenciando na
capacitância dos mesmos. Essas propriedades elétricas podem ser estudadas através da
medição e análise de espectros de impedância em faixas de frequência de interesse. A seguir
será analisada a geometria de eletrodos para a medição de impedância e a geometria de
capacitores coaxais para a medição de propriedades dielétricas de um isolante.

4.1.1 GEOMETRIA DE ELETRODOS

A geometria de eletrodo mais adequada para se medir impedância de determinado


material elétrico é semelhante a geometria de um capacitor de placas paralelas, sendo que as
placas podem ser quadradas ou circulares. Considerando que a relação entre o espaçamento e
diâmetro (ou aresta), pode-se considerar que o campo elétrico é uniforme e a impedância é
calculada através da seguinte equação (10), sendo que o numerador da equação é a relação
entre o espaçamento e a área dos eletrodos, já no denominador e são a condutividade e a
constante dielétrica do material. Essa relação representa uma análise ideal, logo podemos
considerar desprezível a impedância de contato entre o eletrodo e o material em comparação
com a impedância do próprio material. Através de manipulação algébrica podemos também
obter os valores da condutividade e da constante dielétrica:

( ) (14)

( )
(15)

Sendo Re e Im as partes real e imaginária do número complexo do numerador das fórmulas.


12

4.1.2 GEOMETRIA DO CAPACITOR COAXIAL

Também podemos utilizar a geometria de um capacitor coaxial que tem um


formato de um cilindro de comprimento L e raios dos condutores internos e externos a e b
respectivamente. A equação da impedância nesse caso é dada pela equação (11)
semelhantemente ao item anterior podemos obter a condutividade e a constante
dielétrica do isolante segundo as equações abaixo:


⁄ (16)

⁄ ⁄
(17)

4.2 CONDUTIVIDADE E CONSTANTE DIELÉTRICA

Figura 2 – Análise da condutividade em alguns materiais

Fonte: próprios autores.


13

Pode-se notar um padrão bastante irregular do gráfico para a variação condutividade


dos materiais, com exceção do fenolite, que apresenta uma irregularidade apenas em baixas
frequências, mas à medida que aumenta-se a frequência a condutividade aumenta
gradativamente. O isolante de cabo coaxial e o óleo de transformador também apresentaram
aumento de condutividade ao longo de todas faixas de frequências, mas com bastante variação
abrupta em faixas pequenas de frequência.

Figura 3 – Constante dielétrica para alguns materiais em alta frequência

Fonte: próprios autores.

O gráfico acima é uma análise da constante dielétrica em altas frequências, nessa faixa
de valores a constante dielétrica permanece praticamente constante para os três materiais,
próximo de 5 para o fenolite, próximo 2 para o isolante de cabo coaxial e próximo de zero
para o óleo de transformador.
14

Figura 4 – Constante dielétrica para alguns materiais em baixa frequência

Fonte: próprios autores.

O gráfico é uma analise em baixas frequências e diferentemente da última análise, o


óleo de transformador apresenta um comportamento mais instável de sua constante dielétrica,
ocorrendo muitas variações seguidamente, já no isolante de cabo coaxial temos uma pequena
variação no começo da faixa de frequência, porém a constante dielétrica sempre ficou em
torno de 2 assim como no gráfico anterior, o fenolite apresentou um comportamento muito
estável para todas faixas de frequências e houve uma variação mínima de sua constante
dielétrica que permaneceu em torno de 5. Essas variações bruscas é devido ao ruído e
interferência de agentes externos.

4.3 POLARIZAÇÃO DE ELETRODO


15

Eletrodos são utilizados em diversos processos eletroquímicos, tais como a eletrólise e


as pilhas e são responsáveis por gerar corrente elétrica através de uma conexão entre o próprio
eletrodo e um metal ou solução aquosa. Além disso, os eletrodos metálicos são usados em
diversas aplicações na engenharia elétrica como medir diferença de potencial em dispositivos
eletrônicos e eletrólitos, bem como medir características elétricas de materiais (RAMOS,
2016).
Na interface entre um eletrodo metálico e outro material, seja dielétrico, condutor
iônico ou eletrônico, há uma acumulação de cargas de sinais contrários em lados opostos da
interface, o que consiste em uma barreira de potencial elétrico entre os dois materiais
(RAMOS, 2016) . O modo como ocorre à distribuição de carga espacial e a distribuição de
potencial elétrico dependem de características próprias dos materiais envolvidos, como a
estrutura de bandas de energia, no caso de interface entre sólidos, o potencial eletroquímico
no caso de interface entre metal e eletrólito, densidade iônica ou eletrônica desses mesmos
materiais (RAMOS, 2016), outras características importantes são algumas propriedades
químicas desses materiais, como a eletronegatividade entre as moléculas e a forma de como
estão ligadas (ligação covalente, ligação iônica ou metálica).
O fenômeno da polarização consiste justamente na mobilidade dos íons ou na variação
de cargas nas duas faces do eletrodo, isso ocorre devido à variação do potencial elétrico
aplicado, determinando um efeito capacitivo na interface. Elétrons e íons são injetados de um
lado para o outro da interface em consequência do campo elétrico gerado e por isso há uma
corrente de condução que pode atravessar a dupla camada (RAMOS, 2016). Na química esse
processo ocorre por meio de reações de oxidação e redução nas células eletrolíticas.
Pode-se obter um controle maior do fluxo de elétrons e íons modelando uma das
interfaces como uma resistência, isso é possível da transferência de carga em paralelo com
uma capacitância da dupla camada (RAMOS, 2016). Porém a impedância da dupla camada
foi modelada empiricamente até o momento por apresentar um comportamento atípico e de
difícil análise prática (RAMOS, 2016). “A equação a seguir é um dos modelos usados na
caracterização da admitância de polarização de interfaces entre metais e
eletrólitos”(SCHWAN, 1992; MCADAMS et al., 1995 apud RAMOS, 2016, p.183):

= + (18)
16

onde representa a resistência de transferência de carga e (CPE=constant phase


element) é uma forma de representar um elemento cuja impedância apresenta um ângulo polar

que independe da frequência e tem o valor de , sendo uma constante positiva e K uma

constante (RAMOS, 2016).

4.4 ENSAIO DE DISPERSÃO DIELÉTRICA DE MATERIAIS ISOLANTES E


PERDAS DIELÉTRICAS

4.4.1 CARACTERIZAÇÃO DE ISOLANTES

Um isolante é caracterizado por suportar intensos campos elétricos tendo assim uma
grande resistência elétrica. Outra caracterização importante dos isolantes é fato de não haver
uma estrutura periódica entre seus átomos e moléculas. Nos metais tal estrutura periódica é
chamada de rede cristalina, ela é responsável por definir os mecanismos de condutividade dos
metais. Como os isolantes não possuem tal organização, os mecanismos de condução são
diferentes.

A figura 5 representa as duas últimas bandas de energia de um material isolante


(Condução „Ec‟ e valência „Ev‟). Do ponto de vista da condutividade, apenas esses níveis de
energia são interessantes para a análise da condutividade. Nos metais e semicondutores, existe
um “vazio” entra a banda de condução e a banda de valência, esse “vazio” é denominado de
gap de energia, de forma simples, esse gap representa o quanto de energia que um elétron
deve receber para que o material deva conduzir. Nos isolantes amorfos existem os chamados
estados eletrônicos estendidos, estes se equivalem aos estados de condução e valência
(RAMOS, 2018).

Figura 5– Estados eletrônicos em um isolante


17

Fonte: (RAMOS, 2016)

4.5 DISPERSÃO DIELÉTRICA NOS ISOLANTES

Entre os estados estendidos existem os estados localizados (também chamados de


armadilhas, pois “capturam” os elétrons fazendo com que a mobilidade destes diminua). Os
estados localizados podem ser denominados de superficiais e profundos. Os estados
superficiais estão localizados próximos a banda de condução/valência, por outro lado, os
estados profundos estão localizados exatamente entre „Ev‟ e „Ec‟ (RAMOS, 2018).

Quando a rede cristalina sofre uma agitação térmica os elétrons nos estados
estendidos/superficiais se agitam e consequentemente ganham energia. Ao ganhar essa
energia o elétron sofre o processo de tunelamento, “saltando” de um estado localizado para
outro.

Sob a ação de um campo elétrico, as moléculas de uma substância reagem por meio de
pequenos deslocamentos, tais deslocamentos influenciam macroscopicamente o material. Essa
influência é denominada de polarização. Assim como nos condutores a dissipação de energia
no evento de polarização pode ser calculada como:

O primeiro termo está diretamente relacionado com a condutividade do material. Em


um dielétrico a condutividade é baixa, desta forma esse primeiro termo geralmente influencia
18

pouco no cálculo da potência dissipada. O segundo termo está relacionado com a dissipação
de energia na indução e alinhamento dos dipolos elétricos (polos elétricos das moléculas do
material). Como o termo envolve uma taxa de variação no tempo, apenas campos elétricos
variantes no tempo possuem dissipação de energia na polarização (se o campo fosse
invariante no tempo, apenas o primeiro termo da equação (14) existira e a potência dissipada
seria quase zero).

A dissipação de energia defasa os campos D e E, onde estes podem ser calculados


usando a equação (15). Essa defasagem acontece devido a uma parte da energia do campo
aplicado ser usada para orientar corretamente os momentos de dipolos elétricos da substância
(RAMOS, 2018).

Figura 6 – Condutividade em alguns materiais

Fonte: próprios autores.


19

Onde a condutividade medida está em (S/m). O gráfico da figura 6 corresponde ao


mesmo gráfico da figura 2. A diferença está na forma de calcular os pontos. Para o gráfico 6,
a equação usada para encontrar os pontos foi a equação (12). Para o material de cabo coaxial
o valor de usado foi . O valor de A foi e n 0,7. Lembrando que varia
com frequência e esta variou de 40Hz até 40MHz.
Para o pedaço de Fenolite as constantes foram: igual a , A igual a
e n foi 0.9. Para a amostra de óleo: igual a , A igual a e n igual a 0.9.

4.6 TANGENTE DE PERDAS

A tangente de perdas, em função da temperatura, aumenta com o incremento da


temperatura (Chen et al, 2003). Ao aumentar a temperatura, ocorre o processo de
concentração de cargas carregadas, essas cargas podem ser positivas ou negativas e
contribuem com a dispersão elétrica do material, aumentando o valor da tangente de perdas
como mostra a figura 7. Além da temperatura, a tangente de perdas possui uma relação
inversa com a frequência. Se um material possui um baixo valor de tangente de perdas isso
nos mostra que ele possui uma baixa perda dielétrica. O Grafeno possui um valor de tangente
de perdas aproximadamente em 4 (em 2Ghz) e quase 1 (18Ghz). Por possuir esse valor de
tangente de perdas alto (maior que um), o grafeno possui muita perda dielétrica (MATER,
2012).
A tangente de perdas pode ser calculada usando a equação (16):

Onde é a parte imaginária da constante dielétrica do material, e está relacionada


com a dissipação de energia no processo de alinhamento dos polos. O termo está
relacionado com a densidade de energia armazenada no dielétrico.
Outra forma de calcular a tangente de perdas se dá pela equação a seguir:

Onde é a energia armazenada (referente a parte real da constante dielétrica).

Figura 7 – Tangente de perdas para alguns materiais


20

Fonte: (CHEN, 2003).

Figura 8 – Tangente de perdas para os materiais analisados

Fonte: próprios autores.


21

5 CONCLUSÕES

Ao analisar o trabalho como um todo se chega à conclusão de que a análise


experimental se mostrou compatível com o modelo matemático. A condutividade tem uma
relação de proporção com a frequência e isso se provou no gráfico, de forma que os três
materiais apresentaram linha de tendência crescente quando se aumentou a frequência, porém
houve variações bruscas de valores e isso é causado pela interferência do campo magnético no
momento em que se mede a impedância no analisador de impedância. Especialmente o óleo
de transformador sofreu mais variações em sua condutividade, pois foi utilizado vários
componentes para medir sua impedância e por isso agentes externos influenciaram na
condutividade. Da análise gráfica concluímos que o óleo de transformador e o fenolite são
melhores condutores em relação ao isolante de cabo coaxial
Os resultados para a constante dielétrica também se mostraram bastantes consistentes,
pois em altas frequências há uma diminuição da impedância, o que acarreta uma estabilidade
maior para a constante dielétrica que permaneceu praticamente constante em altas
frequências, apesar de o ruído causar bastante instabilidade na faixa de baixas frequências. Do
gráfico da figura 4 nota-se que o Fenolite tem uma constante dielétrica maior em relação aos
outros dois materiais, e portanto uma maior resistência ao fluxo de corrente elétrica.
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REFERÊNCIAS

ATKINS, Peter; JONES, Loreta. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o


meio ambiente, Porto Alegre: Bookman, 2001.

CHEN Y.P. et al. Study on ferroelectric and dielectric properties of La-doped


SrBi4Ti4O15 ceramics. 2003. National Laboratory of Solid State Microstructures,
Department of Physics, Nanjing University, Nanjing, China.

FONSÊCA, G. Dimensionamento dos condutores de uma instalação residencial em


Angicos/RN, com base na NBR 5410:2004. [s.l.] Universidade Federal Rural do Semi-Árido
– UFERSA, 2013.

MATER. J. Chem., 2012, 22, 21679.

RAMOS, A. Apostila de Materiais Elétricos. Joinville, 2018

RAMOS, A. Eletromagnetismo. São Paulo: Blucher, 2016.

WEINERT, Rodolfo Lauro. Manual de atividades práticas. Joinville: Udesc, 2018. 27 p.


Disponível em:
<http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/weinert/materiais/Manual_de_atividades_pr
__ticas_MEL_2018_02.pdf>. Acesso em: 28 set. 2018.

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