Prática 2 – Lei de Stefan-Boltzmann

1. OBJETIVOS

- Verificar experimentalmente a lei de Stefan-Boltzmann, que relaciona a intensidade da radiação emitida por
um corpo à quarta potência de sua temperatura absoluta, para um filamento de lâmpada incandescente.
- Estimar a constante de Stefan-Boltzmann.

2. INTRODUÇÃO

A intensidade de radiação emitida por um corpo é definida como a energia por unidade de tempo por
unidade de área, ou seja, é a potência por unidade de área. A lei de Stefan-Boltzmann estabelece que a
potência total irradiada por um corpo é dada por,
P = ε σ A T4, (1)
sendo ε a emissividade do corpo, σ = 5,67 x 10 W m K-4 a constante de Stefan-Boltzmann, T a
-8 -2

temperatura absoluta do corpo e A sua área superficial.

A emissividade é uma quantidade adimensional que assume o valor 0 para uma superfície totalmente
refletora e 1 para uma superfície totalmente absorvedora (corpo negro ideal). Para superfícies parcialmente
refletoras ela assume um valor entre 0 e 1 que pode variar com a temperatura. No caso de um filamento de
tungstênio, por exemplo, a emissividade varia desde 0,05 (para T < 200ºC) a 0,39 (para T < 3500º C).
Nesta experiência usaremos esta descrição para a potência irradiada por um filamento de tungstênio
de uma lâmpada. A proposta experimental consiste em verificar a dependência da radiação térmica com a
quarta potência da temperatura e ao mesmo tempo estimar a constante de Stefan-Boltzmann a partir da
emissão espectral de um filamento aquecido. No entanto, devemos lembrar que existe uma diferença entre o
corpo negro ideal e o corpo real utilizado no nosso experimento. O filamento aquecido de uma lâmpada é o
corpo real e é considerado como um “corpo cinza” apresentando um comportamento aproximado ao de um
corpo negro.
Considerando que a única energia que alimenta o filamento é proveniente da diferença de potencial
aplicada a ele, a taxa de energia irradiada pelo filamento é igual à potência elétrica dissipada, ou seja:
P = V i = ε σ A (T4 – T04) (2)
No caso em que o corpo está a uma temperatura bem maior que T 0, o termo proporcional a T04 pode ser
desprezado.
Para a determinação da potência dissipada pelo filamento, basta medir a corrente elétrica e a
diferença de potencial aplicada sobre este. A partir dos dados obtidos para a potência dissipada pelo
filamento, construímos o gráfico ln P x ln T. Neste gráfico, a inclinação da reta nos fornece a potência que
relaciona estas grandezas, já que para altas temperaturas de filamento a dependência linear da Eq.1 é
desprezível em relação a quarta potência da temperatura.
A temperatura absoluta do filamento de tungstênio T (K) = T (ºC) + 273, pode ser calculada a partir
das medidas de resistência R(T) do filamento, uma vez que para a resistência de um filamento de tungstênio
é valida a seguinte relação:
R(T) = R0 (1 + αT + βT2) (3)
onde R0 a resistência a 0 K ; α = 4,82x10-3 K-1 e β = 6,76x10-7 K-2.
A resistência R0 pode ser calculada usando a relação (3) para um valor de resistência conhecido a
uma dada temperatura como, por exemplo, a resistência na temperatura ambiente R(ta). Este valor pode ser
medido diretamente com um Ohmímetro, mas recomenda-se utilizar a lei de Ohm e correntes baixas.
Resolvendo a equação 3 para temperatura absoluta T, obtemos:

1 𝑅(𝑇)
𝑇 = 273 + 2𝛽 𝛼 2 + 4𝛽 𝑅0
−1 −𝛼 (4)

em que R(T) é a resistência obtidas pela lei de Ohm (V/i).

Finalmente, no espectro do corpo negro o comprimento de onda para o qual a emissão é máxima,
λm, relaciona-se à temperatura do corpo pela Lei de Deslocamento de Wien,
λm T = 2,90 x 10-3 k.m (5)
Os valores estimados para a temperatura do filamento da lâmpada permitem que se use a Lei de Wien para
estimar os comprimentos de onda λm relativos às medidas e verificar a sua compatibilidade com a cor
observada do filamento incandescente.

MATERIAIS
2 Multímetros digitais
1 Lâmpada de filamento de tungstênio de 12 V
1Termopar
1 Fonte variável
5 Cabos banana-banana

PROCEDIMENTO
1 - Certifique-se que a lâmpada não se encontra aquecida e use o multímetro digital para medir “a frio” a
resistência de seu filamento, R(ta), à temperatura ambiente. Anote este valor.
2 - Monte o circuito esquematizado na Figura (1) e meça a corrente e tensão indicadas nos
multímetros para corrente na fonte entre 0 e 200 mA, valores que são suficientemente pequenos
para evitar aquecimento apreciável do filamento da lâmpada. Efetue cerca de dez medidas no intervalo
indicado.

0 – 12 V

3 – Faça o gráfico de V x i e determine a resistência da lâmpada. Compare seu resultado com a medida “a
frio” da resistência da lâmpada feita diretamente com um ohmímetro.
4 - Construa uma tabela com as seguintes colunas: tensão (V), corrente (I), resistência,
temperatura absoluta e potência dissipada seguindo os seguintes passos:
4a.- Começando com uma tensão na fonte em 1,0 V, aumente a tensão de 0,5 V em 0,5 V e anote os valores
de V e i medidos na lâmpada.
4b.- Para cada par de medidas (V, I) calcule a resistência do filamento (R = V/I).
4c.- Os valores da potência dissipada pela lâmpada são obtidos de P = V.I.
4d.- Determine a temperatura absoluta para cada par (V, I) utilizando a equação 4.

ATIVIDADES
1) Faça um gráfico de ln P x ln T e analise os resultados com base na equação (1).
2) Compare o coeficiente angular obtido com a quarta potência da temperatura na equação (1).
3) Discuta, com base no gráfico e no valor encontrado para o coeficiente angular se, os resultados obtidos
nesta prática, são conclusivos para a verificação da lei de Stefan-Boltzmann?
4) Considerando a emissividade do filamento de tungstênio igual à 0,22 e a o filamento como um cilindro
com diâmetro 2mm e altura 4mm calcule a constante de Stefan-Boltzmann usando o coeficiente linear da do
gráfico. Compare o valor encontrado com o valor teórico e estime o erro.
(5) Usando a lei de deslocamento calcule o comprimento de onda de emissão máxima para cada valor de
temperatura calculado
(6) Discuta o que acontece com o espectro obtido à medida que a potência irradiada pela lâmpada é
aumentada.
(7) Discuta as principais fontes de erro envolvidas nesta prática.