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Editora UFMG
Diretor: Wander Melo Miranda
Vice-Diretor: Roberto Alexandre do Carmo Said
Conselho Editorial
Winder Melo Miranda (presidente)
Ravio de Lemos Carsalade
Hdocsa Marta Murgd Starfing
M irdo Gomes Soares
Maria das Grafas Santa Bárbara
Marta Helena Damasceno e SSva Megale
Paulo Sífgio Lacerda B erio
Roberto Alexandre do Carmo Said
Paulo Villani Marques
Paulo José Modenesi
Alexandre Queiroz Bracarense
SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
3a edição atualizada
1a reimpressão
2005, Paulo Vtllani Marques, Paulo losé Modenesi, Alexandre Queiroz Bracarense
©2005, Editora UFMG
© 2007,2* ed. rev. e ampl.
© 2009,3* ed. atual.
2011, l*reimpr.
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido sem autorização escrita do Editor.
Incfcn btfaSografta.
IS8N: 978-85-7041-7480
1. Soldagem. 2. Solda e soldagem. I. Modenesi, Paulo José.
II. Bracarense. Alexandre Queiroz. (II. Tttulo.
COO; 621.791
____________________________________________________________________________CDU: 621.791___________
Ficha catalogrifica elaborada pela CCQC - Central de Controle de Qualidade da CatalogaçSo da Biblioteca Universitária da UFMG
Editora UFMG
Av. Antônio Carlos, 6.627 - Ala direita da Biblioteca Central - térreo
Campus Pamputha - CEP 31270-901 • Belo Horizonte/MG
Tel.: +55 31 3409-4650 | Fax: +55 31 3409-4768 |edtora@ufmgi>r | wvweditora^fmgJjr
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 15
PARTE 1
FUNDAMENTOS DA SOLDAGEM
Capítulo 1
Introdução è Soldagem
1. Métodos de união dos metais 17
2. Definição de soldagem 18
3. Formação de uma junta soldada 19
4. Processos de soldagem 21
5. Comparação com outros processos de fabricação 23
6. Breve histórico da soldagem 25
7. Exercícios 27
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6 ‘
Capítulo 7
Capítulo 8
Automação da Soldagem
1. Fundamentos 127
2. Equipamentos 130
3. Programação de robôs para a soldagem 133
4. Aplicações industriais 134
5. Exercícios 135
Capítulo 9
Capítulo 10
9. Exemplo 157
PARTE 2
Capítulo 11
A-Soldagem a gás
1. Fundamentos 161
2. Equipamentos 162
3. Consumíveis 167
4. Técnica operatória 170
5. Aplicações industriais 173
B- Oxi-Corte
1. Fundamentos 174
2. Equipamentos 175
3. Consumíveis 176
4. Técnica operatória 177
Capítulo 12
Capítulo 13
Soldagem TIG
1. Fundamentos 205
2. Equipamentos 206
3. Consumíveis 211
4. Técnica operatória 214
5. Aplicações industriais 217
6. Exercícios e práticas de laboratório 217
Capítulo 14
Soldagem
1. Fundamentos 219
2. Equipamentos 221
3. Consumíveis 223
4. Técnica operatória 225
5. Aplicações industriais 227
Corte
1. Fundamentos 228
2. Equipamentos 228
3. Consumíveis 230
4. Técnica operatória 230
5. Aplicações industriais 232
6. Exercícios 232
Capítulo 15
A - Soldagem MIG/MAG
1. Fundamentos 233
2. Equipamentos 244
3. Consumíveis 248
4. Técnica operatória 252
5. Aplicações industriais 254
1. Fundamentos 255
2. Equipamentos 256
3. Consumíveis 257
4. Técnica operatória 261
5. Aplicações industriais 261
6. Exercícios e práticas de laboratório 261
Capítulo 16
Capítulo 17
1. Fundamentos 277
2. Equipamentos 279
3. Consumíveis 281
4. Técnica operatória 283
5. Aplicações industriais 287
B- Soldagem eletrogás
1. Fundamentos 288
2. Equipamentos 289
3. Consumíveis 289
4. Técnica operatória 290
5. Aplicações industriais 290
6. Exercícios 291
Capítulo 18
Capítulo 19
A - Soldagem a laser
1. Fundamentos 307
2. Equipamentos 309
3. Técnica operatória 310
4. Aplicações industriais 312
1. Fundamentos 313
2. Equipamentos 313
3. Técnica operatória 314
4. Aplicações industriais 315
5. Exercícios 315
Capítulo 20
Capítulo 21
Brasagem
1. Fundamentos 335
2. Equipamentos 337
3. Consumíveis ' 338
4. Técnica operatória 346
5. Aplicações industriais 349
6. Exercícios 349
Este texto surgiu do desejo e da necessidade de ampliar e atualizar uma obra anterior,
publicada em 1991. Muitos foram os avanços obtidos no campo da soldagem desde então
e, particularmente no Brasil, muitas novidades surgiram com a abertura do mercado, a
partir de 1994. A oportunidade foi criada quando a PROGRAD - Pró-Reitoria de Graduação
da UFMG lançou um edital para a seleção de projetos de produção de material didático
para a graduação, em meados de 2003. Contudo, como esta não seria uma tarefa fácil,
pois soldagem é um tema muito abrangente, convidei os colegas da UFMG Prof. Dr.
Paulo José Modenesi e Prof. Dr. Alexandre Queiroz Bracarense para dividirem comigo
esta empreitada.
Tendo por base o texto de 1991, decidimos que esta nova obra seria dividida em 21
Capítulos, tendo cada um de nós assumido a produção de sete deles. O Prof. Modenesi
se responsabilizou pelos Capítulos 1 ,2 ,4 ,5 ,6 ,7 e 9; o Prof. Bracarense pelos Capítulos 8,
16,17,18,19.20 e 21, e eu, pelos demais, isto é, os Capítulos 3,10,11,12,13,14 e 15. Esta
divisão foi motivada por questões práticas e de afinidade com os temas abordados.
Entre setembro e novembro de 2003, trabalhamos nos textos individualmente, mas
procurando manter uma mesma orientação geral, através de reuniões periódicas. Os
capítulos produzidos foram enviados a técnicos atuantes na área de soldagem em nível
industrial e acadêmico, para revisão e críticas, o que foi feito nos meses de dezembro
de 2003 e janeiro de 2004. Em fevereiro de 2004, após outras reuniões para ajustes de
orientação e manutenção da unidade da obra, as críticas e sugestões dos revisores foram
incorporadas, chegando-se ao texto final.
Além de conhecimentos técnicos atualizàdos, procuramos colocar no texto experiên
cias na área acadêmica e industrial obtidas no nosso trabalho em ensino, pesquisa e
extensão na UFMG. Tentamos, também, oferecer alguma contribuição no que se refere
à terminologia de soldagem usada no país, que é muitas vezes confusa e redundante,
resultado da tradução livre, adoção e adaptação de termos de outras línguas e falta de
normalização nacional.
1l ufil FUNOAMarmSE TECNOLOGIA
Nesta edição, foram feitas pequenas alterações no texto de vários capítulos, para
tornar mais claros alguns conceitos expressos, bem como foram corrigidos os erros da
primeira edição, na linguagem, figuras e equações.
Muitas pessoas e organizações contribuíram para que se chegasse a este resultado
final. Em especial, agradeço aos Profs. Modenesi e Bracarense pela disposição em dividir
o trabalho e pela sua dedicação a ele; ao Prof. Dr. Ronaldo Pinheiro da Rocha Paranhos,
da UENF, pela contribuição nos Capítulos 3 e 10; ao Prof. Modenesi pelas ilustrações e
fotos; aos Profs. Américo Scotti e Valtair Antônio Ferraresi, da UFU, pelos filmes sobre
tranferência metálica; ao Prof. Paranhos, aos Engos. Carlos Castro. Francisco de Oliveira
Filho, Gustavo Alves Pinheiro, Helder Aguiar Neves, José Roberto Domingues e Óder
Silva de Paula Júnior e a minha esposa Maria das Victórias de Mello Villani Marques, pela
revisão e sugestões; às empresas ESAB, RBG e SOLDAGERAIS, pela disponibilização
de informações técnicas, fotos e equipamentos; à PROGRAD e ao DEMEC, da UFMG,
pelo suporte financeiro e logístico, e a minha filha Paula de Mello Villani Marques, pela
digitação. Finalmente, a todos que direta ou indiretamente tornaram possível a conclusão
deste trabalho, gostaria de manifestar minha gratidão e agradecimentos e apresentar
minhas desculpas pela incapacidade de citá-los nominalmente.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À SOLDAGEM
Os métodos de união dos metais podem ser divididos em duas categorias prin
cipais, isto é, aqueles baseados na ação de forças macroscópicas entre as partes
a serem unidas e aqueles baseados em forças microscópicas — interatômicas e
intermoleculares. No primeiro caso, do qual são exemplos a parafusagem e a rebi
tagem, a resistência da junta é dada pela resistência ao cisalhamento do parafuso
ou rebite mais as forças de atrito entre as superfícies em contato. No segundo, a
união é conseguida pela aproximação dos átomos ou moléculas das peças a serem
unidas, ou destes e de um material intermediário adicionado à junta, até distâncias
suficientemente pequenas para a formação de ligações químicas, particularmente
ligações metálicas e de Van der Waals. Como exemplo desta categoria citam-se a
brasagem, a soldagem e a colagem.
A soldagem é o mais importante processo de união de metais utilizado indus
trialmente. Este método de união, considerado em conjunto com a brasagem, tem
importante aplicação desde a indústria microeletrônica até a fabricação de navios
1n tni nABfia
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
2. Definição de Soldagem
• "Operação que visa obter a união de duas ou mais peças, assegurando na junta a
continuidade das propriedades físicas e químicas.”
Nessa definição, o termo "continuidade" é utilizado com um significado similar ao
adotado na matemática. Isto é. considera-se que. embora as propriedades possam
variar ao longo de uma junta soldada, esta variação não apresenta quebras abruptas
como ocorre, por exemplo, em uma junta colada na qual a resistência mecânica
muda abruptamente entre um componente da junta e a cola.
De uma forma simplificada, uma peça metálica pode ser considerada como formada
por um grande número de átomos dispostos em um arranjo espacial característico
(estrutura cristalina). Átomos localizados no interior desta estrutura são cercados
por um número de vizinhos mais próximos, posicionados a uma distância r0, na qual
a energia do sistema é mínima, como mostra a Figura 1.
Figura 1
Variação de energia potencial para um sistema composto de dois átomos em função da
distância de separação entre eles
Nesta situação, cada átomo está em sua condição de energia mínima, não tenden
do a se ligar com nenhum átomo extra. Na superfície do sólido, contudo, esta situação
não se mantém, pois os átomos estão ligados a menos vizinhos, possuindo, portanto,
um maior nível de energia do que os átomos no seu interior. Esta energia pode ser
reduzida quando os átomos superficiais se ligam a outros. Assim, aproximando-se
duas peças metálicas a uma distância suficientemente pequena para a formação de
uma ligação permanente, uma solda entre as peças seria formada, como ilustrado na
Figura 2. Este tipo de efeito pode ser obtido, por exemplo, colocando-se em contato
íntimo dois blocos de gelo.
Solda
Figura 2
Formação teórica de uma solda pela aproximação das superfícies das peças
Entretanto, sabe-se que isto não ocorre para duas peças metálicas, exceto em
condições muito especiais. A explicação para isto está na existência de obstáculos
que impedem uma aproximação efetiva das superfícies até distâncias da ordem
de ro. Estes obstáculos podem ser de dois tipos básicos:
SOLDAGEM
rUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Mesmo uma superfície muito bem polida apresenta irregularidades da ordem de 50nm
de altura, cerca de 200 camadas atômicas. Isto impede uma aproximação efetiva das
superfícies, o que ocorre apenas em alguns poucos pontos de contato, de modo que
o número de ligações formadas é insuficiente para garantir qualquer resistência para
a junta.
Figura 3
Representação esquemática da estrutura de urna superfície metálica em contato com o ar.
A- metal não afetado, B - metal afetado, C - camada de óxido, D - água e oxigênio absorvidos,
E-gordura e F • partículas de poeira
Para superar estes obstáculos, dois m étodos principais são utilizados, os quais
originam os dois grandes grupos de processos de soldagem. O prim eiro consiste em
deformar as superfícies de contato, perm itindo a aproximação dos átomos a distâncias
da ordem de r0 (Figura 4). As peças podem ser aquecidas localmente de m odo a facilitar
a deformação das superfícies de contato.
S olda
Figura 4
Soldagem poi pressão ou deformação
CAPÍTULO 1 i o ,
INTRODUÇÃO Á SOLDAGEM *■ 1
M etal d e 1-
adição
M etal de base
t 7N
Solda
....
/
(a) (b)
Figura 5
(a) Representação esquemática da soldagem por fusão, (b) Macrografia de uma junta
4. Processos de Soldagem
Este primeiro grupo inclui os processos de soldagem por forjamento, por ultras-
som, por fricção, por difusão, por explosão, entre outros.
Existe um grande número de processos por fusão que podem ser separados
em subgrupos, por exemplo, de acordo com o tipo de fonte de energia usada para
fundir as peças. Dentre estes, os processos de soldagem a arco (fonte de energia:
arco elétrico) são os de maior im portância industrial na atualidade. Devido à ten
dência de reação do material fundido com os gases da atmosfera, a maioria dos
99 SOIOACQI
“ FUUSAMOfTOSincmiDGtA
processos de soldagem por fusão utiliza algum meio de proteção para minimizar
estas reações. A Tabela I mostra os principais processos de soldagem por fusão e
suas características principais.
Tipo de
Processo Fonte de
corrente Agente protetor Outras carcterísticas Aplicações
calor
e polaridade
Soldagem Aquecimento Contínua ou Escória Automática/Mecanizada. Soldagem de aços carbono,
por eletro- por resistên alternada Junta na vertical. Arame baixa e alta liga. espessura
escória cia da escória alimentado mecanicamente 2 50 mm. Soldagem de pe
liquida na poça de fusão. Não ças de grande espessura,
existe arco elétrico. eixos etc.
Soldagem Arco elétrico Contínua. Escória e gases Automático ou semiauto Soldagem de aços carbono,
com arame gerados ou mático. 0 fluxo está contido baixa e alta liga com espes
tubular Eletrodo + fornecidos por dentro de um arame tubular sura & 1 mm. Soldagem de
fonte externa. de pequeno diâmetro. chapas, tubos etc.
Em geral o CO,
Soldagem Arco elétrico Contínua. Argdnio ou Automática/mecaniz. ou Soldagem de aços carbono,
M1G/MAG Hélio. Argônio semiautomática. 0 arame babe eattaBga. nãoferrosos, com
Eletrodo + + 0,. Argônio + é sólido. espessura £1 mm. Soldagem
COr CO, de tubos, chapas etc. Qualquer
posiçõo.
Soldagem Arco elétrico Continua. Argônio. Hélio Manual ou automática. 0 Todos os metais importantes
a plasma ou Argônio + arame é adicionado separada em engenharia, exceto Zn,
Eletrodo - Hidrogênio mente. Eletrodo não oonsu- Be e suas ligas, com espes
mfvel de tungstônio. 0 arco é sura de até 1.5 mm. Passes
constríto por um bocal. de raiz.
Soldagem Arco Continua ou Argônio. Hélio Manual ou automática. Soldagem de todos os meais,
TIG elétrico alternada. ou misturas Eletrodo não consumível exceto Zn. Be e suas ligas,
destes de tungsténio. 0 arame é espessura entre 1 e 6 mm. Sol
Eletrodo - adicionado separadamente. dagem de não ferrosos e aços
inox. Ftessede raizde soldasem
tubulações.
Soldagem Feixe de Contínua. Vácuo (»10*mm Soldagem automática. Não Soldagem de todos os metas,
por feixe elétrons Hg) usa, em geral, metal de excetonoscasosde evoluçãode
de elétrons Alta tensão. adição. Feixe de elétrons gases ou vaporização excessiva,
permite uma elevada con em geral a partir de 25 mm de
Peça + centração de energia. espessura. Indústria nuclear e
aeroespadaL
Soldagem Feixe de luz Argônio ou Hélio Soldagem automática. Nâo Soldagem de todos os metas,
a laser usa. em geral, metal de exceto nos casos de evolução
adição. Laser permite uma de gases ou vaporizaçãoexces
elevada concentração de siva. Indústria automobilística,
energia. nuclear e aeroespadaL
Soldagem Chama oxi- Gás (CO. Hy CO,. Manual. Arame adicionado Soldagem manual de aço caibo-
acetüênica H,0) separadamente. no. Cu. A). Zn, Pb e bronze. Sol
a gás
dagem de chapas finas e tubos
de pequeno diâmetro.
capítulo t o«
ntroduçAo à s o u u k m
Entre os processos de soldagem por resistência (Capítulo 18), alguns podem ser
considerados como processos de soldagem por deformação. Outros são melhor
caracterizados como processos de soldagem por fusão.
Os processos de soldagem e afins podem ser classificados de diferentes formas
alternativas. A Figura 6 mostra uma classificação segundo a AWS - American Welding
Society, juntamente com as abreviações adotadas por esta associação para designar
cada processo. Esta classificação e abreviações são muito utilizadas em diversos
países do mundo. No Brasil, embora estas sejam usadas, designações de processo de
soldagem de origem europeia são mais comuns. Além destas, abreviações baseadas
no nosso idioma (como, por exemplo, SAER - Soldagem a Arco com Eletrodos
Revestidos) foram propostas, mas tiveram uma aceitação muito restrita até o
presente. A classificação dos processos de soldagem da AWS apresenta deficiências
como qualquer outro sistema de classificação.
Embora a soldagem, na sua forma atual, seja um processo recente, com cerca
de 100 anos, a brasagem e a soldagem por forjamento têm sido utilizadas desde
épocas remotas. Existe, por exemplo, no Museu do Louvre, um pingente de ouro com
indicações de ter sido soldado e que foi fabricado na Pérsia, por volta de 4000 a. C.
O ferro, cuja fabricação se iniciou em torno de 1500 a. C., substituiu o cobre e o
bronze na confecção de diversos artefatos. O ferro era produzido por redução dire
ta ^ conformado por martelamento na forma de blocos com uma massa de poucos
quilogramas. Quando peças maiores eram necessárias, os blocos eram soldados
por forjamento, isto é, o material era aquecido ao rubro, colocava-se areia entre as
peças para escorificar impurezas e martelava-se até a soldagem. Como um exemplo
da utilização deste processo, cita-se um pilar de cerca de sete metros de altura e
mais de cinco toneladas existente ainda hoje na cidade de Dehli (índia).
A soldagem foi usada, na Antiguidade e na Idade Média, para a fabricação de
armas e outros instrumentos cortantes. Como o ferro obtido por redução direta tem
um teor de carbono muito baixo (inferior a 0,1 %), este não pode ser endurecido por
têmpera. Por outro lado, o aço. com um teor maior de carbono, era um material
escasso e de alto custo, sendo fabricado pela cementação de tiras finas de ferro.
Assim, ferramentas eram fabricadas com ferro e com tiras de aço soldadas nos
locais de corte e endurecidas por têmpera. Espadas de elevada resistência mecânica
e tenacidade foram fabricadas no oriente médio utilizando-se um processo seme
lhante, no qual tiras alternadas de aço e ferro eram soldadas entre si e deformadas
por compressão e torção. O resultado era uma lâmina com uma fina alternância de
regiões de alto e baixo teor de carbono.
Esta importância começou a diminuir, nos séculos XII e XIII, com o desenvolvi
mento de tecnologia para a obtenção, no estado líquido, de grandes quantidades
de ferro fundido com a utilização da energia gerada em rodas d'água e, nos séculos
XIV e XV, com o desenvolvimento do alto-forno. Com isso, a fundição tornou-se um
processo importante de fabricação, enquanto a soldagem por forjamento foi subs
tituída por outros processos de união, particularmente a rebitagem e parafusagem,
mais adequados para união das peças produzidas.
1 Neste processo, o minério de ferro era misturado com carvão em brasa e soprado com ar. Durante esta operação,
o óxido de ferro era reduzido pelo carbono, produzindo-se ferro metálico sem a fusão do material.
I SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Figura 7
Sistema para soldagem a arco com eletrodo de carvão de acordo com a patente de Bernados
Por voita de 1890, N. G. Slavianoff, na Rússia, e Charles Coffin, nos Estados Unidos,
desenvolveram independentem ente a soldagem a arco com eletrodo metálico nu.
Até o final do século XIX, os processos de soldagem por resistência, por alumino-
termia e a gás foram desenvolvidos. Em 1907, Oscar Kjellberg (Suécia) patenteia o
processo de soldagem a arco com eletrodo revestido. Em sua form a original, este
revestimento era constituído de uma camada de cal, cuja função era unicamente
estabilizar o arco. Desenvolvimentos posteriores tornaram este processo o mais
utilizado no mundo.
Nesta nova fase, a soldagem teve inicialm ente pouca utilização, estando restrita
principalmente à execução de reparos de emergência até a eclosão da primeira
grande guerra, quando a soldagem passou a ser utilizada mais intensam ente com o
processo de fabricação.
7. Exercícios
a) O que é soldagem?
1. Introdução
2. Terminologia da Soldagem
Como se viu no Capítulo 1, soldagem é uma operação que visa obter a união
de peças, e solda é o resultado desta operação. O material da peça, ou peças, que
está sendo soldada é o m etal de base. Frequentemente, na soldagem por fusão, um
material adicional é fornecido para a form ação da solda, este é o m etal de adição.
Durante a soldagem, o meta! de adição é fundido pela fon te de calor e m isturado
com uma quantidade de metal de base tam bém fundido para formar a poça de
fusão. A Figura 1 ilustra estes conceitos.
Figura 1
Metal de base, de adiçáo e poça de fusão
O posicionamento das peças para união determ ina os vários tipos de junta.
Entretanto, muitas vezes, as dimensões das peças, a facilidade de se movê-las
e as necessidades do projeto exigem uma preparação das peças para soldagem,
na forma de cortes ou de uma conform ação especial da junta. Estas aberturas ou
sulcos na superfície da peça ou peças a serem unidas e que determ inam o espaço
para conter a solda recebem o nome de chanfro.
)
\ 1 L _ __
Topo . Â ngulo Canto
----------- ( ) í- ^ i—
Aresta Sobreposta
Figura 2
Tipos de junta
□xitzn F 1 /^ 1
.
i meio v
I■ \Â 1
J Duplo J D uplo U
Figura 3
Tipos de chanfro
Figura 4
Chanfros usados geralmente com os diferentes tipos de junta
sem a abertura de um outro tipo de chanfro, sendo esta situação particularm ente
com um na soldagem de juntas de pequena espessura. Como não necessitam de
uma usinagem ou corte mais elaborado, este tipo de preparação tende a ser a de
m enor custo. Quando não é possível obter a penetração desejada desta forma,
torna-se necessário usar um outro tipo chanfro, sendo os tipos mais com uns os
chanfros em V ou m eio V. Quando a espessura da junta que precisa ser soldada
se torna m uito grande, estes chanfros podem se tornar pouco interessantes, pois
necessitam de um grande volum e de metal de adição para o seu enchim ento, o que
pode aumentar o tem po necessário para a soldagem e o seu custo. Neste caso o
uso de um chanfro em U ou J pode ser mais interessante, embora estes possam ter
maior custo de preparação. Quando é possível executar a soldagem dos dois lados
da junta, chanfros em X, K, duplo U ou duplo J podem ser considerados. Estes ainda
têm a vantagem adicional de melhor equilibrar as tensões térm icas geradas durante
a soldagem e apresentar, assim, uma m enor distorção. Na escolha de um tipo de
chanfro, deve-se ainda considerar a posição de soldagem (ver definição a seguir).
Por exemplo, para a soldagem na posição horizontal, um chanfro em meio V ou K
tende a ser mais adequado que um chanfro em V, pois, para o prim eiro, existe uma
m enor tendência da poça de fusão escorrer sob ação da gravidade.
• Abertura da raiz, folga ou fresta (f): Menor distância entre as peças a soldar.
• Ângulo de chanfro (a): Soma dos ângulos de bisel dos componentes da junta.
Figura 5
Características dimensionais de chanfros usados em soldagem (s - nariz, f - fresta, r - raio do
chanfro, a - ângulo do chanfro e (5 - ângulo do bizel)
Penetração
Penetração da junta
da raiz
Figura 6
Dimensões e regiões de soldas de topo (a) e de filete (b)
A Figura 7 mostra a seção transversal de uma solda e suas diversas regiões. Neste
caso, é mostrada também uma peça colocada na parte inferior da solda (raiz), cha
mada de co b re -ju n ta ou m ata-jun ta , que tem por finalidade conter o metal fundido
durante a execução da soldagem. Terminada a soldagem, o mata-junta pode ou não
ser removido da junta. 0 mata-junta pode ser de um material similar ao que está
sendo soldado, de cobre ou de material cerâmico. No primeiro caso, o mata-junta,
em geral, passa a fazer parte da junta soldada, podendo, terminada a soldagem, ser
removido da peça (por corte) ou não. Nos outros casos, o mata-junta não se torna
parte da junta soldada e é rem ovido ao final da soldagem.
Metal de
base (MB)
Mat3 - jui ua
Figura 7 ^ ; ^
Seção transversal de uma solda de topo por fusão (esquemática)
A zona fu n d id a (ZF) de uma solda é constituída pelo metal de solda, que é a soma
da parte fundida do metal de base e do metal de adição. A região do metal de base
que tem sua estrutura e/ou suas propriedades alteradas pelo calor de soldagem é
chamada de zona term ica m en te afetada (ZTA). A zona fundida pode ser constituída
por um ou mais passes depositados segundo uma sequência de deposição (Figura
8) e organizados em camadas (conjunto de passes localizados em uma mesma al
tura no chanfro). Cada passe de solda é form ado por um deslocamento da poça de
fusão na região da junta (Figura 1). Em diversas situações, o termo cordão é usado,
significando, em alguns casos, a solda e, em outros, o passe.
o/l SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Figura 8
Execução de uma solda de vários passes
Sobre cabeça
Vertical
(descendente)
Figura 9
Posições de soldagem para soldas de topo
Figura 11
Posições de soldagem para soldas em tubulações
De acordo com a forma em que é executada, a soldagem pode ser classificada em:
Alguns destes term os, embora de uso consagrado na soldagem, têm significado
diverso do indicado acima para o pessoal envolvido com área de automação. Este
aspecto será discutido no Capítulo 8 deste livro.
o c SOLDAGEM
° ü FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
3. Simbologia da Soldagem
b) Seta
e) Símbolos suplementares
Comprimento da solda
' Dist. centro a centro
(soldas interm itentes)
/ Soldagem no campo
ioldagem em todo
o contorno
Linha de referência
Figura 12
Localização dos elementos de um símbolo de soldagem
O sím bolo básico indica o tipo de solda desejado. Cada sím bolo básico é uma
representação esquem ática da seção transversal da solda a que se refere. Se o
sím bolo básico é colocado sob a linha de referência, a solda deve ser feita do mes
mo lado em que se encontra a seta. Caso o sím bolo básico esteja sobre a linha de
referência, a solda deve ser realizada do lado oposto à seta. A Figura 13 mostra os
sím bolos básicos mais com uns segundo a norma AWS A 2.4. A Figura 14 apresenta
exem plos de soldas em chanfro e seus símbolos. Mais de um símbolo básico pode
ser usado de um ou dois lados da linha de referência.
CAPÍTULO 2 | Q 7
TERMINOLOGIA E SIMBOLOGIA OA SOLDAGEM ! ^ '
Soldas em chanfro
Outros
Figura 13
Tipos básicos de soldas e seus símbolos
Figura 14
Sete variações de soldas em chanfro e seus símbolos
o OI SOLDAGEM
^ 0 I FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Vários números, que correspondem às dim ensões ou outros dados da solda, são
colocados em posições específicas em relação ao sím bolo básico. O tamanho da
solda e/ou sua garganta efetiva são colocados à esquerda do símbolo. Em soldas
em chanfro, se estes números não são colocados, subentende-se que a penetração
deve sertotal. A abertura de raiz ou a profundidade de soldas do tip o "plug" ou "s lo t"
é colocada diretam ente dentro do símbolo básico da solda. À direita do sím bolo
podem ser colocados o com prim ento da solda e a distância entre os centros dos
cordões, no caso de soldas intermitentes.
• C - rebarbamento (chipping)
• G - esmerilhamento (grinding)
• H - martelamento (hammering)
• M - usinagem (machining)
• R - laminação (rolling)
it o m o d a Solda
S o ld a re m S olda r no Fusão no
tod o o : ’V . :
cam po rp w p r q n
Plano C o nve xo C ôncavo
contorno
'
w\ \
Figura 15
Símbolos suplementares
m
E X D ___ EZEZl___ r± ~ i
_____________■
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3 ■j ■ 3 1
Figura 17
Exemplos de soldas de filete intermitente
a r» SOLDAGEM
^ U FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
10(13) / \
60°
1/4(3/8)
3/8(112)
Figura 18
Exemplos de símbolos de soldas em chanfro
Figura 19
Exemplos de diversos tipos de solda e seus símbolos
CAPÍTUtO 2 I
TERMINOLOGIA E SIMBOLOGtA DA SOLDAGEM I
4. Exercício
1. Introdução
2. Roupas de Proteção
As principais peças de vestuário usadas pelo soldador para a sua proteção incluem
vários itens m ostrados na Figura 1. Além destas, é im portante o uso de óculos de
proteção por baixo do capacete.
Figura 1
j Vestuário de proteção típico a ser usado por um soldador: (1) Avental de couro. (2) manga
de couro. (3) luva de couro, (4) perneiras de couro, (5) sapatos de segurança. (6) capacete de
proteção, (7) óculos de segurança. (8) ombreira de couro
CAPÍTULO3 , C
miNCiPIOS ÜE SEGURANÇA EM SOLDAGEM ‘ ♦O
3. Choque Elétrico
I n t e n s id a d e d a c o r r e n t e Ef e it o
A resistência interna do corpo humano é relativamente baixa (cerca de 500 Cl), sendo
a resistência da pele, quando seca, muito mais elevada (da ordem de 105Í2). Este valor
pode, contudo, ser grandem ente reduzido quando a pele está úmida, aumentando o
risco de choques m esm o para tensões relativamente baixas (em torno de 100 V).
A cidentes com choque elétrico podem ser divididos em duas categorias diferen
tes: choque com a tensão de entrada (isto é, 230, 440 V) e choque com a tensão
secundária, ou seja, o circuito de soldagem (60-100 V).
No primeiro caso, o choque tende a ser mais forte e perigoso. Pode ocorrer,
por exemplo, ao se tocar um fio dentro de um equipam ento de soldagem quando
a alimentação de energia está conectada e ao m esm o tempo tocar na carcaça da
máquina ou outra parte metálica. Mesm o com a máquina desligada, energia elétrica
pode estar armazenada em dispositivos com o bancos de capacitores no interior da
máquina. Assim, apenas técnicos capacitados devem fazer reparos no equipamento
se este não estiver funcionando adequadamente, e a carcaça da máquina deve ser
adequadamente aterrada.
AP souMsai
HOl RmOAHBnCSETECNOtUOA
Choque com a tensão secundária ocorre quando se toca uma parte do circuito do
eletrodo ao mesmo tempo em que outra parte do corpo está em contato com a peça
metálica que está sendo soldada. O uso de luvas secas e de roupas de proteção para
se isolar do circuito de soldagem minimiza o risco de choques neste caso.
^ As precauções que devem ser tomadas para se evitar o choque elétrico são: ater
rar todo o equipamento elétrico, trabalhar em ambiente seco. manter as conexões
elétricas limpas e bem ajustadas, usar cabos de dimensões corretas, evitar trabalhar
sobre circuitos energizados e usar roupas, luvas e calçados secos.
Em caso de choque elétrico, o circuito deve ser imediatamente interrompido e,
caso isto não seja possível, a vítima deve ser afastada do contato. Não se deve to
car o acidentado diretamente, mas com um material isolante, como um pedaço de
madeira ou tecido seco. A respiração artificial (boca-a-boca) deve ser imediatamente
iniciada após retirar a vítima do circuito elétrico, caso se constate parada respiratória,
e continuada até a chegada de socorro médico.
r
cAFfnjun A-j
FHNCiTOSDESEGtfiUNÇABtSOUlASa« Hl
<2.5 <60 7 -
2 .5 -4 .0 6 0 -1 6 0 8 10
Eletrodo
revestido 4 .0 -6 .4 10
160 - 250 12
>6.4 2 5 0 -5 5 0 11 14
<60 7 -
MIG-MAG 6 0 -1 6 0 10 11
Arame tubular 10
160 - 250 12
250 - 500 10 14
<50 8 10
TIG - 5 0 -1 5 0 8 12
1 5 0 -5 0 0 10 14
<500 10 12
Goivagem -
500-1000 11 14
Leve <3.2 4 ou 5
Pesada >12,7 6 ou 8
Leve <25,4 3 ou 4
Corte Médio 2 5 -1 5 0 4 ou 5
Pesado >150 5 ou 6
5. Incêndios e Explosões
6. Fumos e Gases
As operações de soldagem podem gerar fumos e gases que podem ser prejudiciais
à saúde por diversos motivos. Por exemplo, vapores de zinco podem causar dor de
cabeça intensa e febre, enquanto que vapores de cádmio podem ser fatais.
Os gases de proteção usados em alguns processos de soldagem (argônio, C 02
e misturas), não são tóxicos, mas deslocam o ar, pois são mais pesados que este e
podem causar asfixia e morte, se forem usados em ambientes fechados.
Assim, as operações de soldagem e corte devem ser efetuadas em locais bem
ventilados e, se necessário, devem ser usados ventiladores e exaustores. Quando
isto não for possível, o soldador deve usar uma máscara contra gases ou equipa
mentos de proteção respiratória.
CAPÍTULO 3 J .Q
PRINCÍPIOS OE SEGURANÇA EM SOIDAGEM
O soldador deve ficar atento para a direção tomada pela coluna de fumos gerados
durante a soldagem e tentar se posicionar de forma a se manter afastado desta.
Sistemas de exaustão de gases podem ser acoplados às tochas de soldagem,
mas isto encarece o custo do equipamento e aumenta o peso que o soldador precisa
sustentar durante a operação.
7. Outros Riscos
8. Recomendações Finais
9. Exercícios
1. Introdução
O arco elétrico é a fonte de calor mais utilizada na soldagem por fusão de mate
riais metálicos, pois apresenta uma combinação ótima de características, incluindo
uma concentração adequada de energia para a fusão localizada do metal de base,
facilidade de controle, baixo custo relativo do equipamento e um nívet aceitável de
riscos à saúde dos seus operadores. Como consequência, os processos de solda
gem a arco têm atualmente uma grande importância industrial, sendo utilizados na
fabricação dos mais variados componentes e estruturas metálicas e na recuperação
de um grande número de peças danificadas ou desgastadas. Este capítulo apresenta
uma descrição geral das características do arco elétrico, em particular aquelas impor
tantes para a sua aplicação em soldagem. A ênfase aqui será nos fenômenos físicos
que controlam a soldagem a arco e não nos aspectos tecnológicos, industriais ou
metalúrgicos da soldagem. Apesar de muito estudado, o arco elétrico é bastante
complexo e os conhecimentos obtidos até agora permitem um entendimento apenas
parcial dos fenômenos envolvidos. Algumas dessas informações serão apresentadas
neste capítulo, de forma simplificada.
O arco elétrico consiste de uma descarga elétrica, sustentada através de um gás
ionizado, a alta temperatura, conhecido como plasma, podendo produzir energia
térmica suficiente para ser usado em soldagem, pela fusão localizada das peças
a serem unidas. Atribui-se a primeira observação do arco elétrico em condições
controladas a Sir Humphrey Davy, no início do século XIX. O termo arco foi aplicado
a este fenômeno em função de sua forma característica resultante da convecção
dos gases quentes gerados pelo mesmo. O limite superior de corrente em um arco
elétrico não é bem definido, podendo atingir dezenas ou centenas de milhares de
ampéres em certos circuitos. Para a soldagem a arco, correntes acima de 1000 A
rn ! SOLDAGEM
3 L j FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
1 1 mm
Figura 1
Imagem do arco elétrico observado entre um eletrodo de tungsténio e um bloco de cobre em
uma atmosfera de argônio
D istâ n cia
Figura 2
Regiões de um arco de soldagem (esquemáticas): (a) Zona de Queda Catódica,
(b) Coluna do Arco e (c) Zona de Queda Anódica. Ia- Comprimento do arco
(Eq.1)
Corrente (A)
Figura 3
Curvas características estáticas do arco entre um eletrodo de tungsténio e um anodo do cobre
para diferentes comprimentos de arco
O
»CO
CO
c
.03
2 4 6
Comprimento do Arco (mm)
figura 4
Variação da diferença de potencial entre as extremidades de um arco de soldagem com a
distância de separação entre elas. para diferentes níveis de corrente (dados da figura anterior)
Quando o material do cátodo tem uma menor temperatura de fusão (por exem
plo, aço, alumínio e cobre), a temperatura da região catódica fica abaixo de 3.500 K,
sendo insuficiente para gerar uma quantidade suficiente de elétrons por emissão
termiônica. Assim, processos alternativos precisam operar. Na soldagem com um
SOLDAGEM
56 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
cátodo de material não refratário, o mecanismo mais com um envolve a emissão dos
.elétrons a partir de film es de óxido existentes na superfície do material, ocorrendo a
destruição destes film es com a emissão dos elétrons. Este m ecanismo de emissão
("emissão a frio") é caracterizado por uma tensão de queda catódica maior (entre 10
e 20 V), pela existência de m últiplos pontos catódicos que se movem com elevada
velocidade na superfície do cátodo e pelo efeito de limpeza (remoção de óxido) desta
superfície. Em particular, este efeito de limpeza é de im portância fundam ental na
soldagem a arco com proteção gasosa de ligas de alumínio e magnésio (metais que
possuem uma camada de óxido de elevada tem peratura de fusão).
Q=V I t (Eq. 2)
onde Q é energia térm ica gerada, em Joules (J), 1/ é a queda de potencial no arco,
em Volts (V); / é corrente elétrica no arco, em Ampéres (A), e t é o tem po de opera
ção, em segundos (s).
Para que a ionização do plasma e, portanto, a capacidade deste de conduzir cor
rente não sejam perdidas, altas tem peraturas devem ser mantidas no arco elétrico.
A Figura 5 mostra o perfil térm ico de um arco de soldagem estabelecido entre um
eletrodo de tungsténio e uma peça de cobre refrigerada a água, separados por 5mm,
em atmosfera de argônio. Obviamente, esta distribuição de temperatura depende do
processo e das condições de soldagem. Por exemplo, um aum ento da corrente de
soldagem, ocasionando uma maior geração de energia no arco, leva ao aparecimento
de temperaturas mais altas além de aum entar as dim ensões do arco. Na soldagem
com eletrodo consumível, uma quantidade de vapor m etálico pode ser incorporada
ao arco. Como esse vapor é, em geral, mais facilm ente ionizável que os gases que
norm alm ente form am o arco (como o argônio e o oxigênio), a tem peratura do arco
tende a se reduzir.
CAPITULO 4 | r-j
CAPÍTULO
0 ARCO ELÉTRICO OE SOLDAGEM 3 '
200 A
12,1 V
T
1 8 .0 0 0 K
16 .0 0 0
15 .0 0 0
1 4.000
5 mm 1 3.000
12.000
11.000
10.000
í+
Figura 5
isotermas de um arco elétrico típico. V = 12 V, I = 200 A
Campos magnéticos são criados por cargas elétricas em m ovim ento. Desta for
ma, em torno de qualquer condutor elétrico percorrido por uma corrente, existe um
campo magnético circular induzido por esta corrente.
Por outro lado, se um condutor de com prim ento I, percorrido por uma corrente
elétrica i, é colocado em uma região onde exista um campo magnético B (orientado
perpendicularmente a I), ele experimenta uma força F, conhecida com o "Força de
Lorentz", que é dada por:
F = B IA (Eq. 3)
H l2 (Eq. 4)
R2
Eletrodo
Figura 6
Representação esquemática da formação do jato de plasma
__A __
Eletrodo
Figura 7
Efeito "Pinch" (esquemático)
Eletrodo
Concentração de
linhas de campo
Direção
do sopro
Salda de
magnético corrente
(a)
Indução
magnética
Figura 8
Causas de sopro magnético (esquemático): (a) mudança brusca da direção da corrente na sua
passagem do arco para a peça; (b) concentração do campo magnético na borda de uma junta
de material ferromagnético e (c) concentração do campo no lado menos espesso de uma junta
do mesmo tipo de material
CAPlTUlO 4
O ARCO ELÍTTtICO DE SOLDAGEM 61
O sopro m agnético é quase sem pre indesejável na soldagem, pois orienta o arco
para direções que, em geral, prejudicam a penetração e uniformidade do cordão de
solda, além de causar a instabilidade do arco e dificultar a operação.
O sopro magnético pode ser minimizado ou elim inado através de algumas me
didas sim ples, entre elas:
a) Por que o arco elétrico é a fonte de calor mais usada, hoje em dia, para a soldagem
por fusão?
d) Que proporção da corrente elétrica no arco é transportada por elétrons? E por íons
positivos?
e) Calcule quantos elétrons e íons são necessários para transportar uma corrente de
150 A.
f) Explique como cada uma das medidas citadas no texto pode minimizar o sopro mag
nético.
'
CAPÍTULO 5
1. Introdução
A soldagem a arco utiliza uma fonte de energia (ou máquina de soldagem) pro
jetada especificam ente para esta aplicação e capaz de fornecer tensão e corrente,
em geral, na faixa de 10 a 40 V e 10 a 1.200 A, respectivamente. Nas últimas três
décadas, ocorreu um grande desenvolvimento no projeto e construção de fontes
para soldagem com a introdução de sistemas de controle eletrônicos nestes equipa
m entos. Atualmente, pode-se encontrar no mercado tanto máquinas convencionais,
cuja tecnologia básica vem das décadas de 1950 e 1960, como máquinas "eletrôni
cas", de desenvolvimento mais recente (décadas de 1970, 1980 e 1990). No Brasil,
a grande maioria das fontes fabricadas ainda são convencionais. Em países do pri
meiro mundo, a situação é bastante diferente. No Japão, Europa e Estados Unidos,
a maior parte dos equipam entos fabricados para alguns processos de soldagem a
arco são eletrônicos.
Uma fonte de energia para soldagem a arco deve atender a três requisitos básicos:
• permitir o ajuste dos valores de corrente e/ou tensão para aplicações específicas e
3. Fontes Convencionais
3.1 - C a ra c t e r ís tic a s e s tá t ic a s e d in â m ic a s
O funcionam ento de uma fonte de energia depende fundam entalm ente de suas
características estáticas e dinâmicas. Ambas afetam a estabilidade do arco e a aplica
bilidade da fonte para um dado processo de soldagem, mas de uma form a diferente.
Características estáticas se relacionam com os valores médios de corrente e tensão
de saída da fonte com o resultado da aplicação de uma carga resistiva.
característica, uma fonte pode ser classificada como de corrente constante (Cl1) ou de
tensão constante (CV). A Figura 1 ilustra os diferentes tipos de curva característica.
Esta Figura ainda mostra, sobrepostas às curvas das máquinas, curvas características
do arco (Capítulo 3) e o ponto de operação resultante das duas.
Tensão Tensão
Corrente Corrente
(a) (b)
Figura 1
Curvas características de fontes mostradas juntamente com uma curva
característica do arco. (a) corrente constante e (b) tensão constante
Fontes de corrente constante perm item que, durante a soldagem, o com prim ento
do arco varie sem que a corrente de soldagem sofra grandes alterações. Eventuais
curtos-circuitos do eletrodo com o metal de base não causam, tam bém , uma eleva
ção im portante da corrente. Este tipo de equipamento é em pregado em processos
de soldagem manual, nos quais o soldador controla manualm ente o com prim ento
do arco (SMAW, GTAW e PAW, ver C apítulos 12, 13 e 14, respectivam ente), em
processos mecanizados de soldagem com eletrodo não consumível (PAW e GTAW)
e, em alguns casos, em processos sem iautom áticos, mecanizados ou autom áticos
com eletrodo consumível, quando o equipam ento apresenta algum m ecanismo
especial de controle do com prim ento do arco.
1Neste livro, serâo usadas as abreviaturas Cl para corrente constante e C C oara corrente contínua.
r r SOLDAGEM
0 0 | FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
3.2 - C ic lo de trabalho
Temperatura
Tempo
Figura 2
Ciclos de aquecimento e resfriamento interno durante a operação de uma fonte
CAPÍTULO 5
FONTES DE ENERGIA PAHA S010AGEM A ARCO
O cicio de trabalho (ou fator de trabalho) é definido com o a relação entre o tem po
de operação (X^cc) perm itido durante um intervalo de teste especificado (tTESTE, em
geral, igual a 10 minutos), isto é:
C t = Í aB£Q_ * -| o o % (Eq1)
{TESTE
Assim, por exemplo, uma fonte com Ct = 60% pode operar por até seis m inutos
em cada intervalo de 10 minutos.
Para uma dada fonte, o valor do ciclo de trabalho vem geralmente especificado
para um ou mais níveis de corrente de trabalho. É im portante não utilizar uma fonte
acima de seu ciclo de trabalho de form a a evitar o aquecim ento excessivo de seu
transformador e de outros componentes. O ciclo de trabalho é um fator determinante
do tipo de serviço para o qual uma dada fonte é projetada. Unidades industriais
para a soldagem manual são, em geral, especificadas com Ct de 60% na corrente
de trabalho. Para processos sem iautom áticos, mecanizados ou autom áticos, um
Ct de 100% é mais adequado. Fontes de pequena capacidade, de uso dom éstico
ou em pequenas oficinas, podem ter um ciclo de trabalho de 20%.
C t, . I? = C t2 . I2
2 (Eq. 2)
3.3 - C la s s ific a ç ã o
CA/CC
CI/CV
Figura 3
Classificação de fontes de energia convencionais para soldagem
Fontes convencionais que utilizam diretamente a energia elétrica da rede são form a
das basicamente de um transformador, um dispositivo de controle da saída da fonte
e um banco de retificadores (em equipamentos de corrente contínua). Figura 4.
Alimentação Saída
Figura 4
Diagrama de bloco de uma fonte convencional
CAPÍTULO 5 c q
FONTES DE ENERGIA PARA SOLDAGEM A ARCO ! D S
(Eq.3)
Figura 5
Ponte retificadora de onda completa para um circuito monofásico
em sistemas pequenos e de baixo custo e não perm ite controle remoto ou ajuste
•contínuo. Um sistema similar, mas que perm ite uma variação contínua da saída do
equipamento, é o uso de sapatas ou contatos móveis (em geral de carvão) que, ao
serem deslocados sobre a superfície de uma bobina do transformador, perm ite a
variação das relação de espiras de form a relativamente contínua.
Tensão Tensão
Corrente Corrente
(a) (b)
Figura 6
Ajuste das condições de soldagem por "taps": (a) fonte de corrente constante, (b) fonte de
tensão constante
B o rn e s
Entrada
Saída
A lim e n ta ç ã o
Figura 7
(a) Diagrama de uma fonte tipo transformador com ajuste de saída por "taps” e (b) desenho
esquemático de uma fonte deste tipo
(a) Corrente
Figura 8
Ajuste de uma fonte tipo transformador de bobina móvel para saída de corrente,
(a) mínima (b) máxima, (c) Curvas características resultantes
3.5 - F o n te s tipo ge ra d o r
Fontes deste tipo são constituídas de um m otor que gera energia mecânica a qual
é transm itida através de um eixo ou por um sistema de correia e polias ao gerador de
energia elétrica (Figura 9). O m otor pode ser elétrico ou de com bustão interna, tendo,
com o combustível, gasolina, óleo diesel, gás natural etc. Este tipo de equipamento é
mais com um ente utilizado na soldagem com eletrodo revestido no campo, particular
m ente em locais onde o acesso à rede de distribuição de eletricidade é complicado.
São, por outro lado, equipam entos mais pesados, barulhentos e de manutenção
mais complicada do que as fontes estáticas convencionais.
Energia elétrica
Gasolina
Óleo diesel, etc. I I
Figura 9
Diagrama esquemático de um motor-gerador
I SOLDAGEM
i FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Figura 10
Relação entre o tempo característico de fenômenos no arco elétrico e a frequência de controle
de vários tipos de fontes segundo Ushio, em artigo publicado na revista Trans. OfThe JWRI
• fontes tiristorizadas
Entrada Saída
Transformador
(a)
Corrente
Tempo
(b)
Figura 11
(a) Diagrama esquemático de uma fonte tiristorizada monofásica, (b) Efeito do tempo de
disparo do tiristor na forma de onda da corrente de saída
As vantagens do controle por SCR são a sua sim plicidade, robustez e a possibi
lidade de controle da saída da fonte com pequenos sinais eletrônicos. A velocidade
de resposta do sistema é lim itada pela necessidade de a corrente se anular antes
de o gatilho poder ser novamente disparado e para se reiniciar a passagem de cor
rente. Assim, o menor tem po de resposta que pode ser esperado com este sistem a
é de cerca de 3 a 9 ms. M esm o com a possibilidade de distorção da saída e a baixa
velocidade de resposta, é possível obter fontes tiristorizadas de desem penho m uito
superior que as convencionais. Em particular, é possível com pensar a saída da fonte
contra possíveis variações na rede por meio do uso de retroalimentação. Controle
tiristorizado tem sido utilizado em fonte para soldagem SM AW com corrente contí
nua, GMAW, GTAW pulsado ou com corrente alternada quadrada e para soldagem
SAW (Capítulos 12, 15, 13 e 16, respectivamente).
seu funcionam ento pode ser explicado por meio de um sistem a hidráulico análogo,
no qual a passagem de água (a corrente) no duto principal é controlada por uma
válvula acionada por uma pequena vazão de água em um duto secundário (a base),
Figura 12.
Base
(a)
Figura 12
Sistema hidráulico análogo a um transistor de potência, (a) quando a corrente na Base (l6) é
nula. o circuito principal permanece interrompido; (b) para uma corrente na base pequena, a
corrente principal (I) é proporcional a l0; (c) para lb maior do que o seu valor de saturação lMI, a
corrente principal passa livremente
Controls
Figura 13
Princípio de funcionamento de uma fonte transistorizada analógica
SOLDAGEM
' U FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Nas fontes chaveadas. os transistores trabalham como chaves (Figura 12) que são
abertas e fechadas a uma elevada velocidade. A saída da fonte é controlada pela razão
dos tem pos em que os transistores permanecem abertos ou fechados (Figura 14).
Corrente
Tempo
Corrente
Figura 14
Técnicas de modulação para controle da saída: (a) modulação.da frequência e (b) controle da
largura do pulso
Embora o circuito básico destas fontes (Figura 15) seja m uito sim ilar ao das ante
riores, a utilização dos transistores no m odo chaveado permite um grande aumento
de eficiência na utilização da energia pela fonte e, em várias aplicações, a utilização de
resfriam ento a ar. A m aior eficiência perm ite tam bém uma construção mais simples,
com m enor número de transistores e m enores dimensões, o que reduz o preço da
fonte. O processo de chaveamento gera um ruído na saída do equipam ento, mas.
se a frequência de chaveam ento for suficientem ente elevada, esse ruído não tem
nenhum efeito negativo no processo. Frequências de chaveamento de 1 a 30 kHz,
ou m esm o superiores, são com um ente usadas.
Figura 15
Princípio de funcionamento de uma fonte transistorizada chaveada
CAPÍTULO 5
FOfíTES DE ENERGIA PARA SOIDAGEM A ARCO ' '
4.4 - F o n te s in v e rso ra s
Figura 16
Princípio de funcionamento de uma fonte inversora
O
o
(a) (b)
Figura 17
Comparação da velocidade de subida da corrente na abertura do arco para: (a) uma fonte
tiristorizada e (b) uma fonte fonte inversora segundo Byrd, em artigo publicado no Welding
Journal
A elevada frequência de operação do transform ador perm ite, nas fontes inverso-
ras, uma significativa redução do consum o de energia elétrica. O controle da fonte
no primário perm ite tam bém uma grande redução na dissipação de energia quando
a fon te está operando em vazio (que pode ser cerca de 80% m enor do que uma
fon te convencional).
4.5 - F o n te s h íb rid as
Uma tendência recente tem sido a com binação dos tipos da fonte de energia
acima descritas de m odo a aumentar o desem penho a um m enor custo. Cita-se, por
exemplo, a utilização de controle por transistores na saída de uma fonte inversora
de forma a se ob ter características operacionais especiais.
5. Conclusão
6. Exercícios
b) Defina "Ciclo de Trabalho". Estime, para uma fonte de 200 A 60%, a maior corrente
recomendada para a sua operação contínua por um longo período de tempo.
c) Você dispõe de uma fonte estática tipo transformador de corrente constante com
uma corrente nominal/ciclo de trabalho de 160 A/60%. Desenhe a curva característica
desta fonte e indique o tipo de corrente que ela fornece. Discuta a possibilidade de
uso desta fonte em uma aplicação que necessita de utilização contínua da fonte por
uma hora.
S
C A PÍT U LO 6
1. Introdução
Figura 1
Variação do (imite de escoamento com a velocidade de resfriamento de um aço com 0,8% C,
inicialmente aquecido a 900 eC por uma hora
A maioria dos processos de soldagem causa, nas partes que estão sendo unidas,
variações de temperatura e deformações plásticas que resultam em alterações na
estrutura dos materiais da junta sendo soldada e, portanto, de suas propriedades.
Assim, sob certos aspectos, a soldagem pode ser considerada um tratamento ter-
momecânico violento, cujo efeito nas características metalúrgicas do material deve
ser cuidadosamente considerado.
Tabela I - Níveis estruturais, exemplos de técnicas usuais de estudo e de detalhes qus podem ser
observados
Observações:
(a) Esta tabela é apenas ilustrativa e a separação adotada dos níveis estruturais é arbitrária.
(b) 1/jm = 0,001 mm, 1nm = 0,001/jm.
(c) Diversos dos termos citados são discutidos ao longo do presente capitulo.
Os aços são ligas de ferro contendo carbono em teor inferior a 2% em peso (mas
em geral, muito menor que este valor), e ainda diversos outros elementos residuais
de seu processo de fabricação ou adicionados intencionalmente, visando a obtenção
de certas propriedades. Quando o único elemento de liga é o carbono, têm-se os
aços.carbono e, quando outros elementos de liga são utilizados, os aços ligados.
De acordo com o teor de elementos da liga, os aços podem ser subdivididos em
baixa liga (teor de liga inferior a 5%), aços média liga (entre 5 e 10% de elementos
de liga) e aços de alta liga (com mais de 10% de liga).
0 /1 SOLDAGEM
04 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Compreendem o grupo de ligas mais usadas pelo homem, pela abundância das
matérias-primas básicas, relativa facilidade de refino, baixo custo e vasta gama de
propriedades obtidas pela adição de elem entos de liga e pelo controle de sua estrutura
por tratam entos térm icos e mecânicos. Em particular, são tam bém os materiais mais
utilizados em estruturas soldadas.
Para o estudo dos efeitos da soldagem no aço, é necessário um conhecim ento
prévio de sua m icroestrutura e de com o esta pode ser alterada pelos tratam entos
térm icos e variações de composição química. Uma ferramenta fundam ental para o
entendim ento das fases presentes em um aço e para uma primeira análise da form a
ção de sua m icroestrutura, particularm ente em condições de resfriam ento lento, é o
diagrama de equilíbrio Fe-C.
Carbono (% peso)
Figura 2
Diagrama Fe-C, mostrando os constituintes em equilíbrio nos aços (esquemático)
CAFITU106 g r
fUNOAMEtíTCS DA W ETAIURSA DA SOI O A K M 0 3
con stituin te , con he cido com o bainita, fo rm a d o por grãos alongados de fe rrita
com uma fina dispersão de carbonetos. A bainita tende a co n fe rir uma elevada
resistência m ecânica ao aço e, em algumas situações, perm ite a manutenção de
uma boa tenacidade. Existem atualmente classes de aços estruturais com microes-
trutura bainítica obtida através da adição de elementos de liga ou por tratam entos
térmicos especiais.
M icroestrutura
Ferrita Ferrita
+ + Bainita M artensita
Perlita Perlita
(Grossa) (Fina)
Figura 3
Microestrutura de um aço em função da velocidade de resfriamento após austenitização
(diagrama esquemático)
Figura 4
Diagrama TRC esquemático. Neste diagrama, estão sobrepostas duas curvas de resfriamento
que resultam na formação de uma microestrutura de (a) ferrita e perlita e de (b) manensita
c) Elementos de liga
A adição balanceada de elem entos de liga perm ite a obtenção de uma variedade
de tipos de aços com diferentes propriedades mecânicas, químicas, magnéticas,
elétricas e térm icas. Estruturalmente, pode-se considerar que os elem entos de liga
atuam em dois aspectos fundam entais: term odinâm ico e cinético.
No prim eiro aspecto, um elem ento de liga pode alterar a estabilidade relativa das
fases do aço ou mesmo tornar estável uma outra fase. Por exemplo, o níquel é um ele
mento estabilizante de austenita e, quando presente em teores superiores a um certo
nível, torna esta fase estável até a tem peratura am biente. Nióbio, vanádio e titânio
reagem fortem ente com o carbono e, quando presentes em pequenas quantidades
(menos de 0,1%) em um aço baixo carbono, prom ovem a formação de partículas de
carbonetos de grande estabilidade, que podem existir sem se dissolver na austenita
a tem peraturas de cerca de 1.000 °C. Estes carbonetos, juntam ente com a aplicação
de tratam entos term om ecânicos adequados, são fundam entais para a obtenção dos
chamados aços microligados ou aços de alta resistência e baixa liga, caracterizados
por um reduzido tamanho de grão e uma elevada resistência mecânica.
Como já foi dito, a maioria dos elemento's de liga reduz a velocidade de transfor
mação da austenita ou, em outras palavras, aumenta a sua temperabilidade. Este
efeito pode ser diferente para os diversos constituintes, assim, a adição de elementos
de liga pode favorecer a form ação de um constituinte, em prejuízo de outro.
on SOLDAGEM
0 ° FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Ao entrar em solução sólida em uma fase, um elem ento de liga pode alterar as
propriedades desta fase. Em particular, a resistência mecânica é, em geral, aum en
tada e sua ductilidade diminuída.
A resistência mecânica dos aços pode variar enorm em ente, de cerca de 200 até
2.000MPa. Como em outros metais, existem para os aços diversos m ecanism os de
endurecim ento, dos quais podem -se citar: deform ação a frio, formação de solução
sólida, form ação de constituintes mais resistentes, endurecim ento por precipitação
e refino de grão. Destes, o refino de grão é particularm ente im portante por produzir,
sim ultaneam ente, uma melhoria de ductilidade e tenacidade.
3. Fluxo de Calor
Na maioria dos processos de soldagem , a junta precisa ser aquecida até uma
tem peratura adequada. Em particular, na soldagem por fusão, trabalha-se com fon
tes de calor de elevada tem peratura (2.000 a 20 .000°C) e concentradas (como, por
exem plo, o arco elétrico, cuja intensidade atinge cerca de 8x108W /m 2), as quais,
ao serem deslocadas ao longo da junta, resultam na formação da solda pela fusão
e solidificação localizadas da junta. Esta aplicação concentrada de energia gera, em
pequenas regiões, temperaturas elevadas, altos gradientes térmicos (102a 103 cC/mm),
variações bruscas de temperatura (de até 103°C/s) e, consequentemente, extensas
alterações de microestrutura e propriedades, em um pequeno volume de material.
Figura õ
Conceito de energia de soldagem. P = (r|.V.!.) é a potência dissipada no arco e cedida à peça, t
é o tempo e L é o comprimento da solda
Ciclo térmico de soldagem (esquemático). Ver texto para a definição dos itens mostrados na
figura
Tb diminui com a distância ao centro da solda e pode ser estimada, para soldas de
um passe e penetração total, pela expressão:
= 4,133 Ac7? +
T „ -T n H Tf -T 0
(Eq. 2)
• tempo de permanência (fc) acima de uma temperatura crítica: tempo em que o ponto
fica submetido a temperaturas superiores a uma temperatura mínima (temperatura
crítica, T) para ocorrer uma alteração microestrutural ou de propriedades significativas
no material.
• velocidade de resfriamento (cj>): é obtida pela derivada (ou inclinação) em uma de
terminada temperatura (T) da curva de resfriamento. Alternativamente, é comum
caracterizar o resfriamento de uma solda pelo tempo necessário (A t^ j) para a solda
se resfriar de uma dada temperatura (T,) até outra <T2). Para a soldagem de aços, as
temperaturas consideradas são, em geral. 800 e 500 °C (Ataç).
Figura 7
Curvas esquemáticas de repartição térmica em soldas realizadas com diferentes energias de
soldagem (H, e H2)
• tipo de metal de base: metais e ligas de elevada condutividade térmica, como o cobre
e o alumínio, dissipam rapidamente o calor da região da solda para o restante da peça,
o que torna mais difícil a formação da poça de fusão. Por outro lado, materiais com
menor condutividade térmica tendem a apresentar gradientes térmicos mais abruptos
no aquecimento e menores velocidades de resfriamento. Nestes materiais, a energia
térmica é melhor aproveitada para a fusão localizada necessária à soldagem.
(a) (b)
Figura 8
Direções para escoamento do calor em juntas (a) de topo e (b) em ângulo (ouT)
• Espessura da junta: Para uma mesma condição de soldagem, uma junta de maior espes
sura facilita o escoamento do calor da região da solda. Assim, quanto mais espessa a
junta, mais rapidamente esta tenderá a se resfriar durante a soldagem até uma espessura
limite acima da qual a velocidade de resfriamento independe da espessura. Para esta
última condição de resfriamento, o tempo de resfriamento da solda entre 800 e 500 °C
(At^) pode ser estimado pela expressão:
H 1 1
Aí, (Eq. 3)
8 /5 2n k 500 -7"n 8 0 0 -7 ;
0
A curva de repartição térmica perm ite definir, para uma solda por fusão, três
regiões básicas (Figura 9):
• Zona Fundida (ZF): regiào onde o material fundiu-se e solidificou-se durante a operação
de soldagem. As temperaturas de pico desta região foram superiores à temperatura
de fusão (Tf) do metal de base;
• Zona Termicamente Afetada (ZTA) ou Zona Afetada pelo Calor (ZAC): região não fun
dida do metal de base que teve sua microestrutura e/ou propriedades alteradas pelo
ciclo térmico de soldagem. As temperaturas de pico nesla região foram superiores à
temperatura crítica do material em questão e inferiores à sua temperatura de fusão; e
• Metal de Base (MB): região mais afastada do cordão de solda e que não foi afetada
pelo processo de soldagem. As suas temperaturas de pico são inferiores à temperatura
crítica do material.
Tp
V f
\ jc
K c Ib .' v^Â /
w-
B ] C ) Y
Figura 9
Regiões de uma solda por fusão (esquemática). A - Zona Fundida (ZF),
B - Zona Termicamente Afetada (ZTA) e C - Metal de Base (MB)
Figura 10
Diagrama esquemático mostrando diferentes alterações que podem
ocorrer na zona fundida de uma solda em um aço de baixo carbono
CAPITULO 6
CAPÍTULO b no
FUNDAMENTOS OA METALURGIA DA SOLDAGEM .
Nos processos de soldagem por fusão, a zona fundida pode ser formada sob as
mais diversas condições. Nos processos mais com uns, isto é, na soldagem a arco
com eletrodo consumível, o metal de adição fundido é transferido para a poça de fusão
na forma de gotas, aquecidas a temperaturas m uito elevadas, acima de 2.000 °C, no
caso de aços.
Nas partes mais quentes da poça de fusão, localizadas logo abaixo do arco, o
metal de adição é m isturado, sob intensa agitação, ao metal de base fundido. Na
parte posterior da poça, a tem peratura cai e ocorre a solidificação. Nas regiões
superaquecidas ocorre uma intensa interação do metal fundido com os gases e
escórias presentes na região do arco. Estas interações envolvem a absorção de
gases (por exemplo, hidrogênio pelo aço, alum ínio ou cobre), a redução de óxidos,
com a transferência de oxigênio para o metal, a transferência de elem entos de liga e
impurezas do metal fundido para a escória, ou vice-versa, e a volatilização de alguns
elem entos (por exemplo, Zn, Cd, Cr e Al).
(a) (b)
Figura 11
Diluição medida na seção transversal de (a) um cordão depositado sobre chapa e (b) uma solda
de topo
QA I SOLDAGEM
fUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
E.
O
T3
B
3
O
C
O
Temperatura (°C)
Figura 12
Variação da solubilidade do hidrogênio no ferro líquido e sólido
A solubilidade do oxigênio no aço líquido tam bém cai com a tem peratura, e este
passa a reagir com outros elementos. O produto destas reações pode ser um gás
(por exemplo, C + 0-> C 0 (g)), que pode causar porosidade; um sólido ou um líquido
insolúvel na poça que, se for capturado pela frente de solidificação, resultará em
inclusões na solda. A form ação de porosidade, devido a reações do oxigênio com o
carbono e a formação de inclusões, sua forma, tamanho e quantidade, dependem
do processo e do procedim ento de soldagem, da com posição do meio de proteção
da poça de fusão e do arco (gases e escórias) e das com posições do metal de base
e de adição, em particular, do teor de elem entos desoxidantes.
A extensão das reações que ocorrem na poça de fusão depende, tam bém , das
características químicas da escória em contato com o metal líquido, quando esta é
usada. Por exemplo, na soldagem a arco submerso, o teor final de oxigênio na solda
e, portanto, o volum e de inclusões, tende a dim inuir com o aumento da proporção
de óxidos básicos na composição do fluxo, com o mostra a Figura 13. Nesta figura, o
term o "índice de Basicidade" é uma relação entre os teores (em %peso) dos óxidos
básicos e os óxidos ácidos existentes no fluxo da seguinte forma:
CAPÍTULO 6 n r
fUNOAMEKTOS OA M ETAIUBHA OA SOLDAGEM S 3
índicc de Baslcidade
Figura 13
Efeito da basicidade da escória no teor de oxigênio da zona fundida
ocorrência da nucleaçáo de novos grãos. Além disso, na parte central da peça, onde
a solidificação final, em geral, ocorre, o calor é extraído de form a aproxim adam ente
igual em todas as direções. Desta forma, os novos grãos form ados tendem a crescer
com um form ato equiaxial, resultando na zona central.
Zona Coquilhada
Zona Colunar
Zona Central
Figura 14
Seção transversal esquemática de uma peça fundida, mostrando as suas três regiões
características
Figura 15
Metalografia da região de transição entre a ZTA e ZF de um aço inoxidável ferritico mostrando
a continuidade de grãos da ZTA na ZF. Aumento: 100X
CAPÍTULO 6 Q7
FUNDAMENTOS DA METALURGIA DA SOLDAGEM , “ '
Como as peças fundidas em geral, a zona fundida é caracterizada por uma estru
tura primária de grãos colunares e grosseiros. Este tipo de estrutura pode conferir
uma menor tenacidade ao material.
Após sua solidificação, a zona fundida pode sofrer ainda alterações até o resfriamento
final à temperatura ambiente (ver Figura 10). Estas alterações podem incluir, por exemplo,
o crescimento de grão, a formação de carbonetos, nitretos e outras fases intermetálicas
e a transformação de uma fase em outra(s). Nos aços carbono e aços de baixa liga, por
exemplo, a poça de fusão normalmente se solidifica como ferrita delta, que logo se
transforma em austenita. Com o seu resfriamento, esta se transforma em uma mistura
complexa de constituintes, em função de fatores como o tamanho de grão austenítico,
composição química, velocidade de resfriamento e composição, tamanho e quantidade
de inclusões.
Na soldagem com vários passes destes aços, a microestrutura é ainda mais com
plexa, pois cada passe pode afetar os passes imediatamente abaixo, causando a sua
reaustenitização e subsequente transformação desta no resfriamento e, assim, alterando
(refinando) parcialmente a sua m icroestrutura. A Figura 16 ilustra este efeito em uma
solda de vários passes de um aço carbono.
0-----------------1 * 2
1
3
1-1------------------1
cm
Figura 16
Macrografia de uma solda de vários p asses realizada em um aço de baixo carbono
As propriedades da zona fundida dependerão de sua estrutura final, incluindo as micro-
estruturas de solidificação e a secundária, bem como a presença de descontinuidades.
Figura 17
Estrutura da ZTA de um aço de baixo carbono (esquemática). A - Região de crescimento de
grão. B - Região de refino de grão. C - Região intercrftica. Ver texto para uma explicação desta
figura
CAFtnODS Q Q
FUN0AM£N7DS DA METAlUBíaA QA SOtDAféM I 3 3
Compreende a região do metal de base mais próxima da solda e que foi sub
metida a temperaturas entre cerca de 1.200 °C e a temperatura de fusão. Nesta
situação, a estrutura austenítica sofre um grande crescimento de grão. Este cres
cimento dependerá do tipo de aço e da energia de soldagem (processos de maior
energia resultarão em granulação mais grosseira). A estrutura final de transforma
ção dependerá do teor de carbono e de elementos de Siga em geral, do tamanho
de grão austenítico e da velocidade de resfriamento. A granulação grosseira da
austenita dificulta a sua transformação durante o resfriamento (isto é, aumenta a
sua temperabilidade), o que pode ser acentuado se o aço for ligado ou tiver um
maior teor de carbono. De um modo geral, esta região é caracterizada por uma
estrutura grosseira, com a ferrita apresentando uma morfologia em placas e a pre
sença de bainita. Condições de soldagem que resultem em uma maior velocidade
de resfriamento, particularmente em aços ligados ou corp maior teor de carbono,
podem resultar, nesta região, em uma estrutura completamente martensítica.
Esta região tende a ser a mais problemática da ZTA de um aço. podendo ter baixa
tenacidade e ser um local preferencial para a formação de trincas. Para um dado
material, espessura e tipo de junta, as condições de resfriamento e, portanto, a
microestrutura desta região, poderão ser ajustadas pela seleção adequada das
condições de soldagem, particularmente a energia de soldagem e a temperatura
de pré-aquecimento da junta.
- Distorção
• D escontinuidades estruturais
- Porosidades
- Inclusões de tungsténio
- Falta de fusão
- Falta de penetração
- Mordedura
- Trincas e
- Outras
• Propriedades inadequadas
- Propriedades mecânicas
- Propriedades químicas e
- Outras
São inconform idades nas dim ensões ou form a dos cordões de solda. Sua gravi
dade varia com a m agnitude e a aplicação, ou processam ento posterior que a peça
soldada vai ser submetida.
CAPÍTULO 6 j
FUNDAMENTOS OA METALURGIA DA SOLDAGEM
Origem
São alterações de form a e dim ensões que com ponentes soldados sofrem com o
resultado de deform ações plásticas devidas ao aquecimento não uniform e e loca
lizado durante a soldagem.
Causas práticas
Consequências
Mudanças de form as e dimensões.
Medidas corretivas
(c)
Figura 18
Formas básicas de distorção em juntas soldadas: (a) Contração transversal,
(b) contração longitudinal e (c) distorção ^ngular
| SOLDAGEM
102 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Este deve ser considerado, na medida em que variações geométricas bruscas agem
como concentradores de tensões, facilitando a form ação e a propagação de trincas.
A Figura 19 mostra alguns exem plos de perfis inadequados de soldas. Convexidade
excessiva de cordões em soldas multipasses podem causar falta de fusão e/ou inclusões
de escória entre passes. Em quase todos os casos, um perfil inadequado do cordão de
solda está relacionado com a manipulação ou posicionamentos imperfeitos do eletrodo
e/ou utilização de parâmetros de soldagem inadequados.
Figura 19
Exemplos de perfis de soldas inadequados (esquemático)
O posicionam ento ou o dim ensionam ento inadequado das peças pode levar a
problemas com o o desalinhamento em juntas de top o (Figura 20). Problemas de dis
torção podem também ser um im portante fator para a obtenção de juntas soldadas
com um form ato incorreto.
Figura 20
Desalinhamento em junta de topo
CAPÍTULOS I r .- }
FUNDAMENTOS DA METALURGIA DA SOLDAGEM 1u J
7.2.1 - Porosidades
Origem
Causas práticas
Consequências
Medidas corretivas
A formação de porosidade pode ser minimizada pelo uso de materiais lim pos e
secos, de equipam entos em boas condições e pelo uso de parâmetros de soldagem
adequados.
ill ifü
lis J K .
n
K-- *|f
(a) (b) , (c) (d)
Figura 21
Formas de porosidade: (a) distribuída, (b) agrupada,
(c) alinhada e (d) vermicular (esquemática)
SOIO AGEM
UH FUNOAMENTOS E TECNOLOGIA
Origem
Vários processos de soldagem utilizam fluxos que formam escória que tende a
se separar do metal líquido na poça de fusão. Além disso, várias reações se proces
sam na poça, podendo gerar produtos insolúveis no metal líquido que tendem a se
separar deste e tam bém form ar escória. Por diversos motivos, parte desta escória
pode ficar presa entre os passes de solda ou entre estes e o meta! de base.
Manipulação incorreta do eletrodo, de tal forma que a escória flui à frente da poça
de fusão, particularmente, na soldagem fora da posição plana e na remoção parcial da
escória solidificada entre os passes de solda. Este problema é especialmente agravado
quando os passes têm uma convexidade excessiva ou o chanfro é m uito estreito. Este
tipo de inclusão apresenta-se, em geral, com uma forma alongada numa radiografia.
Consequências
Medidas corretivas
Inclusão de escória
Figura 22
Inclusão de escória (esquemática)
Este tipo de inclusão ocorre na soldagem com o processo TIG, quando a ponta
do eletrodo toca o metal de base ou a poça de fusão, em especial, na abertura do
arco sem ignitor de alta frequência, ocorrendo a transferência de partículas de tu n
gsténio para a solda.
CAPÍTULO 6 !
FU\O AVE mos DA METALURGIA DA SDOlA GfM j
Origem
Causas práticas
Consequências
Medidas corretivas
Figura 23
Falta de fusão (esquemática)
Origem
O term o refere-se a falhas em se fundir e encher com pletam ente a raiz da solda,
com o mostra a Figura 24.
SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Causas práticas
Manipulação incorreta do eletrodo, junta mal projetada (ângulo de chanfro ou
abertura de raiz pequenos), corrente de soldagem insuficiente, velocidade de sol
dagem muito alta e diâmetro de eletrodo m uito grande.
Consequências
Redução da seção útil da solda e concentração de tensões.
Medidas corretivas
A falta de penetração pode ser evitada pelo projeto adequado da junta e utiliza
ção de um procedim ento de soldagem apropriado. Deve-se ressaltar que muitas
juntas são projetadas para serem soldadas com penetração parcial. Nestes casos,
a penetração parcial não constitui um de feito de soldagem.
Figura 24
Falta de penetração (esquemática)
7.2.6 - Mordeduras
Origem
Causas práticas
Consequências
Medidas corretivas
vários passes, a sua eliminação (com 0 esmeril, por exemplo) é im portante para se
evitar problem as na deposição dos passes seguintes.
7.2.7 - Trincas
Figura 25
Classificação das trincas de soldagem de acordo com a sua localização:
(1) trinca na cratera, (2) trinca transversal na ZF. (3) trinca transversal
na ZTA. (4) trinca longitudinal na ZF, (5) trinca na margem da solda,
(6) trinca sob o cordão, (7) trinca na linfia de fusão e
(8) trinca na raiz da solda
SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Figura 26
Trinca formada no centro do cordão de solda entre uma chapa de aço baixo
carbono de 9 mm de espessura e um pino de aço SAE 1045. Ataque: Nital 10%
Vários mecanismos atuam para a formação de trincas em soldas. Assim, essas podem
ser formadas durante a soldagem (na solidificação), durante o resfriamento da junla,
horas após a realização da soldagem, quando da realização de tratamentos térmicos
para alívio de tensões e, mesmo, em serviço, muitos meses (ou anos) após a soldagem.
Vários acidentes graves em componentes soldados, que ocorreram em diferentes partes
do mundo e resultaram em perdas materiais e de vidas humanas, foram associados à
existência de descontinuidades em soldas, particularmente com trincas.
Dois dos mecanismos mais com uns de form ação de trincas em soldas serão
discutidos resum idam ente a seguir.
Figura 27
Microtrincas de solidificação na ZF de uma liga Fe-Mn-AI-Si-C. 20üx
FUNDAMENTOS DA METALURGIA DA SOLDAGEM ! 109
Trinca Trinca
Trinca Trinca
(c) (d)
Figura 28
Formação de trincas a quente favorecida pelo formato do cordão em:
(a) uma solda de filete côncava e (b) passe de raiz côncavo em junta de topo, (c) soldas de topo
com elevada razão penetração/largura e (d) em cordão em forma de sino
Quatro fatores são considerados como fundam entais para o aparecimento desta
form a de fissuração:
• presença de hidrogênio: este elemento pode ser absorvido pela poça de fusão e
incorporado à solda a partir de material orgânico ou de umidade existentes nos con-
sumíveis de soldagem ou na superfície da junta.
I
• microestrutura sensível: a fragilização ocasionada pelo hidrogênio é mais perniciosa
quando a microestrutura é de baixa tenacidade e elevada dureza, destacando-se, neste
sentido, a presença de martensita. Assim, condições de soldagem que favorecem o
desenvolvimento de velocidades elevadas de resfriamento (por exemplo, a soldagem
SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
• temperatura: a fissuração pelo hidrogênio ocorre entre cerca d e -100 e 200°C. Assim,
a manutenção da solda acima desta faixa de temperatura por um período adequado
de tempo pode permitir a difusão do hidrogênio para fora da junta e, desta forma,
reduzir a chance de formação de trincas.
(a) (b)
Figura 29
Exemplo de um problema de corrosão preferencial da solda observado em uma tubulação de
aço baixo carbono, (a) Esquema e (b) micrografia com 100x de aumento
«r-
€ m SOlOAQOa
n na uK sntn e tecnm dqm
g) Descreva a macroestrutura de urra solda por fusão em aço. Explique o porquê destas
características.
Deposite cordões de solda sobre uma chapa de aço. usando, por exemplo, as
condições abaixo:
1. Introdução
Figura 1
Tensões residuais desenvolvidas junto à superfície de uma peça sendo esmerilhada
(b)
Figura 2
Volume ocupado pelo metal de adição: (a) no estado líquido e (b) à temperatura ambiente,
esquem ático
A£ = e - ( Q =CQx a AT (Eq.1)
onde (A/) é a variação do com prim ento inicial (l0), e a é o coeficiente de dilatação
térmica linear. Se um objeto for aquecido e resfriado uniform em ente e não existirem
restrições às suas variações dimensionais, estas não resultam em efeitos mecânicos
importantes no objeto. Contudo, se a variação de tem peratura não for uniform e ao
longo da peça ou se esta não puder se expandir ou contrair livremente durante o
ciclo térm ico, tensões residuais e/ou distorções podem se desenvolver.
Como um exemplo inicial, suponha-se que duas barras metálicas de grande seção
transversal sejam unidas por três outras barras metálicas de m enor seção transver
sal, com o m ostrado na Figura 3, de tal forma que nenhuma das peças envolvidas
esteja sob esforço mecânico, isto é, que o nível de tensões internas seja nulo ao
final desta etapa. Suponha agora que a barra central seja aquecida, por exemplo,
com um m açarico a gás, de maneira uniform e. Faça-se então uma análise das con
sequências deste aquecimento, em termos das tensões que se desenvolverão nas
SOLDAGEM
6 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
peças da m ontagem proposta. Para isso. deve ser lem brado que os metais, quando
aq.uecidos, tendem a se expandir (dilatação térmica), que, quando as tensões apli
cadas atingem o lim ite de escoam ento (tensão mínima para deformação plástica),
o material se deform a plasticam ente e que o lim ite de escoam ento tende a dim inuir
com o aum ento da tem peratura.
(a) (b)
Figura 3
Diagrama esquemático da montagem das três barras: (a) conjunto de barras presas nas
extremidades e (b) barra central sendo aquecida
Temperatura (°C)
Figura 4
Diagrama esquemático das tensões internas em função da temperatura na barra central da
Figura 3
CAPÍTULO 7 - .
TENSÕES RESIDUAIS E DISTORÇÕES EM SOLDAGEM • '/
Portanto, ao final do processo, a barra central que inicialmente não estava subme
tida a nenhum esforço interno, agora apresenta tensões internas (chamadas tensões
residuais) da ordem do lim ite de escoamento à tração. Para manter o equilíbrio, como
já discutido, as barras laterais estão sujeitas a tensões de compressão.
Figura 5
(a) Comparação entre as tensões residuais desenvolvidas na montagem de três barras e (b) as tensões
residuais longitudinais formadas ao longo da direção transversal (y) de uma solda de topo por fusão
• métodos que utilizam alguma forma de solicitação mecânica podem ser usados para
diminuir as tensões residuais de um componente soldado.
*
3.3 - Fratura frágil
Estruturas soldadas são particularm ente propensas à falha por fratura frágil
devido a diversos fatores, destacando-se:
i<?n touAoai
,£ U FUKOMIBITOSI TtttRlOQA
• uma estrutura soldada é monolítica, não apresentando interfaces (como em uma estru
tura rebitada) que possam interromper a propagação de uma trinca de fratura frágil:
Trincas são frequentemente formadas em soldas. Estas trincas podem ser asso
ciadas basicamente a dois fatores: uma solicitação, isto é, tensões mecânicas de
tração, e uma incapacidade do material, muitas vezes, momentânea, de acomodar
esta solicitação deformando-se plasticamente (fragilização). Fragilização da região da
solda e de regiões adjacentes a esta pode ocorrer por diversos motivos (formação de
filmes de líquido em contornos de grão, crescimento de grão, presença de hidrogênio
dissolvido no material, precipitação etc.) durante e após a soldagem.
4. Distorções
figura 6
Evolução da deflexão longitudinal de uma barra pelo calor de soldagem. 6, - Deflexão ou
distorção final, (a) Soldagem, (b) resfriamento posterior
i 9 9 I SOLDAGEM
LL\
1 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
(d)
Figura 7
Tipos básicos de distorçáo em soldagem : (a) contração transversal; (b) contração longitudinal;
(c) distorção angular e (d) flexão em relação à linha neutra
CT = 0 .2 ^ L + 0 ,0 5 / (Eq. 2)
' t
Após a soldagem, as tensões residuais podem ser aliviadas por m étodos térm icos
ou mecânicos, m ostrados na Tabela I.
Tabela I - Métodos para aliviar tensões residuais, segundo Okumura e Taniguchi, no livro
Engenharia de soldagem e aplicações
5.2.2 - Na fabricação
• colocar peças na sua posição correta e utilizar dispositivos de fixação e técnicas para
minimizar a distorção (ponteamento antes da soldagem, gabaritos etc.); e
a) remoção a quente;
• aquecimento localizado
b) remoção a frio:
• calandragem
• prensagem
• martelamento etc.
CAPÍTULO7 ! , f ) c
TENSÕESRESIDUAISEDISTORÇÕESEMSOLDAGEM 1^0
6. Exercícios
a) 0 que são tensões residuais? Descreva o seu aparecimento em soldas. Mostre a sua
distribuição usual em uma solda de topo.
c) Mostre como tratamentos térmicos e mecânicos podem reduzir o nível das tensões
residuais. Sugestões: para o tratamento térmico, considere o efeito da temperatura
no limite de escoamento e, para o tratamento mecânico, considere a resposta da
questão anterior.
AUTOMAÇÃO DA SOLDAGEM
1. Fundamentos
O O
Ação
j * á
^ 88 * 3 !
f
f Sg
Abertura e
Máquina Máquina
manutenção Soldador Máquina Máquina Máquina
(com sensor) (Robô)
do arco
Alimentação
SoId8dor Máquina Máquina Máquina Máquina Máquina
de material
Máquina
Controle do (Robô)
Máquina
calor e pene Soldador Soldador Máquina Máquina
(com sensor) (só com
tração
sensor)
Deslocamen Máquina Máquina
Soldador Soldador Máquina Máquina
to da tocha (com sensor) (Robô)
Máquina
Procura e Máquina, (Robô)
Máquina
seguimento Soldador Soldador Soldador trilha progra
(com sensor)
da junta mada (só com
sensor)
Direciona
mento da Máquina Máquina
Soldador Soldador Soldador Máquina
tocha e do (com sensor) (Robô)
arco
Máquina
(Robô)
Correção e Máquina
Soldador Soldador Soldador Não ocorre
compensação (com sensor) (só com
sensor)
O termo automático indica que todas as funções ou passos de uma operação são
executados, em sequência, por meios mecânicos e/ou eletrônicos, sem qualquer ajuste
feito pelo soldador, exceto uma eventual programação do equipamento. A automação
também pode ser parcial, com certas funções ou passos executados pelo soldador.
Dizer que um processo é semiautomatizado é dizer que algo está faltando para que o
mesmo se torne automatizado. Assim, embora muito usado, o termo semiautomático
não é muito adequado, sendo mais adequado o termo semimecanizado. Pelo exposto,
Uma nova classificação dos processos de soldagem é apresentada na Tabela II.
CAFfnH08 <9Q
AUTOMAÇÃO DA SOIQAKM 1
Tipo de operação
Atividades Manual Semimecanizado Mecanizado Automático
Abertura e manutenção do arco Soldador Máquina Máquina Máquina
Direcionamento da tocha e do
Soldador Soldador Soldador Máquina
arco
Máquina
Correções e compensações Soldador Soldador ■Soldador (podendo ou
não ocorrer)
2. Equipamentos
(a) (b)
Ombro Cotoveio
Extensão //
(C) (d)
Figura 1
Configurações básicas de robôs industriais: a) retangular; b) cilíndrico; c) esférico e d)
articulado
SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
A Figura 2 apresenta uma célula robótica com configuração básica para a solda
gem (robô, fontes de energia e gás de proteção e mesa posicionadora), e a Tabela III
apresenta uma descrição sucinta dos principais com ponentes e suas características
mais im portantes.
Figura 2
Configuração básica de uma célula robótica
Com ponentes
Características importantes
básicos
Figura 3
Tipo de posicionador para soldagem robotizada de 3 graus de liberdade
(1) calibração da posição da tocha de soldagem, para assegurar que 0 robô operará dentro
de sua faixa de alcance e precisão:
(2) localização dos componentes de trabalho (mesa. gabaritos, fixadores etc.) e definição
do tipo de fonte de energia;
(3) definição do caminho que será seguido pela tocha, assim como a localização dos
cordões de solda;
(4) definição das condições de soldagem a serem utilizadas e que devem estar atreladas
às coordenadas de movimentação do robô. Nessa etapa da programação, são inseridos
na programação dois conjuntos de dados: o primeiro, no inicio da trajetória, onde
será depositado o cordão, contendo instrução para a abertura do arco; e o segundo,
no final da trajetória, contendo instrução para a extinção do arco; e
4. Aplicações Industriais
5. Exercícios
a) Explique com suas palavras quando um robô para soldagem pode ser considerado um
sistema automático e quando pode ser considerado semiautomático considerando
as definições apresentadas nas Tabelas I e II. Em que situação ele é considerado
mecanizado?
e) Que outros tipos de posicionadores você acha que poderiam ser utilizados para sol
dagem? Esboce os tipos indicando os movimentos com setas.
CAPÍTULO 9
1. Introdução
entre empresas de diferentes países, a maior ênfase nas necessidades dos clientes
e a-maior demanda para a conservação de recursos e proteção do meio ambiente
tornaram o uso de normas técnicas e o desenvolvimento de sistemas de garantia
da qualidade (e do meio ambiente) fundamentais para empresas que anteriormente
não se preocupavam com estes aspectos. Finalmente, o registro padronizado das
operações envolvidas em um dado processo e os seus resultados é uma forma efi
ciente de uma empresa guardar e demonstrar o seu domínio de uma dada tecnologia,
podendo representar, assim, uma vantagem competitiva.
Termo DeMçáo
Norma Aplica-se coletivamente para Códigos, Especificações, Práticas Recomendadas.
Classificações e Guias para processos, materiais e aplicações que tenham sido
preparados e aprovados por uma organização normalizadora, uma entidade de
classe ou profissional ou alguma outra organização similar.
Código Consiste de um conjunto abrangente de regras e normas sistematicamente
arranjadas para uma dada aplicação. Em muitas situações, um código tem caráter
obrigatório estabelecido por lei ou contrato.
Especificação Trata-se de uma norma que descreve de forma clara e precisa as exigências técnicas
relativas a um material, produto, sistema ou serviço.
Prática reco Éuma norma que descreve práticas industriais gerais para algum processo, técnica,
mendada método ou material, em particular, e que dçve ser considerada antes de se usar
este processo, técnica, método ou material:
Classificação Trata-se de uma norma cujo objetivo primário é estabelecer um arranjo ou divisão
de materiais ou produtos em grupos baseados em características similares.
Método Consiste em um conjunto de requerimentos relacionados com o modo pelo qual um
tipo particular de ensaio, técnica de amostragem, análise ou medida é realizado.
Guia Trata-se de uma norma que informa ao usuário sobre os melhores métodos para
realizar uma determinada tarefa. Em geral, fornece um conjunto de diferentes
métodos.
Especificação Éum documento, em geral, baseado em exigências de alguma norma, que indica as
de procedimen variáveis de soldagem para uma aplicação especffica para garantir a repetibilidade
to de soldagem dos resultados em soldas realizadas por soldadores ou operadores treinados de
forma adequada.
2. Normas em Soldagem
• AWS D1.1. Structural Welding Code (estruturas soldadas de aço carbono e de baixa
liga)
«40 touusat
rawMKBnssEncttouGU
• DNVÍ Rules for Design, Construction and Inspecion of Offshore Structures (estruturas
marítimas de aço)
Eletrodos de aço carbono e fluxos para a soldagem a arco subçherso NBR10617 01/1989
Eletrodos de aço carbono e fluxos para a soldagem a arco submerso NBR10618 01/1989
Eletrodos revestidos de aço carbono para a soldagem a arco elétrico N8R10614 01/1989
Eletrodos revestidos de aço carbono para a soldagem a arco elétrico NBR10615 01/1989
• Ensaio de dobramento
• Ensaio de tração
• Ensaio de dureza
• Macrografia
• Testes de corrosão
• processo de soldagem
• posição de soldagem
• classe do consumível
• espessura da junta
1 . Controle antes da soldagem, que abrange, por exemplo, a análise do projeto, cre
denciamento de fornecedores ou controle da recepção de material (metal de base e
consumíveis), qualificação de procedimento e de soldadores, calibração e manutenção
de equipamentos de soldagem e auxiliares.
2. Controle durante a soldagem, que inclui o controle dos materiais usados (ex.: con
trole da armazenagem e utilização de eletrodos básicos), da preparação, montagem
e ponteamento das juntas e da execução da soldagem (por exemplo, a verificação
se o consumfvel está correto, se as ferramentas estão adequadas e se a EPS está
sendo seguida).
3. Controle após soldagem, que pode ser realizado através de inspeções não destrutivas
e de ensaios destrutivos de componentes selecionados por amostragem ou de corpos
de prova soldados juntamente com a peça.
4. Exercícios
Figura 1
Formulário para Especificação de Procedimento de Soldagem. (Baseado parcialmente no código
ASME, SeçSo IX. Este formulário é uma adaptação simplificada de uso apenas didático. Ver na
próxima página o verso do formulário.)
CAPflUlOS I « A-,
NORMASEOUAUHCAÇtóEMSOIDAGEM | 1*»/
D E TA LH E S D A JU N TA :
Figura 1
(Cont.) Face oposta de uma EPS
148 ftM OJUttNTOS C TWKOtOOU
Revestimento: Tipo(s): _
Material:_________ Espessura: Mistura:
Compos Química: Vazão:
Outros: Proteção na raiz: Gás:. Vazão:
Figura 2
Exemplo simplificado de formulário de RQPS
CAPÍTU109 I . iiQ
NORMAS EÜUAUfCAÇtoa» SOlDM»4 1^9
Teste de Tração
Tipo de CP: Dimensões:
Chanfro: ( ) Reforço: ( Pinos: ( Limite de resistência mínimo:
No. CP Largura Espessura Área Carga Lim Resist. Tipo Fratura OBS
Teste de Dobramento ■
Dimensões do CP:
Tipo Teste Resultado Tipo Teste Resultado Tipo Teste Resultado Tipo Teste Resultado
1
Teste de Impacto
Tipo: Dimensões do CP: Temperatura
Localização do entalhe: Metal de Solda - MS. Metal base - MB. Zona termicamente afetada -ZTA
CP Num Localização Energia Absorvida % Fratura dúctil Expansão Lateral
So aplicável
Ensaio de dureza: Tído: Valores: ( ) Aprov. ( ) Reprov.
Inspeção Visual: ( ) Aprov. ( ) Reprov.
Torque: ( ) Aprov. ( ) Reprov.
Análise Química: ( ) Aprov. ( ) Reprov.
Estanqueidade: Tipo: ( ) Aprov. ( ) Reprov.
Ensaio não destrutivo: Tipo: ( ) Aprov. ( ) Reprov.
Tipo: ( ) Aprov. ( ) Reprov.
Tipo: ( ) Aprov. ( ) Reprov.
EmDresa/Laboratório:
Certificamos que os resultados de ensaios registrados neste documento estão corretos e que as soldas
examinadas foram preparadas, soldadas e testadas conforme os requisitos da Norma Técnica
. Dara este tioo de oualificacáo.
/ /
Apmvaçio
Responsive!
Reviséo
Figura 2
(Cont.) Formulário de RQPS (face oposta)
150 iClOMUM
FUNDAMENTOS E TECNOUS1A
Laboratório:
Teste Num: Responsável:
Teste Num: Responsável:
Teste Num: Responsável:
Laboratório:
Teste Num:
Responsável:
Radiografia
Num Filme Resultado Observações Num Filme Resultado Observações
Figura 3
Exemplo (simplificado) de um formulário para qualificação de soldador
CAPÍTULO IO
1. Introdução
avaliação incorreta dos custos de soldagem pode levar a empresa a oferecer preços
m uito baixos e gerar perdas econômicas, ou preços m uito altos que inviabilizarão a
empresa na captação de obras.
100%
■ Brasil
Cç 80%
0 E .U .A
*ro 60%
o
(3
% 40%
t:
£ 20%
0% B fc a H
Máo-de-Obra e Equipamentos Consumíveis Energia Elétrica
"Overtiead" Soldagem
Figura 1
Distribuição d o s principais custos de sold agem
O custo unitário m ostrado acima pode ser calculado incluindo salários, encargos
sociais e os custos fixos da empresa ("overhead"). Para se obter este valor, pode-se
solicitar junto ao departamento de pessoal o total da folha de pagamentos mensal total
ou setorial, dependendo da conveniência, incluindo encargos sociais, e dividir esse
valor pelo número total de horas trabalhadas no mês em operações de soldagem.
C APÍTUL010 iç o
K IB W N A Ç Ã O DOS CUSTOS 06 SOLDAGEM I 1
Num cálculo mais focalizado, o custo da mão de obra pode levar em conta apenas
o trabalho do pessoal envolvido diretam ente com a soldagem, incluindo m ontado
res e soldadores. Neste caso, os custos fixos da empresa, como aluguel, telefone,
pessoal adm inistrativo, com issões de venda etc., devem ser considerados em uma
parcela específica.
O custo dos consumíveis (CC) é dado pela soma dos custos do metal de adição
(CMA), do fluxo (CF) e do gás de proteção (CG), se usados.
A estim ativa do custo do metal de adição deve-se iniciar pela avaliação do custo
do metal depositado (CMD), calculado pelo produto da massa de metal depositado
pelo custo do eletrodo (ou vareta), conform e a equação 3.
CMD (R$) = massa do meta! depositado (kg) x custo do eletrodo (R$/kg) (Eq. 3)
O custo do metal de adição deve levar em conta também que parte deste é per
dida na forma de respingos, pontas descartadas etc., estimada pela eficiência de
deposição (ED) e, portanto, é calculado dividindo-se o preço do metal depositado
pela eficiência de deposição do processo, como mostra a equação 5. A eficiência
de deposição depende do processo e dos parâmetros de soldagem. Algumas faixas
de valores são mostradas na Tabela III. Em alguns casos não se utiliza material de
adição, como por exemplo, na soldagem de chapas finas, sem abertura de raiz.
CMA (R$) = -1 00^ 1D _ (Eq 5)
Processo 9(% )
SMAW
Comprimento: 350mm 55-65
450mm 60-70
SAW 95-99
GMAW 85-97
FCAW 80-90
Em outros casos se usam, além do metal de adição, fluxos de soldagem e/ou ga
ses de proteção, que devem ser considerados e incluídos no custo dos consumíveis.
Deve-se, então, acrescer ao custo destes o custo do fluxo (se for o caso, como, por
exemplo, na soldagem a arco submerso) e o custo do gás de proteção, para o caso
da soldagem MIG/MAG ou TIG, por exemplo.
O custo do fluxo (CF) pode ser estimado pela razão (massa de fluxo consumido)/
(massa de metal depositado). RMF, que pode ser obtida junto aos fornecedores, para
cada tipo de fluxo. Normalmente, esta relação varia de 0.9 a 1.2. Assim,
O custo dos gases (CG) de proteção é obtido geralmente pelo produto da vazão
utilizada pelo tempo de arco aberto e preço do metro cúbico do gás.
CG (R$)= [vazão de gás O/min) x tempo de arco aberto (s) x custo do gás (R$/m3 ] / 60.000 (Eq.7)
5. Custo de Depreciagão
6. Custo de Manutenção
O custo médio de manutenção (CMM) deve ser avaliado com base nos custos de
manutenção do equipamento, num certo período de tempo, dividido pelo número
de horas de operação deste equipamento no mesmo período. Assim, o custo da
manutenção para uma determinada operação será dado por:
Este custo pode ser avaliado para cada equipamento em particular ou para todo
um conjunto.
8. Considerações Finais___________________________________
9. E x e m p l o _______________________ ________
Suponha-se que a junta de ângulo da Figura 2, com um filete de 6,4 mm, será
soldada por dois processos diferentes; eletrodo revestido e arco submerso. Em
seguida será calculado o custo aproximado da solda feita pelos dois processos,
considerando apenas os custos de mão de obra, custo do metal depositado e custo
de energia elétrica. Alguns dados a serem considerados nos cálculos são fornecidos
nas Tabelas V e VI. Será tomado como comprimento total da solda 100 cm e a razão
de consumo de flúxo igual a 1.
figura 2
Junta considerada no cálculo de custo da soldagem deste exemplo
Tensão (V) 25 30
Item Valor
Mão de obra R$25,00/h
Eletrodo R$5.00/kg
Arame R$4,00/kg
Fluxo R$3,00/kg
Energia elétrica R$0,19 kwh
O tempo de arco aberto a ser usado será obtido a partir da velocidade de solda
gem dada naTabela III. Já o tempo de soldagem deve levar em consideração o fator
de ocupação do soldador ou operador, e serão considerados os valores de 0,4 e 0,9,
respectivamente, para a soldagem com eletrodos revestidos e arco submerso.
Eletrodo: tempo de arco aberto = (100 cm)/[25cm/min) = 4 min = 4/60h = 0,067h
tempo de soldagem = 0,067/0,4 = 0,17h
Arco submerso: tempo de arco aberto = (100 cmW60cm/min) = 1,67 min = 0,028h
tempo de soldagem = 0,028/0,9 = 0,031 h
CM0 (R$) = (custo unitário) (RS/h) x tempo total de soldagem (h) (eq. 2)
MMD ~ A (cm2) x L (cm) x p ( kg/cm3) = (0,64 x 0,641/2 x 100 x 0,00785 = 0,16 kg (eq. 4)
CMD (R$) = Massa do metal depositado (kg) x custo dos consumíveis (R$/kgJ (eq. 3)
CMA (R$) = CMD/ED (eq. 5)
CAFtTUU010 «cn
DETERMINAÇÃO DOS CUSTOS DE SOLDAGEM 13 3
Note-se que foi atribuído rendimento de 0,60 para o eletrodo revestido e 0,95
para o arco submerso e a razão de consumo de fluxo de 1/1.
10. Exercício
1) Calcule o custo da soldagem da junta abaixo pelos processos arame tubular e eletrodo
revestido. Use os dados do exemplo anterior e suponha outros, se forem necessários.
C'
PARTE 2
PROCESSOS DE SOLDAGEM E AFINS
CAPÍTULO 11
A-SOLDAGEM A GÁS
1. Fundamentos
Oxigênio +
gás combustível
( V<J: I
. ijDro
Poça de fusâo
Figura 1
Diagrama esquemático de uma soldagem oxi-gás
O equipamento usado é bastante simples, tem baixo custo e tam bém pode ser
usado, com pequenas variações, em outras operações com o dobram ento e desem-
peno de peças metálicas, pré e pós-aquecim ento em soldagem, em operações de
brasagem, solda-brasagem e corte a gás.
Os gases usados como com bustível devem ter alta temperatura de chama, alta
taxa de propagação de chama, alto potencial energético e mínima reação química
com os metais de base e adição. O gás mais usado é o acetileno.
2. Equipamentos
Figura 2
Equipamento básico para soldagem oxi-gás
Os cilindros para oxigênio e outros gases armazenados a alta pressão são feitos
de tubos de aço sem costura, suportam pressões internas de até 150 a 200 kgf/m m 2
e têm capacidade de armazenamento entre 1 e 10m3, em geral. Antes de serem
usados, estes cilindros passam por testes hidrostáticos a pressões maiores do que
as de utilização. Os cilindros de gases devem ser sem pre identificados e periodica
m ente testados pelos fornecedores de gás.
O oxigênio é elem ento com burente e, quando sob pressão, pode reagir violen
tam ente com óleo ou graxa. Assim, os cilindros, m anóm etros e outras peças que
entram em contato direto com o oxigênio (e tam bém outros gases) nunca devem
ser lubrificados, devem ser m antidos lim pos e armazenados longe de combustíveis.
O contato com cabos e condutores elétricos tam bém deve ser evitado.
a queda de pressão e a falsa impressão de que o cilindro está vazio. Além disso, o
acetileno poderá arrastar consigo partículas de acetona, que afetarão a chama e a
qualidade do trabalho. A acetona tam bém pode ser retirada caso o cilindro de acetileno
esteja deitado durante a operação, o que precisa ser evitado.
O acetileno em contato com o cobre, mercúrio ou prata pode, sob certas condi
ções, formar com postos explosivos, que podem ser detonados por simples choques
ou aplicação de calor. Por essa razão, as canalizações usadas para o acetileno são
feitas, geralmente, de ferro ou aço. Apesar disso, os bicos dos maçaricos em geral
são feitos de cobre mas não oferecem perigo, já que a pressão e tem po de contato
com o acetileno, neste caso, não são suficientes para a reação.
Todo cilindro deve sem pre ser armazenado em locais frescos, ventilados, limpos
e secos. Durante o uso. os cilindros não devem ficar deitados. Choques mecânicos
violentos com os cilindros devem ser sempre evitados.
Os maçaricos são dispositivos que recebem o oxigênio e o gás combustível puros e
fazem a sua mistura na proporção, volum e e velocidade adequados à chama desejada.
O volume liberado dos gases determinará o tamanho desta e sua capacidade de aque
cim ento; a velocidade determinará se a chama será violenta, intermediária ou suave,
e a proporção dos gases determinará seu caráter oxidante, neutro ou carburante.
Basicamente, existem dois tipos de maçarico: os de média pressão, do tipo
misturador, e os de baixa pressão, do tipo injetor. O m açarico misturador, m ostrado
na Figura 3, é utilizado juntam ente com cilindros ou geradores de acetileno de
média pressão, sendo usadas as mesmas pressões de trabalho para o oxigênio e o
acetileno.
«
«
Figura 3
Maçarico misturador: (1) Registro de oxigênio, (2) Registro de acetileno, (3) Câmara de mistura,
(4) Divergente, (5) Extensão, (6) Bico
O maçarico do tipo inietor, mostrado na Figura 4, pode ser utilizado com o acetileno a
baixa pressão, uma vez que utiliza um sistema em que a pressão do oxigênio é usada
para aspirar o acetileno. Neste maçarico o oxigênio passa a grande velocidade através
de um pequeno orifício, criando um vácuo parcial que arrasta o acetileno. Os gases
CAPÍTULO 11 1 R r
SOlUAGEM £ CORTE A GÁS ID O
Figura 4
Maçarico injetor: (1) Registro de oxigénio. (2) Registro de acetileno, (3) Injetor, (4) Divergente,
(5) Extensão. (6) Bico
Os bicos dos maçaricos, tam bém cham ados de extensões, são intercam biáveis
e de diversos tam anhos, devendo ser escolhidos em função da espessura das
peças a serem soldadas. A Tabela I apresenta exem plos de tam anho de extensões
e pressões de gases a serem utilizados em maçaricos dos tipos injetor e misturador,
de acordo com a espessura das peças. Extensões de diferentes tamanhos podem
ser vistas nas Figuras 3 e 4, para os dois tipos de maçarico.
"J
1
OBS: Esta tabela é apenas ilustrativa. Para valores práticos, deve-se consultar o manual do
equipamento em uso.
Figura 5
Maçarico para aquecimento
\ 'J) CAPÍTULO
CAPITULO 11
II j 1 C 7
SOLDAGEM E CORTE A GÁS I I D /
O regulador de pressão é um dispositivo que perm ite dim inuir a pressão interna
de armazenagem dos gases nos cilindros para a pressão de trabalho, mantendo-a
aproximadamente constante. Existem dois tipos básicos de reguladores de pressão:
de um e de duplo estágio, sendo que os do segundo mantêm a pressão de trabalho
mais constante, quando varia a pressão interna do cilindro. A Figura 6 mostra um
regulador de pressão típico. O gás proveniente do cilindro entra numa câmara de
alta pressão, indicada pelo m anóm etro da direita. Atuando-se no volante regulador,
aciona-se uma alavanca que está ligada a um obturador, dim inuindo a pressão sobre
uma pastilha que veda um furo existente na câmara de alta pressão. Assim, o gás
pode fluir por este orifício, atingindo uma câmara de distribuição, à qual estão ligados
o m edidor da pressão ou vazão de saída do gás e a tubulação de saída.
Figura 6
Regulador de pressão de gás típico
A abertura da válvula dos cilindros deve ser feita sem pre com o obturador fe
chado, evitando-se, assim, que o gás, saindo do cilindro a alta pressão, danifique
o redutor.
As saídas dos cilindros de gases são ligadas aos maçaricos através de manguei
ras, capazes de suportar pressões elevadas e o am biente quase sempre agressivo
do local de trabalho. Essas mangueiras são geralmente de cores diferentes, para
se evitar confusão quanto ao gás que devem transportar. Por convenção, adota-se
a cor vermelha para o acetileno, e a verde ou azul para o oxigênio.
3. Consumíveis
Os consumíveis norm alm ente usados na soldagem a gás são os gases (com
bustível e oxigênio), os metais de adição e os fluxos de soldagem, se usados. A
Tabela II apresenta as características de com bustão de alguns gases usados indus
trialmente.
SO U M SBI
168 FUMMMerros e t k k c id g ia
Tabela III - Especificações AWS para varetas de metal de adição para soldagem a gás
AWS A 5.7 Metal de adição para soldagem a gás do cobre e suas ligas
4. Técnica Operatória
ocorre na segunda região, form ando um envoltório exte'rno difuso, conhecido com o
"penacho", de cor mais avermelhada ou laranja.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 7
Aparência típica dos diversos tipos de chama: (a) acetilênica, (b) redutora, (c) neutra e (d) oxidante
SOiDA&EM
<•72 FUNOAMBflDS E TECNOLOGIA
Para a formação da poça de fusão, a ponta do cone interno deve ser posicionada de
1 a 3 mm da superfície, formando um ângulo de 45 a 60 graus com a peça e mantida
nesta posição até a fusão do metal de base.
Quando a poça de fusão atingir um tamanho adequado, a chama deve então ser
deslocada ao longo da junta, mantendo-se constante a distância do cone interno à
poça de fusão. A velocidade de soldagem deve ser escolhida de forma a não provocar
fusão insuficiente ou excessiva da peça e ser mantida constante durante a operação.
Quando necessário, promove-se a adição de metal de enchimento, que deve ser
feita na poça de fusão, à frente do cone interno. A ponta da vareta deve ser mantida
todo o tempo dentro da região do cone externo, para evitar sua contaminação pela
atmosfera.
Existem basicamente duas técnicas para a execução da soldagem oxi-acetilênica,
ilustradas na Figura 8 .0 uso da técnica soldagem a ré ou soldagem para trás produz
um cordão de solda estreito e com maior penetração, permitindo o uso de maiòr
velocidade de soldagem e a soldagem de peças de maior espessura. Já a outra
técnica, soldagem para frente, resulta num cordão mais raso, sendo adequada para
a soldagem de chapas finas, de até 3 mm de espessura. Isto se deve à aplicação do
calor mais diretamente sobre a superfície da chapa na soldagem à frente, enquanto
que na soldagem a ré, o calor é mais aplicado sobre a poça de fusão, particular
mente na soldagem com adição de metal.
Figura 8
Técnicas de soldagem oxi-acetilênica: (a) soldagem á ré ou à direita e (b) soldagem à frente ou
à esquerda
f
\£..-
CAFfTUOll
SOlCAGfMECCWTí AGÁS I ' J
5. Aplicações Industriais
f l -■ . . C- 1
\ í
: 1 ". r. ' (J
*1 7/1 , SOLDAGEM
1 Hj
' FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
B - OXI-CORTE
1. Fundamentos
.Oxigênio
I lOxigênlo +
* T combustível
Figura 1
Processo de corte a gás (esquemático)
O processo é m uito versátil, podendo cortar desde peças finas até peças com mais
de um metro de espessura de aço. Os equipamentos mais comumente usados podem
ser manuais ou mecanizados e efetuar cortes retos, curvilíneos, m últiplos etc.
CAPÍTULO 11 I 1 T C
SOLDAGEM E CORTE A GÁS j 1 / ü
2. Equipamentos
O equipam ento usado para o corte a gás é basicamente o mesmo usado na solda
gem a gás, diferenciando-se apenas pelo tipo de bico, que é próprio para operações
de corte. Este possui as partes essenciais de um maçarico de solda e uma tubulação
extra para o oxigênio de corte, dotada de uma válvula de acionamento rápido. Um
maçarico e bicos de corte típicos são m ostrados na Figura 2.
Figura 2
Maçarico e bicos de corte oxi-gás típicos
Os maçaricos de corte tam bém podem ser do tipo injetor ou misturador e tam bém
possuem bicos intercambiáveis, que são trocados de acordo com a espessura a ser
cortada. A Tabela I apresenta alguns exemplos de diâm etros de bicos, consum o de
gás e velocidade de corte para aços de baixo carbono.
3,2 0 ,5 -1 .0 4 1 -8 1 7 -2 1 1 .4 -4 ,3 4 .3 -1 1 ,8 1 .4 -4 .7
6.4 0 ,7 - 1.5 4 1 -6 6 1 4 -2 6 1 .4 -4 .3 4,3 -1 1 .8 2 .5 -5 ,7
9.5 0 ,7 -1 .5 3 9 -6 0 1 9 -3 3 2 .8 -5 ,7 4 ,7 -1 1 .8 2 ,4 -7 .1
13 1 ,0 -1 ,5 3 0 -5 8 2 6 -4 0 2 .8 -5 .7 7.1 - 14,2 2 .4 -7 .1
19 1,1 - 1.5 3 0 -5 3 4 7 -7 0 3 .3 -6 ,6 7.1 -1 4 ,2 2 .8 -8 .5
25 1.1 - 1.5 2 3 -4 6 5 2 -7 6 3 .3 -6 .6 8,5 -1 6 ,5 2 .8 -8 .5
38 1 .5 -2 .0 1 5 -3 5 5 2 -8 3 3 .8 -7 ,6 8.5 -1 6 ,5 3 .8 -9 .4
CO*
51 1 .5 -2 ,0 1 5 -3 3 6 1 -9 0
00
r^ '
CD
9,4 -1 8 ,9 3 .8 -9 ,4
1
76 1 .6 -2 .2 1 0 -2 8 9 0 -1 4 2
CO
4 .3 -9 ,4 9.4 -1 8 .9
1
Figura 3
Equipamento industrial típico de corte a gás mecanizado
3. Consumíveis
O oxigênio usado na operação de corte deve ser de pureza elevada, maior ou igual
a 99,5%. Um decréscimo de 1% nesta pureza pode resultar em um decréscimo de até
15% na velocidade de corte e um aumento de até 25% no consumo de oxigênio. Além
disso, a qualidade do corte é pior e ocorre maior aderência dos resíduos do corte nas
faces da peça. Para purezas inferiores a 95%, a ação de corte é extinguida.
Vários gases combustíveis podem ser usados no pré-aquecimento para início do corte,
incluindo o acetileno, o propano. o propileno, o butano, o metano, o GLP e o gás natural.
CAPITULOU
SOLDAGEM E CORTE A GÁS M ' •
O acetileno é o mais usado, mas, para algumas aplicações especiais, como cortes muito
longos, outros gases podem apresentar vantagens, como menor custo e maior volume
acondicionado em cilindros de uma dada capacidade.
4. Técnica Operatória
Normal
Figura 4
Efeito da velocidade de corte no acabamento das faces cortadas por oxi-corte (esquemático)
1 -7 O 1 SOLDAGEM
* ' 0 FUNDAMENTDS E TECNOLOGIA
Figura 5
Peça cortada pelo processão oxi-corte mecânico
Carbono Aços com até 0,25% de carbono podem ser cortados sem problemas
Acima disso passa a ser necessário o uso de pré-aquecimento para prevenir
têmpera e fissuração do material. Grafita e cementita são prejudiciais, mas
ferros fundidos com até 4% de carbono podem ser cortados com o uso
de técnicas especiais.
Manganês Aços com aproximadamente 14% de manganês e 1,5% de carbono são di
fíceis de cortar e o uso de pré-aquecimento produz melhores resultados.
Cromo Aços com até 5% de cromo são cortados'sem muita dificuldade quando
a superfície está limpa. Com teores mais altos, da ordem de 10%, exigem
técnicas especiais. A superfície de corte será áspera se usado o corte oxi-
acetiiênico convencional.
Níquel Aços com até 7% de níquel podem ser cortados sem maiores problemas
Oxi-corte de excelente qualidade de aços inoxidáveis podem ser feitos com
a utilização de pós e fluxos.
Tungsténio As ligas usuais com até 14% de tungsténio podem ser cortadas facilmente,
mas o corte é mais difícil quando o teor é mais alto.
Alumínio Desde que presente com teores até 10%. seu efeito não é apreciável.
Fósforo Nas quantidades normalmente toleradas nos aços, este elemento não tem
qualquer efeito.
Enxofre Pequenas quantidades comuns nos aços não têm efeito. Para teores mais
elevados a velocidade de corte é reduzida e o dióxido de enxofre passa a
ser notado.
Vanádio Nas quantidades usuais em aços. este elemento mais facilita do que pre
judica o corte.
O corte térm ico de aços tem peráveis pode exercer alguma ação de têm pera na
superfície de corte e, às vezes, se toma necessário o uso de pré-aquecimento ou
pós-aquecim ento para contornar o problema.
5. Aplicações Industriais
b) Por que uma chama redutora não deve ser usada na soldagem de um aço baixo
carbono?
1. Fundamentos
Revestlmanto
Alma.,
Metal de
adição
Escória
MètaJdã 'V
base
Poçadefutòo
Figura 1
Desenho esquemático de uma soldagem com eletrodo revestido
1Q 9 SOUMKM
*O Í RMOAMIM
Metais de baixo ponto de fusão como o chumbo, estanho e zinco, em geral, não são
soldáveis a arco e metais refratários ou muito reativos, como o titânio, zircônio, molib-
dênio e nióbio não são soldáveis com eletrodos revestidos. Diferentes combinações de
metais dissimilares podem ser soldadas por esse processo. A Tabela I mostra as faixas
de espessura de aço comumente soldadas com eletrodos revestidos. Para espessuras
inferiores a 2 mm, o material ó facilmente perfurado pelo calor do arco, em caso de
manipulação indevida e para espessuras muito grandes, a baixa produtividade do processo
é o principal fator limitante. Assim, a soldagem com eletrodos revestidos é usada mais
frequentemente para espessuras entre 3 e 40 mm, em aços.
Tabela I - Faixas típicas da espessuras para utilização da soldagem com eletrodos revestidos.
Material: aço
2. Equipamentos
Figura 2
Equipamento para soldagem com eletrodos revestidos
SOLDAGEM
1 8 4 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
O com prim ento do arco na soldagem com eletrodos revestidos é controlado manu
almente pelo soldador, sofrendo, portanto, variações durante a execução do cordão de
solda. Por esta razão, fontes de energia com características do tipo "corrente constante"
são usadas (Capítulo 5).
A tensão em vazio, isto é, a tensão existente nos bornes de saída da máquina quando
não há fornecim ento de corrente, é da ordem de 50 a 100 Volts. Valores mais elevados
de tensão em vazio facilitam a abertura do arco ou a sua reignição, no caso de soldagem
com corrente alternada, mas representam um risco maior para o soldador, em term os
de choque elétrico, com o visto no Capítulo 3. Após a abertura do arco, a tensão cai para
o valor de trabalho, entre cerca de 17 e 36 Volts, e a corrente de soldagem se aproxima
do valor selecionado.
Figura 3
Diagrama esquemático de uma instalação centralizada para postos de soldagem com eletrodos
revestidos
O porta-eletrodos tem a função de prender o eletrodo e energizá-lo; Seu cabo deve ser
bem isolado para se minimizar o risco de choque elétrico para o soldador, enquanto suas
CAPÍTULO 12 | , o c
SOLDAGEM C O M ELETRODOS REVESTIDOS I I 0 0
garras devem estar sem pre bem limpas e em boas condições, para evitar problemas de
superaquecim ento. Um porta-eletrodos é projetado para trabalhar com varetas dentro
de uma determinada faixa de diâm etros, sendo especificado pela corrente máxima que
pode conduzir. Como o peso do porta-eletrodos aum enta com o valor da corrente máxima
permissível, deve-se procurar trabalhar sempre com o m enor porta-eletrodos compatível
com uma dada aplicação, a fim de reduzir a fadiga do soldador.
• a corrente de soldagerr
A utilização de cabos de bitolas inadequadas, isto é, cabos muito finos para uma dada
aplicação, cabos danificados ou a utilização de conexões deficientes ou sujas, podem
causar superaquecim ento, perdas de energia elétrica, variações na qualidade da solda e
até m esm o a ruptura de cabos e conexões.
Figura 4
Suporte para soldagem por gravidade
3. Consumíveis
Um eletrodo revestido é constituído por uma vareta metálica, a alma, com diâm etro
entre 1,5 e 8 mm e com prim ento entre 23 e 45 cm, recoberta por uma camada de fluxo,
o revestimento. Eletrodos para soldagem por gravidade têm com prim ento entre 55 e 70
cm. A composição do revestim ento determina as características operacionais dos ele
trodos e pode influenciar a com posição química e as propriedades mecânicas da solda
efetuada. Além das funções já citadas, o revestim ento serve ainda para:
• realizar ou possibilitar reações de refino metalúrgico, tais como desoxidação, dessulfuração etc;
Um eletrodo ideal seria aquele que cum prisse plenam ente todas estas funções, a um
custo de produção satisfatório, e ainda que não apresentasse problemas de conservação
e manuseio. Obviamente, tal eletrodo não existe, e os eletrodos com erciais procuram
atender mais com pletam ente a um conjunto de exigências, em detrim ento de outras, de
m odo a torná-los adequados a determ inadas aplicações, a um custo razoável.
AWS A 5.3 Eletrodos revestidos para soldagem a arco do alumínio e suas ligas
AWS A 5.5 Eletrodos revestidos para soldagem a arco de aços de baixa liga
AWS A 5.6 Eletrodos revestidos para soldagem a arco de cobre e suas ligas
AWS A 5.11 Eletrodos revestidos para soldagem a arco de níquel e suas ligas
Os materiais mais com um ente presentes no revestim ento de eletrodos de aço são:
• celulose e dextrina: substâncias orgânicas cuja queima no arco gera uma atmosfera redu
tora, constituída principalmente por CO e H2, que protege o arco;
• silicatos: formam escória e os silicatos de potássio ou sódio agem como ligante do reves
timento e estabilizante do arco; e
■ revestimento rutílico; contém quantidade significativa de rutilo (Ti02) e produz uma escória
abundante, densa e de fácil destacabilidade. São eletrodos de fácil manipulação, podem
ser usados tanto em CC quanto em CA, em qualquer posição. Produzem um cordão de
bom aspecto, com média ou baixa penetração. A sua resistência à fissuração a quente é
relativamente baixa. Eletrodos com este tipo de revestimento têm grande versatilidade e
são de uso geral;
• revestimento celulósico: possui uma elevada quantidade de material orgânico (por exemplo,
celulose), cuja decomposição no arco gera grande quantidade de gases que protegem 0
uvniuui li I mnn
SOlDAGtM CCV EIETROOOS KEVESTBOS <09
metal líquido. A quantidade de escória produzida é pequena, o arco é muito violento, cau
sando grande volume de respingos e alta penetração, quando comparados a outros tipos
de revestimentos. O aspecto do cordão não é bom, apresentando escamas irregulares.
As características mecânicas da solda são consideradas boas, exceto a possibilidade de
fragilização pelo hidrogênio. São eletrodos particularmente recomendados para soldagem
fora da posição plana, tendo grande aplicação na soldagem circunferencial de tubulações
e na execução de passe de raiz em geral. Devido à sua elevada penetração e grande perda
por respingos, não é adequado para o enchimento de chanfros.
AWS E XXYY R
Figura 5
Esquema explicativo do sistema de classificação de eletibdos revestidos adotado pelas
especificações AWS A 5.1 (aços carbono) e A 5.5 (aços baixa liga)
Neste sistema, a identificação se inicia pela letra E. que indica que o consumível é um
eletrodo (e não uma vareta, que é indicada peia letra R). O conjunto seguinte, formado por
dois ou três algarismos, indica o limite de resistência mínimo à tração do metal depositado
4Qn souMsai
,5 ,ü ftJNfiAMSfTOSETECNOlOâU
pelo eletrodo, em ksi (1.000 psi). Esta resistência refere-se à obtida em corpos de prova
extraídos de soldas depositadas em chanfros especiais (conforme exigido nas especifica
ções), de modo a minimizar a diluição e. portanto, não considerem a influência do metal
base. Assim, por exemplo, dois eletrodos capazes de depositar, nas condições da norma,
um material com resistência mecânica de 60.000 psi (410 MPa) e 100.000 psi (685 MPa),
seriam classificados como E 60XX e E 100XX, respectivamente. O dígito seguinte é um
algarismo, que indica a posição de soldagem em que o eletrodo pode ser utilizado, sendo
1 para soldagem em todas as posições, 2 para soldagem na posição plana e horizontal e,
4 para soldagem na posição plana, horizontal e vertical descendente. O próximo dígito,
que é o último para eletrodos de aço carbono, indica o tipo de revestimento do eletrodo
e. portanto, suas características operacionais. Seu significado é mostrado na Tabela IV.
Tabela IV - Significado do último dígito da classificação AWS de alguns tipos da eletrodos revestidos
de aço carbono e aço banca liga
Vd — Vertical descendente
Assim, por exemplo, uma classificação do tipo E 6010 indica um eletrodo com
revestimento celulósico, com ligante à base de silicato de sódio, indicado para soldagem
em todas as posições, devendo-se utilizar corrente contínua, eletrodo positivo. O metal
CAPÍTWD12 1Q 1
SOLDAGBÜ COM ELETRODOS REVESTIDOS 13 1
depositado por este eletrodo, nas condições especificadas pela AWS, deve ter um limite
de resistência à tração mínimo de 60.000 psi (410 MPa).
Para aços de baixa liga, a classificação AWS apresenta, após o último digito que indica
tipo de revestimento, um hífen seguido de um conjunto de letras e números, que esta
belece classes de composição química, cujo significado é mostrado na Tabela V. Outra
diferença entre as classificações de eletrodos de aço carbono e de aço de baixa liga está
nas classes de resistência mecânica do metal depositado, respectivamente 60/70 ksi e
de 60 a 120 ksi. A seguir são mostrados alguns exemplos de classificação de eletrodos
de baixa liga e é proposto como exercício a sua interpretação: E 7018-A1, E 8018-C1, E
9015-B9, E 10016-d2, E 12018-M.
Tateia V - Códigos de composição qufmica de eletrodos da baixa Dga, segundo a norma AWS A 5.5
Código Significado
Al Eletrodos de aço carbono-molibdênio (0.40-0,65% Mo)
G Eletrodos de aço baixa liga em geral com teor mínimo de pelo menos um dos seguintes
elementos: 1% Mn. 0.8% Si. 0.5% Ni, 0.3% Cr, 0,20% Mo, 0,10% V ou 0,20% Cu
M Eletrodos para aplicações militares
* O sufixo L adicionado após o número indica baixo teor de carbono, em geral inferior a 0,05%
Os eletrodos de aço inoxidável e outras ligas ferrosas com elevado teor de cromo são
agrupados na especificação AWS A 5.4. Por esta especificação, os eletrodos são divididos
em cinco grupos, quanto às características do revestimento:
• E XXX-15 • eletrodos para operar com.somente em CC+, com revestimento básico e utilizável
em todas as posições;
• E XXX-16 - eletrodos para operar com CC+ e CA, com revestimento rutílico (potássio), usável
em todas as posições;
• E XXX17 • eletrodos para operar em CC+ e CA, com revestimento rutílico/sílica (potássio),
apresentam melhores aspecto superficial e características operacionais que os do tipo 16,
utilizável em todas as posições;
• E XXX 25 - eletrodos sintéticos (alma de aço carbono) para operar somente em CC+, com
revestimento básico semelhante ao do tipo 15. contendo ferro-ligas e pós metálicos, reco
mendados para as posições plana e horizontal; e
I SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
• E XXX 26 - eletrodos sintéticos para operar em CC+ e CA, com revestimento rutílico
semelhante aos do tipo 16, para serem usados nas posições plana e horizontal, onde XXX
é a designação do tipo de metal depositado, segundo a AISI (American Iron and Steel
Institute). A Tabela VI fornece um guia para a seleção de metal de adição para a soldagem
dos aços inoxidáveis e destes com outros materiais.
Aço
301
Metais 405 Aços baixa
302 310 321
Base 304L 316 316L 317 410 430 446b ao liga
304 314a 347
(AISI) 420 C Cr-
308
Mo
301
302
E308 E308 E308 E308 E308 E308 E308 E309 E309 E310 E309 E309
304
308
304L E308L E308 E308 E308 E308 E309 E309 E309 E310 E309 E309
310
E310 E316 E317 E308 E309 E309 E309 E310 E309 E309
314"
316 E316 E316 E316 E3Q8 E309 E309 E310 E309 E309
321
E347 E309 E309 E310 E309 E309
347
405
420
d - Arames de aço carbono e eletrodo E7018 podem ser aceitos se utilizados pré-aquecimento e
controle dc teor de hidrogênio.
c a p ít u lo12 1
j n o
SOLDAGEM COM ELETRODOS REVESTIDOS 1
ENTRADA Controle de
Laboratorio
Materai para
rcvosttmantc tstoquo I
Mistura òo pos
?
seca ^prontos J
Arames
Pressão - vekxdado
Conccntncidade
Portas • ideotificaçAo
Amostras prrtiminares
Fusâo - fumos
Cobertura/destaca bildadc
da escória
Aparência do cordão
Características econômicas
Anãltse quimjca/dimensionaJ
Umidade do revestimento
Ensacs mecânicos e de
sotdabftdade
Figura 6
Esquema de fabricação de eletrodos revestidos
S8U M CEM
194 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
CL
O
T>
a
2
£
=>
Figura 7
Absorção de umidade de um eletrodo revestido básico em função do tempo de exposição ao meio
ambiente (esquemática)
• som do choque: entre eletrodos úmidos tende a ser abafado e grave, enquanto que ele
trodos secos tendem a produzir um som mais agudo, metálico.
Ressecagem
Tipo de eletrodo Temperatura (°C) Tempo (h)
Básico 300 - 350 1 ,0 -2 ,0
Alto rendimento 2 5 0 -3 0 0 1 ,0 -2 ,0
Rutflico 7 0 -9 0 1 .0 -2 ,0
Ferro fundido 7 0 -9 0 1 ,0 -2 .0
Inoxidável rutflico 250 - 300 1 .0 -2 ,0
Inoxidável básico 200 - 250 1 .0 -2 ,0
Em balagem Em balagem
fech ada aberta
Estufa de
Forno de
conservação
w , ressecagem
Figura 8
Esquema para manuseio de eletrodos de baixo hidrogênio
4. Técnica Operatória
penetre até a raiz da junta, de m odo a evitar a falta de penetração e outros problemas. Em
princípio, por questões econômicas, deve-se usar o m aior diâmetro de eletrodo possível
para uma dada tarefa, desde que não existam lim ites para a energia de soldagem, por
questões de ordem metalúrgica.
A faixa de corrente utilizável para um dado eletrodo depende principalmente de seu
diâmetro e do material da alma, do tipo e espessura do revestim ento e da posição de
soldagem. Para cada tipo de eletrodo, existe uma faixa de corrente de soldagem para
cada diâm etro de alma. Correntes inferiores à corrente mínima podem instabilizar o arco e
causar aquecim ento e fusão insuficientes, e correntes superiores à máxima recomendada
podem prejudicar o revestim ento devido ao seu aquecim ento excessivo por efeito Joule.
Eletrodos com revestim entos espessos e isentos de substâncias orgânicas frequente
m ente suportam correntes mais elevadas, com o m ostra a Tabela VIII. Em geral, as faixas
de corrente utilizáveis para cada diâm etro de eletrodo são apresentadas na embalagem
do produto.
Tabela V III - Faixas típicas de parâmetros elétricos de operação para diferentes eletrodos revestidos,
em função de seu diâmetro
2,0 5 0 - 70 5 0 - 90
2.5 6 0 -1 0 0 65 - 105
3,25 8 0 -1 5 0 1 1 0-15 0
1 8 -2 8 2 0 -3 0
4 10 5-20 5 140-19 5
5 1 5 5-30 0 18 5-27 0
Figura 9
Influência do tipo de corrente e da polaridade na penetração: (a) C C + . (b) CC- e (c) C A
A velocidade de soldagem deve ser escolhida de form a que o arco fique ligeiram ente à
frente da poça de fusão. O uso de velocidades m uito altas resulta em cordões estreitos e
baixa penetração, de aspecto ruim, com mordeduras e escória de difícil remoção. Velocida
des m uito baixas causam um cordão mais largo, com penetração e reforço excessivos.
3 Aproximadamente
10 mm
Li
(a) (b)
Manipulação mais rápida
M _ Ponto de
abertura
do arco
20-25
Ponto de
abertura
do arco
(c)
Figura 10
Técnicas de abertura de arco (a e b) e procedimento para início de deposição (c) de um eletrodo
Durante a execução da solda, o soldador deve fazer três m ovim entos principais:
• evitar que a escória flua à frente da poça da fusão, prevenindo seu aprisionamento e for
mação de inclusões;
Direçáo de
Soldagem
Figura 12
Posicionamento para soldagem na posição plana
CAPÍTULO 12 I « « ,
SOLDAGEM COM ELETRODOS REVESTIDOS '
Figura 13
Posicionamento para soldagem na posição horizontal
Figura 14 v
Posicionamento para soldagem nas posições vertical ascendente (a) e descendente (b)
Rgura 15
Posicionamento para soldagem de filete em peças de (a) mesma espessura e (b) espessuras diferentes
Quando a soldagem vai ser reiniciada (após troca de eletrodo ou para deposição de
novo passe, por exemplo), a escória deve ser removida. Esta operação é feita com o
auxílio de ferramentas adequadas (picadeira manual ou pneumática) e pode ser simples ou
complexa. O grau de dificuldade na remoção da escória depende do tipo de revestimento do
eletrodo usado, da geometria do cordão de solda depositado, da movimentação executada e
on o SOLDAGEM
, FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
das dimensões do chanfro, se este for usado. A destacabilidade da escória pode ser um
parâmetro determ inante/ha escolha de um eletrodo para uma dada aplicação. Quando
a remoção da escória é apenas parcial são geradas inclusões que podem com prom eter
a qualidade da peça soldada, e em certos casos a solda precisa ser retirada e refeita.
A Figura 16 mostra um cordão de solda feito com eletrodo revestido, com remoção da
escória no trecho final.
/j r r r r ; -t -t •* i'""-*
5. Aplicações Industriais
Por outro lado, o nível de qualidade das soldas feitas com eletrodos revestidos depende
fortem ente do soldador, exigindo do profissional muita habilidade e concentração, que só
são conseguidos com m uito treino e execução de muitas soldas. Com isto, a form ação
de mão de obra qualificada é demorada e onerosa e, ainda assim, um bom soldador, tra
balhando com equipamentos e consumíveis adequados não necessariamente produzirá
soldas de qualidade, se não estiver totalmente concentrado e empenhado na tarefa que
esteja executando no m om ento.
CAPÍTU L012 o n o
SO IDAGEM C O M ElETnOOOS REVESTIDOS
b) Que fatores devem ser considerados na escolha de um eletrodo revestido para uma dada
tarefa?
c) Por que a utilização relativa do processo eletrodos revestidos vem diminuindo a cada ano
na década de 1990, se o processo tem tantas vantagens?
d) Tendo todas disponíveis, que tipo de corrente você escolheria para soldar com um eletrodo
revestido indicado para soldar com qualquer corrente e polaridade, como o AWS E 6013,
por exemplo? Justifique.
.
C A P ÍT U L O 13
SOLDAGEM TIG
1. Fundamentos
A soldagem a arco com eletrodo de tungsténio e proteção gasosa (Gas Tungsten Arc
W elding - GTAW) é um processo no qual a união de peças metálicas é produzida pelo
aquecimento e fusão destas através de um arco elétrico estabelecido entre um eletrodo
i, de tungsténio, não consumível, e as peças a unir. A proteção da poça de fusão e do arco
contra a contam inação pela atm osfera é feita por uma nuvem de gás inerte ou mistura
de gases inertes. A soldagem pode ou não ser feita com adição de metal de adição e,
quando usada, é feita diretam ente na poça de fusão. A Figura 1 ilustra o processo, que
também é conhecido por TIG (Tungsten Inert Gas).
Metal de
base \
Poça de fusão
Figura 1
Soldagem TIG (esquemática)
n n c ! SOLDAGEM
0 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
O fato de o eletrodo ser não consum ível possibilita a soldagem sem a adição de metal
de enchimento. Isso pode ser interessante na soldagem de chapas finas. Além disso,
como não existem reações metal-gás e metal-escória, não há grande geração de fum os
e vapores, o que perm ite ótima visibilidade para o soldador.
O custo dos equipam entos necessários e dos consumíveis usados é alto, e a produtivi
dade ou rendimento do processo é baixo, quando comparados à soldagem com eletrodos
revestidos, o que limita a sua aplicação a situações em que a qualidade da solda produzida
seja mais im portante que a produtividade ou o custo da operação.
A operação é norm alm ente manual e pode ser feita em qualquer posição, embora a
mecanização do processo seja tam bém com um e fácil de ser implementada, com o uso
de dispositivos auxiliares de soldagem adequados.
Este processo é aplicável à maioria dos metais e suas ligas, numa ampla faixa de espes
suras. Entretanto, em virtude de seu custo relativamente elevado, é usado principalm ente
na soldagem de metais não ferrosos e aços inoxidáveis, na soldagem de peças de pequena
espessura (da ordem de 1 a 2 mm) e no passe de raiz na soldagem de tubulações.
2. Equipamentos
Figura 2
Equipamento básico para soldagem TIG (esquemático)
(a) (b)
Figura 3
(a) Fonte eletrônica de uso industriai e (b) módulo de controle de uma fonte pulsada para soldagem TIG
As fontes para soldagem TIG são, dos pontos de vista construtivo e operacional,
semelhantes às fontes para soldagem com eletrodos revestidos, mas em geral apresentam
possibilidade de ajuste de corrente mais preciso e menores valores de corrente mínima de
operação. Além disso, elas podem ser equipadas com dispositivos para abertura de arco,
SOLDAGEM
208 FUNOAMÍNTOS E TECNOLOGIA
temporizadores e válvulas para controle do fluxo de gás, sistemas para refrigeração da tocha
de soldagem, pedais para controle da corrente, dentre outros acessórios específicos para
este processo. Muitas vezes, as fontes adequadas para um destes processos podem
tam bém ser usadas para outro.
As tochas TIG possuem internam ente uma pinça, que serve para segurar o eletrodo
de tungsténio e fazer contato elétrico e que deve ter um tamanho adequado para cada
diâm etro de eletrodo. Elas possuem ainda bocais para direcionam ento do fluxo de gás,
que podem ser cerâmicos ou m etálicos e são fornecidos em diversos diâm etros. O
diâm etro do eletrodo e do bocal deve ser escolhido em função da espessura da peça a
ser soldada e da corrente de soldagem a ser usada. A Figura 4 mostra uma tocha típica
para soldagem TIG.
(a) (b)
Figura 4
Tocha para soldagem TIG montada (a), desmontada (b)
Dispositivos especiais podem ser usados nas tochas para m elhorar a eficiência da
proteção gasosa em situações especiais com o os "gas lens” , que são telas com malha
bastante fina, colocadas entre o eletrodo e o bocal, para garantir um fluxo de gás laminar
e os “trailing shields", que consistem de um segundo bocal para saída de gás, geralmente
com prido e colocado atrás da tocha, visando a proteger uma área m aior do cordão de
solda, durante o resfriam ento pós-soldagem .
Figura 5
(a) Misturador de gases comercial e (b) fabricado para aplicação especifica
Os cabos são usados para conduzir a corrente de soldagem, e o diâmetro destes cabos
deve ser compatível com a corrente de soldagem usada, com o já visto anteriorm ente em
outros capítulos, e as mangueiras são usadas para conduzir o gás ou mistura e, se for o
caso, água para refrigeração até a tocha de soldagem.
Vários equipam entos ou sistemas auxiliares podem ser usados para facilitar ou me
canizar a operação de soldagem, como posicionadores, dispositivos de deslocamento,
controladores automáticos de com prim ento de arco, alimentadores de arame, osciladores
do arco de soldagem, temporizadores etc.
Os posicionadores são usados, em geral, para perm itira soldagem sempre na posição
plana. Diversos tipos de posicionadores estão disponíveis comercialm ente. A Figura 6
m ostra alguns deles.
9 1 ^ SOLDAGEM
^ 1U | FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Figura 6
Alguns tipos de posicionadores usados em soldagem
Os osciladores do arco perm item o tecim ento do cordão de solda na soldagem me
canizada e podem ser mecânicos ou eletrom agnéticos. De m odo geral perm item ajustar
a am plitude e a frequência de oscilação, além do form ato desta.
Os temporizadores perm item controlar o início e o fim de operação dos diversos
dispositivos auxiliares de soldagem, controlar o fluxo de gás e "sincronizar a operação de
todo o sistema de soldagem.
Outros dispositivos são, por exemplo, controle de pedal para a corrente de soldagem,
"gatilho" (interruptor) na tocha de soldagem, que perm ite o com ando do fluxo de gás e/ou
outros dispositivos, sistema para fornecim ento de gás de proteção na raiz da junta etc.
Sistemas com postos por vários destes dispositivos têm sido m ontados para realizar
operações específicas, por exemplo, para a soldagem orbital de tubos, particularm ente
os passes de raiz. Nestes sistemas, algumas características especiais de controle de
parâmetros podem ser introduzidas, com o a alimentação pulsada de arame, sincronizada
com a pulsação de corrente, oscilação com paradas do arco nas extrem idades laterais
do chanfro, para garantir fusão do metal de base, soldagem com diferentes parâmetros
nas diferentes posições durante a órbita, entre outros.
CAPÍTULO 13
SOLDAGEM TIG
3. Consumíveis
Os gases de proteção usados na soldagem TIG são inertes, principalm ente o argônio,
o hélio e misturas destes. Em alguns casos são usadas misturas especiais como as que
contêm hidrogênio, que podem ser usadas na soldagem de aços inoxidáveis, e as que
contêm nitrogênio, opcionais na soldagem de cobre e suas ligas.
A pureza dos gases utilizados na soldagem TIG é de grande im portância para a qua
lidade da solda, exigindo-se teores mínim os de 99,99% do gás ou gases considerados.
O teor de umidade tam bém deve ser bem controlado.
Comparando-se a soldagem com argônio e com hélio, têm -se as seguintes caracte
rísticas:
• menor custo do Ar
• melhor efeito de limpeza dos óxidos na soldagem com corrente alternada (ver técnica
operatória) com Ar
A seleção do gás de proteção é feita principalm ente em função do tipo de metal que
se quer soldar, da posição de soldagem e da espessura das peças a unir. A Tabela I ilus
tra algumas aplicações típicas. A especificação AWS A 5.32 trata de gases de proteção
para soldagem .
s,
f 212 S010AQCI8
FUNOAKEKTOSITECNOUSOA
* Misturas Ar-He com até 75% He e Ar-H2 com até 15% H2. CA - corrente alternada, CC- corrente
contínua, eletrodo negativo
EWG 94,5 # # # # #
(mm)
EWX-X EWX-X EWP EWX-X EWP EWX-X
0,30 « Até 15 Ató 15 Até 15 Até 15
Até 15
0,50 5 -2 0 • 1 0 -2 0 5 - 20 5 - 15 5 - 20
1.0 1 5 -8 0 « 2 0 -6 0 1 5 - 80 1 0 - 30 2 0 - 60
1.6 7 0 -1 5 0 1 0 -2 0 5 0 -1 0 0 7 0 -1 5 0 3 0 -8 0 6 0 -1 2 0
6,4 75 0-10 00 8 0 -1 2 5 325 - 450 500 - 630 250 - 400 340 - 525
(*) Não usado, CC- Corrente contínua eletrodo negativo, CC+ Corrente contfnua, eletrodo positivo e
CA Corrente attemada e ignitor de alta frequência.
4. Técnica Operatória_______________
Caso não seja possível este procedimento, o arco pode ser extinto pelo afastamento
da tocha a alguns centímetros da peça. Tal procedimento, entretanto, não é recomendado,
pois possibilita a contaminação do final do cordão pela atmosfera. Este problema pode ser
contornado extinguindo-se o arco fora da região de interesse ou fora da junta.
A posição da tocha na soldagem mecanizada é perpendicular ao plano da peça que
está sendo soldada. No caso da soldagem manual, a tocha pode ser ligeiramente inclinada
em relação à direção de soldagem, para facilitar a visão do soldador. Na soldagem em
juntas de ângulo formando "quinas", peças auxiliares podem ser usadas para formar um
anteparo e favorecer a proteção gasosa.
Na soldagem com corrente contínua, o ignitor de alta frequência é usado apenas
para a abertura de arco, podendo ser desligado logo após a ignição. Em geral, o próprio
aparelho já apresenta um dispositivo que interrompe a ação de centelhamento do ignitor
quando o arco está em operação.
Na soldagem com corrente alternada com uma fonte convencional, como a corrente
de soldagem se anula a cada inversão de polaridade, o arco tende a se extingir quando
a corrente é muito baixa ou nula. Assim, o ignitor de alta frequência deve permanecer
ligado durante toda a operação, a fim de estabilizar a descarga elétrica.
Já na soldagem com corrente alternada com uma fonte eletrônica, a mudança de
polaridade se dá num tempo muito curto e em geral não há necessidade de uso de dis
positivos para reabertura do arco a cada inversão.
O sinal de alta frequência gerado pelo ignitor pode interferir na operação de circuitos
eletrônicos que estejam próximos. De modo geral, cuidados especiais devem ser tomados,
quando houver aparelhos deste tipo próximos à área de soldagem.
As principais variáveis operatórias da soldagem TIG são o comprimento do arco, a
corrente, a velocidade de soldagem e a vazão de gás de proteção.
O comprimento do arco é a distância entre a ponta do eletrodo e a peça de trabalho.
Para uma dada corrente de soldagem e gás de proteção, a tensão do arco aumenta com
o aumento deste. Em geral, quanto maior o comprimento do arco, mais raso e largo é o
cordão de solda. No caso de soldagem com adição, também o reforço do cordão tende
a diminuir com o aumento do comprimento do arco. Arcos muito curtos ou muito longos
tendem a ser instáveis, o que favorece a formação de descontinuidades como porosida-
des, falta de fusão e mordeduras.
A corrente de soldagem é selecionada diretamente na fonte de energia. Quanto maior a
corrente, maior é a penetração e a largura do cordão. Para outros parâmetros constantes,
o reforço do cordão tende a diminuir com o aumento da corrente, no caso de soldas com
adição de metal. A geometria do cordão de solda varia com o tipo de corrente usada. A
Figura 7 mostra algumas características da soldagem feita com os diferentes tipos de
corrente e polaridade.
SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
I f
Fluxo de elétrons e
íons íons^B (^Elétrons
Perfil do cordão
A escolha dos parâmetros para uma dada operação de soldagem é feita em função
do material a ser soldado, da espessura das peças, da posição de soldagem e dos equi
pam entos disponíveis, bem com o a decisão de uso ou não de metal de adição.
5. Aplicações Industriais
a) Que propriedades dos gases inertes devem influenciar as características do arco elétrico e
provocar variações na geometria de cordões de solda feitos com os mesmos parâmetros
e diferentes gases?
b) Por que o metal de adição usado na soldagem TIG é, normalmente, de composição seme
lhante ou idêntica à do metal de base?
d) Que justificativas podem ser dadas para a existência de limites superior e inferior da corrente
recomendada para um eletrodo de um certo diâmetro?
g) Faça diversos cordões de solda, com diferentes parâmetros de operação, num mesmo
material e observe o efeito dos parâmetros de soldagem sobre a geometria do cordão.
Anote suas observações e discuta com seus colegas as justificativas para estes efeitos.
CAPÍTULO 14
A - SOLDAGEM
1. Fundamentos
A soldagem a arco plasma (Plasma Are Wedding - PAW) é um processo que produz
união por fusão das partes a serem unidas através de um arco elétrico estabelecido entre
um eletrodo de tungsténio, não consumível, e a peça ou um bocal constritor. O processo
de soldagem a arco plasma difere do processo TIG principalmente pelo fato de o arco
estar restringido por um bocal constritor que limita seu diâmetro e aumenta considera
velmente a intensidade da fonte de calor. Na soldagem a arco plasma são utilizados dois
fluxos de gases, iguais ou diferentes. O primeiro circunda o eletrodo e sai por um orifício
no bocal constritor, na forma de um jato de gás fortemente aquecido, chamado gás de
plasma. Este gás deve ser inerte e frequentemente é usado o argônio. O segundo fluxo
serve para proteção e passa por um bocal externo, concêntrico ao bocal constritor. Este
gás pode ser inerte ou uma mistura de gasôs. A Figura 1 ilustra o processo.
O O fJ SOLDAGEM
C *- U j FUNOAMENTOS E TtCNOLOGIA
Figura 1
Soldagem a arco plasma (esquemática)
Existem duas variações básicas do processo a arco plasma: arco transferido, que é
aberto entre o eletrodo e a peça, e arco não transferido, estabelecido entre o eletrodo e
o bocal constritor. Nesta segunda, o calor necessário para a fusão é transm itido às peças
som ente pelo gás de plasma. Na soldagem de peças condutoras, o arco transferido é mais
usado pela sua m elhor eficiência. A segunda variação perm ite a soldagem de peças não
condutoras, com o vidros, plásticos etc., e tam bém é usado quando se deseja m inim izar
a energia de soldagem . A Figura 2 m ostra as dúas variações.
Bocal constritor
Figura 2
Variações da soldagem a arco plasma: (a) arco transferido, (b) não transferido
A soldagem a arco plasma pode ser feita manual ou mecanizadamente, com pequenas
adaptações no equipam ento. Tanto a soldagem mecanizada como a manual são bastante
usadas. O processo pode ser em pregado em qualquer posição de soldagem .
A soldagem a arco plasma é aplicável à maioria dos metais e a m uitos materiais não
metálicos. Entretanto, seu custo é relativamente elevado e pode, às vezes, inviabilizar o
uso do processo em algum as aplicações.
2. Equipamentos
O equipam ento básico usado consiste de uma fon te de energia, sistem a para abertura
do arco, uma tocha de soldagem plasma, fon te de gases e sistema de controle. Diversos
dispositivos auxiliares podem ser usados na soldagem mecanizada.
As tensões necessárias para m anter a descarga elétrica num arco a plasma são mais
elevadas que aquelas norm alm ente usadas nos processos convencionais. Assim, as
fontes usadas na soldagem plasma devem ser específicas para este processo. Fontes
convencionais ligadas em série podem ser usadas em situações especiais.
A abertura de arco pode ser feita por um ignitor de alta frequência ou através de um
arco-piloto. As tochas que trabalham com arco transferido normalmente fazem uso deste
últim o sistema, que necessita de uma fonte de energia auxiliar, de baixa capacidade, para
alimentar o arco-piloto.
Figura 3
Tocha para soldagem plasma
o o o l SOLDAGEM
1 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
As tochas plasma são geralmente refrigeradas a água. M uitas vezes, são necessários
cuidados especiais, devendo-se usar água desmineralizada, filtrada etc. Tochas para sol
dagem manual têm menor capacidade, devido à necessidade de apresentarem menor
peso, para fa cilita ra operação. Tochas para soldagem mecanizada norm alm ente são de
alta capacidade.
Algumas tochas possuem bocais constritores com apenas um orifício de saída, porém,
tochas com orifícios múltiplos apresentam vantagens. Várias configurações de orifícios de
constrição, com o em linha, em círculos e outras form as geom étricas têm sido avaliadas,
porém a mais usada é aquela com um orifício central, ladeado por dois outros orifícios
de menor diâmetro, em geral, com uma seção transversal igual a um quarto da seção
do orifício central, em linha, como m ostrado na Figura 4.
Figura 4
0O n fício único
Neste tipo de tocha, a forma do arco plasma se torna alongada ou ovalada, e grandes
velocidades de soldagem podem ser usadas quando o eixo m aior da seção transversal do
arco está paralelo à direção de soldagem, resultando em grande produtividade e soldas
com zona term icam ente afetada relativamente estreita.
3. Consumíveis
O argônio é mais usado com o gás de plasma, devido ao seu baixo potencial de ioni
zação, que facilita a abertura do arco, particularm ente, em equipam entos que utilizam o
arco-piloto. Norm alm ente é usado na soldagem de aços carbono, aços de alta resistência
e metais reativos, com o o titânio e o zircônio.
Entretanto, nem sem pre o argônio puro produz os melhores resultados, que podem
ser conseguidos com m isturas argônio-higrogênio ou argônio-hélio. A quantidade de
hidrogênio numa mistura deve ser escolhida em função do metal de base a ser soldado.
Misturas argônio-hélio resultam em maior potência gerada no arco, para uma mesma
corrente de soldagem.
A soldagem com hélio puro aumenta a potência do arco, perm itindo operar com
maiores velocidades. Entretanto, isso geralmente im plica em maior desgaste das tochas
e redução de sua vida útil.
• Na soldagem com alta corrente, geralmente se usa o mesmo gás para plasma e para
proteção. Na soldagem com baixa corrente, o gás de proteção pode ser diferente, sendo
o C 02 muito usado para esta finalidade, devido ao seu baixo custo.
Os metais de adição usados na soldagem plasma são os mesmos usados na soldagem
TIG e MIG/MAG, podendo ser fornecidos na forma de varetas, para a soldagem manual,
e de fios enrolados em bobinas, para a soldagem mecanizada.
Geralmente, utiliza-se metal de adição de composição química similar à do metal de
base, e existe uma grande variedade de metais disponíveis. A Tabela II mostra algumas
especificações AWS de metais de adição aplicáveis à soldagem plasma.
4. Técnica Operatória
A soldagem a arco plasma pode ser feita utilizando-se duas técnicas: por fusão,
semelhante aos outros processos a arco, e "keyhole" ou furo, que também é utilizada
em processos de alta intensidade, como a soldagem a LASER e por feixe eletrônico.
A técnica da fusão é normalmente usada em soldagem manual e com fluxo de gás de
plasma e corrente de soldagem mais baixos. Metal de adição na forma de vareta pode
ser usado e normalmente é adicionado à poça de fusão. Esta técnica pode ser usada na
soldagem com um ou mais passes.
A técnica do "keyhole" é usada para uma certa faixa de espessura de metal de base,
com combinações especiais de fluxo de gás de plasma, corrente e velocidade de soldagem,
produzindo uma poça de fusão relativamente pequena e que penetra totalmente no metal
de base.
Neste caso, o jato de plasma produz um pequeno furo na região da junta, que é levado
adiante com o movimento da tocha de soldagem. Durante o deslocamento, o metal fun
dido pelo arco é forçado a se deslocar em tomo do jato de plasma, formando atrás deste
a poça de fusão, que fecha o furo nesta região e se solidifica, formando a junta soldada.
Não é usado metal de adição na maioria das vezes. Esta técnica permite a soldagem com
penetração total, em passe único.
A soldagem plasma que usa a técnica do "keyhole" opera no limite entre a soldagem
e o corte, geralmente com intensidade de corrente e fluxo de gás de plasma elevados,
sendo que este é um parâmetro crítico do processo, devendo ser mantido dentro de
estreitos limites. Devido a esta alta sensibilidade aos parâmetros operacionais, a técnica
do "keyhole" só é usada em soldagem mecanizada.
A Tabela III apresenta as técnicas usuais para diversas faixas de espessura do metal de base,
e as Tabelas IV e V apresentam parâmetros típicos de operação para algumas situações.
Passe único ™ *V
"Keyhole'
Técnica “keyhole".
Aço 3.2 5 185 28 6(a) 28 chanfro reto, Argônio,
carbono e 4.3 4 200 29 6(b) 28 proteção no reverso e
baixa liga 6,4 6 275 33 7(b) 28 “stand-off "de 1,2 mm
tochas para corte. O diâmetro do orifício deve ser escolhido em função da espessura das
peças a unir e aumenta com o crescimento destas. O número de orifícios e a distribuição
destes também influencia a distribuição de calor e a geometria do cordão de solda.
A penetração do cordão de solda depende diretamente da vazão de gás de plasma
ou no orifício, aumentando sensilvelmente para vazões mais elevadas. O ajuste correto
e um controle preciso desta variável é fundamental para se obter bons resultados com a
soldagem plasma, particularmente, quando se usa a técnica do "keyhole".
O efeito da velocidade de soldagem é similar ao que ocorre nos outros processos de
soldagem a arco.
A tensão de soldagem não é regulada diretamente no equipamento e fica determinada
pelos outros parâmetros operacionais, tendo influência apenas na escolha da fonte de
soldagem. Na soldagem plasma a arco não transferido, a tensão de operação do arco é
pouco influenciada pelo "stand-off".
Como o arco na soldagem plasma tende a ser cilíndrico e não. cônico, como em outros
processos, a distância da tocha à peça tem pouca influência na geometria do cordão,
dentro de certos limites. De um modo geral, esta distância é maior na soldagem plasma,
permitindo melhor visibilidade e facilitando a operação.
A sequência de operação é semelhante à usada na soldagem TIG e pode sofrer ligeiras
modificações, dependendo do tipo de equipamento usado, particularmente do tipo de
iniciação do arco.
5. Aplicações Industriais
A soldagem a plasma pode ser feita em qualquer posição, com velocidade elevada e, em
geral, com menor energia de soldagem e maior razão penetração/largura do cordão.
Isso pode resultar em vantagens significativas na soldagem de materiais de má sol-
dabilidade ou em aplicações em que se deseja uma alta produtividade ou maior precisão
dimensional da peça soldada, como, por exemplo, fabricação de tubos com costura de
parede fina de alumínio, titânio ou aço inoxidável e soldagem em passe único, sem metal
de adição, até espessuras em torno de 12 mm.
A alta estabilidade do arco permite o uso de intensidade de corrente muito baixa, na
faixa de uns poucos Ampères, situação adequada para soldagem de peças de pequena
espessura, inferior a um milímetro, difíceis ou mesmo impossíveis de serem soldadas
por outro processo a arco.
OOP SOLDAGEM
^ ° FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
B - CORTE
1. Fundamentos
O jato de plasma funde e expulsa o metal de base com grande eficiência, resultando
em uma superfície com excelente acabamento, precisão dimensional, pouca ou nenhuma
distorção e pequena zona afetada pelo calor.
Diversas variações do processo podem ser usadas para melhorar a qualidade do corte
em uma dada situação. O processo é usado para corte de peças com espessura entre 3
e 40 mm aproximadam ente.
No processo com duplo fluxo de gás, é usado geralmente o nitrogênio como gás de
plasma e o gás de proteção é escolhido em função do material a cortar, podendo ser C 0 2
para aço inoxidável e m istura argônio-hidrogênio para alumínio. O ar com prim ido pode
ser usado com o gás de plasma no corte dos aços, com o uso de tochas e eletrodos
especiais para esta situação.
No corte com proteção por água, a técnica é sem elhante à anterior, usando água no
lugar do gás de proteção. A aparência do corte e a vida útil do bocal são melhoradas
com esta variação.
O corte a plasma com injeção de água usa um jato de água que passa pelo bocal cons
tritor, aum entando o efeito de confinam ento do plasma, protegendo-o de contaminação. A
parte inferior do bocal é geralm ente cerâmica. Esta técnica perm ite maiores velocidades
de corte em relação ao corte plasma convencional.
O corte a plasma tem sido usado tam bém com a peça submersa em água em situações
em que o material a ser cortado pode sofrer variações indesejáveis de propriedades,
devidas ao calor do corte.
2. Equipamentos
O equipam ento usado no corte a plasma é sim ilar ao usado na soldagem , consistindo
de uma fon te de energia, tocha de corte, fon te de gases e de água e unidade de controle.
No caso de corte mecanizado, dispositivos de deslocam ento da tocha são necessários
e, em geral, são similares aos usados no corte oxi-gás.
CAPÍTUL01< 99Q
SOIDAGEM l CORTE A PLASMA t- L?
As fontes de energia para corte a plasma apresentam uma tensão em vazio mais
alta que as de soldagem, na faixa de 120 a 400 V, dependendo da tocha e da técnica a
ser usada, do material e da espessura a cortar. A corrente de salda varia de 70 a 1.000 A,
dependendo da espessura, do material a cortane-da velocidade de corte. A Figura 1 mostra
um equipamento para corte plasma manual com ar com prim ido, para espessuras em aço
inoxidável de até cerca de 6 mm.
Figura 1
Fonte para corte manual pelo processo plasma
Figura 2
Tocha de corte plasma manual a ar comprimido
OOH SOLDAGEM
L JU FUNOAMENTOS E TECNOLOGIA
3. Consumíveis
Para o corte de aços carbono, os m elhores resultados são obtidos usando-se m istu
ras nitrogênio-oxigênio. Pode-se usar tam bém o ar atm osférico. A presença de oxigênio
na atmosfera do plasma reduz a vida do eletrodo e, às vezes, a injeção de oxigênio se
faz através de um bocal especial, após a passagem do gás de plasma pelo eletrodo de
tungsténio. A qualidade de corte é sem elhante quando se usam m isturas de gases ou o
ar atmosférico.
No corte de não ferrosos e de aço inoxidável, usa-se, geralmente, m isturas argônio-
-hidrogênio ou nitrogênio-hidrogênio.
4. Técnica Operatória
6 3.2 300 86
13 3.2 300 42
Aço inoxidável (a) 25 4.0 400 21
51 4,8 500 9
102 4,8 500 3
6 3.2 275 86
Aço carbono (b) 13 3.2 275 42
25 4.0 425 21
51 4.8 550 11
(a) Nj e Ar com adição de H2. com vazões de 45 a 100 l/min. (ver instruções do fornecedor do
equipamento).
(b) Ar comprimido ou t\l2 com adições de H? ou 0 2, com vazões de 90 a 140 l/min, (ver instruções do
fornecedor do equipamento).
Figura 3
Algumas peças cortadas com plasma
737 SOIMGEM
RM 9M IENR»ETECK0UGM
5. Aplicações Industriais
O processo de corte a plasma pode ser usado na maioria dos metais comerciais. Em
muitos casos há uma vantagem considerável em relação ao oxi-corte de aços carbono,
particularmente em cortes longos e de muitas peças. Em relação ao oxi-corte de aço
inoxidável com pós, as vantagens são bem mais sensíveis.
Em termos práticos, o processo é aplicável a aços carbono com espessura de até
50 mm e aços inoxidáveis e alumínio com espessura até 250 mm. Bons reultados são
também obtidos no corte de magnésio, cobre e algumas de suas ligas.
6. Exercícios
(
a) Quais as diferenças entre os processos TIG e Plasma?
b) Por que a distância entre a tocha e a peça influencia pouco a soldagem plasma?
c) Quais as vantagens e limitações da soldagem com arco transferido e com arco não
transferido?
d) Por que é possível estabilizar um arco plasma com correntes tão baixas quanto 1 A?
(
CAPÍTULO 15
A-SOLDAGEM MIG/MAG
1. Fundamentos
A soldagem a arco com proteção gasosa (Gas Metal Are Welding - GMAW) é um
processo em que a união de peças metálicas é produzida pelo aquecimento destas com
um arco elétrico estabelecido entre um eletrodo metálico nu. consumível, e a peça de
trabalho. A proteção do arco e da região da solda contra contaminação pela atmosfera
é feita por um gás ou mistura de gases, que podem ser inertes ou ativos. No Brasil, o
processo é conhecido como MIG (Metal Inert Gas) quando a proteção usada é inerte ou
rica em gases inertes ou MAG (Metal Activç Gas) quando o gás usado é ativo ou contém
misturas ricas em gases ativos. A Figura 1 ilustra esquematicamente o processo.
234 i
Tocha
Poça de fusão__
Figura 1
Soldagem MIG/MAG (esquemática)
A soldagem MIG/MAG é um processo normalmente sem iautom ático, em que a alim en
tação de arame eletrodo é feita m ecanicamente, através de um alim entador m otorizado,
e o soldador é responsável pela iniciação e interrupção da soldagem, além de m over a
tocha ao longo da junta. A manutenção do arco é garantida pela alimentação contínua
do arame eletrodo, e o com prim ento do arco é, em princípio, m antido aproxim adam ente
constante peio próprio sistema, independentem ente dos m ovim entos do soldador, dentro
de certos limites, nos sistemas mais com uns usados com este processo.
O calor gerado pelo arco é usado para fundir as peças a serem unidas e o arame ele
trodo, que é transferido para a junta e constitui o metal de adição.
A soldagem MIG/MAG pode ser usada em materiais numa ampla faixa de espessura,
como mostra a Tabela I, tanto em metais ferrosos com o não ferrosos. O diâm etro dos
eletrodos usados varia normalmente entre 0,8 e 2,4 mm. O processo MAG é utilizado
apenas na soldagem de materiais ferrosos, tendo como gás de proteção o C 0 2 ou misturas
ricas neste gás, enquanto a soldagem MIG pode ser usada tanto na soldagem de ferrosos
quanto de não ferrosos, com o alumínio, cobre, magnésio, níquel e suas ligas.
Passes múltiplos
ms
ICO
C/>
c
0
Tempo (ms)
(b)
Figura 2
Transferência por curto-circuito (a) e variação da corrente e tensão de soidagem durante o processo (b)
0 2 4 6 8 10 ms
(a)
Tem po (m s)
(b)
Figura 3
(a) Transferência globular (b) e variação da tensão de soldagem durante o processo
3 ms
T e m p o (m s )
(b)
Figura 4
(a) Transferência "spray" (b) e variação típica da tensão de soldagem durante o processo
CAPÍTUL015 o q q
SOLDAGEM MIG/MAG E COM ARAM E TUBULAR ^ 0 3
Tabela II - Corrente de trar.sição globular "sp ray " para diferentes materiais e diâmetros de arame
Para superar essa dificuldade, foram desenvolvidas fontes de energia com controle
apenas por um botão, com o nas fontes convencionais, nas quais os parâmetros de pulso
da corrente de soldagem são otim izados de form a a garantir a transferência de uma gota
por pulso, independentem ente da corrente média de operação. A Figura 5 mostra uma
transferência controlada e a variação da corrente de soldagem durante o processo.
SOLDAGEM
2 4 0 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
I i l I I
0 8 16 24 32ms
(a)
Tempo (ms)
(b)
Figura 5
ia) Transferência controlada pulsada (b) e a variação.da corrente de soldagem
Diferentes m odos de controle podem ser usados para se conseguir uma transferência
controlada de metal de adição. Para um processo que utiliza eletrodo consumível e que
opere de uma form a estável, dois requisitos básicos devem ser satisfeitos:
(i) a velocidade de alim entação do arame (f) deve ser igual à velocidade média de fusão
do m esm o (w), isto é:
f = w; (eq. 1 )
(ii) o metal fundido form ado na ponta do arame deve ser transferido para a poça de
fusão sem causar fortes perturbações no processo. A seguir, são apresentadas e discutidas
algumas form as pelas quais estes requisitos podem ser satisfeitos, tanto, na soldagem
MIG/MAG convencional com o em recentes variações do processo.
A soldagem MIG/MAG convencional é geralm ente realizada com uma fo n te com
característica estática de saída tipo tensão constante (ver Capítulo 5) em conjunto com
um alimentador de arame de velocidade constante. Neste tipo de sistema, a tensão (e,
consequentemente, o com prim ento do arco) e a velocidade do arame permanecem aproxi
madamente constantes durante a operação de soldagem, enquanto os valores de corrente
e com prim ento onergizado do eletrodo resultam daquelas e da distância da tocha à peça.
Assim, qualquer perturbação nas condições de soldagem é absorvida principalmente por
alterações na corrente e no comprimento energizado do eletrodo. Esta capacidade de manter
o comprimento do arco de soldagem relativamente constante e a fácil abertura do arco são
as principais razões da grande popularidade, ainda hoje, desta forma de operação.
Na soldagem com transferência por curto-circuito, um aumento muito rápido na corrente
durante o período de curto-circuito pode ocasionar a ruptura explosiva da ponte líquida entre
CAPÍTULO 15 9 / | ,
SOLDAGEM MltVMAG E COM ARAME TUBUlAR j
Figura 6
Relação entre os parâmetros de pulso e a transferência de metal:
(a) várias gotas por pulso, (b) uma gota por pulso, (c) uma gota para vários pulsos e
(d) transferência globular. (Ip- corrente de pico e t - tempo de pico)
Assim, garantir que valores adequados para a corrente e o tem po de pulso sejam
m antidos durante a operação de soldagem pode ser problem ático para equipam entos
que fornecem corrente pulsada, mas têm controle eletrônico convencional.
Esta form a de controle foi inicialm ente desenvolvida no The Welding Institute (Ingla
terra) na década de 1960, para equipam entos de ajuste único fo n e -kn o b machine") para
9/19 i SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
o processo MIG/MAG pulsado, embora, atualm ente, o princípio tenha sido estendido
para outras form as de operação, em particular, para a soldagem com transferência por
curto-circuito. O term o engloba um grupo de técnicas de controle, nas quais o valor e
a estrutura da corrente são determ inados pela velocidade desejada de alimentação do
arame, ou a velocidade do arame e a estrutura da corrente são escolhidos em função da
corrente média selecionada (Figura 7).
Figura 7
O controle sinérgico
Uma form a de controle alternativa tem sido proposta, na qual um sinal de controle
derivado da tensão do arco é usado para controlar a saída da fo n te de energia (Figura
8 ). Este sistema simula, por mecanismos diferentes, a capacidade de autorregulagem
do com prim ento do arco apresentada por sistem as operando em tensão constante e,
portanto, sofrem de algumas das limitações desta form a de cperação,
C A rtlU lO 15
SOLDAGEM MiG/MAG E COM ARAM E TUBULAR
Alim entador
Sensor i
Arco
Figura 8
O controle pela tensão do arco
Figura 9
Diagrama esquemático do controle CVCC.
Arco, Base e Pulso indicam, respectivamente, as curvas características do arco e dos períodos de
base e pico. Ip - Corrente de pico, lb - Corrente de base
Desta form a, o com prim ento de arco passá a ser ajustado por variações na corrente
durante o período de pico e, para se prevenir que estas variações influenciem de forma
significativa a transferência de metal, este tipo de sistema opera com pulsos de curta
duração e alta intensidade de corrente, os quais são m enos sensíveis a variações de cor
rente (ver Figura 6 ). Fontes de energia com esta form a de operação para soldagem MIG/
MAG pulsada têm se tornado particularm ente populares na Europa.
SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Esta técnica envolve a medição, durante a soldagem, de diferentes sinais, tais como, va
riações de corrente, tensão, nível de luminosidade do arco. perfil ótico ou acústico da poça de
fusão etc. Estes sinais são processados, interpretados em termos de características do pro
cesso e enviados para o sistema de controle. O resultado obtido em um determinado instante
é comparado com um resultado esperado, e diferenças são corrigidas através de mudanças
nos parâmetros de operação baseadas em algum modelo teórico ou empírico. Em princípio,
diversas variáveis do processo (comprimento do arco, velocidade de soldagem, orientação da
tocha, velocidade do arame, posicionamento ao longo da junta, controle da fusão, enchimento
da junta, formação de defeitos etc.) podem ser ajustadas.
Alguns sistem as já foram sugeridos, nos quais monitoração em tem po real de alguns
aspectos do processo pode ser utilizada para o controle das condições de soldagem e
acom panham ento da junta. Entre as técnicas de monitoração utilizadas podem-se citar,
por exemplo, a m onitoração através de parâm etros do arco, sensores indutivos e o em
prego de m étodos óticos.
2. Equipamentos
O equipamento básico para a soldagem MIG/MAG é com posto de uma fonte de energia,
um alim entador de arame, uma tocha de soldagem e uma fon te de gás protetor, além de
cabos e mangueiras, como mostra a Figura 10. Dispositivos auxiliares como posicionadores
e sistemas de m ovim ento da tocha podem ser usados na soldagem mecanizada.
Alimentador
de arame
Tocha Arame
Fonte de
Cab os energia
(-)
Figura 10
Equipamento básico para a soldagem MIG/MAG
CAPÍTUL015 I ' j a c
SOLDAGEM MlO/MAG E COM ARAME TUBULAR | t O
No prim eiro caso, trabalha-se com uma fonte do tipo corrente constante, que resulta
em uma velocidade de fusão aproxim adam ente constante, com um alim entador de ara
me com velocidade de alim entação variável, controlada pelo equipamento, de forma a
manter o com prim ento do arco estável. Este controle é feito pela comparação da tensão
do arco, a cada instante, com um valor de referência, e pela alteração de velocidade de
alimentação de form a a com pensar diferenças observadas entre a tensão instantânea
no arco e a tensão de referência. Por exemplo, se um dado instante o soldador afasta a
tocha de soldagem da peça, provocando um aum ento indesejável no com prim ento do
arco de soldagem , este aum ento provocará uma elevação na tensão do arco, que ficará
maior que a tensão de referência, provocando um aum ento da velocidade de alimentação
de arame e o restabelecim ento da condição inicial.
No segundo caso, utiliza-se uma fonte do tipo tensão constante e um alim entador
de arame com velocidade de alim entação constante. Este tipo de equipam ento tende a
manter o com prim ento do arco estável, com o m ostrado na Figura 11. Pode-se observar
que variações no com prim ento do arco, que são sem pre acompanhadas de variações na
tensão deste, tendem a causar grandes variações na corrente de soldagem de forma que,
se em um dado instante o arco se tornar maior que o valor do equilíbrio, a corrente de
soldagem será reduzida, de m odo que a velocidade de consum o cai, e o com prim ento do
arco tende a voltar ao valor original. Um raciocínio sim ilar é usado quando o com prim ento
do arco dim inui m om entaneam ente.
Tensão
Figura 11
Controle intrínseco do comprimento do arco
Este segundo tipo de sistema é mais barato e mais simples, e apresenta bons resul
tados com arames mais finos (até 3,2 m m de diâmetro). No mercado nacional existem
9 AR SOLDAGEM
" V ' FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Quanto à constituição interna, as fontes convencionais são geralm ente do tipo trans-
formador-retificador, uma vez que este processo utiliza corrente contínua, ou geradores
(pouco usados), e é possível ajustar a tensão de saída numa faixa de aproximadam ente
18 a 50 Volts. A alimentação destas máquinas é norm alm ente trifásica.
Os alimentadores de arame norm alm ente são acionados por um m otor de corrente
contínua e fornecem arame a uma velocidade constante, ajustável numa ampla faixa.
Não existe qualquer dependência entre o alim entador e a fon te de energia, entretanto,
ajustando-se a velocidade de alimentação de arame, ajusta-se a corrente de soldagem
fornecida pela máquina, devido às características da fonte e do processo. O arame é
passado entre um conjunto de roletes, cham ados de roletes de alimentação, que podem
estar próximos ou longe da tocha de soldagem , e, dependendo da distância entre o
carretel de arame e a tocha de soldagem , um ou outro tipo de alim entador apresenta
melhores resultados.
Apesar destas deficiências, relativam ente poucas alterações têm sido propostas
no projeto e construção dos alim entadores de arames desde o início da utilização dos
processos de soldagem com arame consum ível. Equipam entos com do is pares de
roletes foram inicialm ente introduzidos para reduzir a pressão sobre arames tubulares
ou de materiais macios e, assim, reduzir a chance destes serem amassados durante a
sua passagem entre os roletes.
Figura 13
Tocha de soldagem MIG/MAG
A fonte de gás consiste norm alm ente de ufn cilindro do gás ou m istura de gases a
serem usados na proteção do cordão de solda e reguladores de pressão e/ou vazão.
Em oficinas com um grande núm ero de equipam entos, podem ser usadas instalações
centralizadas para armazenamento e distribuição de gases. As válvulas solenoide para
abertura e fecham ento do fluxo de gás são colocadas geralm ente no alim entador de
arame ou na fonte de energia. Como na soldagem TIG, m isturadores de gases tam bém
podem ser usados.
2 4 8 PUNOAMSCTOS e t e c n o l q c m
3. Consumíveis
Especificação Consumível
AWS A 5.7 Arames de cobre e suas ligas
AWS A 5.9 Arames de aço inoxidável
AWS A 5.10 Arames de alumínio e suas ligas
AWS A 5.14 Arames de níquel e suas ligas
AWS A 5.15 Arames para soldagem de ferro fundido
AWS A 5.16 Arames de titânio e suas ligas
AWS A 5.18 Arames e arames tubulares de aço carbono com pó metálico interno
AWS A 5.19 Arames de magnésio e suas ligas
AWS A 5.20 Arames tubulares de aço carbono com fluxo interno
AWS A 5.21 Arames para revestimento
AWS A 5.22 Arames tubulares para soldagem de aço inoxidável
AWS A 5.24 Aramès para a soldagem de zircônio
AWS A 5.26 Arames de aços de baixa liga
Os arames para soldagem de aços, em geral, podem ter seção inteiramente metálica,
chamados arames sólidos, ou ser do tipo tubular, formado por uma camada metálica
fechada, e ter um enchimento interno. Este pode ser um fluxo convencional, similar ao
usado na soldagem com eletrodos revestidos (Capítulo 12). e. neste caso, é chamado
arame tubular ou então ser uma mistura de pós metálicos, sem um nome específico em
português, quase sempre sendo referido como arame tubular com pó metálico. Em inglês
utilizam-se as denominações "flux cored" e "metal cored". respectivamente, para os dois
tipos de arame, principalmente na Europa. Nos Estados Unidos os arames tubulares com
pó metálico interno são designados por "composite".
Os arames tubulares preenchidos com fluxo podem ainda ser do tipo autoprotegidos,
quando o fluxo interno é capaz de gerar toda a proteção gasosa necessária ao processo,
ou com proteção gasosa suplementar. A soldagem com arames tubulares será tratada
na segunda parte deste capítulo.
A classificação dos arames para soldagem de aços pelas especificações AWS A 5.18
e A 5.28. que engloba os arames sólidos e os arames com enchimento metálico, tem o
seguinte formato:
Classificação C Mn Si P S Ni Cr Mo V Cu
ER70S-4 0,06-0,15 1,0-1.5 0,65-0.85 0.025 0,035 0.15 0.15 0,15 0,03 0.50
ER70S-6 0,06-0,15 1.4-1.8 0.80-1.15
ER 70C-3X* 0,12 1.75 0,90 0.03 0.03 0.50 0.20 0,30 0.08 0.50
E80C-B2 0,05-0,12 0,4-1.0 0,25-0.60 0,025 0.030 0.20 1.0-1.5 0.400,65 - 0,35
E80C-B3L 0,05 0,4-1.0 0,250,60 0.025 0,030 0.20 2.0-2.5 0,90*1,20 - 0,35
0.15-
E90C-B3 0.05-0,12 0,4-1.0 0.25-0,60 0,025 0.030 0.20 2.0-2.5 0.90-1.20 0,35
0,25
* - Tabela simplificada. Consultar a especificação AWS para outras informações e restrições. Valores
únicos indicam teores máximos.
* - Este digito pode ser um C. proteção com 100% C02 ou um M proteção com misturas Ar-COz com teor
de Ar entre 75 e 80%.
CArtimo« U m
SOÍIM&EM MG/MAS E COMARAME TUBULAR p 3 1
Os gases utilizados na soldagem MIG/MAG podem ser inertes ou ativos ou, ainda,
misturas destes. O tipo de gás influencia as características do arco e a transferência de
meial, a penetração, a largura e o formato do cordão de solda, a velocidade máxima de
soldagem, a tendência ao aparecimento de mordeduras e o custo da operação.
Os gases inertes puros são usados principalmente na soldagem de metais não ferrosos,
particularmente os mais reativos, como o alumínio, o magnésio e o titânio. Na soldagem de
ferrosos, a adição de pequenas quantidades de gases ativos (contendo oxigênio) melhora
sensivelmente a estabilidade do arco (a presença de óxidos facilita a emissão de elétrons)
e a transferência de metal. O custo da soldagem de aços carbono e de baixa liga pode ser
reduzido com o uso de CO^O££>2 é inerte à temperatura ambiente, mas nas temperaturas
elevadas do arco elétrico de soldagem ele se decompõe em CO e O, tornando-se ativo.
As misturas de gases, tanto ativos quanto inertes, em diferentes proporções, permitem
melhores condições de soldagem em determinadas condições. Os principais gases e
misturas utilizados na soldagem MIG/MAG são mostrados na Tabela VI.
A Figura 14 mostra a seção transversal típica de cordões de solda feitos com diferentes
gases e misturas.
Figura 14
Perfil típico de cordões de solda feitos com diferentes gases e misturas
4. Técnica Operatória
A abertura do arco se dá por toque do eletrodo à peça. Para início da operação, a tocha
deve ser aproximada da peça e acionado o gatilho de disparo, dando início à alim entação
de arame e de gás de proteção e à energização do circuito de soldagem. Após a abertura
do arco, aguarda-se a form ação da poça de fusão e seu crescim ento até um tamanho
adequado, quando se inicia o m ovim ento de translação ao longo da junta, com velocidade
uniform e e, se for o caso, do m ovim ento de tecim ento com binado.
de forma que o arco apresente boas condições de operação. A Tabela VII mostra essas
faixas de corrente, para arames de diferentes materiais.
Tabela VII - Faixas de corrente utilizáveis com arames de diferentes diâmetros e de diferentes
materiais
0.8 6 0 -1 8 0
1.0 80 - 200
Aço inoxidável austenítico 1.2 90 - 260
1.6 1 7 0 -3 2 0
2.4 250 - 450
0.8 7 0 -1 5 0
1.2 80 - 200
Alumínio
1.6 1 2 0 -3 0 0
2.4 1 8 0 -3 5 0
0,8 7 0 -1 7 0
Cobre 1.2 90 - 250
1.6 1 5 0-40 0
(
O processo MIG/MAG utiliza normalmente corrente contínua e polaridade inversa,
eletrodo positivo, que resulta em maiores penetração e estabilidade de arco. Polaridade
direta pode eventualmente ser usada para aumentar a velocidade de deposição, quando
não se necessita de grande penetração. Corrente alternada não é norm alm ente usada. A
corrente de soldagem influencia diretam ente na penetração, largura e reforço do cordão
de solda, na taxa de deposição e na energia de soldagem, e afeta o modo de transferência de
metal, com o visto anteriorm ente. A escolha da corrente de soldagem é feita em função
da espessura das peças a unir, do diâm etro do eletrodo e da geometria desejada para o
cordão de solda.
da extremidade do bico de contato até a peça. Quanto maior for essa distância, maior
será o aquecimento do arame por efeito Joule e, portanto, menor a corrente necessária
para fundir o arame, mantida a velocidade de alimentação. Inversamente, quanto maior
o "stickout", maior a taxa de deposição, se mantida a corrente de soldagem. Conse
quentemente, dentro de certos limites, o aumento de "stickout" pode ser usado para se
aumentar a taxa de deposição.
A vazão de gás protetor deve ser tal que proporcione uma proteção eficiente contra
a contaminação do arco e da solda pela atmosfera. Em gerál, quanto maior a corrente,
maior a poça de fusão e a área a proteger e, portanto, maior a vazão necessária. Vazões
reduzidas podem levar ao aparecimento de porosidades e outros problemas associados
à falta de proteção, como perda de elementos de liga e deterioração de propriedades.
Vazões muito elevadas podem causar depressões na poça de fusão e tomar o cordão de
solda irregular, além de aumentar desnecessariamente o custo da operação.
A velocidade de soldagem influencia a energia de soldagem e, assim, a quantidade
de calor cedido à peça. Velocidades muito baixas, além de elevar o custo, podem causar
problemas metalúrgicos devidos à energia de soldagem elevada. Velocidade de solda
gem elevada resulta em menores penetração, reforço e largura do cordão.Velocidades
excessivas provocam o aparecimento de mordeduras, falta de fusão e/ou penetração do
cordão de solda.
Quanto a movimentos e posicionamento da tocha, valem as observações feitas para
outros processos de soldagem já vistos em outros capítulos, particularmente para a
soldagem TIG e com eletrodos revestidos.
5. Aplicações Industriais
1. Fundamentos
A soldagem a arco com arame tubular (Flux-Cored Arc Welding - FCAW) é um processo
que produz a coalescência de metais pelo aquecimento destes com um arco elétrico
estabelecido entre um eletrodo tubular, contínuo, consumível e a peça de trabalho. A
proteção do arco e do cordão de solda é feita por um fluxo de spldagem contido dentro
do eletrodo, que pode ser suplementada por um fluxo de gás fornecido por uma fonte
externa. Além da proteção, os fluxos podem ter outras funções, semelhantes às dos
revestimentos de eletrodos, como desoxidar e refinar o metal de solda, adicionar
elementos de liga, estabilizar o arco etc. A Rgura 1 ilustra o processo.
Metal de ~
base ' r ' 'T '
Poça de fusão
Figura 1
Processo FCAW (esquemático)
Existem duas variações básicas do processo arame tubular, uma em que toda a pro
teção necessária é gerada pelo próprio fluxo contido no eletrodo, chamada de arame
autoprotegido e outra em que a proteção é complementada por uma nuvem de gás.
geralmente o C 02.
Figura 2
Transferência metálica com "ponte" de fluxo observada na soldagem com arame tubular
O processo é aplicável aos aços carbono e de baixa liga e aos aços inoxidáveis. Na
década de 1990 foram desenvolvidos arames de pequeno diâmetro, inferiores a 1,0 mm,
que tornaram possível a soldagem em qualquer posição, com ótim os resultados. Mo
que se refere a espessuras soldáveis e técnicas aplicáveis, a situação é sem elhante à
soldagem MIG/MAG.
2. Equipamentos
O equipam ento básico para a soldagem com arames tubulares é sem elhante ao
usado na soldagem MIG/MAG. Arames de m enor diâmetro, até 2,4 mm, normalmente,
são usados com fontes de tensão constante e alim entador de velocidade constante, e
arames de maior diâmetro são usados com fo n te de corrente constante e alimentadores
CAPÍTULO 15 j rjr- ,
SOLDAGEM MIG/MAG E COM ARAMc TU3ULAR I ^ 3 /
de velocidade variável. Este últim o sistema é mais complexo, mas apresenta melhores
resultados nestas condições. O controle do com prim ento do arco é semelhante ao da
soldagem MIG/MAG.
Uma tocha de soldagem mais simples pode ser usada na soldagem com arames
tubulares autoprotegidos, já que não são necessários bocais de gás.
A fonte de gás de proteção, quando usada, tam bém é semelhante à da soldagem MIG/
MAG, consistindo de uma fon te de gás, reguladores de pressão/vazão e mangueiras.
3. Consumíveis
Os arames tubulares para soldagem são classificados pela AWS segundo as especi
ficações mostradas na Tabela I. Diversos fatores são considerados nesta classificação,
entre eies: enchimento de pó m etálico ou fluxo convencional, uso de gás de proteção,
tipo de corrente, posições de soldagem recomendadas, além da com posição química e
propriedades mecânicas do cordão obtido. Estes fatores tam bém são considerados na
escolha do tipo de arame para uma dada aplicação.
Especificação Consumível
O sistema de classificação AWS para arames com fluxo interno tem o seguinte formato:
Outros tipos de arames tubulares são os chamados com pó metálico ("metal cored").
que são arames cujo enchimento contém principalmente pó de ferro e/ou ferro-ligas e
muito pouco fluxo a base de minerais. Arames tubülares para soldagem de aços carbono
e baixa liga permitem uma transferência de metal bastante suave através de um arco
de soldagem operando em atmosferas protetoras a base de misturas de argônio e gás
carbônico, particularmente em correntes elevadas, em torno de 300 A, e podem também
ser usados com transferência por curto-circuito e/ou pulsada, com níveis de corrente
média mais baixos. A quantidade de escória gerada por estes arames é mínima, quase
inexistente. Os arames tubulares com enchimento de pó metálico são mais vantajosos
na soldagem mecanizada em alta velocidade.
Nos últimos anos, foram lançados no mercado internacional arames tubulares com
enchimento de pó metálico para serem usados com proteção gasosa na soldagem de
aços inoxidáveis e também para revestimentos contra desgaste.
Os eletrodos tubulares podem ter diferentes seções transversais, como mostra a Figura
3, baseda numa classificação do Instituto Internacional de Soldagem (International Institute
of Welding — IIW). Arames de seção mais complexa são mais difíceis de serem fabricados
e têm custo mais elevado, porém apresentam melhores características operacionais, par
ticularmente os de maior diâmetro, devido à maior homogeneidade de aquecimento ao
longo da seção transversal e maior regularidade na transferência metálica, como conse
quência da maior área metálica e distribuição da região de operação do arco ao longo da
seção. De um modo geral, o material contido no interior dos arames tubulares fica entre
15% e 30% de seu peso, podendo atingir valores maiores, na faixa de 50%, para arames
especiais com menor seção metálica do tubo. A Figura 4 mostra a seção transversal de,
um aramé tubular simples com fluxo.
@o
Descrição
1 Sem costura
2
®o De topo
3
Ho Sobreposto
4
# cD Dobra simples
5
ü (23 Dobra múltipla
Figura 3
6
mo Dobra dupla
Figura 4
Se ç ão transversal de um aram e tubular com fluxo interno
Os arames tubulares são fabricados a altas velocidades, de muitos metros por segundo,
a partir de fitas metálicas. Estas são deform adas por roletes, até assum irem a form a de
um U, sendo a seguir preenchidas com o material que formará o "recheio" do arame, fluxo
de soldagem e/ou pó m etálico. Em seguida a tira é fechada também por roletes, form ando
um tubo que passa por fieiras de trefilação, que dim inuem seu diâm etro sucessivam ente
até o valor final desejado, enquanto o seu com prim ento aumenta. O arame tubular é
então bobinado, embalado, identificado e está pronto para ser comercializado. A Figura
5 ilustra o processo.
Figura 5
Fabricação de arames tubulares (esquemática)
CAPITULO 15 I 9 K i
SOLDAGEM VKVMAG E COM ARAME TUBULAR ^ '
4. Técnica Operatória
O processo arame tubular pode ser otim izado para três situações principais: alta
produção, alta velocidade de soldagem e soldagem fora de posição. No primeiro caso,
utiliza-se norm alm ente elevado "sticko ut". A segunda alternativa é usada para deposição
de soldas longas, com seção não m uito grande, particularm ente soldas de filete. O últim o
caso refere-se à soldagem em diferentes posições com um único conjunto de parâmetros
operacionais.
A soldagem com arame tubular e proteção gasosa perm ite superar algumas limitações
da soldagem MIG/MAG e da soldagem com arame autoprotegido, isto é, a possibilidade
de escorificação de impurezas, m elhor estabilização do arco, adição de elementos de
liga, obtenção de proteção eficiente com menores vazões de gás, menor quantidade de
respingos e cordões com melhor aspecto.
5. Aplicações Industriais
A utilização da soldagem com arames tubulares tem aumentado muito nos últim os
anos, devido às suas características e ao desenvolvim ento de novos consumíveis. No
Brasil, o interesse pelos arames tubulares tam bém tem aumentado muito.
Assim, além de ser uma alternativa à soldagem com eletrodos revestidos e arames
sólidos em muitas situações, a soldagem com arames tubulares tem sido usada nas
indústrias naval e nuclear, na construção de plataform as marítimas para exploração de
petróleo e na fabricação de com ponentes e estruturas de aços carbono, de baixa liga e
de aços inoxidáveis, com vantagens em relação à soldagem com arames sólidos e com
eletrodos revestidos.
c) Por que na soldagem MIG/MAG com fonte de alimentação do tipo tensão constante e
alimentador de arame tipo velocidade constante há um controle intrínseco ou automático
do comprimento do arco?
O M ' SOLDAGEM
L 0 ^ | FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
d) Ainda neste tipo de sistema, por que se altera a corrente de soldagem quando se varia a
velocidade de alimentação de arame?
e) Por que os arames tubulares para soldagem em passe único não têm requisitos de com
posição química?
f) Que justificativa pode ser dada para o fato de não se usar corrente alternada na soldagem
MIG/MAG e com arames tubulares?
g) Experimente depositar cordões de solda MIG/MAG e com arame tubular com diferentes
parâmetros de soldagem, variando principalmente a tensão de soldagem, velocidade de
alimentação de arame, "stickout" e polaridade. Meça a corrente de soldagem em cada caso
e observe a geometria e a aparência dos cordões de solda. Compare os resultados e tente
explicá-los em função dos princípios de funcionamento destes processos.
C A P ÍT U L O 16
1. Fundamentos
Poça de fusão
Figura 1 - Soldagem a arco sub m erso (esquemática)
SOLDAGEM
2 6 4 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
A adição de metal é obtida do próprio eletrodo, que tem a forma de fio ou fita contínuos e
•é alimentado por um dispositivo mecânico, podendo ser suplementada por outros eletrodos
ou materiais contidos no fluxo de soldagem.
A operação é norm alm ente mecanizada, embora possa tam bém ser realizada de
m odo semimecanizado, isto é, o soldador é quem m ovim enta a tocha ao longo da junta
e m antém a distância entre a tocha e a peça.
Uma vez aberto o arco. eletrodo e fluxo são alim entados continuam ente para a região
deste, enquanto a tocha é deslocada. O calor gerado pelo arco funde o eletrodo e parte
da camada de fluxo e do metal de base, form ando a poça de fusão.
O metal fundido e solidificado forma o cordão de solda e a parte fundida do fluxo form a
a escória, que sobrenada a poça de fusão e se solidifica à medida que o arco se afasta,
resultando em uma camada protetora que evita a contam inação do cordão e reduz sua
velocidade de resfriam ento. A parte não fundida do fluxo pode ser reciclada em novas
operações, desde que não se contam ine durante a operação.
Os eletrodos para soldagem a arco submerso têm diâmetro geralmente entre 2.4 e 6 mm.
permitindo a soldagem com elevada densidade de corrente, numa ampla faixa, de tal fo rn a
que o processo é aplicável a espessuras a partir de 3,0 mm, com elevada taxa de deposição.
Variações no processo, com utilização simultânea de roais de um eletrodo e adição de pó metálico
ao fluxo permitem elevar ainda mais a taxa de deposição. A Tabela I mostra condições típicas
para utilização da soldagem a arco submerso. A Tabela II mostra uma comparação de taxas
de deposição possíveis com diferentes processos e técnicas de soldagem.
A soldagem a arco submerso se caracteriza por ser um processo estável e suave, que gera
poucos fumos de soidagem e quase nenhum respingo, e resulta em cordões com acabamento
uniforme e com uma transição suave entre o metal de solda e o metal de base.
A soldagem a arco submerso pode ser usada para fazer soldas em juntas de topo, de
filete e sobrepostas. Soldas satisfatórias podem ser feitas em declive com ângulos de até
15° com a horizontal. A utilização de uma combinação adequada entre metal de adição,
fluxo e técnica perm ite a soldagem tan to para união quanto enchim ento e revestimento
de peças metálicas. No Brasil, devido à disponibilidade de fluxos e eletrodos, o processo
tem sido usado em aços carbono, aços de baixa liga, aços inoxidáveis e alguns tipos de
revestimento.
2. Equipamentos
O equipam ento básico para a soldagem a arco subm erso consiste de uma fonte de
energia, tocha de soldagem, alim entador de arame, sistem a de controle, dispositivo para
alimentação do fluxo e cabos elétricos. Muitas vezes, alguns destes elem entos estão
montados num único conjunto chamado de cabeçote de soldagem, usado particularn iente
na soldagem mecanizada, com o m ostrado na Figura 2. Outros dispositivos podem ser
usados para deslocam ento da tocha de soldagem ou da peça; sistemas óticos ou ele
trônicos são úteis no controle do posicionam ento da tocha em relação à junta durante a
soldagem (trilhadores de junta) e sistem as para reciclagem de fluxo podem sim plificar
a operação.
Cabeçote
Figura 2
Equipamento para soldagem a arco submerso: (a) Desenho esquemático e (b) equipamento industrial
SOLDAGEM
^ 0 D ! FUNOAMENTOS E TECNOLOGIA
A fonte de energia pode ser do tipo transform ador (CA) e transform ador-retificador
(CC), com capacidade de fornecer corrente entre cerca de 400 e 1.500 A, num ciclo de
trabalho de 100 %. Quanto às características de saída, os equipam entos mais com uns,
particularmente os que trabalham com arames de diâmetro inferior a 4mm, utilizam fontes
do tipo tensão constante, com alim entador de arame do tipo velocidade constante, já que
este tipo de sistema perm ite o controle intrínseco do com prim ento do arco, com o visto no
Capítulo 15. Fontes de corrente constante juntam ente com alimentadores de velocidade
variável apresentam m elhores resultados com arames de maior diâmetro.
O sistema de controle permite o ajuste dos diversos parâmetros de operação, como velo
cidade de alimentação de arame, velocidade de deslocamento e a tensão de soldagem.
Os cabos servem para conduzir a corrente elétrica e devem ter um diâmetro compatível
com a corrente a ser usada.
O processo de soldagem a arco subm erso admite diversas variações, que têm por
objetivo aumentar a produtividade e facilitar certas aplicações específicas. A lgum as
destas variações são:
• soldagem com aromes múltiplos: técnica "tandem-arc", na qual os arames formam arcos
distintos podendo ser usados arranjos com até 6 arames e técnica “twin-arc". em que dois
arames finos sào alimentados simultaneamente, formando um único arco elétrico. Em ambas
as técnicas o uso de arames múltiplos aumenta a taxa de deposição, como mostrado na
Tabela li;
• soldagem com elevado "stickout": permite aumentar a taxa de deposição para um deter
minado nível de corrente, como explicado no Capítulo 15;
CAPiTUlO 16 n r 7
S0 U JA 6 E M A ARCO SU BMERSO ' '
• soldagem com eletrodo em forma de fita: esta tem espessura, em geral, da ordem de
0,5mm e largura de 15 a 90 mm e é utilizada com sua largura perpendicular à direção de
soldagem, resultando em cordões largos e com baixa diluição, bastante adequados para
operações de revestimento:e
• soldagem com adição de pó metálico ao fluxo: aumenta a taxa de deposição, usada parti
cularmente no enchimento de chanfros.
A Figura 3 ilustra esquem aticam ente algumas destas variações.
ELETRODO EM FITA
TANDEM A RC’
Fonte de energia Fonte de energia
Direção de soldagem
TW IN ARC"
Fonte de energia ____________
DireçSo de
soldagem
(C)
Figura 3
Algumas variações da soldagem SAW:(a) soldagem com fita. (b) soldagem Tandem" e (c) soldagem Twin"
268 S8UMCEM
rUKDAMarrOSETECttOlOQtA
3. Consumíveis
Os fluxos também são classificados quanto a sua influência sobre a composição quí
mica do metal depositado e podem ser ativos, neutros ou ligados. Os fluxos neutros são
aqueles que praticamente não influenciam na composição química do metal depositado.
Por outro lado os fluxos ativos incorporam elementos de liga comp o Mn e Si na solda e
os ligados adicionam outros elementos, além do Si e Mn. no metal depositado. Contudo,
a operação de soldagem com este tipo de fluxo deve ser cuidadosamente controlada, já
que variações nos parâmetros de soldagem, particularmente na tensão, influenciam esta
transferência de elementos de liga para a solda e. portanto, a sua composição química,
como mostra a Tabela III.
r
Designação suplementar opcional indicando
hidrogônto difusivel.
FSXXX - ECXXX+ÍX
Figura 4
Sistema de classificação de consumiveis para soldagem a arco submerso, segundo a especificação
AWS A 5.17
CAftTUL016 fj-j*
SOIOAGEM A ARCO SUBMERSO 1
* Referem-se à norma AWS 5.17 para aços carbono. Demais, referem-se à norma AWS 5.23 para
aços baixa liga.
Os arames são especificados com base em sua composição química, sendo divididos
em três tipos: de baixo (L), médio (M) e alto (H) teor de manganês. Dentro de cada grupo,
os arames podem ter diferentes teores de carbono e teores de silício baixo ou alto (K). De
uma forma geral, os arames com maiores teores de carbono, manganês e silício favorecem
a deposição de cordões com maior resistência e dureza. O silício aumenta a fluidez da poça
de fusão, melhorando o formato de cordões depositados com alta velocidade de soldagem
e aumentando a resistência à porosidade. A Tabela VI mostra os requisitos de composição
química de eletrodos para soldagem SAW. segundo a especificação AWS A 5.17.
Tabela VI - Composição química de eletrodos para soldagem SAW
E le tr o d o s c o m m é d io m a n g a n ê s
E le tr o d o s c o m a lto m a n g a n ê s ^
EH 10K 0 ,0 7 - 0 ,1 5 1 ,3 0 - 1 ,7 0 0 ,0 5 - 0 ,2 5 0 ,0 2 5 0,0 2 5 0 ,3 5
EH 11K 0 ,0 7 - 0 .1 5 0 ,4 0 -1 ,8 5 0 ,8 0 -1 ,1 5 0,0 3 0 0,0 3 0 0,35
EH 12K 0 . 0 6 - 0 .1 5 1 .5 0 - 2 ,0 0 0 ,2 5 -0 .6 5 0,0 2 5 0,025 0 ,3 5
EH 14 0 ,1 0 - 0 ,2 0 1 .7 0 -2 .2 0 0.1 0 0.0 3 0 0,030 0 ,3 5
0 7 9 1 SOLDAGEM
L 9 L \ FUNOAMENTOS £ TECKOtOGIA
4. Técnica Operatória
Além das variações já citadas, outras técnicas podem ser usadas para aumentar ainda
mais a velocidade de soldagem ou de enchimento da junta. Adições de arames sólidos e
tubulares frios têm sido usadas, sem deterioração das propriedades da solda. Esta técnica
não tem uso generalizado na indústria. 0 equipamento requerido é o mesmo para aplica
ções de vários arames, mas um arame não é conectado à fonte de energia. Aumentos na
taxa de deposição de até cerca de 70% são possíveis. No entanto, uma maior deposição
para uma quantidade fixa de calor resulta numa penetração mais baixa. Adições de arame
quente (aquecido) são muito mais eficientes que arames frios ou utilização de um arco
adicional, porque a corrente introduzida é usada inteiramente para aquecer o metal de
adição e não para fundir o metal de base ou o fluxo. A taxa de deposição pode ser au
mentada de 50% a 100% sem prejuízo das propriedades do metal de solda. 0 processo
requer equipamento adicional e atenção maior do operador.
Adição de pó metálico ao fluxo pode aumentar as taxas de deposição em até .70%.
A técnica fornece fusão suave, melhora a aparência do cordão e diminui a penetração
e a diluição e pode ser usada também para modificar a composição química da solda.
Os pós podem ser adicionados à frente da poça de fusão ou diretamente nela, tanto por
gravidade como usando o campo magnético em volta do arame para o transporte. A
adição de pó não requer energia adicional, não deteriora a resistência do metal de solda
nem aumenta riscos de fissuração.
De um modo geral, o uso de técnicas especiais para aumento na taxa de deposição
deve ser acompanhado de outros cuidados especiais, como: projeto e preparação da
junta, sequência de soldagem e fixação das peças adequadas.
As principais variáveis operacionais na soldagem por arco submerso, em ordem apro
ximada de importância, são:
• v a lo r e t ip o d e c o r r e n te
• te n s ã o
CAPÍTUL016
SOLDAGEM A ARCO SUBMERSO ■j
• v e lo c id a d e d e s o ld a g e m
• d iâ m e tro d o e le tr o d o
• e x te n s ã o d o e le tr o d o
• tip o d e e le t r o d o
• larg u ra e p r o f u n d id a d e d a c a m a d a d e flu x o .
Tabela VIII - Parâmetros de soldagem SAW de juntas de topo, chanfro reto, em aço
4 ,8 1.6 850 32 15 4 .8 4 .8 18
12.7 4 .8 1.100 34 8 9 .5 9 .5 25
CAPtmt016 97 K
SOUMSEM A ARCO SUBMERSO
5. Aplicações Industriais
a) Que justificativas podem ser dadas para a pequena utilização da soldagem a arco submerso
no modo semiautomático?
e> Que dificuldades podem existir para se estabilizar um arco de soldagem quando se usa
um eletrodo em forma de fita? Haveria necessidade do uso de dispositivos especiais para
isso?
g} Por que aumenta o consumo de fluxo quando se aumenta a tensão do arco de soldagem
SAW?
1. Fundamentos
Figura 1
Soldagem por eletroescória: (a) esquemática e (b) corte latera!
A soldagem por eletroescória não exige a abertura de chanfros mas requer, por outro
lado, cuidadosa preparação da junta, isto é, a colocação de prolongam entos de chanfro
nas partes inferior e superior desta, de m odo a form ar cavidades adequadas para, res
pectivam ente, início e fim do processo e a colocação e. às vezes, a m ovim entação das
sapatas de contenção.
Devido à alta energia de soldagem geralm ente usada (25 a 400 kJ/mm, contra 0,4 a 5,0
kJ/mm nos processos convencionais a arco), o metal depositado e a zona term icam ente
afetada tendem a apresentar baixa resistência ao im pacto, o que pode exigir cuidadosa
seleção do metal de base e de adição e/ou tratam entos térm icos pós-soldagem , que po
dem inviabilizar técnica ou econom icam ente o processo em algumas aplicações. Quando
comparada com processos de soldagem a arco, a soldagem por eletroescória apresenta
baixa taxa de resfriamento.
Um balanço térm ico de uma solda eletroescória típica indica que aproxim adam ente
60% do calor gerado é absorvido pela peça, cerca de 25% é gasto para fusão do eletrodo.
CAPÍTULO 17 Q
SOLDAGEM POR ELETROESCÓRIA E ELETROGÁS ^ •3
e aproximadam ente 10% do calor é utilizado para superaquecer o metal fundido. A quan
tidade de calor extraído pelas sapatas de contenção varia com a espessura das peças a
soldar e as condições de soldagem. Na união de placas de aço com espessura de 90 mm,
menos de 10% do calor gerado é transferido às sapatas. No caso de placas mais finas,
entretanto, as sapatas refrigerantes têm uma participação mais significativa no balanço
térm ico. Diversos m odelos matem áticos podem ser utilizados para estim ara distribuição
tridim ensional das tem peraturas na escória, na poça de fusão e nas peças, para predizer
as dim ensões e o crescim ento dos grãos na zona term icam ente afetada (ZTA).
A soldagem ESW, apesar de sua lim itação quanto à posição de soldagem, perm ite
produzir união de peças estruturais, revestim ento e recuperação. Devido às suas carac
terísticas, tem grande aplicação na soldagem de chapas grossas e de peças forjadas ou
fundidas de grande porte. Na união de chapas, existe uma espessura mínima e tam bém
um com prim ento mínimo, abaixo dos quais o processo não é viável. A literatura recomenda
a soldagem ESW para espessuras entre 30 e 300 mm.
Quanto aos materiais soldáveis, o processo por eletroescória tem sido usado em a ço s-
-carbono e de baixa liga e aços inoxidáveis austeníticos, sendo que em alguns casos há
necessidade de uso de tratam entos térm icos pós-soldagem.
2. Equipamentos
O equipam ento básico para soldagem ESW consiste de uma fonte de energia elétrica,
um cabeçote de soldagem , onde geralmente são colocados um alim entador de arame e
um sistema de m ovimentação, sapatas de contenção, sistem a de controle e cabos. Em
alguns casos, pode-se usar ainda um dispositivo para oscilar o(s) eletrodo(s), dizendo-se
então que a soldagem é balanceada.
Tubos-guia não consumíveis são geralm ente feitos em liga berílio-cobre devido ao
fato deste material m anter resistência considerável a tem peraturas elevadas. Eles são
envoltos com fita isolante para evitar curto-cir(cuitos e geralmente têm diâm etro m enor
que 12 mm.
Para soldas longas é necessário isolar os tubos-guia e para isso todo o com prim ento
do tubo pode ser revestido com fluxo ou então usar anéis isolantes, espaçados de 300 a
450 mm, que podem ser m antidos em seus lugares por pequenos pontos de solda feito s
no tubo. A cobertura de fluxo ou os anéis isolantes fundem e ajudam a abastecer o banho
de escória à medida que o tubo é consum ido. A Figura 2 ilustra, esquem aticam ente,
essas duas variações:
Figura 2
Variações da soldagem ESW (esquemáticas)
CAPÍTUL017 q q 1
SOLOAGEM POR ELETROESCÓRIA E ELETROGÁS 1
Os cabos servem para conduzir corrente elétrica e devem ter diâm etros compatíveis
com as correntes e distâncias envolvidas.
3. Consumíveis
Os eletrodos devem ser embalados de forma que se consiga uma alimentação uniforme
e ininterrupta e são fornecidos em bobinas com peso entre 27 e 340 kg, num tamanho
adequado para com pletar toda a solda sem interrupção.
9Q7 muMGai
ío e - n n o A ira n o s E iK ira to s u
Si02 25
MnO • 10
CaF2 15
A IA 25
GaO 15
MgO 10
A escória formada pelo fluxo fundido deve conduzir corrente elétrica, gerar o calor
necessário para a fusão, proteger a região da solda e às vezes adequar a composição
química do metal depositado, sendo necessário que apresente as seguintes caracte
rísticas:
■ resistência elétrica: a escória deve ser condutora, mas com resistência suficientemente
elevada para gerar, por efeito Joule, o calor necessário para a fusão, assegurando a não
abertura de arcos durante o processo. Uma escória de resistência elevada (ou condutividade
baixa) requererá menos corrente, resultando em uma poça de fusão mais fria, o que gerará
uma menor penetração no metal de base. Ela também permitirá que o eletrodo penetre
mais profundamente na poça. Por outro lado, uma escória de baixa resistência pode re
querer mais corrente, aumentando a temperatura do banho até o processo se estabilizar
com extensão mais curta do eletrodo. Entretanto, se a resistência for baixa demais, poderá
ocorrer formação de arco entre o eletrodo e a superfície do banho de escória, especialmente
com tensões mais elevadas. Esta condição é agravada no caso de escórias que apresen
tem condutividade fortemente crescente com a temperatura. Em termos de parâmetros
o p e ra c io n a is do processo, menor resistividade da escória pode resultar em tensões mais
'baixas.
CAPfUH017 U p o
SOLDAKM POR EUETBOíSCteA E BfIROGtó |
• viscosidade: além de sua capacidade de gerar calor, a escória fundida também deve ter
fluidez suficiente para provocar convecção rápida e boa circulação, necessárias para distribuir
o calor através da junta. A fluidez da escória depende principalmente de suas características
químicas e da temperatura de operação. Viscosidade elevada favorece a retenção de escó
ria e formação de inclusões de escória no metal de solda e viscosidade muito baixa pode
permitir vazamentos entre as peças e as sapatas de contenção.
• densidade: deve ser menor que a do metal fundido, de modo a sobrenadar na poça de
fusão, e dificultar a formação de inclusões de escória.
• estabilidade: o fluxo fundido deve ser estável numa ampla faixa de condições de operação.
Os fluxos são normalmente constituídos de óxidos complexos de Si, Mn, Ti, Ca, Mg,
Al e fluorita. Material refratário, à base de alumina, é necessário para manter o contato
sapata/metal de base, geralmente na forma de massa moldável. A classificação e seleção
de eletrodos para soldagem ESW é feita com base na composição química e propriedades
mecânicas do metal depositado, como em outros processos.
4. Técnica Operatória
Figura 3
Tipos de junta comuns na soldagem por eletroescória
Os chanfros usados são norm alm ente retos, preparados por corte térm ico e limpeza
de camadas de óxidos. As peças são posicionadas com o eixo de soldagem aproxima
dam ente na vertical, com desvio máxim o adm issível em torno de 10°. A separação das
peças na parte inferior da junta é norm alm ente de 3 a 6 mm menor que na parte superior,
com pensando a contração que ocorre durante a soldagem.
Aletas superiores
_____ inferiores
Chapa de partida
Figura 4
Preparação esquemática de uma junta para soldagem ESW
Após esta preparação, é feito o posicionam ento do(s) tubo(s)-guia. Na soldagem con
vencional o tubo-guia é mantido de 50 a 75 mm acima do fluxo fundido e vai se deslocando
para cima, juntam ente com as sapatas de contenção e o cabeçote de soldagem, durante
a operação. A velocidade de deslocam ento deve ser igual à velocidade de enchim ento
da junta. Sim ultaneamente, quando usado, é feito o deslocamento lateral do tubo-guia,
isto é, o m ovim ento de balanceamento.
• p e r d a d e e s c ó r ia e n tr e a s a p a ta e a p e ç a p o d e o c o r r e r d e v id o a o d e s a lin h a m e n to d a s p e ç a s
o u irr e g u la r id a d e s s u p e rfic ia is , re s u lta n d o e m r e d u ç ã o d o v o lu m e d o b a n h o d e e s c ó ria e
a lte ra ç õ e s n o p ro c e s s o , o u a t é m e s m o a s u a in te rr u p ç ã o ;
• b o r b u lh a m e n to d a .e s c ó ria p o d e s e r c o n s e q u ê n c ia d e u m b a n h o m u ito ra s o o u a d iç ã o d e
flu x o ú m id o , c a u s a n d o re s p in g o s ;
• e v e n tu a lm e n t e p o d e m o c o rr e r a b e rtu r a s d e a r c o . c a u s a d a s p o r u m b a n h o d e e s c ó r ia m u ito
ra s o o u fu s ã o d o is o la m e n to o u d o t u b o - g u ia . p r ó x im o a o b a n h o ;
5. Aplicações Industriais
B - SO L D A G E M ELETRO G ÁS
1. Fundamentos
A soldagem eletrogás é um processo de soldagem por fusão, que utiliza com o fonte
de calor um arco elétrico estabelecido entre um eletrodo metálico contínuo, sólido ou
tubular, e um banho de metal fundido ou de escória. O material fundido fica contido numa
cavidade com eixo na vertical, form ada pelas peças'e por sapatas de contenção, como
no processo eletroescória. É opcional o uso de proteção gasosa do banho, dependendo
do tipo de eletrodo usado. A Figura 1 ilustra o processo de soldagem eletrogás.
Figura 1
Soldagem eletrogás (esquemática)
CAPÍTULO 17 ! O Q Q
SOLDAGEM POR ELETROESCÓRIAE ELETROGÁS
O arco elétrico é aberto inicialm ente sobre uma chapa de partida, situada na parte
inferior da junta. O calor gerado pelo arco funde o eletrodo e as superfícies do metal de
base. Uma poça de m etal líquido é form ada sob o arco. O(s) eletrodo(s) são alimentados
continuam ente ao arco e as sapatas de contenção são deslocadas para cima, à medida que
a junta vai sendo preenchida. A solidificação do metal depositado consolida a união.
Na soldagem com eletrodos sólidos, a proteção é feita por uma nuvem de gás inerte,
ativo ou mistura, fornecida por uma fonte externa, geralmente através de orifícios adequados
nas sapatas de contenção. Na soldagem com eletrodo tubular a proteção é dada pela
fina camada de escória produzida a partir do fluxo de soldagem contido no eletrodo, que
pode ser suplementada por uma nuvem de gás, quando se empregam arames tubulares
recom endados para uso com proteção gasosa.
2. Equipamentos
A fonte de energia usada é de corrente contínua, com saída do tipo tensão constante,
geralm ente um transform ador-retificador ou motor-gerador.
O eletrod o é a lim en tado co n tin u a m e n te através de uma guia não consum ível.
O m ovim ento vertical da m áquina de soldagem deve ser consistente com a taxa de
deposição do metal de solda. Este m ovim ento pode ser automático ou controlado pelo
operador de soldagem devidam ente treinado.
O tubo-guia usado na soldagem eletrogás difere das tochas de soldagem GMAW ou FCAW
basicamente em suas dimensões, já que o tubo-guia geralmente tem seu diâmetro limitado
em torno de 10 mm, e pelo menos parte deste deve ficar situado na cavidade da junta. Pode-
-se optar pela injeção de gás de proteção por um bocal colocado na região do tubo-guia.
3. Consumíveis
Os eletrodos para soldagem de aços carbono e aços de alta resistência e baixa liga
FU KO M ranO S E T K N 0 U 8 U
são classificados pela especificação AWS A 5.26, e são divididos em sólidos e tubulares.
Os arames sólidos são idênticos aos usados no processo GMAW, com diâmetro entre
1,6 e 4 mm. Os eletrodos tubulares também são encontrados nesta faixa de diâmetro e
são classificados quanto à necessidade de uso de proteção gasosa, composição química
e propriedades mecânicas do metal depositado.
No processo EGW com eletrodos tubulares o fluxo interno cria uma camada fina de
escória entre o metal de solda e as sapatas, melhorando o acabamento da solda. Os
processos de soldagem EGW com eletrodos tubulares autoprotegidos apresentam taxas
de deposição mais elevadas que os eletrodos protegidos por gás.
Os gases usados são geralmente o C02 e misturas 80% argônio e 20% C 02 tanto com
arames tubulares quanto com arames sólidos. O processo EGW com eletrodos sólidos
pode soldar peças cujas espessuras variam de 10 a 100 mm. Os diâmetros de eletrodos
mais utilizados estão entre 1,6 e 3,2 mm.
4. Técnica Operatória
A soldagem eletrogás é mais usada na união de chapas de aços carbono ou baixa liga
posicionadas verticalmente. Esta situação é frequentemente encontrada na montagem de
CAFfTUU>17 U Q 1
SOlÒAQMPOftELETOQESCÓRlAE ELETROGÁS I 1
5. Exercícios
b) Que operações devem ser realizadas para se recomeçar uma soldagem por eletroescória
interrompida, por exemplo, por falta de energia elétrica? E uma soldagem eletrogás?
c) Que medidas podem ser tomadas no sentido de se melhorar a tenacidade de soldas pro
duzidas por eletroescória?
e) Por qüe baixos fatores de forma favorecem a fissuração a quente de soldas produzidas por
eletroescória?
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CAPÍTULO 18
1. Fundamentos____________________________________________
• Soldagem por resistência por alta frequência (High Frequency Resistance Welding - HFRW).
\ Impeder
Figura 1
Alguns processos de soldagem por resistência (esquemáticos). Soldagem por (a) pontos, (b) costura,
(c) projeção, (d) topo a topo por resistência, (e) topo a topo por centelhamento e (f) alta frequência
Na soldagem por pontos, a solda é obtida na região das peças colocadas entre um
par de eletrodos, e várias soldas podem ser obtidas sim ultaneam ente pela utilização de
múltiplos pares de eletrodos.
Na soldagem por costura, uma série de pontos de solda consecutivos é feita, de modo
a produzir uma solda contínua, por sobreposição parcial dos diversos pontos. Normal
m ente, um ou ambos os eletrodos são discos ou rodas, que giram enquanto as peças a
serem unidas passam entre eles.
Na soldagem topo a topo por resistência, a corrente elétrica passa através das faces
das peças, que são pressionadas frente a frente. As peças são prensadas uma contra a
outra, por meio de um dispositivo de com pressão sendo em seguida subm etidas à pas
sagem de uma corrente de soldagem adequada. Podem ser soldados com este processo
materiais com seção quadrada, redonda, sextavada etc. A Tabela I apresenta faixas de
corrente adequadas para a soldagem de alguns materiais.
Na soldagem topo a topo por centelham ento, ao contrário da solda topo a topo por
resistência, em geral não é necessária nenhuma preparação das superfícies de contato.
Neste processo as peças são energizadas antes de entrarem em contato, e suas faces
são aproximadas até que o contato ocorra em pontos discretos da superfície da junta,
gerando o centelham ento. Como o início do contato é provocado por irregularidades nas
superfícies dos materiais, o processo de fusão se inicia pelos diversos arcos form ados
pelas irregularidades da superfície entre as peças. Este sistem a acelera-se e acaba por
estender-se progressivam ente em toda a superfície. Tanto neste processo quanto
no anterior, existe um estágio final, quando as faces su ficie n te m e n te aquecidas são
fo rte m e n te pressionadas uma contra a outra, sofrendo uma considerável deform ação
plástica, que consolida a união.
Na soldagem por alta frequência, a solda é obtida pelo calor gerado pela resistência
à passagem de uma corrente elétrica alternada de alta frequência (10 a 500 kHz) e pela
aplicação rápida de pressão.
O calor gerado pela passagem da corrente elétrica pode ser estimado por
2 g g I m A A sa t
R M B A m n O S E TCam O G tA
onde, Q é o calor gerado (em Joules), Ré a resistência elétrica (em Ohms),/ é a intensidade de
corrente elétrica (em Ampères) e t é o tempo de passagem da corrente (em segundos).
A soldagem por pontos é usada na fabricação de peças e conjuntos, a partir de chapas
metálicas finas, com espessuras de até aproximadamente 3mm, quando o projeto per
mite o uso de juntas sobrepostas e não há necessidade de estanqueidade da junta. Este
projeto é usado preferencialmente à parafusagem e à rebitagem, por exemplo, quando
a desmontagem para manutenção não é necessária, uma vez que a fabricação se torna
mais rápida. É aplicável aos aços carbono, aços inoxidáveis, Al, Cu, Mg, Ni e suas ligas.
Em alguns casos pode ser usado para peças de aço com até 6 mm de espessura, embora,
nestes casos, a soldagem de topo com arco elétrico possa ser mais vantajosa.
A soldagem por projeção é usada principalmente para se unirem pequenas peças
estampadas, forjadas ou usinadas, possuindo uma ou mais projeções ou saliências. Pa
rafusos, pinos etc. podem ser facilmente soldados em uma chapa fina por este processo.
Ele é especialmente útil para se produzirem várias soldas simultâneas entre duas peças.
A faixa de espessuras na qual é utilizada a soldagem por projeção é de 0,5 a 3 mm, em
aços carbono, aços inoxidáveis e algumas ligas de níquel.
A soldagem por costura é usada principalmente para juntas contínuas impermeáveis
a gases e líquidos, em aplicações como tanques de combustível para automóveis, extin
tores de incêndios, fabricação de tubos etc., na mesma faixa de espessuras citadas para
soldagem a pontos. Entretanto, a soldagem por costura exige correntes muito maiores
que a soldagem por pontos, já que no primeiro processo uma parcela maior da corrente
elétrica circula peia região já soldada.
A soldagem de topo por resistência é utilizada para unir arames, tubos, anéis e tiras
de mesma seção transversal. Um bom contato superficial entre as peças é imprescindível
para a obtenção de uma solda isenta de descontinuidades e, devido a isso, o processo não
é utilizado para peças de seção grande ou com formato complicado ou irregular, como,
por exemplo, tubos para oleodutos e gasodutos e trilhos. Estas peças geralmente são
soldadas por centelhamento. Entretanto, o intenso centelhamento que ocorre durante a
soldagem dificulta a sua utilização, devido à necessidade de proteção de pessoal e de
partes do equipamento, como eixos, rolamentos etc.
A soldagem por alta frequência é utilizada principalmente para a realização de costuras
em tubos e outros perfis.
2. Equipamentos
O equipamento para soldagem por resistência deve apresentar três sistemas básicos:
elétrico, mecânico e de controle.
O sistema elétrico consiste de uma fonte de energia, conexões e eletrodos. As fontes
de energia elétrica podem ser do tipo "energia direta" ou "energia armazenada”, e fornecer
corrente contínua ou alternada.
CAPÍTULO 1B I O Q 1
SOUWSEM POR fSStSTÍNOA | »
As máquinas de corrente alternada são do tipo energia direta, sendo que a corrente
de soldagem é fornecida diretamente por um transformador monofásico. Sua capacidade
é limitada, uma vez que este tipo de equipamento provoca um forte desbalanceamento
na rede de distribuição de energia elétrica no momento de sua utilização, além de apre
sentar um baixo fator de potência (cosseno do ângulo de defasagem entre a tensão e a
corrente), devido à alta indutância do transformador.
As máquinas de corrente contínua do tipo energia armazenada são baseadas num
banco de capacitores, alimentado por uma fonte de tensão contínua, que armazena a
energia necessária para a soldagem. Neste tipo de equipamento, o tempo de acumulação
é bem maior que o tempo de descarga. Máquinas do tipo energia direta consistem de um
transformador e um circuito retificadortrifásicos. Estas máquinas demandam um consumo
bem menor em kVA da rede de distribuição, podendo ter capacidades muito elevadas.
Os eletrodos, cujas funções principais são conduzir a corrente de soldagem e transmitir
força mecânica, são feitos de ligas com elevada condutividade térmica e elétrica, geral
mente à base de cobre, além de serem resistentes à deformação e ao desgaste, mesmo
em temperaturas relativamente elevadas. A geometria da ponta tem grande influência na
qualidade da solda produzida e deve ser otimizada para cada aplicação. Na maioria das
aplicações os eletrodos são formados de ligas Cu-Cr, Cu-Cr-Zr, Cu-Cd e Cu-Be, tratadas
termicamente para atingirem as seguintes características.
O resfriamento correto dos eletrodos tem grande importância na execução das soldas
e no tempo de vida útil dos mesmos. A água deve ser levada tão perto quanto possível
da ponta dos eletrodos. Periodicamente, é necessário que se faça uma vistoria nos ele
trodos, pois, o desgaste decorrente do regime de trabalho imposto pode levar a soldas
diferentes das feitas em condições ótimas. As pontas dos eletrodos devem estar com
o formato correto e limpo. A Figura 2 mostra o circuito de refrigeração usado no resfria
mento do eletrodo.
I SOLDAGEM
FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Figura 2
Circuito de refrigeração do eletrodo
COBRE QUEIMADO
Rgura 3
Número médio de pontos em função do desgaste do eletrodo
de acionamento manuai são usadas norm alm ente quando a produção é muito variável,
devido à facilidade de se alterarem as condições ou parâmetros de soldagem. As má
quinas hidráulicas ou pneum áticas são geralmente usadas quando a fabricação é mais
ou menos homogênea, podendo ser bastante especializadas para uma dada tarefa. As
máquinas com acionam ento por m otor elétrico são norm alm ente usadas quando não se
dispõe de ar com prim ido perto do local de operação. A Figura 4 m ostra um equipamento
típico para soldagem por pontos ou por projeção.
Suporta
eletrodo
Ajuste do
Figura 4
Desenho esquemático de equipamento para soldagem por pontos e/ou projeção
As máquinas para soldagem por costura são similares às anteriores, porém os ele
trodos são discos e, dependendo da posição de seus eixos, pode-se soldar na direção
paralela ou perpendicular ao chassi do equipam ento. A Figura 5 mostra a operação de
uma máquina de solda por costura.
Figura 5
Equipamento para soldagem por costura
-D n n SOLDAGEM
JU U FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Q uanto ao sistema m ecânico, as máquinas para soldagem por centelham ento (FW),
de topo (UW) e por alta frequência (HFRW) possuem um sistema de aplicação de pressão
final, e. quando aplicável, um sistem a de aproximação progressiva das peças a serem
unidas, sendo que uma delas fica geralm ente fixa e a outra é móvel.
A soldagem por resistê ncia não utiliza con sum íveis. Apenas os ele tro d o s, com o
já fo i citad o, são peças que se desgastam com o te m p o e devem ser sub stituídas
eve ntualm ente.
3. Técnica Operatória
A corrente de soldagem possui um lim ite inferior, abaixo do qual o aquecim ento e
eventual fusão adequados não são obtidos na interface de união. Este valor depende da
área de contato entre os eletrodos e as peças ou das peças entre si, do material a ser
soldado e da espessura deste. Aumentando-se a intensidade de corrente, pode-se diminuir
o tem po de fluxo desta. Entretanto, existe um lim ite superior que, se excedido, provocará
o aquecimento de toda a espessura do material entre os eletrodos, de tal forma que haverá
deformação plástica de toda a seção sob a ação dos eletrodos, com possíveis penetrações
excessivas destes na superfície de material. A resistência mecânica máxima na junta é obtida,
de modo geral, para valores de corrente ligeiramente abaixo deste limite superior. Condições
ótimas de operação e resultados são, quase sempre, obtidas nesta situação.
A quantidade de calor gerada na junta é diretam ente proporcional ao tem po de pas
sagem da corrente elétrica. Assim , este tem po deve ser otimizado em função dos outros
parâmetros de soldagem. De acordo com a equação citada na primeira parte deste capítulo,
quantidades iguais de calor podem ser geradas na junta, com diferentes parâmetros de
operação, desde que o produto l2.t seja m antido constante. Isto significa que, em princípio,
soldas equivalentes podem ser obtidas para diferentes níveis de corrente, se o tem po
de passagem desta fo r variado de form a conveniente. Entretanto, isto não é totalm ente
verdadeiro, pois um aum ento no tem po de soldagem dim inui a eficiência do processo, já
que uma perda maior de calor ocorrerá, através de condução pelas peças e pelos eletrodos,
antes da fusão da interface. Assim , para reduzir a extensão da zona term icam ente afetada,
é preferível se trabalhar com correntes elevadas e tem pos curtos. Isto é particularm ente
interessante na soldagem de m ateriais de alta condutividade térm ica.
A resistência total do circuito de soldagem é dada pela soma das resistências dos
eletrodos, das resistências de contato eletrodo-peça, da resistência interna das peças e
da resistência de contato entre as peças, desprezando-se a resistência interna do equipa
mento. Como o aquecim ento em cada uma destas regiões é proporcional ao valor local
da resistência elétrica, a resistência de contato entre as peças deve ser a maior delas, de
m odo que o aquecim ento se dê principalm ente nesta interface.
Esta resistência pode ser controlada pela condição superficial das peças a unir e pela
força aplicada. No caso de soldagem de metais dissim ilares ou de peças de diferentes
espessuras, a variação de resistividade dos materiais ou a variação de resistência com
a espessura deve ser compensada pela geom etria dos eletrodos. Assim por exemplo,
eletrodos com maior área devem ser colocados em contato com as peças de m aior resis
tividade e vice-versa, para promover um balanço térm ico, com o m ostrado na Figura 6.
Liga com alta
Eletrodo com maior condutividade,
Figura 6
Desenho esquemático mostrando variações na geometria do eletrodo como forma de compensação
para variações na resistividade ou espessura das peças a soldar.
(a) Eletrodo de menor diâmetro em contato com a peça de maior condutividade.
(b) Eletrodo de maior resistência em contato com a peça de maior condutividade.
(c) Igual (b). mas com eletrodo maior em contato com a peça de menor condutividade.
(d) Eletrodos iguais com peça de maior condutividade mais espessa.
Existem vários fatores que influenciam diretam ente a qualidade da solda, dentre os
quais podem-se citar com o os mais im portantes:
• condições dos materiais: é necessário que seja feita uma boa limpeza nas chapas, visando a
eliminação de sujeiras, gorduras, pintura, óleo. Estes elementos funcionam como isolante
elétrico, não contribuindo positivamente para a execução da soldagem;
• uniformidade dos pontos de solda: para se obter soldas de boa qualidade e com resistência
mecânica adequada, é necessário que haja uma uniformidade dos pontos de solda. Aqueles
pontos que apresentam um tamanho maior, em geral possuem menor resistência mecânica;
• pressão: é ajustada por reguladores de pressão e depende quase que exclusivamente da '
espessura do material a ser soldado.
Diferentes metais podem ser soldados pelos processos por resistência, sendo sua
soldabilidade controlada, de maneira geral, pela resistividade, condutividade térmica,
temperatura de fusão e suas características metalúrgicas.
Metais com elevada resistividade, baixa condutividade térmica e ponto de fusão
relativamente baixo, como ligas não ferrosas, são facilmente soldáveis. Certos aços,
particularmente os de maior teor de carbono, podem necessitar de tratamentos térmicos
pós-soldagem para ajuste de suas propriedades mecânicas. Certos metais com menor
resistividade elétrica e maior condutividade térmica, como o Al, o Mg e suas ligas, são
mais difíceis de soldar. Metais preciosos e o Cu. devido à sua elevada condutividade tér
mica e elétrica, são problemáticos para soldagem por resistência. Finalmente, os metais
refratários. devido ao seu elevado ponto de fusão, são também difíceis de soldar por
estes processos.
0 efeito destas propriedades pode ser combinado em uma fórmula que indica a sol
dabilidade relativa (W) de diferentes materiais com relação à soldagem por resistência,
em particular a soldagem por pontos:
W = -^ -x i0 0 (Eq.2)
T xK
onde. "R” é a resistividade do material (/jQ.cm), "T" é a temperatura de fusão (°C) e "K" é
a condutividade térmica relativa ao cobre, que vale 1. Se W for inferior a 0,25, o material
é considerado como de baixa soldabilidade e se acima de 2,0, a soldabilidade é consi
derada excelente. De acordo com esta fórmula, o aço tem uma soldabilidade relativa
superiora 10.
A força aplicada pelos eletrodos ou outros dispositivos apropriados não influencia
diretamente na quantidade de calor gerado no processo, mas indiretamente, através de
seu efeito na resistência de contato entre as peças. Quanto maior for a força aplicada,
melhor o contato, e. portanto, menor a resistência na interface peça-peça. Por outro
lado, a aplicação de uma força muito pequena pode causar flutuações na resistência de
contato, levando a flutuações na qualidade dos pontos obtidos e. em casos extremos, à
abertura de arco entre as peças.
Em trabalhos em série, é muito importante a uniformidade das condições de soldagem.
Variações na condição superficial das peças ou na força aplicada podem levar a soldas
inaceitáveis. Assim, por exemplo, condições adequadas para a soldagem de peças que
apresentam oxidação superficial possivelmente não poderão ser usadas na soldagem de
peças com a superfície limpa, com os mesmos resultados.
A escolha dos parâmetros de soldagem é feita em função do material e da espessura
das peças a serem unidas. Algumas tabelas com parâmetros típicos de soldagem para
diversas situações podem ser encontradas na literatura.
A Figura 7 apresenta um ciclo de soldagem mais ou menos complexo, que ilustra a
sequência de soldagem por pontos.
CAPÍTUL019 ono
S01DAGEM POR RESISTÊNCIA JU J
r&Tntno
(a) CUo do soMagon ccm fanpubo únk» (b)Cfctodo nidagerncoin lmptf*oúrtoo e aumentoe «ftrtnufçío
gtadaBvtatdacuronlodeHMaQBm
Conprewflotoiaii
Tecnpode r ^
Figura 7
Ciclos esquemáticos de soldagem por pontos
Na soldagem por centelhamento, o ciclo operacional pode envolver outras etapas es
pecíficas que seriam: aproximação inicial e contato entre as peças, para pré-aquecimento
por efeito Joule; afastamento e reaproximação das peças para início de centelhamento;
período de centelhamento; com aproximação progressiva e compressão final das pe
ças. quando as superfícies em contato são deformadas plasticamente e a passagem da
corrente de soldagem é interrompida. Depois desta etapa, pode-se fazer um tratamento
térmico da junta soldada através do aquecimento pela passagem de uma corrente elétrica
de valor inferior àquela usada para pré-aquecimento e para soldagem. A Rgura 8 mostra
um ciclo típico de soldagem por centelhamento.
COUMQEM
304 FUNOM dM TBS E TECNOtOOM
Abertura tfttdal
Rgura 8
Ciclo esquemático de soldagem por centeihamento
4. Aplicações Industriais
Como exemplos de materiais que podem ser soldados por este processo, podem-se citar
os aços carbono, as ligas inoxidáveis, os aços galvanizados, as ligas de alumínio e magnésio
além de outros não ferrosos como o zinco, cobre, bronze, prata, níquel etc.
Assim, a soldagem por resistência encontra grande aplicação na indústria automo
bilística, eletro eletrônica, fabricação de eletrodomésticos, tubulações, equipamento
ferroviário, esportivo etc.
Atualmente, os equipamentos para soldagem por resistência vêm sendo melhorados,
com a introdução de novos métodos de controle de parâmetros que levam a um melhor
nível de controle do processo, automação de etapas etc., já que o número de aplicações
vem aumentando continuamente.
Quanto a aspectos econômicos, pode-se fazer uma análise de custos a partir dos se
guintes itens: custo da mão de obra e do equipamento selecionado, custo da operação e
manutenção, economia de material, melhoria na qualidade do produto e investimentos.
O custo da mão de obra deve ser analisado levando-se em conta o salário e a pro
dução por hora, a partir dos quais determina-se o custo unitário do trabalho. Este custo
está relacionado com o equipamento, considerando-se que quanto mais mecanizado ou
automatizado o equipamento, maior o seu custo; entretanto, a habilidade e especialização
exigidas do operador são menores, assim como o custo da mão de obra. Além disso,
um mesmo operador pode supervisionar mais de um equipamento simultaneamente,
dependendo de seu grau de informação.
O custo de operação do equipamento é relativamente baixo e para este importam o
consumo de energia elétrica, fator de potência, demanda e carga total conectada. O fator de
potência é um parâmetro importante, uma vez que baixos valores deste implicam condutores
de maior seção e taxas especiais da companhia fornecedora de energia elétrica.
Quanto à manutenção, devem-se levar em conta as condições oferecidas pelo fabri
cante. a complexidade do equipamento, a existência de concorrência etc.
Uma das vantagens da soldagem por resistência é a economia de material, em função
da não necessidade de consumíveis de soldagem ou de outros meios auxiliares de união,
como parafusos, porcas etc, e de usinagem. como furação etc., além da possibilidade
de montagem de peças complexas a partir de componentes simples, de baixo custo de
produção.
A solda por resistência pode apresentar excelente qualidade, tanto do ponto de vista de
propriedades mecânicas quanto de aparência, sendo muitas vezes virtualmente invisível,
o que simplifica operações de acabamento e evita pontos para acumulação de poeiras,
graxas etc.
Quanto ao investimento de capital, devem-se considerar que. de um modo geral, equi
pamentos especiais devem ter um tempo de amortização relativamente curto, uma vez
que uma mudança na linha de produção praticamente inutiliza o equipamento, no todo
ou em parte, enquanto que equipamentos de ugo mais geral podem ser mais facilmente
adaptados para as novas condições de fabricação, podendo ter o prazo de amortização
maior. Além disso, devem-se considerar os custos de transporte e instalação, assim
como necessidade de instalações auxiliares como linhas de água, subestações elétricas,
equipamentos pneumáticos etc.
S01ÜABBN
306 FUHOAMSVTDS E TECNOLOGIA
5. Exercícios
b) A soldagem por resistência elétrica pode ser considerada uma soldagem por fusão?
Justifique.
c) Estes processos podem produzir uma zona termicamente afetada na junta soldada?
Explique.
d) Eletrodos para soldagem por resistência elétrica podem ser refrigerados a água. Qual a
vantagem?
e) Faça soidas por resistência com diferentes parâmetros operacionais e observe as caracte
rísticas das sodas produzidas. Discuta os resultados.
CAPÍTULO 19
A -SOLDAGEM A LASER
1. Fundamentos
Espoo» Semtespelho
j L j L
Figura 1
Produção de fótons Laser (Esquemática)
A tecnologia de soldagem a Laser evoluiu muito. Dois tipos de Lasers estão sendo
usados para soldagem: o de C 02e o de Nd:YAG ("Neodymiun - Yttrium Aluminum Garnet”).
Ambos emitem radiação eletromagnética em comprimento de ondas entre as faixas do
ultravioleta e infravermelho. Apesar de nem todo Laser emitir radiação visivel ao olho
humano {400-750 nm), este tipo de radiação é designado como a luz. A Tabela I mostra
o espectro das radiações eletromagnéticas e vibrações mecânicas.
2. Equipamentos
Os equipamentos necessários para soldagem a Laser são uma fonte de energia e seus
controles, a fonte do Laser e seu sistema de refrigeração. Um conjunto para soldagem
a Laser é mostrado na Figura 2.
SOIDAGEM
3 1 0 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
Figura 2
Sistema básico para soldagem a Laser (esquemático)
3. Técnica Operatória
As operações com fontes de alta intensidade podem ser feitas utilizando-se duas
técnicas: a da fusão convencional, como em outros processos de soldagem, e a técnica
"keyhole" ou do furo. A técnica "keyhole” é a mais utilizada e som ente é possível se a
densidade de energia for suficientem ente alta para fundir rapidamente toda a espessura
junta. Para isso é necessário que o feixe esteja perpendicular à superfície das peças e
que seja bem absorvido. Pode ocorrer alguma vaporização do material.
As temperaturas dentro do furo podem alcançar valores extrem am ente altos, tom ando
a técnica "keyhole" m uito eficiente, pois o calor é conduzido em form a radial para fora,
form ando uma região fundida que cerca o vapor. Quando o feixe de Laser se move ao
longo da peça, o metal fundido preenche o espaço atrás do furo e se solidifica, formando a
solda, com o mostrado na Figura 3. Esta técnica perm ite velocidades de soldagens m uito
altas e é necessário um controle m uito preciso das variáveis operacionais para que a
operação tenha sucesso.
Penacho
de plasma
Poça de
fusão
Metal
base
Figura 3
Técnica do "Keyhole”
F igura 4
Processo de corte e peça cortada a LASER
4. Aplicações industriais
A evolução dos equipam entos permitiu um aum ento significativo no número de aplica
ções industriais do Laser. Ele tem sido usado na indústria metal-mecânica para operações
de corte, soldagem e gravação de peças metálicas-, particularm ente em aplicações em
que se necessita grande precisão dimensional em peças de baixa espessura. Em fábricas
de autom óveis tem -se usado Laser de C 0 2 com o auxílio de robôs para soldagem, o que
perm ite posicionam ento e m ovim entação m uito precisos sobre a peça de trabalho, com
alta relação custo-benefício, apesar do custo elevado dos equipam entos.
CAPITULO 19 l o i O
PROCESSOS DE SOlDAGtM DE ALTA INTENSIDADE j J 1 J
B - SO L D A G E M C O M FEIXE DE ELÉTRONS
1. Fundamentos
Um feixe de elétrons pode ser obtido num dispositivo conhecido como "canhão eletrô
nico", que consiste de um filam ento, geralmente de tungsténio, capaz de em itir elétrons
quando aquecido, e de um ânodo tubular, em geral de cobre. Os elétrons em itidos pelo
cátodo são acelerados em direção ao ânodo por um forte campo elétrico, passam por
ele, são focados e atingem a peça a ser soldada com velocidades em torno de 0,3 a 0,7
vezes a velocidade da luz, numa área bem reduzida. Este conjunto é montado em uma
câmara sob alto vácuo.
Uma desvantagem do processo feixe de elétrons é seu alto custo operacional, devido à
necessidade de vácuo, conseguido com o uso de bombas. Além disso, exige-se também
um operador bem qualificado e treinado para a realização da soldagem e o ajuste preciso
do feixe e seu posicionam ento em relação à peça de trabalho.
2. Equipamentos
Um sistema para a soldagem por feixe de elétrons, com o mostrado na Figura 1, con
siste de um canhão eletrônico, uma fonte de energia e câmara de vácuo, todos protegidos
contra vazamento de Raio X. bom bas para produção de vácuo, lentes eletromagnéticas
de focalização e sistem as para m ovim entação das peças durante a soldagem.
O I« SOLDAGEM
FUXMttBnDS E TKNOtOCU
Figura 1
Equipamento para soldagem EBW (esquemático)
A soldagem por feixe eletrônico pode ser feita em alto vácuo, médio vácuo, ou mesmo
à pressão atmosférica, sendo que o tipo de equipamento deve ser escolhido em função
do tamanho das peças a serem unidas, do número de peças e da precisão exigida entre
outros fatores, incluindo os custos.
3. Técnica Operatória
I
CAPfTLRD 19 n«e
PROCESSOS DE SOIDAGIM DE AtfA INTENSIDADE J 1U
Figura 2
Relação entre a potência do feixe, velocidade de soldagem e espessura das peças, na soldagem por
feixe eletrônico de alguns materiais
A incidência do feixe eletrônico de alta velocidade sobre a peça que está sendo soldada
gera. além de calor, radiação eletromagnética na faixa dos raios X, que é extremamente
danosa ao ser humano. Assim, um cuidado especial precisa ser tomado para evitar vaza
mento deste tipo de radiação da câmara de soldagem.
4. Aplicações Industriais
A maioria dos metais pode ser soldada com feixe de elétrons e ele tem sido usado com
frequência na união de aços de alta liga, metais mais reativos, como o titânio e zircônio,
metais refratários como o tungsténio e tântalo, aços inoxidáveis e muitas combinações
de metais dissimilares como cobre e alumínio, aço e cobre, cobre e aço inoxidável. As
espessuras soldáveis vão desde uma tão fina quanto uma folha de papel até aproxima
damente 150 mm em cobre. 250 mm em aço e 450 mm em ligas leves. As soldas apre
sentam excelentes características mecânico-metalúrgicas.
5. Exercícios
t
€
CAPÍTULO 20
1.1 - Fundamentos
(c) (d)
Rgura 1
Princípios da soldagem por fricção: (a) rotação rápida de uma das peças, (b) aplicação de pressão, (c)
deformação plástica e (d) recalque final
Na soldagem por arraste contínuo, as peças são fixadas nas garras da máquina e uma
delas é acelerada até atingir a velocidade adequada, por interm édio de uma unidade
motora. A peça que está parada é deslocada por uma força axial até tocar a peça girante.
Este contato provoca o aquecim ento das superfícies por atrito. Quando as superfícies em
contato atingem a tem peratura de forjam ento dos materiais, a unidade m otora é desa-
coplada da peça que está em rotação, esta é parada e a força axial é aumentada, para se
obter forjamento. Esta força é mantida até que as peças resfriem e estejam soldadas.
Na soldagem por inércia o processo é semelhante, mas a garra que segura a peça
girante está ligada a um volante, que é acelerado pefa unidade motora até atingir a veloci
dade de soldagem. Quando esta velocidade é atingida, a unidade motora é desacoplada
e só então a peça estacionária é deslocada em direção à peça que está girando.
1.2 - Equipamentos
O equipamento básico para soldagem por fricção consiste de cabeçote de fixação das
peças, sistema para produzir o m ovim ento de rotação e sistem a para aplicação de forças
axiais de pressão, com o m ostrado na Figura 2.
(a) (b)
Figura 2
Equipamento para soldagem por fricção (esquemáticos): (a) por arraste contínuo e (b) por inércia
I
capitulo20 01 q
OUTROSPROCESSOS0ESOLDAGEM J J 1 3
O processo de soldagem por atrito está lim itado às juntas de topo planas e angulares,
desde que perpendiculares e concêntricas com eixo de rotação. A superfície a ser soldada
não precisa ter bom acabamento e superfícies forjadas, cortadas com tesoura, a gás ou
disco abrasivo são aceitáveis.
A qualidade da solda depende da escolha correta das variáveis de processo. Por ser
uma soldagem no estado sólido e não necessitar de metal de adição ou fluxos, prati
camente não ocorrem defeitos com o poros, inclusões de escória e form ação de fases
frágeis. Os defeitos mais com uns são: cisalham ento na zona afetada pelo calor e defeitos
centrais causados por pequenos orifícios no centro de uma das peças. A variação de
dureza ao longo da zona term icam ente afetada (ZTA) é m uito pequena e a resistência à
fadiga tam bém não é m uito afetada, principalm ente quando o material fo r tem perado e
revenido após a soldagem.
A maioria dos metais pode ser soldada por atrito, com exceção do ferro fundido,
porque a grafite age com o lubrificante, e certas ligas que possuem baixo coeficiente de
atrito, com o bronze e latão com mais 0,3% de chum bo. Certos aços com inclusões de
sulfetos de m anganês tam bém não podem ser soldados devido à form ação das fases
frágeis na solda.
Neste processo, uma ferramenta não consum ível gira rapidam ente entre duas chapas
posicionadas topo a top o fazendo com que o material de ambas as chapas seja m istura
do, destruindo a interface de separação entre elas e consolidando a união, com o mostra
a Figura 3.
Junta
Contorno da solda
Superfície
de contato
Ferramenta
Suporte da Solda
ferramenta
Figura 3
' Friction stir welding”
Este processo consiste de duas etapas: uma primeira de furação e uma segunda de en
chim ento. Nesta última, o consumível ou m aterial de enchim ento, equivalente ao material
a ser reparado, é posto prim eiram ente em rotação e em seguida introduzido axialm ente
dentro da cavidade previam ente aberta. Devido ao contato inicial do consumível com o
fundo da cavidade, calor será gerado por fricção, prom ovendo assim o escoam ento do
material plastificado ao longo do plano de cisalham ento na base do consumível. Assim ,
com uma escolha apropriada de pressão e velocidade relativa, os planos de cisalham ento
são induzidos a mover-se axialmente, de form a que o material de adição entre em contato
íntim o com a parede interna da cavidade. Devido à fricção e deform ações a que o material
é subm etido, a solda acontece entre as paredes da cavidade e o consumível, num tem po
entre 5 e 20 segundos, dependendo do material, da velocidade relativa, da pressão axial
e da profundidade da cavidade. A Figura 4 apresenta um esquema m ostrando o processo
CAPÍTULO20 I
OJTROSPROCESSOSOESOLDAGEM 1
Consumível
Superfície
de fricção
Metal
depositado
Figura 4
"Friction hydro pilar processing" (esquemático)
Figura 5
Sequência de deposição de metal
Como o consumível sofre intenso trabalho a quente e severas deformações, uma refi
nada microestrutura consequentem ente será formada, alterando assim as propriedades
estáticas e dinâmicas do material. Entretanto, essa estrutura poderá ainda ser modificada
por posterior tratam ento térm ico, para que as propriedades mecânicas desejadas sejam
alcançadas. Deve ser considerado tam bém que todo o processo acontece com ausência
de fusão macroscópica, ou seja, ocorre inteiram ente em estado sólido. Assim, todos os
problemas associados com a fusão e solidificação do material, particularmente absorção
e evolução de hidrogênio e nitrogênio, são reduzidos significativamente ou até mesmo
com pletam ente eliminados.
Por ser um processo em estado sólido, a soldagem por fricção, diferentem ente dos
processos a arco elétrico, não é afetada pela pressão ambiente e por isso o processo
pode ser empregado com sucesso na soldagem subaquática molhada, mesmo em pro
fundidades superiores àquelas com um ente utilizadas para a passagem de oleodutos. Na
verdade, a soldagem por fricção já tem sido usada com êxito no reparo e manutenção de
estruturas de conexão nas indústrias "offshore" e naval há alguns anos. A ausência de uma
0 0 9 SOLDAGEM
3 £ £ ! FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
zona de fusão é tam bém uma característica im portante do processo FHPP e problem as
sérios da soldagem por fusão são reduzidos ou praticam ente não existem.
O processo FHPP está bem adaptado para autom atização e controle rem oto, uma
vez que o ciclo de soldagem é pré-program ado e não é preciso que o operador tenha
habilidades e não há necessidade de ajustar parâmetros ao longo da operação. Deve ser
mencionado que a aplicação desse processo exige grande capacidade de fixação para
lidar com as forças de reação intrínsecas ao processo de soldagem. Braçadeiras usando
dispositivos mecânicos, blocos de eletroím ãs ou sucção podem ser usados para ajudar
os sistemas de manipulação durante a operação de reparo. A precisão da posição é de
extrema importância para FHPR porque o consumível tem que ser posicionado coaxial-
m ente e centrado com a cavidade para que uma solda de boa qualidade seja produzida.
Um programa de teste deve ser executado para se obter inform ações confiáveis sobre
o máximo desalinhamento permissível e, consequentem ente, empregá-lo no projeto e
dim ensionam ento dos sistemas de manipulação.
A costura por fricção usa o m étodo FHPP apresentado anteriorm ente, para o reparo
de trincas. 0 processo se caracteriza por produzir uma série de soldas sobrepostas, em
um ou mais passes até que a trinca seja com pletam ente restaurada. Este processo é
m ostrado esquematicamente nas Figuras 6 e 7. .
Figura 6
Esquema da costura por fricção com pontos alinhados
Figura 7
Esquema da costura por fricção com pontos intercalados
CAPfTUUO 20
OUTROS PROCESSOS DE SOIOAGEW «3 *0
Figura 8
Variações do processo FHPP — cônica e cilíndrica
3.1 - Fundamentos
A soldagem por explosão (Explosion Welding - EXW) é um processo que utiliza a energia
de detonação de um explosivo para promover a união das peças metálicas no estado sólido. A
solda é produzida pelo impacto em alta velocidade das peças de trabalho, como resultado de
uma detonação controlada, sem adição de, metal. O processo em si é m uito rápido e dura
uma fração de segundo. Ele ocorre à temperatura am biente e quase não há aquecim ento
das peças, embora as superfícies de contato sejam aquecidas pela energia de colisão e
a soldagem conseguida pelo fluxo plástico do metal da camada superficial.
0 0 /1 ; SOLDAGEM
° j FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
A interface entre os dois com ponentes soldados por explosão é normalmente ondu
lada. O com prim ento da onda depende das condições de soldagem. Estas ondas são
conhecidas com o "ondas de Bahrani" e ocorrem a pressões de até 105 atm. O metal
com porta-se com o fluido, sem estar fundido. A Figura 9 mostra a interface de uma junta
soldada por explosão.
Figura 9
Seção de uma solda por explosão
3.2 - Equipamentos
O processo de solda gem por exp lo são é usado n o rm alm e nte para re ve stim e n to
envolvendo três com p o n e n te s: o m etal de base, o metal de revestim ento e o explosivo.
O metal de base permanece estacionário e, particularmente quando é relativamente delgado.
CAPÍTULO 20 o o r
owaos PHOCESSOS DE SOLDAGEM «J
pode ser suportado por uma base ou matriz, que deve possuir massa suficiente para
minimizar as distorções durante a operação.
O explosivo, norm alm ente em form a granular, é distribuído uniform em ente sobre a
superfície superior do metal de adição. A força que a explosão exerce sobre este depende
das características da detonação e da quantidade de explosivo. Um separador de um
material tipo neoprene pode ser necessário entre o explosivo e o metal de revestimento,
para proteção deste contra a erosão provocada pela detonação do explosivo.
Detonador Explosivo
Metal de revestimento
Espaçamento
uniforme
Metal de base
(a)
Explosivo
Amortecedor
Detonador
Metal de revestimento
Ângulo de
soldagem
(b)
Figura 10
Arranjo típico para soldagem por explosão: (a) paralela e (b) em ângulo
Os explosivos utilizados têm usualm ente uma com posição baseada em nitrato de
amónia. A velocidade de detonação do explosivo depende da sua composição, espessura
e compactação e fica entre 2.000 e 3.000 m/s.
n o c j SOLDAGEM
° L 0 j FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
A soldagem por explosão pode ser usada para soldar praticam ente todos os metais
que possuam resistência e ductilidade suficientes para suportar a deformação em alta
velocidade associada ao processo, em geral os que possuem alongamento mínimo de 5 a
6 % em 51 mm de com prim ento de m edição e resistência ao im pacto Charpy entalhe em V
maior que 13,6 J. Metais que sofrem fratura quando expostos a choques associados com
a detonação do explosivo e à colisão dos dois com ponentes não podem ser soldados por
explosão. Em casos especiais, metais com baixa ductilidade podem ser soldados com um
pré-aquecimento do com ponente à uma tem peratura em que se tenha uma resistência
ao im pacto adequada, o que requer cuidados especiais de segurança.
Este processo tem sido utilizado industrialm ente para revestim entos, fabricação de
chapas bimetálicas e união de metais m etalurgicam ente incom patíveis. O revestim ento
de chapas planas constitui a maior aplicação industrial da soldagem por explosão. O
processo pode tam bém ser utilizado para revestir as superfícies interna ou externa de
cilindros, para fabricação de juntas de tubos com espelhos de trocadores de calor etc.
4.1 - Fundamentos
E scória
Cadinho.
Aço super
Tampa. aquecido
Peças pré-
aquecidas
Figura 11
Soldagem por aluminotermia (esquemático)
T a b e la I - R e a ç õ e s q u ím ic a s u s u a is n a s o ld a g e m a lu m in o té r m ic a
3 FeO 2 Al 3 Fe A I2 ° 3
880
3 C uO 2 Al 3 Cu a i 2o 3 1.210
3 CUjO 2 Al 6 Cu a i 2o 3 1.060
A reação 3Fe 30 4 + 8AI -> 9Fe + 4AI 20 3 + 3.350 kcal (3.100°C) é uma das mais utiliza
das e a relação em peso é de três partes de óxido de ferro para uma parte de alumínio. A
temperatura teórica de 3.100°C é reduzida por perdas de calor no cadinho e por radiação e
pelo auxílio de com ponentes não reagentes normalmente adicionados à mistura, para que
se consiga tem peratura de cerca de 2.480°C. Isto é im portante, pois o alumínio vaporiza a
2.500°C. Por outro lado, a tem peratura não pode ser m uito baixa, pois a escória de alumínio
(Al20 3) se solidifica a 2.040°C. Aditivos tam bém podem ser usados para aumentar a fluidez
e baixar a tem peratura de solidificação da escória. Caso necessário, é possível adicionar
elem entos de liga ao metal de adição, para melhoria das propriedades mecânicas.
4.2 - Equipamentos
4.3 - Consumtveis
Para se ter uma solda com qualidade são necessários alguns cuidados importantes.
As peças devem estar limpas e alinhadas, sendo o alinhamento crítico neste processo.
A separação entre as peças a serem soldadas é estimada empiricamente por
(Eq. 1)
t
CAFfniLOZO I OO A
OUTROSPROC£SSOSOESOlííAG£M
5.1 - Fundamentos
O processo de soldagem a frio (Cold Welding - CW), também conhecido como solda
gem por pressão, ocorre pelo forte preSsionamento de peças lisas e polidas, uma contra
a outra, à temperatura ambiente. A união baseia-se na eliminação da interface entre as
peças, pela quebra e expulsão dás camadas oxidadas e contaminadas das superfícies em
contato. A quebra expõe as superfícies internas dos metais a serem soldados, facilitando
o contato entre elas e gerando forças interatômicas suficientes e necessárias para formar
a solda. A união é feita no estado sólido.
O custo do processo pode ser relativamente elevado, pois depende do número de
peças a unir e do equipamento necessário. A maioria das aplicações é para a união de
materiais não ferrosos.
5.2 - Equipamentos
Existem várias técnicas para a soldagem a frio e o processo pode ser executado por
deformação, por expulsão, por extração e por rotação.
6.1 - Fundamentos
\
A soldagem por ultrassom produz a união de peças pela aplicação local de ener
gia vibracional de alta frequência, enquanto as peças a serem unidas são mantidas sob
pressão. A pressão é aplicada perpendicularmente às superfícies e a vibração ultrassônica
induz forças de cisalhamento de alta frequência. Quando estas forças ultrapassam o limite
de escoamento do material, deformações locais ocorrem. As forças de cisalhamento de
alta frequência quebram e removem os contaminantes superficiais e produzem a ligação
superficial dos metais. A vibração induzida é paralela à superfície das peças e a união se
dá por aquecimento e deformação plástica das superfícies em contato.
6.2 - Equipamentos
Este processo tem sido usado em uniões de metais não ferrosos diferentes sem a
utilização de consumíveis, com um tempo de soldagem relativamente baixo (inferior a
um segundo), baixo consumo de energia e quase nenhuma dissipação de calor e ainda
na união de plásticos e na fabricação de embalagens herméticas.
Algumas aplicações industriais importantes são a fabricação de juntas de transição
cobre-alumínio nas bobinas do motor de arranque de automóveis e outras uniões de fios
elétricos automotivos como a soldagem em conjunto de fios elétricos em cabos de fita
(FFC); soldagem de fios de grande bitola e de múltiplos fios em terminais.
Os metais mais adequados para a soldagem por ultrassom são os metais não ferrosos
como cobre, alumínio e suas ligas. Materiais contendo chumbo, zinco e estanho não são
recomendados para serem soldados, pois estes elementos atuam como lubrificante,
minimizando a abrasão exigida para realização da soldagem.
7.1 - Fundamentos
7.2 - Equipamentos
8. Exercícios
c) Qual o requisito básico de um material para que ele possa ser soldado por fricção?
i) Quais parâmetros são responsáveis para a realização de uma solda de boa qualidade no
processo de soldagem a frio?
j) Na soldagem por ultrassom, por que a temperatura de fusão e a condutividade térmica dos
materiais a serem soldados não são fatores importantes do processo?
BRASAGEM
1. Fundamentos
A brasagem pode ser feita em atm osfera ativa, inerte ou sob vácuo, e o uso de
atm osferas protetoras reduz a necessidade de limpeza após a operação, para elim inar
da junta os m ateriais corrosivos dos fluxos.
As juntas brasadas são preenchidas por capilaridade e, para que este fenômeno ocorra de
forma adequada, é necessário um controle rígido da distância de separação entre as peças.
Se o espaçam ento entre elas for m uito pequeno, o preenchim ento da junta é m uito lento
e pode ser apenas parcial. Espaçamentos exagerados tam bém podem levar a tem pos
de preenchim ento m uito longos e à formação de bolhas de gás ou de inclusões de fluxo
e óxidos.
A ligação entre metal de adição e metal de base se dá por difusão, com a formação
de ligas interm etálicas na interface entre estes materiais, e é sólida e resistente.
Na brasagem por chama, o aquecimento é feito por uma ou mais tochas. Dependendo
da tem pe ratura e da quantidade de calor requeridos, o gás com bustível pode ser o
acetileno, propano, gás de rua etc. O m etal de adição pode ser colocado previam ente
na junta ou alim entado m anualm ente, com o na soldagem a gás. Para este processo,
o uso de fluxo é essencial.
A brasagem em forno é m uito usada quando o metal de adição pode ser colocado
previamente na junta. Este processo é aplicável geralm ente em produção em série e em
grande escala. A proteção é feita por fluxo, por atmosfera controlada ou a vácuo.
Na brasagem por indução, o calor é obtido por uma corrente induzida nas peças a unir.
Estas peças são colocadas no interior de uma bobina, na qual circula uma corrente alternada.
É necessário um cuidadoso projeto da junta e da bobina para se garantir que as superfícies
a serem brasadas atinjam ao mesmo tem po a temperatura de trabalho. O metal de adição é
normalmente colocado com antecedência na junta e a proteção é feita por fluxo.
Na brasagem por resistência, o calor é obtido por efeito Joule. O metal de adição também
é colocado previamente na junta e a proteção é feita por fluxo ou atmosfera adequada.
A brasagem por imersão pode ser feita de duas maneiras: imersão em banho químico
ou e metal fundido. No processo com imersão em banho químico, o metal de adição
é colocado previamente na junta e o conjunto é imerso em um banho de sal fundido. O
conjunto é aquecido por resistência elétrica. A proteção pode ser feita pelo próprio banho ou
pelo uso de fluxo. Na brasagem por imersão em metal fundido, as partes a serem unidas são
imersas em um banho fundido do metal de adição, contido em um recipiente adequado.
A brasagem por infravermelho é um processo que utiliza o calor em itido por fontes
de radiação infravermelha, em geral lâmpadas.
A brasagem encontra hoje grande aplicação industrial, principalmente para peças finas,
para união de peças tratadas term icam ente, para união de metais dissimilares etc. .
e a arco. Quando o aquecim ento é a arco pode-se utilizar os processos GTAW e GMAW.
Um processo de solda-brasagem que tem sido m uito usado recentem ente é o "Mig-
-Brazing” . Este processo reúne características da brasagem e da soldagem MIG (GMAW).
Nele o arco elétrico é utilizado com o fonte de calor e a transferência ocorre por spray,
em corrente pulsada, e curto-circuito. Como o aporte térm ico é relativamente baixo e
os efeitos térm icos são mínimos, o processo tem sido largamente utilizado na união de
chapas galvanizadas, em vários ramos industriais, em situações em que é fundamental
preservar as características da camada de zinco.
2. Equipamentos
FORNO BANHO
Figura 1
Alguns equipamentos para brasagem (esquemáticos)
Para a brasagem em forno, são usados fornos a gás, a óleo ou elétricos, sendo este
últim o o tipo preferido. Os fornos devem perm itir um bom controle de temperatura e uma
distribuição homogênea de calor em seu interior. Os fom os podem ainda ser contínuos
ou interm itentes e terem atmosfera controlada ou operarem com vácuo.
O equipam ento para brasagem por indução consiste de uma fonte de energia elétrica
e de uma bobina de indução. A corrente elétrica empregada é alternada, com frequência
entre 60 e 450.000 Hz. As frequências mais usadas são 10 kHz, obtida de um motor-gerador
e entre 350 e 450 kHz, obtidas em geradores de faísca. A bobina é geralmente refrigerada
a água e deve ter uma forma que permita envolver as peças a serem brasadas.
Existem dois tipos de equipam ento para brasagem por resistência. O primeiro se
assemelha ao equipam ento usado à soldagem por resistência e suas características
dependem da dimensão, form a e material das peças a brasar. A proteção pode ser feita
por fluxo ou atmosfera controlada. O segundo utiliza eletrodos de carvão, algumas vezes
chamado de brasagem a arco. O aquecim ento é obtido pela passagem de uma corrente
elétrica pelo eletrodo de carvão e pelas peças.
o n p SOLDAGEM
à »5 O FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA
A brasagem por imersão em metal fundido norm alm ente é feita em peças pequenas. O
metal fundido fica em um cadinho aquecido, que tem um tamanho adequado. O m étodo
de aquecimento deve garantir que o banho líquido e as peças fiquem a uma tem peratura
superior à tem peratura de brasagem. Na brasagem por imersão em banho químico o
aquecimento pode ser feito por resistência elétrica ou por uma tocha.
Na brasagem por infravermelho são usadas lâmpadas de quartzo de alta intensidade.
Estas lâmpadas são capazes de liberar até 5.000W de energia radiante. Norm alm ente são
empregados refletores para a concentração da radiação sobre a região a ser brasada.
A solda-brasagem é feita com equipamentos sim ilares aos usados na soldagem a gás.
Em alguns casos é necessário o uso de pré-aquecimento. Para a realização de Mig-Brazing,
os equipamentos utilizados são semelhantes aos equipam entos utilizados no processo
de soldagem MIG (GMAW) convencional.
A brasagem fraca pode ser feita com os mesmos tipos de equipamento usados na bra
sagem forte. Entretanto, o equipamento mais simples e de uso mais corrente é o "ferro de
solda", geralmente de cobre, com aquecimento por resistência elétrica ou por chama.
3. Consumíveis
Composição (%Cu)
Figura 2
Diagrama de equilíbrio de ligas Cu-Ag
CAPÍTULO 21 OOQ
BHASAGEM I 0
De um modo geral, se utilizam ligas de curto intervalo de fusão para juntas curtas e
ligas de amplo intervalo para juntas longas. Em juntas horizontais, a distância percorrida
pelo material de adição durante a brasagem, com o mostra a Figura 3, pode ser estimada
por:
x - I T O ilí ” . (Eq. 1)
(a)
Figura 3
Junta brasada (a) horizontal e (b) vertical
Para juntas verticais, por ou tro lado, existe um lim ite m áxim o para o com p rim en to
da junta dado por
Ymáx .= 2 ^ g D (Eq. 2)
Os metais de adição à base de prata são usados para a união de muitos metais ferrosos e não
ferrosos, exceto Al e Mg. Podem ser empregados com todos os métodos de aquecimento.
Os metais à base de níquel são usados devido à sua boa resistência à corrosão e ao
fato de que podem trabalhar a temperaturas até 980°C, em regime contínuo, e são geral
mente empregados em aços inoxidáveis das séries 300 e 400, ligas de níquel e cobalto.
Também podem ser usados na brasagem de aços carbono, aços de baixa liga e cobre,
quando são requeridas as propriedades específicas deste material de adição.
Aço Aço
Metal Alumínio Magnésio Cobre e Ferro Aço Nfquel e
carbono e ferra*
base e ligas e figas ligas fundido inoxidável ligas
baixa liga menta
BAg, BAu, BAg. BAu. BAg, BAu. BAg. BAu, BAg. BAu.
Aço BAg, BAu.
(a) (a) RBCuZn, BCu, BNi. RBCuZn. BCu. BNi, BCu. BNi.
ferrmenta RCu. BNi
BNi RBCuZn BNi RBCuZn RBCuZn
BAg. BAu.
BAg, BAu, BAg, BCu. BAg, BAu. BAg, BAu.
Nfquel e ligas (a) (a) BCu. BNi.
RBCuZn RBCuZn BCu, BNi BCu. BNi
RBCuZn
BAg, BAu. BAg. BAu. BAg. BAu.
Aço inoxidável BAISi (a) BAg, BAu
BCu. BNi BCu. BNi BCu, Bni
BAg, BAu. BAg. BNi.
Ferro fundido (a) (a) BAg, RBCuZn
RBCuZn RBCuZn
BAg. BAu.
Aço carbono e BAg. BAu.
BAISi (a) BCu. BNi.
baixa liga RBCuZn
RBCuZn
BAg, BAu,
Cobre e ligas (a) (a) BCuR
'
RBCuZn
Magnésio e
(a) BMg
ligas
Alumínio e
BAISi •
ligas
(a) Não recomendado, mas técnicas especiais podem ser utilizadas para determinadas combinações
de metal de base e metal de adição.
342 fUNDAIIWTOSETXCMUKU
80 20 199 269
Ugas de índio •
70 30 199 311
Composição (% peso) Solidus Liquidus
60 40 199 340
Sn ín Pb °C °C
30 70 199 375
50 50 - 117 125
Cádmio - Prata
37,5 25 37,5 138 138
Cádmio - Zinco
Cd Ag °C °C
Composição (% peso) Solidus Liquidus
95 5 338 393
Cd Zn °c °C
Estanho-Prata e Estanho-Chumbo-Prata
82,5 17,5 265 265
Sn Pb Ag °C «c 10 90 265 399
Estanho - Chumbo
96 -, 4 221 221
Composição (% peso) Solidus Liquidus
62 36 2 180 190
Sn Pb °C °C
5 94,5 0,5 294 301
5 95 300 315
2,5 97 0.5 303 310
10 90 268 301
1.0 97,5 1.5 309 309
15 85 225 290
Zinco - Alumínio
20 80 183 280
Composição (% peso) Solidus Liquidus
25 75 183 267
Zn Zn Zn Zn 30 70 183 255
35 65 183 247
95 95 95 95
40 60 183 235
in
55 183 228
50 50 183 217
60 40 183 192
70 30 183 190
tO D M E M
FUTOAJtWTOí E TECM8UHÍM
A interação dos metais com o ambiente depende do metal e das condições ambientes,
particularmente da temperatura, podendo levar a formação de óxidos e nitretos, que são
prejudiciais ao processo de brasagem e ao desempenho da junta.
Os fluxos de brasagem precisam permanecer em contato com a área a ser brasada
para impedir a formação de óxidos e facilitar a remoção de camadas já existentes. A vis
cosidade do fluxo na temperatura de operação é uma característica importante para que
o metal de adição consiga expulsar o fluxo da junta, preenchendo-a. Outra propriedade
importante é a tensão superficial do fluxo, que também afeta a molhabilidade do metal
de base e o deslocamento do metal de adição dentro da junta.
De um modo geral, os constituintes de fluxos para brasagem são cloretos, fluoretos,
fluoboratos, boratos, bórax, ácido bórico, agentes umectantes e água. A maioria dos fluxos
usados é uma combinação de alguns destes constituintes, misturados numa proporção
adequada para produzir bons resultados numa dada situação. Na maioria dos trabalhos,
o fluxo é aplicado na peça sob a forma de uma pasta, embora em algumas aplicações um
fluxo volátil pode ser introduzido com o gás da chama. Este último método só pode ser
usado quando a chama incide diretamente na superfície a ser coberta com metal de adição,
não dando bons resultados em juntas nas quais a ligação é realizada por capilaridade.
As substâncias mais usadas nos fluxos são:
• Boratos - Na, K e Li. Para uso acima de 760°C. Têm boa capacidade de dissolução dos
óxidos e oferecem boa proteção contra oxidação;
• Fluoretos • Na, K e Li. São muito ativos, aumentando o efeito da capilaridade. Utilizados
especialmente na ligação de alumínio e suas ligas. Produzem fumos tóxicos. Têm fraca
proteção contra a oxidação;
• Cloretos - Têm propriedades e aplicações idênticas às dos fluoretos, embora sejam menos
eficazes; e
• Ácido Bórico Calcinado - Constitui a base de muitos fluxos. É um bom agente de limpeza
das superfícies: reduz a viscosidade do fluxo e facilita a remo ão dos resíduos de fluxo.
Não existe um único fluxo aplicável a todas as situações. Os fluxos são classificados
em quatro grupos, dependendo do seu desempenho em um certo tipo de metal de base,
numa determinada faixa de temperatura. Estes grupos são apresentados na Tabela V de
acordo com a AWS A5.31 ("Specification for fluxes for brazing and braze welding”).
Alguns metais de adição são autofluxantes em certas ligas. Por exemplo, o constituinte
Cu3P do cobre-fósforo age como fluxo quando usado em cobre e suas ligas. Entretanto,
como este efeito fluxante ocorre apenas quando o metal de adição está líquido, pode
ocorrer a oxidação das peças durante o aquecimento e resfriamento da junta brasada.
Assim, na brasagem de juntas grandes, quando o tempo de aquecimento pode ser
muito longo, o uso de fluxo adicional é vantajoso. Por outro lado, metais de adição
autofluxantes, em muitos casos, podem produzir resultados iguais ou melhores do que
quando se usa fluxo adicional.
Atmosferas controladas também podem ser usadas para prevenir a formação de óxidos.
Esta técnica é usada principalmente na brasagem em forno, mas pode também ser empregada
na brasagem por indução ou por resistência. Diversas combinações de gases, fluxos sólidos
ou líquidos e vácuo podem ser usadas. A Tabela VI apresenta alguns exemplos.
Composição aproximada
Classe Aplicação
(% )
AWS
H, Ns CO cos Metal de adição Metal de base
1 5-1 87 5-1 5-6 BAg*. BCuR RBCuZn* Cobre e latão*
BAg*. BCu, BCuR Cobre**, latão, aço baixo C,
2 14-15 70-71 9-10 -
RBCuZn* Monel. aço médio C ***
3 15-16 73-75 10-11 - BAg*. BCuR RBCuZn* Idem acima + aço alto C
4 38-40 41-45 17-19 - BAg*, BCuR RBCuZn* Idem acima
BAg*. BCu, BCuR Mesmos usados em 1 ,2 .3 e 4
5 75 25 - -
RBCuZn*. BNi + ligas contendo C r****
6 97-100 - - - Mesmos usados em 2 Mesmos usados em 2
Mesmos usados em 5 + ligas
7 100 Mesmos usados em 2
a base de Co, C re W ****
8 Vapores inorgânicos (Zn, Cd. Li etc.) BAg Latão
* Requer também o uso de fluxo quando são usadas ligas que contenham constituintes voláteis.
** O cobre precisa ser completamente desoxidado.
* ** O tempo de aquecimento deve ser o mínimo possível para evitar descarbonetação.
• * * * Se quantidades apreciáveis de Al, Ti, Si ou Be estiverem presentes, usar fluxo.
4. Técnica Operatória
Para se fazer uma brasagem com qualidade aceitável, além das técnicas normais de
limpeza, brasagem propriam ente dita e limpeza final, o projeto da junta é fundamental.
A seleção do tipo de junta e de seus detalhes para uma dada aplicação depende larga
mente da composição do metal de base, do metal de adição, das condições de serviço,
do processo de brasagem, da quantidade de peças, do m étodo de aplicação do metal de
adição, do fluxo etc.
Apenas dois tipos de junta são usados em brasagem: juntas sobrepostas e juntas
de topo. Algumas variações destes dois tipos podem ser empregadas, para aumentar a
área da junta, com o m ostrado na Figura 4. Deve-se lem brar que juntas sobrepostas são
usadas preferencialmente, sem pre que possível, para melhorar a resistência.
z:
B I
Figura 4
Juntas usadas em brasagem
O espaçamento entre as peças pode ter grande influência sobre as características mecâni
cas da junta, independentemente do tipo de solicitação e do desenho desta. A Figura 5 mostra
esquematicamente a variação da resistência ao cisalhamento de uma junta de aço de baixo
carbono brasada com BAg-1 com o espaçamento entre as peças, de modo esquemático, e
a Figura 6 mostra variação da resistência à tração, nas mesmas condições.
CAPÍTULO 2) 0 / I -7
BRASAGEM
Espaçam ento
Figura 5
Variação da resistência ao cisalhamento com a distância e separação entre as peças (esquemática)
Espaçamento
Figura 6
Variação do limite de resistência de uma junta brasada com a distância de separação entre as peças
(esquemática)
Pode-se observar que a resistência da junta tende a dim inuir para espaçamentos m uito
pequenos, 0 que pode ser devido à existência de falhas de preenchim ento da junta com
o metal de adição. Para espaçamentos excessivos, a junta tem maior flexibilidade, porém
menor resistência. A Tabela VII apresenta espaçamentos recomendados para diferentes
m etais de adição.
I FUNDAMENTOS E TECNOlOOtA
BAISi 0,15—0,61
5. Aplicações Industriais
A brasagem forte, fraca e a solda-brasagem têm hoje uma grande faixa de aplicações
industriais, sendo as principais: junção de metais dissimilares, união de peças de peque
na espessura, que poderiam se deformar excessivamente se fossem soldadas, união de
materiais tratados termicamente, para evitar perda do tratamento, união metal-cerâmica
etc. O MIG Brazing, como comentado anteriormente, tem sua grande aplicação a união
de chapas galvanizadas e mais recentemente chapas finas de aço inoxidável.
6. Exercícios
d) Existem limites para o comprimento de uma junta brasada vertical? E horizontal? Por
quê?
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QÇ9 KJUMBtM
F U K D A im rssE n c x o to c iA
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QUITES, A. M. Introdução à soldagem a arco voltaico. Florianópolis: Soldasoft, 2002.352 p.
RESISTANCE WELDER MANUFACTURER'S ASSOCIATION. Resistance welding manual. 3. ed. Philadelphia: RWMA.
1969.2 V.
\
ÍNDICE ALFABÉTICO
outros - 49 energia de - 88
Robô industrial histórico da - 25
definição-130 manual-35. 127
tipos de - 131 mecanizada - 35,129
programação de um -133 por pressão ou deformação - 21
Roupas de proteção - 44 por fusão - 21
R Q P S-142 processos de - 21
RTQS-143 posiçõesde - 34
Sapatas de contenção - 278 robotizada-129
Segregação - 97 "" semiautomática-35.128
Segurança simbologia de - 36
em soldagem - 43 Soldagem a arco submerso
recomendações de - 43 aplicações da - 265,275
vestuário de - 44 arames para - 266, 271
Símbolo de solda - 36 características da - 265
Simbologia de soldagem - 36 definição - 263
Símbolos equipamentos para - 265
básicos - 36 especificações AWS para - 269
de acabamento - 38 limitações da - 265
suplementares - 38 taxas de deposição na - 264, 272
Solda técnicas de - 264, 272
cordão de - 33 variações da - 264
dimensões de uma - 32 variáveis da - 272
seção transversal de uma - 33 Soldagem a frio
Solda-brasagem - 336 aplicações - 330
Soldagem definição - 329
; a frio-109 equipamentos - 329
a quente - 108 técnicas de - 329
arco de - 51 Soldagem a gás
automática - 35,128 aplicações - 161
ciclo térmico de - 89 características - 162
comparação com outros processos - 23 consumíveis para -167
definições de - 18 definição - 161
n n n M M m u i T R in u o w
Paulo Villani Marques é mestre em Engenharia Metalúrgica pela UfMG e doutor pela
Unicamp. É professor da Escola de Engenharia da UFMG desde 1984, onde tem orientado
trabalhos de iniciação científica e de pós-graduação relativos a processos e metalurgia da
soldagem e aspersão térmica. Atua na área de soldagem e processos afins desde 1980,
tendo publicado e apresentado mais de uma centena de artigos técnicos em periódicos
e congressos nacionais e internacionais.
Paulo José Modenesi é mestre em Engenharia Metalúrgica pela UFMG e doutor pelo
Cranfield Instituteof Technology, Inglaterra. Especializou-se em soldagem elétrica no Kiev
Polytechnicallnstitute, da Ucrânia, em 1983. Leciona na Escola de Engenharia da UFMG.
Desenvolve trabalhos sobre os diferentes aspectos da soldagem, como metalurgia da
soldagem e física dos processos de soldagem, além de estudos sobre as propriedades
mecânicas dos materiais, com ênfase nos processos de fratura. Orientou dezenas de
trabalhos de iniciação científica e de pós-graduação.