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mercado de trabalho?
ÍNDICE
F
alar sobre o futuro é sempre Para dar conta dessas análises,
um exercício de adivinhação. conversamos com nomes que vão
Podemos reunir análises de David Baker, um dos principais
históricas, dados, pesquisas, professores da The School of
opiniões de especialistas e, ainda Life, ao ex-ministro da economia
assim, o que teremos diante de nós brasileiro Maílson da Nóbrega,
não vai ser mais que uma previsão, passando por Ronald Heifetz,
uma expectativa. fundador da Kennedy School de
Harvard, e pelo economista Robert
Ainda assim, neste material, é Wood, da unidade de inteligência
isso que buscamos fazer: reunir da The Economist.
os pensamentos de profissionais e
pesquisadores que têm dedicado Além destes, tivemos que recorrer a
suas carreiras a prever o futuro e muitos outros para tentar responder
nos preparar para o que está por vir. ao questionamento complexo deste
material: O que esperar do futuro do
Primeiro, abordamos o futuro mercado de trabalho? Só que esta, no
de um ponto de vista local e de entanto, ainda não é a pergunta certa.
curto prazo, buscando trazer mais
clareza sobre o que os jovens No final das contas, o que você
podem esperar do incerto mercado encontrará aqui é a identificação de
de trabalho brasileiro diante da tendências que já vem se desenhando
delicada situação econômica que o no mundo do trabalho atual, do qual
país atravessa. você faz parte. Deste ponto em diante,
muita coisa ainda pode mudar, e você
Depois, ampliamos nosso olhar também pode mudar muita coisa. A
para uma visão global e de longo grande pergunta então é: O que você
prazo, analisando o que os avanços vai fazer?
tecnológicos e o surgimento de
inteligências artificiais significam
para as profissões como as
conhecemos hoje.
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E
“ u imagino o que se passa na
cabeça do jovem”, diz Renan
Gomes De Pieri, professor do
Insper, em São Paulo. “Ele olha para
o lado e ninguém está conseguindo
emprego, há poucas vagas ou são ruins.
É um desestimulante muito forte.
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Gráfico OIT
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“O caminho que temos que seguir é o E isso tem efeito cascata em toda a
contrário: adaptar produtos para levar em indústria de óleo e gás nacional, de
consideração a concentração de renda, refinarias à gestão ambiental e além.
tanto nas classes A e B quanto C e D.” E com a passagem da polêmica PEC do
Teto pelo Senado, em 13 de dezembro,
Depois de 2017 alguns cenários econômicos otimistas
ganharam força. O Itaú Unibanco, por
Robert Wood, da EIU, destaca que exemplo, estima que dentro desse cenário
a recuperação deve vir do mercado – se tudo caminhar nos conformes –, a
doméstico, mas tranquiliza os brasileiros economia pode crescer 4% em 2018.
em relação aos interesses externos: eles
ainda existem. “Investidores estrangeiros “Não há nenhuma reforma que possa
ainda veem muitas oportunidades e, levantar a economia em curtíssimo
apesar das dificuldades do país, estão prazo. Estamos ajustando as contas para
acompanhando as coisas de perto e poder crescer”, alerta Maria Cristina.
pensando no longo prazo.” “Vejo-as como positivas do ponto de
vista da geração de expectativas do
Ele cita o novo marco para a exploração mercado. Vamos torcer para que os novos
de pré-sal e a nova rodada de concessões investimentos se concretizem.”
de exploração de petróleo, que permitem
que outras empresas além da Petrobras Para Maílson, a recuperação, além de
explorem as riquezas. Assinado pelo lenta, também depende do resultados
presidente Michel Temer em novembro, das próximas eleições. “Creio que a
o marco – de olho em companhias partir do segundo semestre de 2017,
estrangeiras – abre o campo e desobriga veremos uma recuperação continuada
a Petrobras a participar de todas as do mercado de trabalho e do emprego,
atividades do pré-sal. podendo voltar aos níveis de 2013
por volta de 2023”, prevê. “O risco é
“Vimos uma resposta bastante boa na acontecer a eleição de um aventureiro
última rodada de concessões mexicana em 2018, que levaria a economia a
e há razão para acreditar que o cenário outra crise grave de inflação, recessão e
é suficientemente bom para atrair desemprego em poucos anos. Creio que
interesse ao Brasil”, disse Wood. é uma hipótese pouco provável, mas
não impossível”, ele alerta.
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S
essenta emails, trinta inscrições
e dezenas de testes online
rendem meia dúzia de
respostas que não dão em nada –
essa é a experiência frustrante de
muitos jovens brasileiros à procura
de emprego atualmente. A gente
sabe: não está fácil para ninguém.
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Se resolver a crise está fora do alcance Nesse contexto, um ponto positivo para
dos jovens recém-formados, buscar os profissionais mais novos, por exemplo,
enxergar as oportunidades dentro dessa é que diversas empresas e indústrias
situação adversa é algo que pode (e optam por trocar profissionais mais
deve!) ser feito. Trata-se de um exercício experientes e caros por estagiários e
comum no coaching: identificar o que recém-formados, que representam
está dentro da sua zona de controle, e um custo de folha menor para as
atuar ali. organizações.
Para Anamaíra, tanto quem está “Com funções que seriam exercidas por
empregado quanto quem está à pessoas com mais tempo de carreira,
procura também pode valer-se da isso pode se configurar numa aceleração
crise para desenvolver resiliência e do seu desenvolvimento e uma ótima
outras habilidades. Por exemplo: com oportunidade de crescimento”, explica
o orçamento mais enxuto, as empresas Anamaíra.
tendem a demitir funcionários e,
quem fica, acaba acumulando funções. As promoções podem não vir
Aprender a trabalhar sob pressão, imediatamente, já que o cenário ainda
acumular responsabilidades, ser mais não é de bonança, porém os profissionais
flexível e ter foco em resultados, por que demonstrarem disposição para
exemplo, vão ajudar todos a se ajustarem sobreviver junto a empresa a momentos
melhor ao mercado de trabalho que se difíceis muito provavelmente serão
delineia num futuro próximo. reconhecidos no futuro.
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“A mudança não vai esperar por nós: Mas há demanda por habilidades
líderes empresariais, educadores e um pouco mais offline, como análise
governos precisam ser proativos e estatística de dados aplicada à área de
investir em novos treinamentos para que recursos humanos, desenvolvimento
todos possam se beneficiar da Quarta de negócios e gerenciamento de
Revolução Industrial”, escreve o órgão, relacionamentos.
referindo-se ao mundo transformado
pelas mudanças tecnológicas. E por que Manter-se atualizado com as tendências
não aproveitar para ser individualmente do mercado faz com que alguns saiam
proativo também? à frente dos outros, algo ainda mais
interessante durante uma crise ou logo
As habilidades são as seguintes: depois dela. São aquelas pessoas que
resolução de problemas complexos, parecem ter previsto o futuro, como
pensamento crítico, criatividade, designers que se especializaram há
gestão de pessoas, coordenação com anos em interfaces ou experiência do
outros, inteligência emocional, tomada usuário e profissionais de marketing
de decisões, orientação de serviços, que dominaram SEO antes desse
negociação e flexibilidade cognitiva. termo viralizar.
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N
ada menos que a quarta
Revolução Industrial. É assim
que o Fórum Econômico
Mundial descreve o futuro próximo
em seu novo relatório, “The Future
of Jobs”, enquanto apresenta os
principais componentes sociais,
tecnológicos e econômicos que
atuam sobre o mercado global e como
a força de trabalho atual influenciará
essa transição.
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As chances de uma mulher conseguir uma posição de liderança ainda são muito menores
que as dos homens (28%) e apenas 9% dos CEOs do mundo são do sexo feminino.
Mulheres ainda são minoria em tais campos por diversas razões e, se um cuidado extra
não for aplicado pelas empresas na hora de pensar sobre o futuro, há um risco de
dificultar ainda mais o sonho de eliminar o hiato profissional entre homens e mulheres.
O relatório termina pedindo atenção especial ao tema e sugere uma série de medidas, de
mecanismos de responsabilidade empresarial a programas de tratamento e mentoria.
São ações que podem fazer toda a diferença, agora e no futuro de jovens de todo o mundo.
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U
m novo conjunto de ambições
e desejos vai moldar o século
21. Essa é a conclusão do
relatório “Motivated by Impact”,
escrito em 2016 pela Economist
Intelligence Unit (EIU), braço de
pesquisas do grupo The Economist.
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“É preciso ter disciplina para comprar “Se você puder ligar para sua mãe e tiver
no preço adequado e entender quando orgulho em contar o que fez a cada dia,
as empresas estão sendo avaliadas então está provavelmente executando
de maneira irreal”, resumiu sobre o um negócio decente.”
trabalho, que exige muito pensamento
estratégico – às vezes sobre mercados
que ainda não existem direito.
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O
“ seu emprego pode não
existir amanhã”. É assim
que o jornalista David Baker
começa sua palestra sobre o futuro
do mercado de trabalho, realizada
hoje (8/10) em São Paulo a partir de
uma parceria da The School of Life,
Insper e Na Prática.
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E se sua profissão
não existisse amanhã?
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E se sua profissão
não existisse amanhã?
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E se sua profissão
não existisse amanhã?
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O
professor Ronald Heifetz
ministra um curso (bastante
disputado) de liderança na
universidade mais reconhecida do
mundo: Harvard. Por essas e outras,
pode ser considerado um expert no
tema.
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E isso exige educar as pessoas para que Que características terá o líder do futuro?
apreciem as grandes diferenças entre resolver Há algumas capacidades e habilidades
um problema de rotina e um que exige estáveis: coragem, a capacidade de parar
inovação, descoberta e aprendizado social. para refletir no meio da ação – que exige
disciplina psicológica e emocional – e uma
Então deveríamos ensinar liderança paixão por fazer a diferença no mundo, não
na escola? apenas avançar nele. O que vai mudar serão
Sim, poderíamos começar até no ensino as habilidades de diagnóstico necessárias
fundamental. Queremos que as crianças para avaliar a natureza dos desafios
aprendam não apenas competências sociais adaptativos. Os desafios em si evoluem e as
de comunicação, resolução de conflitos e comunidades também.
negociação, mas também que liderança não
é igual a ser a criança dominante – que é O medo aparece com força em muitas das
possível praticá-la sem isso. Tendemos a mudanças que estamos passando, como
crescer equiparando liderança e autoridade quando se fala das consequências de
e as pessoas que não são dominantes supõe mudanças climáticas. Como ele influencia o
que não é para elas. Assim, muitos cidadãos cenário? O medo, claro, gera suas próprias
ficam esperando outros assumirem a defesas regressivas e temos visto isso nos
liderança. Não acham que é seu trabalho ou EUA em nosso sistema político. Temos um
que são capazes. anseio forte pelo arquétipo primitivo do
homem forte que pode salvar o dia e salvar
A liderança é uma prática e há muitas a nação das mudanças – seja construindo
pessoas em posições de autoridade que não um muro ou insistindo que não precisamos
a praticam e muitas, muitas que a praticam aceitar uma sociedade multicultural.
sem autoridade. Pessoas que não esperam ser
convocadas, eleitas ou indicadas: elas vêem Essas mudanças criam um mercado
um problema e assumem a responsabilidade. para que as pessoas surjam e falhem em
praticar a liderança, mesmo que tenham
tudo sucesso na hora de obter uma
posição de autoridade. E autoridade não
necessariamente significa liderança.
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O Brasil ainda passa por uma grande É um grande debate que tenho tido ao longo
crise de representação, em que há dos anos e uma grande razão para preparar
enorme falta de confiança pública em as pessoas para a liderança desde cedo –
figuras de liderança. Como um país para que possam desenvolver as habilidades
pode trabalhar para recuperar essa e se imunizarem contra as muitas tentações
confiança? que acompanham as altas posições de poder
É uma pergunta relevante também nos ou riqueza.
EUA, quando tanto Donald Trump quanto
Hillary Clinton não têm a confiança da Precisamos de pessoas que cheguem ao topo
sociedade. Tive a oportunidade de treinar, e digam: ‘OK, finalmente cheguei aqui e vou
ensinar ou aconselhar diversos políticos e mudar as regras do jogo’. E elas precisam
eles tem o trabalho muito difícil de renovar a ter habilidades para mudar as regras e se
confiança do público. Há enormes tentações manterem vivas politicamente.
relacionadas à corrupção e vivemos num
tempo em que o público não tolera mais
esse tipo de corrupção – e ao mesmo tempo
a alimenta, porque quer tratamento especial
para isso ou aquilo.
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TEXTO
Ana Pinho
Pedro Gallo
Rafael Carvalho
EDIÇÃO
Rafael Carvalho
DESIGN
Danilo de Paulo
Marcos Torres
Renata Monteiro
Aaron Saiki
FOTOS
Acervo pessoal
Reprodução