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Subjetividades, identidades em perspectiva pós-estruturalista

Larissa Pelúcio

Talvez não seja forçado dizer que uma das grandes contribuições dos feminismos
tenha sido a politização das subjetividades, traduzidas no potente slogan “o pessoal é
político”. A ideia que a revolução social devia começar pela vida cotidiana implicou em
uma profunda crítica social e em mudanças de comportamentos que desafiaram (e ainda
desafiam) instituições como a família nuclear, a autoridade paterna, a disciplina escolar,
as hierarquias sociais e o próprio Estado. Inspirando-me nas palavras da historiadora
Margareth Rago (2004), penso que o feminismo criou um modo específico de existência.
Na sua esteira, outros movimentos identitários surgiram, fazendo do corpo palco político
de denúncias e reinvindicação de direitos e do cotidiano esfera de questionamentos.
Gênero, orientação sexual, raça passam a ser problematizados como fatores de
exclusão, subaternização e violência, mostram-se, então, mais como questões de Estado,
de regulação de direitos, de poder, portanto. Seu caráter meramente biológico fica
comprometido. Retirar esses termos (sexo, sexualidade e raça) do campo das ciências
naturais era enfrentar séculos de argumentos que usaram o corpo para justificar
desigualdades.
Em sua referencial discussão sobre identidades culturais na pós-modernidade,
Stuart Hall (1992) reconhece o feminismo “tanto como crítica teórica quanto como
movimento social” que incide sobre a ideia de sujeito, bem como postula novos
paradigmas relativos às políticas de identidade capazes de desestabilizar as perspectivas
binárias vigentes no campo social e no campo científico. De maneira que foi capaz de
promover a descolonização do pensamento em sentido amplo e irrestrito e, assim,
provocar críticas profundas às relações de poder da ordem existente e da cultura na qual esta
ordem se sustentava.
No final dos anos de 1960, sobretudo em países de capitalismo central, assistiu-se
uma flagrante politização do gênero e da sexualidade. Temas que transitam entre a prática
e urgência exigidas pelo ativismo e as reflexões gestadas no tempo mais ruminante da
academia. Era preciso avançar em ambas as frentes a fim de enfrentar os discursos
recalcitrantes sobre corpo e natureza, essencialismos e identidades, natureza e cultura.
Nas palavras de Henrietta Moore o que estava (e penso que ainda estão) em questão

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naquelas disputas era “a natureza corporificada das identidades e da experiência.” Porém,
como ela mesma nos lembra, “a experiência não é individual e fixa, mas irredutivelmente
social e processual” (2000, p. 20). A questão é, então, como determinadas identidades são
constituídas? Para responder esta pergunta é preciso que se tome identidades como efeitos
de discursos (entendidos aqui também como práticas) e não como realidades apriorísticas.
São construções sociais implicadas na linguagem e nos contextos em que estas operam.
Essa proposição exige que pensemos a relação entre indivíduo e sociedade, entre o Eu e
o Outro não só como tensões socio-antropológicas ou reflexões metafisicas, mas como
realidades políticas.

A identidade, tal como a diferença, é uma relação social. Isso significa que sua
definição - discursiva e linguística - está sujeita a vetores de força, a relações de
poder. Elas não são simplesmente definidas; elas são impostas. Elas não
convivem harmoniosamente, lado a lado, em um campo sem hierarquias; elas são
disputadas. (SILVA, 2008, p. 81).

Os termos que constituem identidades são políticos. De modo que, como já nos
ensinava Pierre Bourdieu, o poder de nomear é também uma reivindicação sobre formas
de ordenar relações sociais e as estruturas que as sustentam e às quais elas dão sentido.
Na perspectiva estruturalista, classificamos e, assim, ordenamos o mundo a partir de pares
binários. Para Jacques Derrida, essa polarização comprometida com oposições binárias,
esconde a hierarquia existente entre os termos de cada díade, bem como apaga a
complementaridade necessária entre ambos. Não é possível se entender o que é ser
homem sem pensar no que é ser mulher ou a heterossexualidade sem a homossexualidade,
da mesma forma que a ideia de branquitude só funciona quando se estabelece como
fronteira a negritude. O hegemônico, contido aqui no primeiro termo das díades
utilizadas, é invisibilizado, construído como referente, central e normal. Não se trata de
uma relação dialética entre A e Anti A. Não há sínteses conciliadoras possíveis nesse
esquema, mas relações agônicas, tensas, que se reconfiguram. Isto quer dizer que as
identidades não estão definidas de uma vez por todas e nem têm o mesmo efeito quando
os contextos se alteram.
Joan Scott reconhece nas contribuições de teóricos/as pós-estruturalistas aportes
imprescindíveis para o feminismo, eu completaria, dizendo que essas foram formulações
iconoclastas que foram capazes de prover todo um vocabulário teórico que deu corpo a

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uma contundente crítica social e epistemológica. Permitiu que avançássemos para além
do materialismo histórico com sua preciosa teoria de transformação social, mas limitada
pela ênfase nas questões econômicas, nas quais as subjetividades não eram um problema
e as identidade polarizadas eram organizadas pela metafisica da consciência de classe e a
materialidade das posses dos meios de produção.
Ao apontar os esquemas binários das ciências canônicas, o pós-estruturalismo,
permitiu “pensar em termos de pluralidades e diversidades, em lugar de unidades e
universais”; romperam com “o esquema tradicional das velhas tradições filosóficas
ocidentais, baseadas em esquemas binários que constroem hierarquias” (MARIANO,
2005, p. 486). Centro-me aqui em dois desses binarismos que se tornaram caros para os
estudos feministas e, posteriormente nos estudos queer: aqueles que organizam gênero e
sexualidade.
Não tratarei aqui da célebre tensão entre gênero como construção social e o sexo
como substrato natural que sustenta o primeiro termo, até mesmo porque, essa é uma
dicotomia que considero superada no debate contemporâneo dos estudos de gênero. A
abordagem privilegiada nesse texto traz as problematizações relativas aos marcadores de
sexo e gênero como constituidores de “identidades” a partir das contribuições pós-
estruturalistas.
Gosto de pensar que uma das mais potentes contribuições dos feminismos, assim
como do pós-estruturalismo é sua arguta crítica a um modelo de se fazer ciência que
pressuponha um sujeito congnoscente, portador de razão, sem fissuras, capaz de conhecer
e explicar o mundo a partir do “ponto zero” da ciência, isto é, aquele que esconde a
subjetividade de quem produz o conhecimento.

Os paradigmas eurocêntricos hegemónicos que ao longo dos últimos quinhentos


anos inspiraram a filosofia e as ciências ocidentais do “sistema-mundo patriarcal/
capitalista/colonial/moderno” (Grosfoguel, 2005, 2006b) assumem um ponto de
vista universalista, neutro e objectivo. Algumas intelectuais feministas chicanas
e negras (Moraga e Anzaldúa, 1983; Collins, 1990) e também alguns estudiosos
do Terceiro Mundo, tanto dentro como fora dos Estados Unidos (Dussel, 1977;
Mignolo, 2000), vieram recordar-nos que falamos sempre a partir de um
determinado lugar situado nas estruturas de poder. Ninguém escapa às hierarquias
de classe, sexuais, de género, espirituais, linguísticas, geográficas e raciais do
“sistema-mundo patriarcal/capitalista/colonial/moderno”. Como afirma a

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feminista Donna Haraway (1988), os nossos conhecimentos são, sempre,
situados. (GROSFOGUEL, 2008, p. 118).

A ciência, escreve Haraway, revelava-se como “um texto contestável e um campo


de poder”. Assertiva que parece límpida entre feministas contemporâneas, mas que não
foi facilmente desvelada. A ciência como um texto masculino, já aparecia no clássico
trabalho de Simone de Beauvoir (1949), faltava acrescentar os outros atributos que
marcavam o lugar de produção desses homens: eles eram brancos, heterossexuais e
proprietários.
A desconstrução deste sujeito da ciência é ao mesmo tempo uma crítica ao sujeito
masculino universal e uma crítica ao sujeito ‘mulher’, como categoria capaz de sintetizar
a experiência do feminino ancorada em trompas, útero e ovários. Na constituição do fértil
e disputado campo dos estudos feministas uma das discussões que toma corpo a partir do
final dos anos de 1970 é sobre a ênfase do feminismo no sujeito político “Mulher”. O
termo aglutinador trazia em si uma contradição: se a opressão feminina era fruto de
relações sociais desiguais, portanto, não era fruto da natureza, como podíamos subsumir
experiências culturais múltiplas numa espécie de absoluto biológico que nos tronava a
todas mulheres justamente porque a natureza assim tinha nos feito?
“Essa noção do sujeito marcado por gênero como lugar de múltiplas diferenças e,
portanto, de múltiplas subjetividades e identidades concorrentes, é o resultado da recente
crítica feminista da teoria pós-estruturalista e desconstrucionista”. (MOORE, 2000, p.
26). Joan Scott já havia apontado o pós-estruturalismo como uma teoria capaz de dar
suporte à categoria gênero exatamente por trazer para a discussão uma dimensão histórica
que poria em xeque os universais e as unidades, os binarismos e os esquemas hierárquicos
neles implicados. A linguagem como sistema de significação seria um dos termos
considerados por Scott como úteis na contribuição do pós-estruturalismo ao feminismo.
A mesma autora toma também o discurso, no sentido foucautiano, como ferramenta
importante para se levar em conta que há jogos de poder que instituem verdades que se
naturalizam por meio desses discursos. Como expressou Ella Shohat, é preciso que
levemos em conta que discursos não são apenas significantes flutuantes; eles são
percebidos, consumidos e têm impacto material, político e cultural na vida das pessoas.
Outra contribuição trazida por Scott, ainda a partir do pós-estruturalismo,
relaciona o descontrutivismo de Derrida com a questão da igualdade e da diferença. Para

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a historiadora, é preciso se romper com a dicotomia que estes termos parecem encerrar,
pois se não os submetemos a um exame crítico corremos o risco de reproduzir o discurso
político existente no qual a igualdade pretendida pode fazer sumir as particularidades das
reivindicações feministas, assim como a diferença acentuada tenderia a sublinhar o
estigma que cerca determinados grupos. Para ela, enfim, igualdade versus diferença é, de
fato, uma ilusão e não uma verdade (SCOTT, 2005).
Para o(s) feminismo(s) essa é uma reflexão de peso, pois questiona os limites das
proposições binárias que podem ser armadilhas tanto políticas como teóricas. E aqui a
autora questiona a fixidez da categoria gênero quando normaliza o que é “mulher” e
“homem” e propõe que o projeto desconstrutivista seja tomado a sério. Mas se a
masculinidade e a feminilidade circulam, não estão em corpos masculinos ou femininos,
como propôs Hélène Cioux, onde se situa a mulher? Para continuarmos a interlocução
com Derrida, cito Spivak, quando defende que a categoria mulheres pode ainda ser útil,
o que não significa que não deva ser futuramente abandonado, apenas seria
estrategicamente usada. A própria Butler chega a propor este uso estratégico sem,
contudo, abandonar seu projeto de desestabilização do sexo e do gênero, uma vez que
ambos estão imbricados nas marcas dos construtos sociais binários e normalizadores. Os
mesmos que tornam ininteligíveis aquelas e aqueles cuja existência desestabiliza a
suposta coerência entre sexo-gênero-desejo-prática.
Nesta perspectiva o corpo volta a ter uma centralidade. Mas não se trata de um
corpo marcado pela maternidade, amamentação e reprodução, como aquele que algumas
feministas da segunda onda acionaram para marcar uma experiência subjetiva comum.
Trata-se, nos estudos queer e, particularmente em Butler (e acentuadamente em Paul
Preciado) de um corpo que, ao escapar das normas heterocentradas, dos discursos que
marcam binariamente estes corpos, pode parodiar essas normas, denunciando-as e
abrindo espaço para uma multiplicidade de gêneros, sexualidades, corpos e desejos, que
denunciam as identidades como aprisionadoras por serem, no limite, normativas.
Este é um dos pontos vistos, por muitas/os autoras/es, como problemático na obra
de Butler, pois o que fica é que as transformações sociais só poderiam se dar no marco da
desestabilização e implosão das identidades, para além das categorias homem e mulher.
A história do feminismo parece apontar que o uso da categoria mulheres teve sua
importância política e teórica, assim, abrir mão dela seria para muitas feministas fazer um
feminismo sem mulheres.

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Butler assinala que as reificações de gêneros e identidades cristalizam hierarquias
e alimentam relações de poder, o que normaliza corpos e práticas, reproduzindo
privilégios e exclusões. Essa normalização das identidades, e sua conseqüente opressão,
define padrões de comportamento rejeitando as diferenças. Diferenças estas que são
sempre constituídas em intersecção com outras diferenças. Entre estas estaria o próprio
corpo, tomado em diversos momentos das discussões feministas como um substrato
natural e não como culturalmente constituído. Essa constituição, lembra-nos Butler,
nunca é feita de maneira neutra, mas a partir de discursos que se assentam num binarismo
restritivo, no falocêntrismo e na heterossexualidade compulsória.
Daí a identidade de gênero ser tomada por Butler como normalizadora, pois fixa
e reifica o que é ser mulher, homem, feminino, masculino, negro, branco etc., perpetuando
e reproduzindo subordinações.
A questão que passa a ser colocada a partir do pós-estruturalismo tem a ver com
o pós-modernismo e suas implicações políticas e, mesmo, analíticas para o feminismo.
Cláudia de Lima Costa interroga (2002) sobre como escapar da armadilha do binarismo
e da total fragmentação e dispersão que a proposta de descentramento do sujeito coloca,
de maneira que não se acabe em um “feminismo sem mulheres”.
Uma vez que a questão do feminismo é a opressão relacionada ao gênero, torna-
se possível pensar em um feminismo sem mulheres, pois, como já afirmou Luci Irigaray,
“mulher não tem sexo”. Pois, o que definiria esta posição não seria uma essência comum
baseada numa biologia definidora da experiência, mas a experiência em si, marcada por
exclusões, por incompletudes, submissão e desprestígio. O que pode envolver negros,
homens do terceiro mundo, travestis, “bichinhas”, mulheres chicanas, migrantes, enfim,
toda uma gama de seres tidos como menos humanos, uma vez que o humano de referência
seria masculino, heterossexual, branco e financeiramente bem sucedido.
Não se trata mais, como escreveu Chantal Mouffe, de se descobrir quem é está
“mulher” do feminismo como essência unificadora, mas como essa categoria é construída
dentro de diferentes discursos. Outras feministas se opõem a essa posição, argumentando
que não foi a negatividade discursiva e desconstrutivista do pós-estruturalismo que
garantiu avanços teóricos e políticos ao feminismo, mas, ao contrário, o de ter construído
positividade para esse sujeito e com base na materialidade das experiências que as
mulheres têm do social. Cláudia de Lima Costa, por exemplo, sugere que o feminismo
contemporâneo foi capaz de recorrer à categoria mulher sem retornar a uma posição

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normalista. Isto é, sem torná-la uma ficção que deveria ser desvelada pela crítica
feminista.
Sexismo, regulação sobre os corpos (aborto, operação para mudança de sexo,
ingestão de hormônios masculinos ou femininos), falta de igualdade de direitos e de
direito à diferença são todos termos de um mesmo discurso heteronormativo que atinge a
mulheres tanto quanto àquelas e àqueles que não são respeitadas/os em seus desejos,
práticas, direitos. Portanto, o feminismo enquanto política não perdeu sua razão de ser, e,
enquanto teoria ainda tem questões conceituais importantes a discutir. Politicamente, vejo
que as novas demandas trazidas pelas feministas negras, pelas mulheres do chamado
Oriente, questões ligadas o mercado transnacional do sexo, além das reivindicações de
mulheres transexuais, para citarmos só alguns exemplos, mostram que este é um lugar de
disputas políticas permanente. Por sua vez, o debate teórico vai sendo alimentado não só
por esse cenário renovado, como pelo diálogo incessante com diferentes áreas do saber e
com a própria produção teórica dos estudos de gênero e sexualidade.
Como reflete Ella Shohat, em termos de gênero, o discurso hegemônico não
permite uma identidade de gênero flexível. Ou se é masculino ou feminino, sem muito
espaço para uma identidade no "entre-lugar", mais complexa. Identidades tais como
feminino-identificado-com-masculino, masculino-identificado-com-feminino,
transgênero e transsexual não exatamente existem no plano discursivo, visto que nossas
estruturas de identidade estão articuladas em termos binários. É por isso que a questão da
performance joga um papel importante nas recentes teorias sobre a construção de
identidades. As identidades não são essenciais, mas são "performadas" e construídas.
Estes outros e outras “inapropriados/as” (Minh) têm provocado fissuras nas
teorias feministas de gênero, mostrando que a desconstrução feminista do sujeito foi
fundamental para se avançar nas discussões sobre mulheres, masculinidades, gêneros,
raças, diferenças e sexualidades, margens e fronteiras.
As fronteiras são lugares de trânsitos e tráficos, por isso estão sempre muito
vigiadas. Elas são isso E aquilo, ao mesmo tempo, quero dizer que deslizam, não se pode
compreendê-las pelo isto OU aquilo. Assustam, como assustam os corpos e as
sexualidades fronteiriças. Não é por acaso que assistimos no presente um eloquente apelo
aos universais pretensamente seguros para se falar de gêneros na estreiteza de binários
essencializados e se clama pelo controle de sexualidades não-reprodutivas e não-
heterossexuais. Sua potência desestabilizadora, coloca em xeque justamente esses
universais que alicerçam um mundo em que restringe os direitos humanos aos “humanos

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direitos”. Aos tortos, aos queers com seus gêneros ininteligíveis e seu “mau sexo”, às
margens. Estas são distintas das fronteiras, pois estão ali instituídas para garantir a
existência coerente do centro, mantendo-se assim dicotomias pouco produtivas. Entre
estas a que, nesse campo polariza direita e esquerda, conservadores e progressistas. O
cenário é mais complexo, por isso, é preciso nos manter atentas e fortes para não cair nas
armadilhas identitárias, nem na sedução de se operar com a “verdade”. Enfim, um dos
aspectos do pós-estruturalismo é justamente o de trabalhar e resistir às verdades
estabelecidas.

Referências bibliográficas
ADELMAN, Miriam. A Voz e a Escuta – encontros e desencontros entre a teoria
feminista e a sociologia contemporânea. Florianópolis: Blucher Acadêmico, 2009.

RAGO, Margareth. “Feminismo e Subjetividade em Tempos Pós-Modernos”. In:


LIMA, Claudia Costa. Poéticas e Políticas Feministas. Florianópolis: Editora das
Mulheres, 2004.

RUBIN, Gayle. (2003). “Pensando sobre Sexo: Notas para uma teoria radical da política
da sexualidade”. Cadernos pagu, n. 21. p. 01--88.

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