You are on page 1of 1

É interessante observar que por muito tempo a Antropologia, sobretudo no período

clássico, teve como objeto de estudo os sistemas culturais fora do continente europeu
com a ideia de “estudar o outro”, sendo os povos das Américas, Ásia e África bastante
explorados nesse sentido do estudo das culturas “exóticas”. Somente no tempo recente,
isto é, no período contemporâneo da disciplina, que a Antropologia passou a se debruçar
sobre si própria e sobre a cultura na qual está inserida.
Além dessa peculiaridade, uma das características do período contemporâneo da
disciplina é o de problematizar e buscar preencher algumas lacunas vazias deixadas
pelas teorias clássicas. Uma dessas lacunas é a questão do relativismo cultural que por
muito tempo dominou a maneira de se pensar e fazer Antropologia através das escolas
do Particularismo Histórico de Franz Boas e do Funcionalismo de Malinowski. Agora, o
relativismo passa a ser repensado e criticado, de modo que novas escolas surgem nesse
período, a exemplo do Estruturalismo e Interpretativismo Simbólico, além de ganhar
uma nova dimensão passando a ser tema de discussão não apenas na Antropologia, mas
também na Filosofia, como demonstrado no livro “Cultural relativism and philosophy”.
Dessa forma, é muito positivo ter um tema em comum sendo discutido em duas
disciplinas diferentes, possibilitando um melhor entendimento das relações entre centro
e periferia, tema central desse estudo.
Antropologia e Filosofia se aproximam ao ter em comum o mesmo olhar de
estranhamento critico e reflexivo sobre a realidade do que se vê e analisa, sendo muitas
vezes levadas a posições etnocêntricas. Isso se explica se considerarmos que ambas as
ciências foram formadas na Europa com forte influência da própria literatura ocidental e
logicamente, com o eurocentismo bastante internalizado na maneira de se pensar o
mundo. Superar a barreira do etnocentrismo tenha sido talvez um problema não
superado no período clássico da disciplina, sendo necessário criar o método do
relativismo cultural para ser minimamente coerente pensar cientificamente a ideia de
pluralidade de culturas sugerida por Franz Boas. Vale ressaltar que os mecanismos de
analise das culturas utilizados pelos antropólogos europeus e americanos (EUA que foi
colonizado pelos ingleses) tinham como base o pensamento, cultura e literatura da
ocidental, portanto, mesmo existindo o método do relativismo cultural, não tínhamos
por exemplo, a fala real dos nativos nas textos desenvolvidos pelos antropólogos, pondo
em dúvida a credibilidade dos trabalhos realizados e até mesmo do relativismo cultural.

You might also like