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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

8ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GUARUJÁ


Defesa dos Interesses Metaindividuais da Pessoa com Deficiência e do Idoso

Atendendo boa ideia da Marcia Leguth, fiz esse post autônomo a respeito do assunto que o
Jose Calderoni Junior levantou.

Moçada, é o seguinte:

1 - Premissas:...

Autor(a):
Ré:
Manifestação final do Ministério Público
Meritíssimo(a) Juiz(a):

Pretende-se a interdição.

A(o) ré(u) foi validamente citada(o) (fls. ?) e o curador especial


apresentou defesa por negação geral (fls. ??????).

Foi dispensado o interrogatório (fls. ???).

Houve nomeação de curador provisório (fls. ????).

O laudo pericial multidisciplinar está encartado às fls. ?????. Estudo


social às fls. ???.

Prova civil da identidade das partes às fls. ???????.

É a suficiente síntese.

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O laudo pericial apontou que a(o) ré(u) possui ???????, o que a(o)
torna relativamente incapaz, ou seja, proibido de reger sozinho os atos da
vida civil de ordem patrimonial diversos da mera administração.

É o quanto basta, a meu ver.

É indispensável a nomeação de curador(a) para a(o) ré(u).

De resto, registro que o(a) autor(a) é ?????? do(a) ré(u).

Posto isso, devidamente provada a relativa incapacidade da(o) ré(u),


dispensável é a realização de audiência de instrução e julgamento (RP
25/317), motivo pelo qual desde logo manifesto-me pela procedência
integral do pedido, decretando-se a interdição da(o) ré(u), limitada, porém,
à prática de atos de natureza patrimonial e negocial, exceto os de mera
administração, nomeando-se a(o) autor(a) como seu(ua) curador(a), e,
transitada em julgado a sentença, seja ela inscrita no Registro de Pessoas
Naturais, prosseguindo-se nos termos do artigo 1.184 e seguintes do Código
de Processo Civil.

Não se tratando o réu de pessoa com deficiência, desnecessária a


limitação temporal da curatela (artigo 84, §3º, da Lei Nacional nº 13.146/15).

Diante da manifesta idoneidade da(o) autor(a), e porque


(1)
revogada a disposição legal respectiva , deixo até mesmo de requerer
manifestação sobre existência de bens de raiz em nome da(o) ré(u) (2).
1()
Nesse sentido: “Não mais se exige a especialização da hipoteca legal, determinada pelo artigo 418 do Código Civil

de 1916, ficando também revogada, por força deste artigo, a disposição contida no artigo 37 do Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA)” (conforme MILTON PAULO DE CARVALHO FILHO in Código Civil Comentado,

Doutrina e Jurisprudência, Coordenador ministro CEZAR PELUSO, 4ª edição, Editora Manole, 2010, página 2038)
2()
Nesse sentido o seguinte trecho de voto vencedor: “A propósito, o art. 1.190 do Código de Processo Civil

expressamente admite a dispensa da garantia hipotecária quando reconhecida a idoneidade do curador. E, nesse

ponto, abra-se o parêntese de que, na espécie, sendo nomeada curadora a mãe, não há motivos para questionar a

idoneidade” (Apelação cível com revisão n° 665.246-4/7-00, 3ª Câmara de Direito Privado, julgado em 29 de

setembro de 2009, relator desembargador BERETTA DA SILVEIRA, votação unânime).

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Desde que conste expressamente em sentença a


imprescindibilidade de autorização judicial para a venda de quaisquer
bens em nome da(o) ré(u), e considerando a idoneidade da(o) autor(a),
os naturais ônus que o exercício da curatela impõe, e a pouca, senão
inexistente, expressividade do patrimônio da(o) ré(u), reputo
desnecessária a periódica prestação de contas (3).

Sem prejuízo, se o caso, requeiro a expedição de ofício ao


Cartório de Registro de Imóveis local determinando a averbação da
sentença de interdição na matrícula do imóvel de propriedade do
curatelado, ex vi do artigo 167, II, item 5, da Lei de Registros Públicos,
a fim de resguardar direito de terceiros, sobretudo.

Guarujá, data do protocolo.


Eloy Ojea Gomes
8º Promotor de Justiça de Guarujá

3()
Nesse sentido o seguinte trecho de voto vencedor: “Também deve ser mantida a dispensa da prestação de contas

e da especialização de bens para hipoteca legal, uma vez que o requerente é irmão da interditanda e vive com ela,

sendo de se presumir a sua idoneidade, até porque não há qualquer peculiaridade que justifique essas medidas, não

bastando, para tanto, a menção à existência de aposentadoria e poupança. A interdição já confere

responsabilidades e deveres ao curador, de modo que, apenas excepcionalmente, com suspeitas de malversação de

bens do interdito, é que se justifica agravar essa condição. Na hipótese, como visto, não há qualquer indício de má

conduta do requerente, prevalecendo a dispensa, nos termos do art. 1.190, do CPC: ‘se o tutor ou curador for de

reconhecida idoneidade, poderá o juiz admitir que entre em exercício, prestando depois a garantia, ou dispensando-

a desde logo” (Apelação nº 990.10.373760, 14ª Câmara de Direito Privado, julgado em 3 de fevereiro de 2011,

votação unânime, relator desembargador ENIO ZULIANI). No mesmo sentido o seguinte trecho de voto vencedor:

“Desse modo, andou bem a douta magistrada a quo ao dispensar o curador de prestar contas dos bens do

curatelado pois, nos termos do artigo 1.745, parágrafo único, do Código Civil, a dispensa é possível quando o

patrimônio do incapaz é mínimo e for reconhecida a idoneidade do tutor ” (Apelação n° 0010634-

88.2006.8.26.0505, 1ª Câmara de Direito Privado, julgado em 04 de fevereiro de 2011, relator desembargador DE

SANTI RIBEIRO, votação unânime)

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