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MESQUITA, R. G.
RIASSUNTO: Nella teoria discorsiva del diritto, Habermas dice che la legit-
timità del sistema giuridico può essere raggiunta solo attraverso di processi
di validazione discorsivi con la partecipazione di tutti influenzati dal sistema
legale. Dato che il Diritto e la Morale hanno un rapporto di simultaneità nella
sua origine, che garantisce la neutralità di valori immediata per il diritto, e
d’altra parte, c’è un rapporto di complementarità reciproca tra Diritto e Morale
nella procedura, che garantisce l’apertura dell’universo morale per il diritto.
L’effettiva partecipazione dei cittadini nei processi di validazione discorsiva è
coerente con la nozione di uno Stato democratico, che autorizza l’assunzione
di decisioni considerando tutti gli interessi coinvolti, con l’equilibrio a causa
di procedure discorsive aperte alla prevalenza degli argomenti più razionali.
Parole chiave: Teoria del discorso. Legittimità della legge. Procedura discor-
sivo de formazione de decisioni.
tamente afetados pela ação legislativa. Não apoiada no princípio do discurso […]
há mais o recurso a uma esfera prescritiva Nesta medida, a linguagem do direito
imediatamente informativa do jus positum. pode funcionar como um transformador
na circulação da comunicação entre
Assim, Habermas abandona a ideia de
sistema e mundo da vida, o que não é o
complementaridade entre Direito e Moral e caso da comunicação moral, limitada à
aposta na obtenção da legitimidade através da esfera do mundo da vida (HABERMAS,
legalidade, sustentando que daí não decorre 1997, v. 1, p. 24 e 112.
nenhuma contradição, pois:
A normatividade que recebe o status jurí-
O surgimento da legitimidade a partir dico – considerada legítima pela observância
da legalidade não é paradoxal, a não ser
do princípio discursivo – deve ser respeitada
para os que partem da premissa de que o
sistema do direito tem que ser represen-
pelos indivíduos. Estes, na condição de co-
tado como um processo circular que se autores do ordenamento jurídico, sofrerão
fecha recursivamente, legitimando-se a uma sanção em caso de descumprimento do
si mesmo […] A compreensão discursiva Direito, tendo em vista o monopólio estatal
do sistema dos direitos conduz o olhar da violência. Mas as normas jurídicas po-
para dois lados: de um lado, a carga de dem ser questionadas? Para responder a esta
legitimação dos cidadãos desloca-se para questão é preciso incursionar pelo tema da
os procedimentos de formação discursiva legitimidade.
da opinião e da vontade, instituciona-
lizados juridicamente; de outro lado, a
juridificação da liberdade comunicativa
significa também que o direito é levado Legitimidade e normatividade
a explorar fontes de legitimação das jurídica
quais ele não pode dispor (HABERMAS,
1997, v. I, p. 168). A legitimação do Direito somente pode
A normatividade da razão comunicativa ocorrer quando os próprios cidadãos são
opera-se mediatamente, após um consenso os produtores das leis, segundo a ideia de
discursivamente estabelecido, com a preva- autodeterminação dos povos ou soberania
lência do argumento mais racional. Surge política. Trata-se de importante inovação,
a questão fundamental: o que fazer com pois tradicionalmente a Teoria do Direito
aqueles que agem estrategicamente e não trabalha com a categoria de destinatários das
pretendem adotar as prescrições discursi- normas jurídicas, o que supõe uma instância
vamente estabelecidas? O Direito entra em produtora e outra receptora das leis.
cena e é chamado para equacionar a questão, Porém, Habermas sustenta que o Direito
pois as expectativas decorrentes do consenso não deve ser considerado uma instância
são substituídas pelo monopólio estatal da externa aos cidadãos. A categoria de desti-
força, ante a possibilidade de sancionar a natários das normas jurídicas leva a supor
não-adesão à ordem jurídica (MOREIRA, uma instância distinta, que elabora as leis
1999). Eis: com autonomia e sem relação direta com o
corpo social. Via de consequência, coloca-se
[...] por que a teoria do agir comunicativo
concede um valor posicional central à o Direito como heterônomo e colonizador do
categoria do direito e por que ela mes- mundo da vida e, assim, sem legitimação.
ma forma, por seu turno, um contexto Convém conceituar heteronomia, conforme
apropriado para uma teoria do direito a acepção kantiana:
Por conseguinte, resta estabelecida uma centrais do debate político, ou se estão pade-
relação entre Direito e Moral com duplo cendo de fome ou trabalhando sob condições
aspecto: o de cooriginariedade ou simultanei- opressivas durante grande parte do tempo
dade na origem, o qual possibilita uma neu- (ACKERMAN, 1999).
tralidade normativa imediata para o Direito; Ou, ainda, é acenada a impossibilidade
e o de complementaridade procedimental, de uma cidadania plenamente autônoma
através do qual o universo jurídico – via enquanto a questão da exclusão social não
procedimento legislativo – recebe luzes do for resolvida, pois “Como ter cidadãos ple-
universo moral. namente autônomos se suas relações estão
A Teoria Discursiva do Direito de Haber- colonizadas pela tradição que lhes conforma
mas, em suma, é marcada por três caracte- o munda da vida?” (STRECK, 2003, p. 13).
rísticas fundamentais: 1) há um rompimento Tais críticas inequivocamente encontram
com a razão prática, à medida em que a arrimo fático! Mas não se pode olvidar que
razão comunicativa não mais se coloca como a situação ideal de fala apresenta-se como
informativa para a ação, ou seja, a razão co- mero critério da argumentação discursiva,
municativa não é imediatamente prática; 2) já que importa na distribuição simétrica de
há uma validade falível intrínseca ao Direito, oportunidades de eleição e de efetivação dos
pois a problematização da norma jurídica atos de fala. Nela impera apenas a coação do
pode ensejar a sua revogação; 3) há uma re- melhor argumento racional, em face de seus
cusa da complementaridade originária entre postulados contidos nas regras discursivas:
Direito e Moral em favor de uma relação de
a) Postulado da igualdade comunica-
cooriginariedade. (MOREIRA, 1999). tiva. Todos os possíveis participantes
Diante desse complexo arsenal teórico do discurso argumentativo devem ter
habermasiano, releva indicar as críticas que igual chance de usar atos de fala comu-
lhe foram endereçadas, e, especialmente, se nicativos.
a teoria do pensador alemão pode ser trans-
b) Postulado da igualdade de fala: todos
portada para o contexto do ordenamento
os participantes do discurso devem ter a
jurídico brasileiro. É o que se pretende fazer mesma chance de proceder a interpreta-
no item seguinte. ções, fazer asserções, recomendações,
explicações e justificações, bem como
de problematizar pretensões de validade.
Teoria Discursiva do Direito
contextualizada c) Postulado da veracidade e sinceridade:
os falantes aceitos no discurso devem
ter a mesma chance de utilizar atos de
A Teoria Discursiva do Direito sofreu as fala representativos, isto é, devem ser
mesmas críticas anteriormente endereçadas à capazes de expressar ideias, sentimentos
Ética Discursiva de Habermas, consistentes e intenções pessoais.
na impossibilidade fática de efetivação de um
procedimento discursivo no qual prevaleça o d) Postulado da correção de normas. No
melhor argumento. discurso, os agentes devem ter chance de
empregar atos de fala regulativos, isto é,
Com efeito, é impossível, por exemplo, de mandar, de opor-se, de permitir e de
um processo eleitoral observar critérios de proibir, de fazer promessas e de retirar
liberdade e justiça se grande parte do eleito- promessas (SIEBENEICHLER, 1989,
rado não tem alcance para discernir os temas p. 105).
AUTOR
Rogério Garcia Mesquita - Professor de Direito Processual Civil e de Estágio de Prática Jurí-
dica da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de
Erechim. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. E-mail:
rogeriomesquita@uricer.edu.br
Referências