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Nos EUA, a eleição de Donald Trump é claramente uma inflexão para a extrema-
direita do Partido Republicano, além da influência cultural da “alt-right” (que são, na
verdade, neo-fascistas) que se dá por meio de bloggers, vloggers, fóruns online,
redes sociais e programas de rádio (como o de Alex Jones — recentemente excluído
do Youtube e do Facebook por difundir teorias conspiratórias —, Richard Spencer,
entre outros).
Diante desse quadro, algumas perguntas devem ser feitas. Existe hoje, de fato, um
renascimento do fascismo no mundo? O perigo do fascismo se avizinha? O
conceito do fascismo ainda é aplicável para as extremas-direitas que pululam na
Europa, nos EUA e, mais recentemente, no Brasil? O que é a extrema-direita? O que é
fascismo? Como evoluiu a extrema-direita após 1945?
“O fascismo tem que ser definido como uma forma de comportamento político
marcado por uma preocupação obsessiva com a decadência e a humilhação da
comunidade, vista como vítima, e por cultos compensatórios de unidade, de energia e
de pureza, nas quais um partido de base popular formado por militantes nacionalistas
engajados, operando em cooperação desconfortável, mas eficaz com as elites
tradicionais, repudia as liberdades democráticas e passa a perseguir objetivos de
limpeza étnica e expansão externa por meio de violência redentora e sem estar
submetido a restrições éticas ou legais de qualquer natureza”.[3]
1.1. Contexto
1.2. Ideologia
1.2.4 Culto ao chefe ou Führerprinzip: O culto ao chefe é nada mais que conceder
cegamente ao líder a última palavra em todos os aspectos do movimento — sua
palavra e pessoa são sagradas para os militantes (daí o termo em
alemão Führerprinzip ou princípio do líder).
1.3. Estrutura
1.4. Estratégia
1.5. No poder
Nativismo é a ideologia que defende que o Estado deve ser partilhado somente por
membros de um grupo nativo (a nação) e que grupos estranhos devem ser
excluídos. O que é definido como “grupo nativo” geralmente é por exclusão, isto é,
por meio de negações como anti-imigrante, anti-árabe, anti-islã, etc.[7]
O termo populismo, no entanto, pode ser muitas vezes um termo que se confunde
com o os populismos sul-americanos, como o de Peron, na Argentina.[9] Inspirando-
nos em Muddle e tendo em vista tal objeção que acabamos de mencionar, podemos
agora classificar a nova extrema-direita que surgiu na Europa no pós-guerra.
Denominá-la-emos de Direita Radical. Por tal conceito entende-se um projeto
político ultranacionalista, que floresce em condições específicas do capitalismo
monopolista-financeiro; além disso é também essencialmente “popular-
exclusionário” que formalmente aceita as regras da democracia liberal e
formalmente rejeita a violência como meio legítimo no jogo político democrático.
Por fim, a direita radical afirma aceitar as regras da democracia liberal, mas quando
está no poder, ela empreende um governo que procura retirar direitos de minorias e
atacar dissidentes. à respeito das condições econômicas propícias ao seu
desenvolvimento no capitalismo, tentarei dar algumas indicações ao longo do texto,
uma vez que o tema requereria um ensaio por si só.
“Ao mesmo tempo existe uma estreita relação entre o populismo de direita radical [o
que aqui entendemos por direita radical] e neofascismo, o que torna a demarcação da
diferença [entre eles] muito problemática.
Alguns exemplos disso: o partido de direita radical dinamarquês, o DF, declarou que
não impediria que membros do Partido Nazista Dinamarquês se associassem ao
próprio DF; também podemos mencionar que elementos neo-fascistas e neo-
nazistas militam no partido de direita radical norueguês, o Partido do Progresso[11].
Essa restrição atesta que a direita radical possui muitas conexões com o fascismo
e o neofascismo. Assim, deve-se atentar ainda a um último ponto: tais partidos
surgiram em ambiente rigorosamente diferente dos partidos fascistas pós-primeira
guerra. É possível que, em situações de crises sociais intensas, tais partidos
possam se tornar, de fato, fascistas/neofascistas, dado os pontos de contato entre
as ideologias e afinidades.
Uma nota importante sobre a direita radical e neofascista: não há, como vimos,
qualquer tipo de política econômica que seja necessariamente vinculada a esse
campo político. Mais Estado, menos Estado, protecionismo econômico ou abertura,
mais gastos com investimentos ou corte de custos são atributos contingentes da
extrema-direita. Para darmos um exemplo: o Front National na década de 80
advogava medidas neoliberais, à la Thatcher e Reagan; em 2012, clamava pela
proteção do Estado de Bem-Estar Social, aumento dos investimentos público e do
salário mínimo. Medidas econômicas são secundárias tanto no programa quanto na
ideologia desses movimentos[12]. Aliás, em um mesmo programa, o partido pode
advogar, com a intenção de ganhar o maior número de votos possível, projetos
contraditórios, como abertura de mercados e proteção da indústria nacional.
Extrema-Direita na França
A França é a ponta de lança da extrema-direita europeia[13]. É de lá que surgiram
tanto as principais correntes intelectuais neofascistas (como o revisionismo
histórico) quanto o neofascismo da Nova Direita. Também é de lá a origem de um
dos partidos mais fortes de direita radical na Europa: O Front Nacional. O estudo
sobre a extrema-direita, portanto, deve começar por esse país. Mas antes, devemos
resumir a história da longa tradição do fascismo francês antes de 1945.
A Liga dos Patriotas uniu-se alguns anos mais tarde a membros da esquerda
blanquista[16]. Eles formariam a base popular do General Boulanger, um general
anti-germânico e nacionalista, que prometia cruzar o rio Reno e reconquistar as
províncias perdidas para a Alemanha.
O Caso Dreyfus dividiu a França no final do século XIX; o caso girava em torno da
suposta traição do capitão Dreyfus por ter sido espião alemão — o que não era.
Dreyfus era judeu, e o antissemitismo presente em setores da população levou a
sua culpabilização imediata. Émile Zola escrevera o famoso artigo J’Accuse…!, em
1898, defendendo Dreyfus.
Descobriu-se que o documento que provara sua suposta traição era forjado. As
consequências do caso estenderam-se muito além da culpabilidade ou não de
Dreyfus. Na verdade, servira como pretexto para determinar o futuro da França:
elitista, antissemita e chauvinista ou democrática e igualitária[17]. No fim, venceram
os defensores de Dreyfus, que garantiram a derrota de nacionalistas autoritários
franceses.
Jornal de conteúdo antissemita La Libre Parole, cujo slogan era “La
France aux Français!” (A França para os franceses!). Foi fundado pelo
jornalista Edouard Drumont e publicado de 1892 a 1924.
Tal liga cresceria após 1902, publicando um jornal que chegou a ter 45.000
assinantes. O movimento contava também com uma ala que, inicialmente criada
para vender os jornais da AF, os Camelots du Roi, frequentemente entrava em
combates físicos com socialistas e sindicalistas. Possuía também uma seção
paramilitar (apesar de não contar com armas de fogo), os Comissários. A doutrina
da AF era essencialmente um reacionarismo xenófobo e corporativista, que pregava
a volta da Monarquia. Os judeus, republicanos, democratas, socialistas e os
estrangeiros (alemães, russos, etc.) eram responsáveis pela “decadência da nação
francesa”, sendo necessário como solução um regime corporativista anti-
democrático, antissemita e xenófobo, chefiado por um rei, que defendesse os
valores católicos e familiares. O movimento floresceu até a década de 20 até que,
em 1926, o próprio Maurras foi excomungado pela igreja católica. Isso causou um
afluxo de membros. O movimento dissolveu-se junto com o fim do regime de Vichy.
O interessante é que Maurras, apesar de seu nacionalismo, apoiou Philippe Pétain e
seus asseclas, e também foi simpático aos nazistas.
Esses grupos emergiram a partir da crise inflacionária que se abateu sobre a França
(apesar de sua rápida recuperação industrial) no pós-guerra e da vitória de um
governo de centro-esquerda nas eleições de 1924, o Cartel des Gauches. Esse
governo sofrera pesada oposição de grupos conservadores e de empresários
franceses. Pregando um fascismo que apelava diretamente aos trabalhadores, a
ideologia do Les Faisceaux era resolutamente socialista-nacional, violentamente
anti-burguesa e anti-conservadora, tentando conquistar seguidores tanto à esquerda
quanto à direita[24]. A fórmula ideológica que sintetizava o pensamento de Valois
era “nacionalismo + socialismo = fascismo”[25].
A ideologia do movimento rejeitava tudo aquilo que alegavam poder dividir a nação,
como a luta de classes e o clientelismo político. Eram partidários de um executivo
forte, da diminuição dos poderes do parlamento, mas que mantivesse o sistema
representativo. O corpo doutrinal do movimento fundamentava-se em um “espírito
de fraternidade combatente [repousando sobre] a família e a empresa, concebidos
de acordo com um modelo tradicional e paternalista. Adiciona-se a importância
atrelada à religião cristã, à primazia do espiritual e dos valores tradicionais”[26].
Por outro lado, não eram racistas e o próprio coronel de la Roque condenava o
antissemitismo. Contudo havia, de fato, membros do Croix-de-Feu que eram
fascistas. O movimento não é caracterizado por historiadores, desse modo, como
fascista, mas de direita autoritária. Com a proibição das milícias e grupos militares
pelo governo do Front Populaire de Leon Blum, o movimento transformou-se em
partido, o PSF (Parti Social Français ou Partido Social Francês). Portando os
mesmos valores da Cruz-de-Dogo, além de ferozmente anticomunista, o PSF
possuía 600.000 membros em 1936. Chegou a ter, em 1939, antes da guerra,
1.200.000 membros. Caso houvesse eleições em 1940, seriam uma força
considerável no parlamento francês.
A conjuntura no pós-guerra
Philippe Pétain foi condenado à morte, mas teve a pena comutada e morreu em
1951, sem quaisquer honras militares ou de Estado. Pierre Laval, chefe do governo
Pétain e da Milícia, foi executado, assim como outros fascistas e colaboracionistas
ilustres, como Robert Brasilach, Drieu de la Rochelle e Darnand. Charles Maurras
morreria na prisão. A França após 1945 seria concebida a partir da ideia da
Resistência e do antifascismo. A Quarta República seria estruturada sobre esse
espectro, cuja constituição foi adotada após um referendo, em 1946[31]. O pacto
fora feito pelos partidários do conservador Charles de Gaulle, liberais e,
principalmente, entre socialistas e comunistas.
Outro fato que ajudaria a impulsionar o extremismo direitista foi o início da guerra
fria, após 1947. No entanto, os neofascistas encontrar-se-iam em uma situação de
extrema adversidade, dado a força da esquerda, tanto dos socialistas quanto dos
comunistas. Legitimados pela resistência ao fascismo, até 1958 somado os votos
de ambos partidos, a esquerda reformista e revolucionária recebiam não menos que
40% dos votos nas eleições[37].
Uma das primeiras importantes revistas foi o Rivarol, criado por Maurice Gait e René
Malliavin, em 1951, chamada de “a revista de oposição nacional[38]”. Um periódico
que recebia contribuições de fascistas, colaboracionistas, católicos integristas, etc.
De Gaulle sairia aclamado por grande parte da população como o herói que salvara
a república e, por outro lado, considerado pela extrema-direita como seu inimigo
mortal. Quando declarou sua famosa frase, “eu vos compreendi” ( je vous ai
compris), muitos fascistas entenderam que De Gaulle seguiria o caminho autoritário
por eles proposto, o que, na verdade, não aconteceu. Ademais, em 1959, o general,
tendo mudado de opinião, tornou-se a favor da autodeterminação da Argélia.
Para Lagaillarde, a OAS deveria “se tornar uma verdadeira ferramenta de combate
revolucionária”; além disso, havia, somente, duas soluções para a o conflito político
no país: “ou o comunismo ou o nacionalismo”[66]. Salan fixaria posteriormente os
três princípios da organização: “preparação do terreno, utilização das massas e
destruição total e massiva do adversário ”[67].
A OAS tinha pouca coesão interna, contudo. A única tese com a qual as diversas
seções concordavam eram a recusa à política de De Gaulle para a Algéria. Havia
três seções principais da organização. Uma encontrava-se em Alger, outra, na
Espanha e a principal, em Paris. A seção metropolitana tentara amalgamar as
diversas correntes extremista presente no país. De tal maneira, a OAS receberia
apoio dos antigos líderes e militantes do Jeune Nation, como Pierre Sidos. A seção
da metrópole, contudo, era um amontoado de grupelhos fascistas, muitas vezes
autônomos entres si.
A UFF foi liderada por Pierre Poujahde, homem de classe média, cuja família
desprezava a república. Em sua adolescência envolveu-se com o partido fascista de
Doriot, o PPF. Apoiou inicialmente a República de Vichy, mas fugiu para a Espanha
quando o colaboracionismo aumentou. De lá viajou para a Inglaterra, onde se alistou
na força aérea. Após 1945, juntou-se ao partido gaullista[79]. Em 1953 se retirou da
agremiação e ajudou a fundar a UDCA.
Poujahde era cercado por extremistas. O líder camponês de extrema direita, que
apoiou Pétain e o regime de Vichy, Dorgéres, era um colega próximo[83]. Fascistas e
nostálgicos da colaboração com o nazismo como Jean-Maurice Demarquet, Dides
e o próprio Jean-Marie le Pen estavam presentes nas coortes da UFF[84].
Em 1956, com o slogan “sortez les sortants” (algo como “mandem os corruptos
embora”), os candidatos poujahdistas participaram das eleições para a Assembleia
Nacional. A UFF obteve 11.6% dos votos, conseguindo 52 cadeiras. Os jornais
fascistas como o Rivarol e a Nação Francesa afirmavam: “os 52 deputados são
nossos”[85]. A maioria dos votos vinham de regiões rurais e pequenas cidades. Seu
eleitorado, em grande parte, dado a origem do movimento, era composto de
artesãos e pequenos comerciantes. Funcionários públicos, operários e
trabalhadores em empresas não eram, em percentual de votos, significativos[86].
Segue uma breve menção aos grupos mais importantes desse período, que, apesar
de tudo, permaneceram marginalizados.
Com o fim da OAS e do Jeune Nation, Pierre Sidos criou o Occident (não confundir
com a revista fascista L´Occident, homônimo). Ele tentou reagrupar os militantes
dispersados dos diversos grupos fascistas que então foram proibidos. O Ocidente
nunca passou de 500 membros. Pretendia defender “o ocidente em todos os
lugares”, não “tolerar as agremiações não francesas”, entre outras ideias
fascistas[93]. Um dos seus ilustres membros era François Duprat, que ganharia
proeminência na extrema-direita nos próximos anos. Além do Occident, Sidos criaria
posteriormente o jornal Le Soleil, para propagar ideais fascistas e ainda também o
movimento L´Ouvre Française, uma tentativa de estruturar uma organização
substituta da Jeune Nation[94]. O Ocidente seria por sua vez também dissolvido e
substituído pelo GUD, Grupo de União Direita[95].
A GRECE realizou, ao longo dos anos, uma operação midiática para expandir sua
influência: em 1977, Alain de Benoist e Louis Pawels começavam a publicar na
revista semanal do jornal Figaro artigos e matérias cujo conteúdo eram inspirados
em temas da Nova Direita[103]. A partir de 1979, essa operação foi atacada por
jornais e revistas mais ao centro e à esquerda, que tentaram desqualificar essa
empreitada.
Mas o que defendia a Nova Direita? Resumidamente, suas teses eram fundadas no
anti-igualitarismo, isto é, que os homens são por natureza diferentes[104],
recrutando, para ‘’fundamentar” suas ideias, obras de etnologistas, biólogos e
sociólogos[105]. Para Louis Pawels, “A ideologia dominante [diz que] todos os
homens nascem com as mesmas potencialidades. As diferenças são criadas pelo
meio. A Ciência responde que os homens não surgem idênticos da mesma matriz.
Nenhuma sociedade humana vive sem elites(…)”[106].
O GRECE conseguiu ter alguma influência sobre o campo cultural ou sobre algum
grupo político, como pretendiam? Jean-Yves le Gallou e Yvan Blot, ambos membros
do GRECE, fundaram, com Henri de Lesque, o Club d´Horloge. Esse grupo tinha
como objetivo renovar os ideais da direita gaullista, o RPR e a UDF. Defendem o
neoliberalismo econômico, denunciam o socialismo e defendem o enraizamento
cultural contra o cosmopolitismo[114]. O Horloge era, no início, uma “emanação do
GRECE destinado a facilitar a penetração em certos meios intelectuais e
políticos”[115]. Alguns de seus membros, dentre os quais Yves Le Gallou e Bruno
Megret, tomam parte no Front National e tornam-se participantes da direção[116].
Pouco tempo depois, o Club d´Horloge romperia com a GRECE.
Contudo, mesmo com tais mudanças, o final dos 60 e os 70 seriam difíceis para a
extrema-direita. Mesmo em um tal ambiente, e inspirados pelo sucesso do partido
neofascista italiano MSI, membros de um grupo que unia direitistas fascistas e não
fascistas, uniram-se criando o Ordre Nouveau (ON), em 1969. A tentativa de superar
o faccionalismo era uma tarefa árdua, dado o histórico de brigas e dissidências
entre extremistas. A ON seria a primeira empresa de relativo sucesso nessa
empreitada. A ON era um movimento fascista, contando, inclusive, com uma seção
paramilitar, apesar de secreta.
Seu objetivo era combater a esquerda e realizar uma “revolução nacional” (ou seja,
instaurar um regime fascista), como expressava um documento do movimento:
“para fazer a revolução, é necessário um partido revolucionário (…). Um tal partido
não pode se conceber realizar uma luta em todos os níveis, sem que haja uma
participação em todas as atividades do país (…). Nenhuma forma de combate pode
ser negligenciada nem nas nas nem nas urnas (…). partido ideológico e e partido de
ação, o partido deve visar, igualmente, a se tornar um partido de massas”[124].
Em 1972, o líder da ON, Brigneau, e François Duprat chegaram a conclusão que era
necessário uma nova organização para ganhar votos. Daí nasceria o Front
National[133].
A Ordre Nouveau seria proibida em 1973, após embates nas ruas com movimentos
trotskystas. Mas, antes de procedermos até a história do FN, exporemos um pouco
a história da extrema-direita católica, influente nos meios extremistas na França.
Lebéfvre tornou-se então líder dos católicos integristas, que, desde o Vaticano II,
consideravam viver em “uma igreja ocupada” resultado “da subversão marxista no
seio da igreja católica”[143]. Contudo, ao ordenar quatro bispos em 1988, Lebfévre
seria excomungado da igreja. Uma parte do movimento se juntaria ao prelado na
cisma. Uma outra parte, a fraternidade Saint-Pèrre, permaneceria na igreja. Morreria
poucos anos depois, em 1991.
A cisma deixou cicatrizes na instituição. Com o papa Bento XVI, tentou-se uma
reaproximação com os integristas: O Vaticano declarou-se aberto aos lebfevristas.
A autorização, pelo papa, em 2007, de se celebrar missas em latim foi um dos sinais
que mostravam tal tentativa de acolhimento. Em 2009, os quatro bispos
excomungados em 1988 foram readmitidos[144].
O Front National
A Fundação (1972-3)
Sede da Front National (1978): François Duprat de pé, ao centro; a flama
tricolor à direita e Jean-Marie Le Pen no canto à esquerda.
Para tanto, necessitava-se de uma figura que pudesse tornar o partido mais
respeitável. Jean-Marie le Pen foi o escolhido para essa tarefa. Antigo deputado
poujahdista, paraquedista que lutara na guerra da Argélia e secretário-geral da
campanha de Tixier-Vigancourt, ele era a figura mais indicada para liderar a nova
agremiação. No entanto, Le Pen não era uma personalidade completamente
imaculada: em 1963, fundara a SERP (Sociedade de Estudos e Relações Públicas),
que publicou, dentre outras coisas, LPs de músicas nazistas. Além disso Le Pen
seria acusado posteriormente de ter praticado tortura durante a guerra da
Algéria[146].
O FN foi criado, em 5 de outubro de 1972, desse modo, como uma tentativa de se
inserir na ordem política da nova república, tal como fizera o MSI, na Itália[147]. Até o
logo do Movimento Social Italiano foi copiado, a flama tricolor.
O período que vai até 1983 é nomeado por militantes históricos do partido de
“travessia do deserto”, dado as imensas dificuldades impostas naquele tempo[151].
Além disso, partido era dominado ainda por radicais que foram atraídos por
François Duprat. Neofascistas dos Grupos Nacionalistas Revolucionários e os
neonazistas da FANE são grupos que representavam bem quem integrava o partido
de então[152]. Mesmo que houvesse outras tendências, o partido, à época, pode ser
caracterizado como neofascista[153].
Não obstante, a situação no país mudaria de figura no final dos anos 70. O
crescimento econômico se reduziu, a inflação e o desemprego aumentaram, assim
como as desigualdades sociais[157]. Mas o FN, ainda mal estruturado, pouco
conseguira se aproveitar dessas condições: nas eleições de 1983, pôde obter com
J. M. le Pen 11,3% dos votos, no XX Arrondissement, bairro de Paris[158]. No entanto,
mudanças estruturais na sociedade francesa a partir da década de 70, que pudemos
delinear acima, contribuiriam para criar o ambiente propício ao crescimento do
partido.
Por outro lado, houve também progressos em direitos civis, desde a década de 70,
como legalização do aborto e autorização de venda de contraceptivos (isso em
meio ao governo de direita de Giscard d´Estaing) e a abolição da pena de morte[167].
Os avanços nos direitos civis e também o aumento das reivindicações de direitos de
mulheres, gays, antimanicomial provocariam uma reação de setores mais
reacionários[168], que se refletiu no discurso do FN, em especial na sua defesa da
“família” e da “tradição”.
Por fim, em junho do mesmo ano, nas eleições europeias, O Front National obtém
11,2% dos votos (mais de 2 milhões de votos). Ao contrário do Poujahdismo, que
tivera sua base eleitoral em pequenas cidades e no campo, o voto do FN vinha de
regiões metropolitanas maiores (mas que, incrivelmente, oriundas de locais com
poucos imigrantes — a “a ameaça da imigração” era mais um fantasma do que um
medo real[172]). Seus melhores resultados estavam entre as classes mais
abastadas e mais instruídas, industriais e grandes comerciantes, além de membros
da classe média e católicos praticantes[173]. Por fim, devemos mencionar que
muitos do ex-colonos franceses que fugiram da Algéria também votaram no FN[174].
Esse discurso de Le Pen não é algo fortuito: de um lado, tenta amenizar sua retórica,
para que o partido se torne mais respeitável, por outro, declarações desse tipo,
servem para incitar seus apoiadores mais radicais. Essa duplicidade provoca
também tensões dentro do partido, mas permitem atrair a atenção das mídias e
justificar a existência do partido no âmbito eleitoral, atraindo os eleitores mais
radicais[180].
Por outro lado, o discurso devia ser atenuado, para que pudesse ser mais palatável
ao público em geral. Bruno Mégret e Jean-Yves Gallous, membros do Club d
´Horloge, ligado ao GRECE, foram particularmente influentes nessa questão. Para
que a xenofobia e o racismo fossem disfarçados, termos como “preferência
nacional” são introduzidos no léxico de Le Pen e políticos de FN. Esse termo em
particular significa privilegiar os franceses em detrimento aos estrangeiros.
Simplesmente é a versão depurada do slogan fascistizante do “A França aos
franceses”. Em suma, “tornar aceitável propostas que são consideradas
inaceitáveis”[187].
No entanto, isso seria breve. A contínua crise social na França, além dos problemas
do partido socialista e da direita gaullista, conduz a um mal-estar generalizado com
a democracia, com os partidos e com os políticos. Nesse mesmo ano, 45% dos
franceses afirmam que a democracia não funciona bem e que, em regra geral, 55%
dos eleitos são geralmente corruptos[188]. A entrada de imigrantes agora se tornara
um problema central para os eleitores, tanto é que Jacques Chirac, então
presidente, afirmara que a sociedade francesa sofria de “overdose de
imigração”[189]. Por tais razões, a popularidade de Le Pen alcança níveis elevados:
32% do público disse estar de acordo com suas ideias, em uma sondagem de
1992[190].
Tal como o partido comunista na década de 50, o FN, dada a reorganização feita,
propagou-se pela sociedade, formando uma grande estrutura que penetrava grande
parte das esferas do tecido social francês, com várias organizações de base — além
de possuir um jornal próprio, o National Hebdo. Podemos citar alguns: o FN da
juventude (organização fundada em 1974), cujo objetivo era formar quadros no
meio universitário e no ensino médio; a Federação Nacional da Empresa Moderna,
que visava unificar e congregar empresários em volta do partido; o Círculo nacional
de Combatentes, que “tinha por objeto a promoção do ideal patriótico e da defesa
material e moral de antigos combatentes que se reconhecessem nos valores do
FN”[192]. Além desses, muitas outras associações poderiam ser aqui mencionadas
como Front Ecológica (meio ambiente), a Aliança contra o Racismo, o Centro
Nacional de Táxis, etc[193].
Por tais motivos, o restante da década seria frutífera para o Front National: 13,8%
nas eleições regionais de 1992 (4 pontos a mais que 1986); 12,4% nas eleições
legislativas de 1993[197]. Em 1995, o FN obteria 15 % dos votos, pouco mais de 4,5
milhões, dentre os quais em bairros da classe operária (20 % dos votos em algumas
dessas regiões), retirando votos do Partido Comunista Francês e entre
desempregados[198].
No entanto, em 2002, Le pen ganha 16,9% dos votos e pode chegar ao segundo
turno, sendo derrotado por uma aliança entre socialistas e os conservadores
gaullistas. Após tal período de refluxo, o que aconteceu para que o FN ganhasse
novamente tantos votos? Le Pen pode, novamente, se postar como defensor de
reinvindicações sociais que não haviam desaparecido da França (insegurança
econômica, medo do crime e imigração). Os atentados de 11 de setembro e a onda
anti-islã também proporcionaram a Le Pen a situação ideal para proferir diatribes
racistas que encontravam eco em meio a sociedade francesa[210]. Além disso, o
carisma de Le Pen ajudou-o a recuperar votos.
Após esse breve surto de apoio, o FN sofreu um declínio eleitoral. A razão disso fora
a ascensão de Nicolas Sarkozy à direção do partido de centro-direita (UMP).
Utilizando-se de uma retórica parecido com a de Le Pen e apropriando-se do
discurso anti-imigração e securitário do Front National, a UMP pode vencer em
2007, capturando para si o apoio antes dado aos extremistas. Le Pen obteria
somente 4,3% dos votos, o pior resultado desde a década de 80[211].
Outro motivo para o declínio foram as dificuldade financeiras: nos anos 2000,
perdeu 2/3 do seu financiamento público e chegou a dever 9 milhões de euros,
obrigando o partido a demitir funcionários e vender propriedades[212]. Além das
dificuldades financeiras, os problemas internos aumentavam exponencialmente. A
questão da sucessão de Le Pen tomava corpo. Formaram-se então dois campos
divergentes[213]: o primeiro, composto de membros históricos com Jacques
Bompard, prefeito de Orange e Bernard Anthony; o segundo, que tinha a frente a
filha de Le Pen, Marine.
Marion Anne Perrine Le Pen, mais conhecida como Marine Le Pen, já ocupava
cargos importantes dentro do partido, como conselheira regional em Pas-de-Calais
e recebia bastante atenção midiática, além de presidir a seção de juventude do FN.
As hostilidades entre os grupos cresciam a cada dia, de tal modo que se montou
uma operação para enfraquecê-la, apresentando-a como alguém “manipulada pelas
mídias para dividir o FN”[214], criticando sua estratégia de des-demonização, etc. Por
outro lado, Jean Marie le Pen dá suporte à filha, opondo-se aos seus inimigos no
partido. A disputa foi travada, então, entre Marine le Pen e Bruno Gollnisch, um
neofascista que foi condenado por declarações as quais questionavam a existência
do Holocausto[215]. Marine, seria, por fim, a vencedora da batalha intrapartidária.
A terceira e última estratégia foi tentar se mostrar como uma alternativa crível e
responsável aos outros partidos franceses. O Burocrata Florian Phillipot, apontado
como diretor de campanha em 2011, apontava nessa direção[224].
Mesmo com tal mudança, o programa partidário, por um lado, ainda defende a
repatriação de imigrantes ilegais, o fim da imigração ilegal, a oposição a construção
de mesquitas, rebaixar a maioridade penal para 13 anos, mais poder a polícia, saída
da UE, imposição de disciplina e “autoridade” nas escolas, etc. Por outro lado, a
estratégia acima descrita levou o partido a rejeitar antigas propostas como controle
sanitário nas fronteiras para o combate contra a AIDS ou aumento de poderes à
polícia agir contra imigrantes[225].
Por fim, quanto às políticas propostas pelo FN, desde que Marine le Pen assumiu o
controle do partido, a defesa de propostas neoliberais foi deixada de lado pelo foco
em políticas keynesianas e defesa do estado do bem-estar social para os
“franceses” (não imigrantes). A nova agenda econômica do FN advoga políticas
como aumento do poder de compra da população, controle de preços, imposto
maior para os mais ricos; ao mesmo tempo crítica a globalização e propõe políticas
de proteção a empresas francesas[226]. Por outro lado, há ainda a presença de
elementos neoliberais, como a crítica a sindicatos e ao “assistencialismo”[227].
Ora, se não houve mudança real, mas suavização do discurso, o partido permanece
um partido neofascista que não se revela, explicitamente, como tal: isto é,
criptofascista. Por outro lado, alguns cientistas políticos, como Cas Muddle,
classificam o Front National, ao menos desde 2007, como partido de direita radical
(Radical Right Parties)[233]. Obviamente, o FN permanece no espectro da extrema-
direita, mas sua orientação política (neofascista, direita radical, nacional populismo,
etc) dentro desse espectro ainda é objeto de controvérsias.
Por fim, não podemos deixar de citar os próprios méritos do Front National, como
contar com líderes carismáticos (Jean Marie e Marine le Pen) e possuir uma
estrutura partidária que possibilitou ao FN se expandir localmente e nacionalmente
(uma vez que, sem tal estrutura, a longo prazo, nenhum partido de extrema-direita
pode sobreviver[254]).
Outros sites e portais, que se dizem sites de “re-informação” (em termos atuais, que
divulgam fake News), como a ojim.fn (que critica a mídia tradicional) também
infestam a rede. Um deles é o Polemia.com, um “think tank” de extrema-direita
criado por Jean-Yves Gallou, antigo membro do GRECE e ex-membro do FN. Os
temas abordados são, como esperado, textos anti-imigração, anti-islã e contra a
mídia; além de tudo, a Polemia ainda publica livros. Por fim, devemos citar o
tvlibertes.com, um portal de notícias de extrema direita, que tem como objetivo
servir de ponto de contato e local de intercâmbio entre as diversas correntes da
direita extrema francesa.
Diudonné é amigo do ideólogo extrema direita Alain Soral, com quem inclusive fez
alguns vídeos. Soral, ex-comunista e ex-membro do FN, possui livros conhecidos no
meio extremista, nos quais proferia “esclarecer” “os desenhos maléficos da
oligarquia mundialista” e de uma “esquerda que quer abolir a democracia”. Um
projeto no qual Soral enxerga “todo o poder do lobby sionista”, mas também uma
“franco-maçonaria” vista como “a nova ordem dos jesuítas da Republica Mundial”.
[264]
Por fim, o próprio FN: desde os começos do anos 90, o partido utiliza-se da internet
para divulgar suas ideias. Chegou-se até a produzir um jogo de computador,
proibido pouco depois de sua produção, no qual Jean Marie le Pen deveria juntar
flamas tricolores (símbolo do FN) desviando de seus inimigos, como François
Mitterand e Jacques Chirac.[266]
O FN foi um dos primeiros partidos políticos a criar um site, o qual não fora um
mero resumo de seu programa partidário, mas um instrumento que lhe permitiu
dialogar com um público além da sua base. Na campanha de 2002, antes de existir
o Youtube, o FN produziu videos de Le Pen em que se propagava a imagem de um
homem idoso conectado ao seu tempo: tentava fazer batalhas de Rap, fumava
Narguilé e entrava em chats de internet.[267]
Temos que ainda mencionar um ponto importante: tal como ocorreu nas eleições
estadunidenses, houve um esforço online de grupos extremistas para intervir nas
eleições francesas de 2017; se não diretamente ligada ao FN, parece ser uma
ofensiva global da extrema-direita contra seus adversários. Um conjunto de e-mails
falsos, cuja origem vinha do 4chan, rede social utilizada amplamente por
neofascistas online, foi jogado na web poucos dias antes das eleições sob a
alegação de conter escândalos de Macron.[273]
Notas e Referências
[2] IDEM, p. 31
[3] PAXTON, 2007, p. 358–9. Para as outras referências da definição dada, ver
ELLEY (1984); PATTON (2007); PAYNE (1995); GENTILE (2002); CARSTEN (1980);
MOSSE (1999); THALHEIMER in BAUER, O. MARCUSE, H. ROSENBERG, A (1970) ;
BAUER in BAUER, O. MARCUSE, H. ROSENBERG, A (1970) DE FELICE ( 1995a);
GRIFFIN (1992); EATWELL ( 1995) ; LINZ (1976; 1980); POULANTZAS in GRIFFIN
(1998); WIPPERMANN (1997); STERNHELL (1995;1999; 2015) MAYER( 1977) . Essa
definição é a mesma utlizada em uma artigo anterior sobre o fascismo-
https://voyager1.net/historia/dicionario-fascismo/?fbclid=IwAR1WosjGjjq-
noZKLcPB0zgBYADy6mzLPbhbxkn_PdXwyI_knNI67Uy6zlc
[4] GRIFFIN ,1992, p. 32–3
[5] IDEM, p. 170–74
[6] IDEM, p. 23
[7] IDEM, p. 22
[8] MUDDLE, 2007, p. 12–3
[9] LÖWY, 2014
[10] COPSEY, 2017 in RYDGREN, 2017, p. 116
[11] IDEM, p. 117
[12] VER MUDDE, 2007, cap. 2
[13] Expressão de Ignazi, 2000.
[14] TODO BASEADO EM PAYNE (1995), EATWELL ( 1995),MORGAN (2003),
CARSTEN (1981), STERNHELL (1980), (2012) e WINOCK (2015).
[15] PAYNE, 1995, p. 43
[16] CARSTEN, 191, p. 11
[17] IDEM, p. 45
[18] IBIDEM
[19] IBIDEM
[20] STERNHELL, 1994
[21] IDEM, p. 46
[22] IDEM, p. 86
[23] APUD CARSTEN, 1981, p. 14
[24] PAYNE, 1995, p. 292
[25] STERNHELL, 1980, p. 486
[26] MILZA, 2018, p. 168
[27] EATWELL, 1995, pp.211–2
[28] PAYNE, 1995, p. 397
[29] IDEM
[30] EATWELL, 1995, p. 301
[31] IDEM, p. 302–3
[32] PRICE, 2014, p. 320
[33] IDEM, p. 321
[34] IDEM, pp. 327–41
[35] IDEM, p. 343
[36] EATWELL, 1995, p. 303
[37] IDEM, pp. 343–63
[38] GAUTIER, 2017, p.18
[39] MILZA, 2002, p.
[40] GAUTIER, 2017, p. 19
[41] IDEM, p. 21
[42] RIOUX, 2015 in WINOCK, 2015, p.221
[43] MILZA, 2002, p. 66
[44] IDEM, p. 67
[45] GAUTIER, 2017, p. 39
[46] IDEM, p. 45
[47] FRANCO de ANDRADE, p. 786
[48] PRICE, 2014, pp. 352–5
[49] GAUTIER, 2017, p.50
[50] GAUTIER, 2017 p. 58
[51] PRICE, 2014, p. 356
[52] GAUTIER, 2017, p. 52-3
[53] IDEM
[54] DAVIES, 2002, p.123
[55] PRICE, op. Citada, p. 359
[56] IDEM, p. 360
[57] GAUTIER, 2017, p.66
[58] MILZA, 2002, p.82
[59] IBIDEM
[60] DAVIES, 2002, p. 127
[61] MILZA, 2002, p.82
[62] GAUTIER, 2017, p. 71
[63] DAVIES, 2002, p. 125
[64] GAUTIER, op. Citada, p.71–2
[65] IDEM, p. 80
[66] IDEM, p. 73
[67] IBIDEM
[68] IDEM, p. 77
[69] DAVIES, 2002, p. 125
[70] IDEM, p.78–9 e EATWELL, 1995, p. 310
[71] MILZA, 2002, p.
[72] DAVIES,2002, p. 129
[73] GAUTIER, 2017, p. 86
[74] IDEM
[75] APUD MILZA & BERNSTEIN, 2015, p. 463
[76] IDEM, p. 87
[77] MILZA & BERNSTEIN, 2015, p. 464
[78] IDEM
[79] EATWELL, 1995, p. 306
[80] FRANCO de ANDRADE, p. 789
[81] EATWELL, op. citada, p. 307
[82] GAUTIER, 2017, p. 88
[83] IDEM, p. 92
[84] IDEM
[85] GAUTIER, 2017, p. 90
[86] MILZA, op. Citada, p. 73
[87] GAUTIER, 2017, p.93
[88] IDEM, p. 94
[89] DAVIES, 2002, p. 129
[90] Ver GAUTIER, op. Citada p.94–5 e MILZA, op. Citada, p. 74
[91] DAVIES, 2002, p. 129
[92] FRANCO de ANDRADE, p. 789
[93] EATWELL, op. citada, p. 307
[94] GAUTIER, 2017, p. 88
[95] IDEM, p. 92
[96] IDEM
[97] GAUTIER, 2017, p. 90
[98] IDEM, p. 99
[99] EATWELL, 1995, p. 311
[100] MILZA, 2002, p. 132
[101]APUD GAUTIER, 2017, p. 159
[102] MILZA, op. Citada, p. 161
[103] IDEM, p. 197
[104] IDEM, p. 198–207
[105] Ver, p.ex, a suposta argumentação ”neutra” de Benoist em BENOIST, 1977,
p178-80, a respeito de “raças” e inteligência. Se a argumentação é mais sútil, o
modo de apresentar os supostos fatos que demonstram a superioridade da
“inteligência” intelectual dos brancos e a maior inteligência “perceptiva” ou
“sensível” é como Benoist tenta convencer seu leitor a respeito de suas teses. Ao
utilizar escritos de biólogos a respeito da diferença entre “inteligências”, Benoist
mostra não ser um ideólogo tosco, mas refinado em suas argumentações. No
entanto, o resultado é o mesmo.
[106] APUD GAUTIER, op. Citada, p. 165
[107] DE BENOIST, 1977, p. 16
[108] MILZA, 2002, p. 206
[109] EATWELL, 1995, p. 314
[110] DE BENOIST, op. Citada, p. 432–6
[111] IDEM, p. 200
[112] APUD GAUTIER, op. Citada, p. 166
[113] GRIFFIN, 1991, p.
[114] GAUTIER, op. Citada, p. 163
[115] GAUCHER APUD GAUTIER, op. Citada, p. 164
[116] IDEM
[117] “KRISIS”, in LECOUR, 2007, p.188-9
[118] Le Monde — Les élans ratés de la nouvelle droite < acessado dia 07/01/2019>
[19] A bibliografia é muito extensa, portanto, vou citar somente livros mais fáceis de
ser encontrados- infelizmente, a maior parte está em inglês. Nem sempre os autores
concordam entre si, lê-los criticamente pode ajudar a construir um panorama geral
sobe esse período. Para as mudanças no capitalismo a partir dos anos 60 e 70 nos
países centrais ver BARAN & SWEEZY (1966) e, como introdução, HARVEY
(1992,cap. 7–11). Para as transições par o capitalismo financeiro-monopolista ver
MAGDOFF & SWEEZY (1987) .Para as mudanças mais recentes ver FOSTER &
MCCHESNEY (2012) e ROBERTS (2016). Para as questões do capital financeiro e
mudanças no padrão da acumulação ver os ensaios em CHESNAIS (2005) e
CHESNAIS (2010), além de LAPAVITSAS (2013), DUMÉNIL&LEVY (2004) e, como
introdução, DURAND (2017) . Sobre o neoliberalismo em geral ver MIROWSKI (2013),
HARVEY (2008) e sobre o percurso histórico desses (e também do desenvolvimento
ideológico) nos países centrais-em especial, Inglaterra e Estados unidos, ver
STEADMAN JONES(2012). Para os efeitos da desigualdade, ver PIKETTY, 2013,
cap.7–12. Ver a bibliografia.
[120] PRICE, op.citada, p. 384–8
[121] IDEM, p. 392
[122] IBIDEM
[123] PERRINEAU, 2015, p. 248–9
[124] APUD GAUTIER, 2017, p. 192
[125] IDEM, p. 193
[126] ORDRE NOUVEAU APUD GAUTIER, op. Citada, p. 199
[127] IDEM
[128] EATWELL, 1995, p. 316
[129] GAUTIER, op. citada, p. 197
[130] IDEM, p. 195
[131] IDEM, p. 194
[132] IDEM, p. 193–4
[133] EATWELL, 1995, p. 316
[134] GAUTIER, 2017, p. 335
[135] LEBFEVRE APUD GAUTIER, 2017, p. 338
[136] MILZA, op. Citada, p. 142
[137] MILZA,2002, p. 142
[138] GAUTIER, op. Citada, p. 338
[139] IDEM, p. 339
[140] GAUTIER, op. Citada, p. 338
[141] IDEM, p. 339
[142] IDEM, p. 340
[143] IBIDEM “Catoliques Tradicionalistes” in LECOUER, 2007, p. 88 “integristes” in
LECOUER, 2007, p. 175
[144] GAUTIER, op. Citada, p. 349
[145] DÉZÈ, 2017, p.35
[146] NPA COMISSION, 2015 in LEPLAT, 2015, p. 117
[147] IDEM, p. 138
[148] GAUTIER, 2017, p. 372
[149] FRONT NATIONAL APUD GAUTIER, op. Citada, p. 217
[150] Inspirado em Dèzé (2017, cap. 2).
[151] DÉZÈ, op. Citada, p. 37
[152] IDEM, p. 38
[153] IDEM
[154] EATWELL, 1995, p.318
[155] DÉZÈ, op. Citada, p. 38
[156] IDEM
[157] PERRINEAU, 2015 in WINOCK, 2015, p. 248
[158] IDEM
[159] PRICE, op. Citada, p. 420
[160] IDEM, p. 425
[161] IDEM, p. 426
[162] IDEM, p. 427
[163] IDEM, p. 425
[164] IDEM, p. 426-9
[165] World Inequality Database — Income inequality, France, 1900–2014 <acessado
dia 23/12/2018>
[166] PERRINEAU,2015 in WINOCK, 2015, p.
[167] IDEM
[168] A partir de DÉZÈ, op. Citada, p. 41
[169] PERRINEAU,2015 in WINOCK, 2015, p. 255
[170] IDEM, p. 252
[171] Baseado em DÉZÈ, op. Citada, p. 40–1
[172] MILZA, 2002, p. 243
[173] DÉZÈ, op. Citada, p. 90
[174] EATWELL, op. Citada, p.321
[175] PERRINEAU, 2015 in WINOCK, 2015, p. 259
[176] IGNAZI, 2000, p.
[177] DÉZÉ, op. Citada, p.91
[178] PERRINEAU, 2015 in WINOCK, 2015, p. 263
[179] LE PEN PAUD DÉZÈ, op. Citada, p.42
[180] DÉZÈ, op. Citada, p. 43
[181] MILZA, op.citada, p.248
[182] IGNAZI, 2000, p. 186
[183] APUD GAUTIER, op. Citada, p. 378
[184] GAUTIER, 2017, p. 377
[185] IDEM
[186] MILZA, 2002, p. 250
[187] DÉZÈ, op. Citada, p.42
[188] MILZA, op. Citada, p. 276
[189] IDEM, p. 279
[190] IDEM, p. 280
[191] DÈZÈ, op. Citada, p.44
[192] APUD MILZA, 2002, p .237
[193] IDEM
[194] DÈZE, op. Citada, p. 44
[195] IGNAZI, 2000, p. 196
[196] IVALDI, 2015 in CRÉPON, DÉZÈ, MAYER, 2015, p. 172
[197] DÉZÈ, op. Citada, p. 46
[198] MILZA, 2002, p.
[199] NPA, 2015 in LE PLAT, 2015, pp. 121-2
[200] IGNAZI, 2000, p. 237
[201] DÈZÈ, op. Citada, p. 46
[202] IDEM, p. 47
[203] OECD — Real GDP forecast < acessado dia 25/12/2018>
[204] OECD — Harmonised unemployment rate (HUR) < acessado dia 25/12/2018>
[205] PRICE, op. Citada, p. 402
[206] DÈZÈ, op. Citada, p.47
[207] IDEM, p. 48
[208] IDEM, p. 49
[209] IGNAZI, op. citada, p. 238
[210] PERRINEAU, 2015 in WINOCK, 2015, pp. 286–7
[211] IDEM, p. 288
[212] DÉZÈ, op. Citada, p.50
[213] IDEM, p. 51
[214] LIBÉRATION APUD DÉZÈ, op. Citada, p.51
[215] L’Express — Bruno Gollnisch condamné pour ses propos sur l’Holocauste
<acessado dia 01/01/2019>
[216] NPA, 2015 in LEPLAT, 2015, p. 152
[217] DÈZÈ, op. Citada, p. 104–5
[218] L’Express — L’exclusion de Jean-Marie Le Pen du FN <acessado dia
03/11/2018>
[219] LE PEN APUD IVALDI, 2016, in AKKERMAN, LANGE, ROODIJN, 2016, p.232
[220] IDEM
[221] DÉZÈ, op. Citada, p. 53
[222] Ver acima
[223] IVALDI, 2016, in AKKERMAN, LANGE, ROODIJN, 2016, p. 237
[224] IDEM, p. 238
[225] IDEM, pp. 228–9
[226] IVALDI, 2015 in CRÉPON, DÉZÈ, MAYER, 2015, p. 174
[227] IDEM, p. 175
[228] DÉZÈ, op. Citada, p. 96
[229] APUD IVALDI, 2016, in AKKERMAN, LANGE, ROODIJN, 2016, p. 239
[230] L’Express — Résultats de l’élection présidentielle 2017 < acessado dia
05/10/208>
[231] The Guardian — Marine Le Pen rebrands Front National in push for support
<acessado dia 13/ 11/2018> e DÈZE, op. Citada, p. 54
[232] DÉZÉ, op. Citada, p. 66–70
[233] MUDDLE, 2007.
[234] MESTRE & MONOT, 2014 in CRÉPON, DÉZÈ, MAYER,2014, p.69
[235] IDEM, p. 70
[236] IDEM
[237] IDEM, p. 71
[238] IDEM, p. 72
[239] IDEM
[240] CAMUS, 2017 in HILLENBRAND, 2017, p. 27
[241] MAYER, 2017 in RYDGREN, p. 436
[242] DÉZÉ, op. Citada, p. 119–21
[243] IDEM, p. 122
[244] LÖWY and SITEL, 2016 in PANITCH AND ALBO, 2016, p. 59
[245] PRICE, op. Citada, p. 398
[246] ARZHEIMER, 2015 In RYDGREN, 2015
[247] PRICE, op. Citada, p. 398
[248] OECD (2018) — Youth unemployment rate (indicator). doi: 10.1787/c3634df7-
en <acessado dia 01/01/2019>.
[249] IDEM
[250] World Inequality Database — Income inequality, France, 1900-2014 <acessado
dia 01/01/2019> Observar o aumento da desigualdade a partir dos anos 80.
[251] CAMUS, 2017 in HILLENBRAND, 2017, p. 27
[252] l’Humanité — LA FRANCE INSOUMISE DÉTAILLE SON PROJET ET SON
CALENDRIER <acessado dia 09/11/2018>
[253] l’express — Résultats de l’élection présidentielle 2017
[254] MUDDLE, 2007, p. 256–77
[255] NPA ANTI-FASCIST COMISSION in LEPLAT, 2015, pp. 176-82
[256] Ver GAUTIER, op. Citada, cap. 8
[257] IDEM, cap. 10
[258] IDEM, cap. 7
[259] CAMUS, 199, pp. 30–1
[260] BOURON, p. 111
[261] LABERTINI & DOUCET, 2016.
[262] IDEM, p. 234
[263] Todo o texto dessa parte é baseado em LABERTINE & DOUCET, op.cit.
[264] IDEM, p. 141
[265] IDEM, p. 252
[266] IDEM, p. 63
[267] IDEM, p. 76
[268] BOYADJIAN, 2015 in CRÉPON, DÉZÈ, MAYER, 2015, p. 146
[269] IDEM, p. 148
[270] IDEM, p. 142
[271] IDEM, p. 155
[272] IDEM, p. 93
[273] DAVEY et AL, 2019 in HERMAN AND MULDOON, 2019, pp. 38–9
[274] IDEM, p. 40
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