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Resumo
Este trabalho visa à determinação de um modo de vibração em uma asa de aeromodelo destinado a
competições, a qual se pretende submeter a esforços para assim determinar freqüências naturais e
modos de vibração. Tal estudo se faz necessário a fim de determinar sob qual freqüência natural a
estrutura não poderá ser excitada, evitando fenômenos de ressonância causados possivelmente por
desbalanceamento dos motores. A análise deste trabalho se baseia na submissão da estrutura a um
esforço de flexo-torção, cujas acelerações e deslocamentos são obtidos através de captação por
acelerômetros, condicionamento de sinais resgatados e montagem de uma configuração do modo de
vibração, em comparação a uma análise numérica realizada por um programa baseado em
elementos finitos. O modo de vibração estudado (flexo-torção) pode ocorrer devido à atuação de
fontes de excitação conhecidas, como um provável desbalanceamento do grupo motopropulsor do
aparelho, que em determinadas freqüências pode causar ressonância da estrutura, tendendo a uma
situação catastrófica e possível quebra da asa do aeromodelo durante o vôo.
Abstract
This work aims to determine the vibrational mode in an aircraft model wing designed for competition,
which is intended to be submitted to loads in order to determine natural frequencies and vibration
modes. This kind of study is necessary to determine under which natural frequency the structure
cannot be excited, avoiding resonance phenomena that can be caused by the engines. This analysis
is based on the submission of a dynamic bending-torsional load to the structure, whose accelerations
and displacements are obtained by using accelerometers, signal conditioning and the configuration of
a vibrational mode, compared to numerical analysis performed by a program based on the Finite
Elements Method. The vibrational mode studied (bending-torsional mode) can occur due to the
presence of well-known sources of excitation, such as potential aircraft’s powertrain unbalance, which
at certain frequencies may cause structural resonance, tending to a catastrophic situation and
possible wing failure during flight.
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1. INTRODUÇÃO
Esse estudo se faz necessário para caracterizar a qual frequência a estrutura não deverá
ser excitada, e assim fazer com que o projeto aerodinâmico não seja conduzido de forma a
conceber excitações capazes de gerar a ressonância da asa, através de superfícies de
controle ou ângulos de ataque específicos, caracterizando o fenômeno flutter – termo
aplicado a uma classe de fenômenos aeroelásticos, resultantes de interações entre a asa e
escoamentos causadores de excitação (BLEVINS, 1990). Tal fenômeno pode causar
situações de ressonância capazes de romper a longarina da asa, durante o voo. Daí a
importância de se identificar qual será a frequência natural da asa em variadas rotações de
motor, e em pesquisas futuras caracterizar qual será o modo de vibração quando esta asa
estiver em uso, em diferentes condições de voo (FAA, 2003).
Porém, a utilização de motores elétricos pode muitas vezes exigir que se utilize um sistema
propulsivo com mais de um motor, acarretando a instalação destes em locais de constante
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fluxo de ar, como nas asas. Isso gera dificuldades com relação ao modo como isso
influencia a vibração da asa. Por isso, faz-se necessário investigar como a instalação de
motores nas asas pode causar mudanças no modo de vibração, devido às variações de
velocidades de giro, e como isso afetaria a frequência natural sob a presença de um motor
com elementos desbalanceados suspenso na asa.
O modelo experimental foi baseado numa plataforma retangular, isto é, seção transversal
constante ao longo de toda sua extensão (semi-envergadura), por facilidades de construção
e um modelamento simplificado. O aeromodelo proposto é dotado de motorização dupla,
segundo determinações sobre o desempenho do aeromodelo de acordo com as
características de peso e empuxo, previamente estabelecidas (ROSKAM, 1985 e RAYMER,
1992), conforme apresentado por Cortizo e Siqueira (2009).
Essa pesquisa serve de ponto inicial para uma linha de pesquisas de fenômenos
aeroelásticos que norteiam o projeto de uma aeronave, e é um fator determinante na
certificação de aeronaves reais, por critérios de segurança do voo. É de imprescindível
importância no desenvolvimento de estruturas confiáveis.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com Den Hartog (1972), qualquer tentativa de explicação em termos de um grau
de liberdade (por exemplo, quando a asa vibra verticalmente apenas, como uma viga em
balanço) não é bem sucedida. Temos outro caso, de um sistema de dois graus de liberdade,
uma vez que a asa não vibra apenas de modo flexional, mas executa, simultaneamente, um
movimento torcional. A combinação das vibrações flexional e torcional pode conduzir à
instabilidade do sistema.
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Realizando uma operação matricial para isolar a variável , é possível determinar a matriz
dos autovalores de , calculando a inversão matricial de M e multiplicando esta inversa pela
matriz K, encontrando uma matriz da qual serão extraídos os autovalores 1 , 2 e 3,
conforme a equação 5:
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Esse é o método aplicado à análise espectral, que nesse estudo é determinado mediante
aplicação de um código computacional em MATLAB sobre os dados adquiridos, nas
medições dos acelerômetros.
Com isso, é possível determinar a frequência na qual um ponto da estrutura está vibrando.
Cada uma das frequências naturais representa um modo de vibração diferente, de acordo
com Thomsom e Dahleh (1998). Então, para uma frequência que se obtenha e que seja de
valor comum a todos os pontos, esta será a frequência alcançada para aquele modo de
vibração específico.
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3. MÉTODO
A análise do modelo experimental foi dada em conjunto com uma simulação numérica,
baseada no programa ANSYS v11, a fim de comprovar os resultados obtidos pelas
medições. A figura 3 mostra o esquema de montagem do modelo experimental:
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De acordo com a figura 5, o mapeamento propõe a linha horizontal de pontos mais próxima
do ponto de excitação da estrutura é a Faixa A – a linha horizontal intermediária é a Faixa B,
já a linha horizontal restante compõe a Faixa C. As estações de medição foram numeradas
de 1 a 11. Em cada ponto demarcado, foi instalado o acelerômetro para captar a freqüência
e a amplitude relativa de cada localidade da estrutura.
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Foram coletados dados através do aparelho Lynxtec ADS 0500 (figura 8), com a utilização
de um acelerômetro Freescale MMA7260QT, realizando medidas apenas no eixo vertical, a
fim de capturar acelerações referentes aos modos flexionais de vibração.
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0.05
-0.05
-0.1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (s)
O resultado obtido da freqüência e da amplitude relativa (do ponto 07B, neste exemplo), é
caracterizado como no gráfico 2:
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0.03
0.025
|Z(f)|
0.02
0.015
0.01
0.005
0
0 50 100 150 200 250
Frequência (Hz)
Gráfico 2 – Sinal constando a freqüência na qual o ponto vibra, bem como amplitude relativa
A madeira balsa possui características muito diferentes dos metais e outros materiais, que
comumente são empregados na fabricação de estruturas aeronáuticas reais. As
características anisotrópicas podem prejudicar a análise experimental, caso certos cuidados
construtivos não sejam verificados. De acordo com o Wood Handbook (1999), as
características físicas da madeira balsa, empregadas na elaboração do modelo
computacional, são apresentados na tabela 1:
Para a análise do presente estudo, a madeira balsa foi tratada como material isotrópico.
Para a análise computacional, as características da madeira foram tomadas com base no
Wood Handbook (1999), que forneceu os dados segundo a tabela. Reforçando que a
madeira balsa foi considerada como material isotrópico, dado o valor do coeficiente de
Poisson sendo constante em todas as direções das fibras da madeira.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos pela análise experimental foram tratados pelo programa MATLAB, pelo
qual se aplicou um código para que fosse retornada a freqüência do sinal, bem como uma
amplitude relativa (apenas demonstrando um valor proporcional de amplitude, sempre em
relação com os outros dados da coleta). Com isso, foi possível traçar como seria o modo de
vibração do modelo experimental, para a dada freqüência.
Figura 12 – Modo de vibração da estrutura segundo análise computacional, com freqüência natural de 204,44Hz.
É notável que, pela figura 12, o modelo computacional apresenta um modo de vibração com
características flexo-torcionais, para uma frequência natural de 204,44Hz. Para o esforço
aplicado na estrutura real, este é justamente o modo de vibração ocasionado pela aplicação
de um esforço na porção indicada na figura 5, que mostra a localidade de aplicação do
esforço.
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1.5
0.5
Faixa A
Faixa B
0 Faixa C
-0.5
-1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Estação de medição no modelo computacional
0.2
0.1
Faixa A
0 Faixa B
Faixa C
-0.1
-0.2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Estação de medição no modelo físico
Nota-se que o modo de vibração obtido experimentalmente não difere muito daquele obtido
pela análise computacional, para a dada freqüência do modo flexo-torcional obtido. Existem
discordâncias apenas no ponto no qual a estrutura inverte o sentido durante a torção,
conforme as figuras: para o modelo computacional, a inversão (ponto no qual o perfil
transversal da estrutura retorna ao mesmo grau de torção do perfil no engaste, em 0) ocorre
próximo à estação 7, enquanto no modelo experimental, a inversão localiza-se próxima à
estação 9.
Há também uma certa discrepância quanto ao perfil da estação 11, na qual se obteve uma
proximidade entre as faixas B e C – os pontos 11B e 11C encontram-se com deslocamentos
muito próximos, que diferem do modelo computacional, onde há um distanciamento maior
entre tais pontos da estrutura.
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5. CONCLUSÃO
Outro fator que pode ter influenciado na obtenção de resultados seria a calibração dos
acelerômetros, que poderiam ter sido mais bem configuradas até atingir os resultados mais
próximos da análise computacional.
Porém, a análise qualitativa desta comparação mostra resultados muito próximos, sendo
que o modo de vibração e a freqüência natural encontrados neste experimento formam uma
união consistente dada a proximidade das freqüências encontradas numérica e
experimentalmente. É notado, para o modelo em questão, que freqüências de excitação
próximas da faixa de 200Hz, causadas pela atuação do motor devido a desbalanceamentos
que provoquem esforços flexo-torcionais no ponto de suporte, podem causar a ressonância
da asa, com o modo de vibração plenamente caracterizado pela análise efetuada.
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6. REFERÊNCIAS
DEN HARTOG, J.P. Vibrações nos Sistemas Mecânicos. São Paulo: Edgard Blucher,
1972.
ROSKAM, J. Airplane design – Parts I-III, V-VI. Ottawa: Roskam Aviation and Engineering
Corporation, 1985.
THOMSOM, W.T., DAHLEH, M.D. Theory of Vibration – With Applications. New Jersey:
Prentice Hall., 1998.
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