Professional Documents
Culture Documents
55
cia uma promessa direta de pagamento entre apenas dois sujeitos, o emi-
tente (subscritor) e o beneficiário (tomador). À semelhança da letra, o
cheque contém uma ordem de pagamento, com a particularidade relevan-
tíssima de tal ordem ser necessariamente dirigida a um banco ou institui-
ção de crédito onde o emitente possui uma provisão de fundos (106).
2. Requisitos
(106) °
Sobre a livrança e cheque, vide desenvolvidamente infta Parte III e Parte IV
(107) Sobre estas Leis, vide entre nós DELGADO, A. Pereira, Lei Uniforme das
Letras e Livranças Anotada, 7.a edição, Petrony, Lisboa, 1996, e Lei Uniforme dos Che-
ques Anotada, 5.a edição, Petrony, Lisboa, 1990. Para uma monumental e universal
recensão legislativa, vide SCHEITLER, Wolfgang/BüELER, Heinrich, Das Wechsel- und
Scheckrecht aller Lãnder, 15 vols., D. Wirrschaftdienst, Kiiln, 1957.
(108) Y:--ITTEMA,Hessel/Bxrtzx, Rodolfo, The Law of Negotiable Instruments (Bill
01 Exchange) in the Americas, 2 vols., Ann Arbor, Michigan, 1969.
(109) SCHÜTZ, Carsten, Die UNCITRAL-Konvention uber Internationale Gezogene
Wechsel und Internationale Eigenwechsel vom 9.Dezember.l988, Walter de Gruyter,
Berlin/New York, 1992.
Coimbra Editora®
56 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Editornw
Parte II - A letra de câmbio 57
falte uma das menções legais obrigatórias, mais do que um título inválido
ou ineficaz, não pode sequer ser havido como uma letra de câmbio de
todo em todo (114). Tal não significa, todavia, que tal documento seja
destituído de relevância jurídica. Para além de não se poder excluir
liminarmente a possibilidade da sua conversão num outro negócio jurí-
dico sempre que reúna os respetivos requisitos (art. 293.° do CCivil) (115),
tal documento poderá valer como um simples quirógrafo (art. 376.° do
CCivil) - ou seja, um documento particular probatório da obrigação
fundamental subjacente - (116), sendo ainda controvertido se e em que
(113) Dentro das menções ou requisitos obrigatórios, há assim que distinguir entre
requisitos essenciais - cuja falta ocasiona inapelavelrnenre a inexistência da letra - e
requisitos não essenciais - cuja falta pode ser suprida nos termos legais (v. g., na falta de
indicação do lugar de pagamento este considera-se o local designado ao lado do nome
do sacado: cf. art, 2.°, n.v 3, da LULL). Tal distinção, outrossim que no plano da exis-
tência jurídica da própria letra, possui ainda relevância em vários outros planos (veja-se,
por exemplo, o arc. 119.°, n.? 1, do CN). Sobre esta distinção, vide ainda AsCENSÃO,
J. Oliveira, Direito Comercial, vol. III, 103 e segs., Lisboa, 1992; MARTINS, A. Soveral,
Títulos de Crédito e ValoresMobiliários, 42 e segs., Almedina, Coimbra, 2008.
(114) Cf. CRlONNET, Marcel, De l'Omission des Mentiom Obligatoires de la Lettre
de Change, in: "Recueil Dalloz" (1989), 129-134. Sobre a questão da relevância da
interpretação carcular no domínio das letras incompletas, vide CANARIS,Claus- Wilhelm,
Die Bedeutung allgemeiner Auslegungs- und Rechtsfortbildungskriterien im Wechselrecht,
in: 42 "[uristenzeitung" (1987), 543-553.
(115) Sobre a conversão de letras de câmbio viciadas, vide HUECK, Alfred/CANARls,
Claus-Wilhelm, Recbt der Wertpapiere, 67 e segs., 12. Aufl., Vahlen, München, 1986;
entre nós, a propósito da conversão formal, FERNANDES,L. Carvalho, A Conversão dos
Negócios Jurídicos Civis, 698 e seg., Quid Juris, Lisboa, 1993.
(116) Cf. na doutrina, ASCENSÃO,J. Oliveira, Direito Comercial, vol. III ("Títulos
de Crédito"), 111, Lisboa, 1992; na jurisprudência, Acórdão do Supremo Tribunal de
Justiça de 24-1-2002 (LEMOS TRIUNFANTE),in: www.dgsi.pt. Sobre a distinção entre
força probatória e executiva dos documentos particulares, vide SAMPNO, J. Gonçalves,
A Prova por Documentos Particulares, 109 e segs., Almedina, Coimbra, 2004.
Coimbra Editoraw
58 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Editoraw
Parte II - A letra de câmbio 59
(119) Esta proibição legal do saque condicional- que conhece também proibi-
ções simétricas no caso do aceite (art. 26.°, n.v 2, da LULL: cf infa Parte II, 3.2.
(1IJ)) e endosso (art. 12.°, n.v 1, da LULL: cf. infra Parte II, 3.3., a nota 171) das
letras - compreende-se: a aposição de condições, pela insegurança jurídica gerada em
torno da verificação do evento previsto, sempre seria suscetível de comprometer seria-
mente o valor de circulação da letra. Não violam este requisito, todavia, as chamadas
letras documentarias, associadas à remessa documentária na compra e venda internacio-
nal de mercadorias (DIAS, Gonçalves, Letras Documentárias, in: 32 "Revista da Justiça"
(1948), 145-147): tais letras são já perfeitas, contendo uma ordem incondicional de
pagamento da soma pecuniária ao vendedor, com a particularidade de o seu aceite ou
pagamento pelo comprador funcionar como condição da entrega dos documentos
comerciais por parte do banco intermediador. Sobre a remessa ou cobrança documen-
tária ("documentary collection", "Dokumenteninkasso"), vide CASTRO, G. Andrade,
O Crédito Documentário Irrevogável, 64 e segs., uep, Porro, 1999.
(120) HUECK, Alfred/CANARlS, Claus-Wilhelm, Recht der Wertpapiere, 62, 12.
Aufl., Vahlen, München, 1986.
(121) Uma exceção a esta regra pode ser encontrada no caso das cláusulas de juros,
que o legislador admitiu apenas nas letras à vista e a certo termo de vista (arr. 5.° da
LULL). A razão de ser desta discriminação entre os diferentes tipos de letras (art. 33.°
Coimbra Editora®
60 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
III. Em terceiro lugar, a letra deve conter o nome do sacado (art. 1.0,
ri.? 3, da LULL). Tal menção obrigatória consistirá no nome civil, firma
da LULL) é simples: ao passo que, nas letras a cerro termo de data e pagáveis em dia
fixo, é sempre possível aos subscritores cambiários calcular de antemão o montante de
eventuais juros, incluindo-os assim na quantia cambiária a pagar, nas letras à vista e a
certo termo de vista, em que "ex definitione" é impossível saber antecipadamente qual
o dia exato do resperivo vencimento e, consequentemente, calcular o montante dos
juros vencidos, torna-se indispensável, para tal efeito, a inclusão de uma cláusula
expressa de juros. Sublinhe-se ainda que semelhante cláusula, que apenas pode ser
aposta pelo sacador, respeita exclusivamente aos juros convencionais (com exclusão dos
juros legais, v. g., art. 48.°, n.? 2, da LULL: cf. DELGADO, Abel, Lei Uniforme das Letras
e Livranças Anotada, 61, 7." edição, Petrony, Lisboa, 1996), encontrando-se sujeita,
com a ressalva do disposto no art. 5.°, n.? 2, da LULL, às regras gerais dos juros
comerciais do arr. 102.°, § 1 e § 2, do CCom (cf. ANTUNES, J. Engrácia, O Regime
Jurídico dos Actos de Comércio, 42 e segs., in: IX "Thernis - Revista da Faculdade de
Direito da Universidade Nova de Lisboa" (2009), n.v 17, 19-60).
(122) Sublinhe-se que a letra deve conter apenas o nome do sacado - e já não
o seu aceite (are. 21.° da LULL), que poderá até nunca vir a ocorrer sem que com isso
fiquem prejudicadas as obrigações dos demais signatários, mormente do sacador - e
que tal nome poderá inclusive ser puramente fictício ou imaginário - já que essa
fictividade, quando não resulte do simples exame do título ("Kellerwechsel"), não
prejudica a validade da letra e das demais obrigações (art. 7.° da LULL) (cf KOI.LER,
lngo, Falschung und Verfolschung von Wertpapieren, in: 35 "Wertpapier-Mitteilungen
- Zeitschrift für Wirtschafts- und Bankrecht" (1981), 210-220; SI'ADA,Paolo, "Forma"
e "verità" della Sottoscrizione Cambaria, in: XXVIl "Rivista di Diritro Civile" (1981),
234-240). Sobre a conexa, embora diferente, questão da forma do aceite no caso dos
sacados-pessoas colerivas, vide ainda infra Parte II, 3.2. (II!).
Coimbra Editoraw
Parte II - A Letra de câmbio 61
(123) Sobre o vencimento das letras, vide infra Parte II, 4.1.
(124) Aqui se abrange tanto o caso em que o terceiro paga a letra em represen-
tação do devedor (letra domiciliada em sentido próprio) como aquele em que a letra
Coimbra Edilora®
62 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Editora®
Parte II - A letra de câmbio 63
(126) CE. ainda os arts, 3.°, 5.° e 6.° da "Convenção Destinada a Regular Certos
Conflitos de Leis em Matéria de Letras e Livranças", assinada em simultâneo com a
Convenção de Genebra de 1930, acolhida entre nós pelo Decreto n.? 23 721, de 29
de março de 1934.
(127) Outra modalidade de data impossível será, por exemplo, a estipulação de
uma data de saque posterior à data de vencimento do tÍtulo (cf. KLUNZINGER, Eugen,
Zur Stõrung der Zeitrelation zwischen Aufiteliungs- und Verfalldatum beim Wechsel, in:
24 "Wertpapier-Mitceilungen" (1970), 177-181). Sobre a diferente questão das chama-
das letras pós-datadas, vide FAVARA, Ettore, Cambiale Postdatata e Bollo, in: XXVII
"Banca, Borsa, e Titoli di Credito" (1964), TI, 29-33.
(12R) Expressão máxima da tutela da aparência e da literal idade cararerfstica
dos títulos de crédito, as letras de câmbio que contenham assinaturas folsas produzem
os efeitos que lhe são próprios, não afetando a validade das posições dos demais
Coimbra Edilora®
64 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Editora®
Parte II - A letra de câmbio 65
(132) Trata-se de entendimento doutrinal pacífico entre nós, desde muito cedo:
cf. COELHO, J. Pinto, O Problema da Assinatura a Rogo nas Letras, in: 2 "Revista da
Ordem dos Advogados" (1942), 161-211; SILVA,J. Leite, Assinatura a Rogo nas Letras,
in: 51 "Gazeta da Relação de Lisboa" (1938), 273-275.
(133) Sobre a figura, vide FIGUEIREDO, Mário, Letra em Branco, in: 55 "Revista
de Legislação e de Jurisprudência" (1922), 209-211, 225-227, 257-259, 273-274,
289-290; RODRIGUES, J. Conde, A Letra em Branco, AAFDL, Lisboa, 1989. Noutros
quadrantes, vide BEUTHIEN, Volker, Blankoübergabe von Wechselblanketten, in: 21
"Betriebs-Berater" (1966), 883-885; ESCARRA,Jean, La Lettre de Change en Blanc, in:
209 "Annales de Droit Commerciale" (1908),36-47; LERMA,G. Sánchez, La Letra de
Cambio en BLanco, Bosch, Barcelona, 1999; 01'1'0, Giorgio, Incompletezza, Completezza
e «Bianco» di Operazione Cambíaríe Sucessioe, in: "Banca e Titoli di Credito - Scriti
Giuridici", vol, IV, 396-442, Cedam, Padova, 1992.
(134) Figura de assinalável relevo prático, como é demonstrado pela abundante
jurisprudência existente, a letra em branco é muito utilizada no contexto das relações
bancárias, mormente no âmbito dos mútuos bancários, garantias bancárias, e crédito
ao consumo. Para algumas ilustrações jurisprudenciais recentes, vide os Acórdãos do
Coimbra Editoraw
66 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra EdilOra~
Parte II - A letra de câmbio 67
Coimbra Editora®
68 Os Títulos de Crédito- Uma Introdução
havida como nula à face do disposto no art. 2.° da LULL (140). Natu-
ralmente, a lena em branco, sendo válida, apenas produzirá os seus
efeiros próprios como lena com o seu preenchimento integral, ou seja,
quando dela constem rodos os requisiros legais essenciais constantes do
art. 1.0 da LULL (141).
(140) Afigura-se-nos assim algo exagerado afirmar que "pode existir letra (ou
livrança) em branco sem ter havido prévio contrato de preenchimento" (Acórdão do
Supremo Tribunal de Justiça de 6-IV-2000 (DIONíSIO CORREIA), in: www.dgsi.pt).
Esse contraro constitui um pressuposto "sine qua non" da própria figura da letra em
branco, enquanto particular título cambiário cujo subscriror o destina ao preenchimenro
futuro por outro sujeiro, e que justamente a permite distinguir da mera letra incompleta,
enquanto documento juscambiariamente irrelevante: o que porventura poderá ser dito,
com maior propriedade, é que a mera subscrição e entrega do título será em si mesma
suficiente para, em muitos casos, permitir inferir concludentemente que o subscritor
pretendeu confiar o seu preenchimento ao resperivo destinatário, considerando o
contexto negocial subjacente onde tal entrega se processou.
(141) Os efeitos do seu preenchimenro retroagem assim, em princípio, à data do
saque (ASCENSÃO, J. Oliveira, Direito Comercial, vol. III ("Títulos de Crédito"), 117,
Lisboa, 1992).
(142) FERREIRA, Waldemar, A Ilicitude do Preenchimento Abusivo da Letra de
Câmbio ou Nota Promissória em Branco, in: VIlI "Scientia Ivridica" (1959), 399-410.
Coimbra Editora®
Parte TI - A letra de câmbio 69
3. Os Negócios Jurídico-Cambiários
Coimbra Editora®
70 Os TítuLos de Crédito - Uma Introdução
3.1. Saque
(145) Sobre a figura, vide maiores desenvolvimentos infra Parte II, 4.4.
(146) Dizer que o saque constitui a declaração originária significa apenas dizer
que, sem ele, não pode haver letra - mas já não, forçosamente, que ela seja a decla-
ração primogénita ou que o seu conteúdo seja redigido pelo próprio sacador. Com
efeito, não é infrequente que as letras de câmbio sejam preenchidas diretamenre pelo
sacado ou pelo tomador (v. g., banco): todavia, apenas com o saque da letra, consubs-
tanciado na aposição da assinatura do sacador, nasceu a relação jurídica-cambiaria, com
os seus efeitos próprios.
(147) HIRSCH, Ernst, WC Art. 9: Zur Garantie und Transportfunlaion des Wechse-
lindossaments, in: 7 "Neue Juristische Wochenschrift" (1954), 1568-1569.
Coimbra Edilora®
Parte II - A Letra de câmbio 71
-------------------------------------
(148) Sobre as letras não aceitáveis (are. 22.°, n.? 2, da LULL) , vide infra Parte II,
3.2. (11).
Coimbra Editora®
72 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
(149) Diferente é o saque realizado pelo sócio único sobre a sua própria sociedade,
o qual, todavia, não deixa de possuir especiais incidências jurídico-cambiais: cf. VON
BIEBERSTEIN,Wolfgang, Zum Identitdtsproblem bei der Einmanngesellschafi im u/ecbsel-
rechtlichen Verkehrsschutz, in: 20 "Juristenzeitung" (1965),403-407.
(150) O saque por ordem e conta de terceiro não se confunde, pois, com o saque
por procuração (art. 8.° da LULL), a que atrás se referiu (cf. supra Parte II, 2.1. (VIII»:
ao passo que, neste último, o sacador é o terceiro representado (já que o emitente do
título ou procurador atua em sua representação), no primeiro caso, o sacador é o
próprio emitente do título, uma vez que ele efetuou o saque em nome próprio (embora
por conta alheia). Sobre a figura, vide DIAS, Gonçalves, Da Letra e Livrança, vol. II,
446, Coimbra, 1939; Acórdão da Relação de Lisboa de 2-1I-1979 (ALCIDES DE
ALMEIDA), in: IV "Coletânea de Jurisprudência" (1979), 128-129.
(151) Sobre esta modalidade (admitida expressamente, aliás, pelo pretérito
art. 284.0 do CCom), vide CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, vol. III
("Letra de Câmbio"), 152, Coimbra, 1975; DELGADO, Abel, Lei Uniforme das Letras
e Livranças Anotada, 55, 7. a edição, Perrony, Lisboa, 1996; FURTADO,J. Pinto, Tuulos
de Crédito, 147, Almedina, Coimbra, 2000. Sobre ourras modalidades atípicas e
híbridas, bem como a questão da sua admissibilidade - v. g.. saque à ordem e sobre
o sacador, saque à ordem do sacado -, vide SENDIM, P. Melero, Letra de Câmbio,
vol. I, 430 e seg., A1medina, Coimbra, 1980.
Coimbra Editora®
Parte 11 - A letra de câmbio 73
-------------------------------------~
Este regime de circulação, todavia, pode ser alterado no caso das cha-
madas letras não à ordem ("non-transferable bill of exchange", "Rekta-
wechsel", "Ietrre non à ordre"): sempre que uma letra seja sacada com a
aposição de uma cláusula "não à ordem" ou outra equivalente, que
proíbe o seu endosso, ela "só é transmissível pela forma e com os efeitos
de uma cessão ordinária de créditos" (art. 11.°, n.O 2, da LULL) (152).
As diferenças entre os dois regimes de circulação são significativas: ao
contrário do endosso (negócio unilateral que requer a mera assinatura
do endossante e a tradição do título), a transmissão da letra não à ordem
configura um negócio jurídico bilateral cuja eficácia depende ainda da
sua notificação ao devedor (art, 583.° do CCivil); ao contrário do
endosso (que constitui o endossante numa obrigação de garantia pela
aceitação e pagamento da letra, salvo estipulação diversa), a transmissão
da letra não endossável investe o cedente numa mera responsabilidade
pela existência e exigibilidade do crédito (art, 587.° do CCivil); e ao
contrário do endosso (que investe o endossado num direito autónomo
em relação aos anteriores subscritores), o direito do cessionário é o mesmo
direito do cedente, sendo assim oponíveis àquele todas as exceções pes-
soais que o devedor pudesse opor a este (art. 585.° do CCivil) (153).
Coimbra Editoraoc
74 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
3.2. Aceite
Coimbra Editora®
Parte II - A Letra de câmbio 75
Coimbra Editora®
76 Os TítuLos de Crédito - Uma Introdução
LULL) ou ter origem na própria lei (como sucede no caso das letras a
certo termo de vista: art. 23.° da LULL): a falta ou intempestividade da
apresentação ao aceite por parte do portador origina para este a perda
de todos os seus direitos de ação contra os obrigados cambiários em via
de regresso (art. 53.° da LULL) (59). A outra consiste no chamado "aceite
proibido" ("Vorlegungsverbot"), em que o portador não pode apresentar
a letra ao aceite. São as chamadas letras "não aceitáveis", previstas no
art. 22.°, n.? 2, da LULL, caraterizadas pelo sacador ter vedado a sua
apresentação ao aceite do sacado (mediante aposição de cláusula de
"aceite proibido" ou equivalente): caso o portador da letra, em contra-
venção desta proibição cambiária, a apresente ao aceite do sacado, a
recusa deste será juridicamente inócua, não o investindo em qualquer
direito de ação contra o sacador e os demais obrigados cambiários em
via de regresso (160).
(159) Sobre a figura e regime do aceite obrigatório, vide COIU~EIA,A. Ferrer, Lições
de Direito Comercial, vol. JI[ ("Letra de Câmbio"), 156 e segs., Coimbra, 1975.
(160) As letras não aceitáveis são frequentemente utilizadas como um mecanismo
de defesa contra o vencimento prematuro da letra, quando o sacador saiba ou tema
que o sacado não aceitará a letra, embora confie que este a pagará na data do resperivo
vencimento: v. g., se o empresário nacional A fornece umas mercadorias ao empresário
estrangeiro B e titula o seu crédito através de uma letra de câmbio sacada sobre este,
o sacador A poderá ter interesse em apor uma cláusula deste tipo a fim de se precaver
conrra o risco de B recusar o seu aceite, por ainda não ter recebido as mercadorias no
momento em que a letra lhe seja apresentada pelo portador. Sobre a figura e o regime
do aceite proibido, vide CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, vol. ll l ("Letra
de Câmbio"), 160 e segs., Coimbra, 1975; para maiores desenvolvimenros, BÜLOW,
Peter, Kommentar zum WechseLgesetz und Scheckgesetz, 185 e segs., 3. AuA., Muller,
Heidelberg, 2000.
Coimbra Edilora®
Parte II - A letra de câmbio 77
anterior da letra: cf. art. 25.°, n.? 1, "in fine", da LULL) (161) e "aceite
riscado" (anulação da declaração antes da restituição da letra: cf art. 29.°
da LULL) (162) -, não sendo, em princípio, datada - exceto se se tra-
tar de letra a certo termo de vista ou apresentável em data fixa conven-
cionada (art. 25.°, n.? 2, da LULL) (163). Por outra banda, o aceite deve
ser "puro e simples" (art. 26.°, n.? 1, da LULL). Tal como no caso do
Coimbra Edilora®
78 Os Títulos de Crédito - Uma introdução
(164) Uma exceção a esta regra é o chamado aceite parcial, limitado a uma parte
da quantia cambiária (art. 26.°, n.? 1, "in fine", da LULL), que valerá assim como
aceite relativamente a essa parcela cambiária e recusa de aceite relativamente à parcela
remanescente (cf. art. 39.°, n.'" 2 e 3, da LULL), legitimando o portador a exigi-Ia
junto dos obrigados em via de regresso (cf. art. 51.° da LULL). Em contrapartida, no
caso de aceite excedentário, isto é, superior à quantia cambiária, deve entender-se que
o aceitante se vincula apenas por esta quantia (HUECK, Alfred/CANARIS, Claus- Wilhelm,
Recht der Wertpapiere, 80, 12. Aufl., Vahlen, München, 1986).
(165) Sobre o problema da recusa de restituição de letra que se encontra na posse
do aceitante para pagamento, vide o Acórdão da Relação do Porto de 9-Y-1996 (SALEIRO
DE ABREU), in: XXI "Colerânea de Jurisprudência" (J 996), Ill, 195-196.
Coimbra Editora®
Parte 1/ - A letra de câmbio 79
3.3. Endosso
Coimbra Edilora®
80 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Edilora®
Parte II - A letra de câmbio 81
Coimbra Editora®
82 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Editoraw
Parte [/ - A letra de câmbio 83
pelo sacado, e que, se não o for, ele próprio a pagará (efeito de garan-
tia) (176). De novo, existem algumas modalidades especiais de endosso
que não originam tal responsabilidade cambiária de regresso: talo caso
do endosso com cláusula "sem garantia" ou "sem regresso" (que exonera
o endossante da sua responsabilidade de aceite e/ou pagamento perante
os endossados imediato e mediatos: cf art. 15.°, n.? I, da LULL) (177),
do endosso com "cláusula não à ordem" (que, proibindo o endosso,
exonera o endossante da sua responsabilidade cambiária apenas em face
dos endossados mediatos: cf. art. 15.°, n.O 2, da LULL) (1781, e do endosso
com cláusula sem "protesto" ou "sem despesas" (que, ao invés, torna mais
onerosa a responsabilidade cambiária do endossante, ao dispensar o
portador de lavrar o protesro por falta de aceite ou pagamento para
exercer os seus direitos de regresso: cf. art. 46.° da LULL) (179)
(176) Desta perspetiva, dir-se-ia que a letra é um título de crédito cujo valor
aumenta à medida que circula, já que cada endosso vem adicionar um novo garante
ou devedor aos devedores cambiários preexistentes (RlPERT, Georges/ROBLOT, René,
Traitéde Droit Commercial, vol. II, 217, 14cmcédition, LGDJ, Paris, 1994).
(177) Há quem sustente, com base num argumento de identidade ou até maioria
de razão, que o endossante poderá igualmente apor na letra uma cláusula de limitação
da responsabilidade cambiária, circunscrevendo esta a uma parte da quantia cambiária
(CUNHA, C. Vicente, Letras e Livranças: Paradigmas Actuais e Recompreensão de um
Regime, 89, Diss., Coimbra, 2009): claro está, se todos os sucessivos endossantes apu-
serem tal cláusula, pode chegar-se a um resultado prático funcionalmente equivalente
ao de um endosso parcial, proibido por lei (cf. supra nota 171).
(17B) A letra endossada "não à ordem" ("Rektaindossamem"), prevista no art. 15.°,
n.v 2, da LULL, não se confunde com a letra sacada "não à ordem" ("Rektawechsel"),
atrás analisada (cf supra Parte II, 3.1. (IV)). As duas figuras distinguem-se fundamen-
talmente em virtude do alcance da proibição de endosso: ao passo que a cláusula "não
à ordem" aposta pelo sacador tem por consequência proibir totalmente o endosso a
todos os portadores da letra, a mesma cláusula aposta por um endossante apenas veda
o endosso ao endossado imediato, mas não aos mediatos.
(179) Sobre esta cláusula, vide BOUTERON,Jacques, De La Clause de Retour Sans
Frais, in: XXXVIII "Annales de Droir Commercial et Industriei Français, Étranger et
Internationale" (1929), 229-236. Na jurisprudência portuguesa, embora para o caso
(paralelo) da livrança, vide o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 29-X-2009
(SANTOSBERNARDINO),in: XVII "Coletânea de Jurisprudência - Acórdãos do STJ"
(2009), III, 114-115.
Coimbra Edilora®
84 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
(180) Além de permitir ao devedor cambiá rio liberar-se plenamente da sua obri-
gação mediante pagamento efetuado a esse endossado (art. 40.°, n.? 3, da LULL). Cf.
ainda PELLJZZI, Giovanni, Esercizio dei Diritto Cartolare e "Legittimazione Attioa", in:
V "Rivista di Diritro Civile" (1959), 148-l86. Sobre o princípio geral da inoponibi-
lidade das excepções cambiarias, vide infra Parte II, 4.6.
(181) FERRI, Giuseppe, L'Acquisto dei Titoli di Credito con Mezzo Diverso della
Girata, in: "Srudi in Onore di Edoardo Volterra", vol. IV, 163-178, Ciuffre, M ilano,
1971. Algumas destas modalidades impróprias de transmissão, porque não encontram
expressão formal no texto da letra, tornam assim necessário que o rransmissário Faça
prova da titularidade material (v. g., documento de cessão de créditos, habilitação de
herdeiros, etc.) para poder exercer os direitos cambiários.
Coimbra Editoraa
Parte 11- A letra de câmbio 85
3.4. Aval
Coimbra Editora®:
86 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Edilora®
Parte !J - A Letra de câmbio 87
----------------
Coimbra Editora®
88 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Edilora®
Parte 11- A letra de câmbio 89
4.1. Vencimento
Coimbra Edilora®
90 Os TítuLos de Crédito - Urna Introdução
4.2. Pagamento
Coimbra Editora®
92 Os Títulos de Crédito - Uma introdução
(201) Sobre as letras domiciliadas, vide supra Parte II, 2.1. (V).
(202) Tenha-se presente que, tal como é bem salientado no Acórdão do Supremo
Tribunal de Justiça de I-X-2009 (ÁLVARO RODRIGUES), a apresentação a pagamenro tem,
nos títulos de crédito, uma função equivalente à da inrerpelação do devedor nos direitos
de crédito em geral: ora, do mesmo modo que nas obrigações a prazo certo o resperivo
vencimento não carece de interpelação, entrando o devedor em mora caso a prestação
não seja cumprida na data prevista (arr. 805.0, n.? 2, do CCivil), também assim nas letras
pagáveis em dara fixa o sacado entrará de imediato em mora caso não tenha cumprido
a sua obrigação cartular nessa data (in: www.colectaneadejurisprudencia.com).
Coimbra Editora<l\)
Parte Ir - A letra de câmbio 93
rio (art. ]6.° da LULL) (20.3); no último caso, o sacado pode exigir que,
além de lhe ser dada quitação, se faça menção expressa na letra do paga-
rnento parcial realizado (art. 39.°, n.? 3, da LULL), podendo o portador
exigir a parte cambiária remanescente a qualquer obrigado em via de
regresso (204). Por último, o pagamento pode ser feito na data de venci-
mento mas também antes dessa data - no último caso, sempre com o
consemimento do portador (a quem não pode ser imposto o pagamento
prematuro, "rnaxime", quando a letra vença juros: cf. art. 40.°, n.? I, da
LULL) e por conta e risco do sacado (que poderá ser obrigado a pagar
de novo a letra caso se venha a demonstrar que o portador não era o
verdadeiro titular do direito cambiário: cf. art. 40.°, n.? 2, da LULL).
Coimbra Editora®
94 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
4.3. Protesto
Coimbra Editora®
Parte I [ - A letra de câmbio 95
Coimbra Editoras'
Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Edilora®
Parte fI - A letra de câmbio 97
4.4. Intervenção
(213) Sobre a figura, vide, entre nós, ASCENSÃO, J. Oliveira, Direito Comerciai,
vol. III ("Títulos de Crédito"), 205 e segs., Lisboa, 1992. Noutros quadrantes, BÜLOW,
Peter, Kommentar zum Wechseigesetz und Scheckgesetz, 292 e segs., 3. Aufl., Müller,
Heidelberg, 2000; DUPICHOT, ]acquesIGuÉvEL, Didier, Les EjJets de Commerce, 130
e segs., 3""" édirion, Montchrestien, Paris, 1996; ELLlNGER, Peter, Negotiable Instru-
ments, in: "International Encyclopedia of Comparative Law", vol. IX, Chapo 4, 124 e segs.,
Mohr, Tübingen, 2000; SEGADE,]. Gómez, La lntervención Cambiaria, in: II "Revista
de Derecho Bancario y Bursátil" (1982), 261-328.
(214) Apesar desta complexidade técnica, a verdade é que este instituto perdeu clara-
mente a sua importância prática - razão pela qual ele não nos merecerá aqui senão uns
breves apontamentos. Com efeito, as suas raízes históricas lançam-se num tempo em que
Coimbra Editora®
98 Os Títulos de Crédito - Uma introdução
os obrigados cambiários não dispunham dos meios necessários de informação célere e eficaz
de eventuais recusas de aceite ou pagamento - o que não sucede nos dias de hoje (ZOLLNER,
Wolfgang, Wertpapierrecht- Ein Studienbuch, 121,14. Aufl., Beck, München, 1987).
(215) Sobre o regime destas modalidades, vide MARTINS, A. Soveral, Títulos de
Crédito e Valores Mobiliários, 60 e segs., 99 e segs., Almedina, Coimbra, 2008; noutros
quadrantes, para maiores desenvolvimentos, vide BÜLOW, Perer, Kommentar zum Wech-
selgesetz und Scheckgesetz, 296 e segs., 3. AuA., Muller, Heidelberg, 2000.
(21(,) A diferença fundamental entre estas modalidades respeita exclusivamente
ao aceite por intervenção: com efeito, apenas no primeiro caso a intervenção se impóe
à vontade do portador, que assim estará impedido de atuar em via de regresso sem
antes exibir a letra ao interveniente (arr. 56.°, n.?' 2 e 3, da LULL).
(217) O honrado deve estar identificado, já que a extensão da obrigação do
inrervenienre depende e é determinada pela obrigação do honrado. No caso de inter-
venção provocada, será considerado honrado aquele obrigado cambiário que apôs a
cláusula especial de intervenção ou aquele que esta cláusula indica como tal (art. 56. 0,
Coimbra Edirorn-o
Parte I! - A letra de câmbio 99
implica o dever do portador apresentar a letra cujo aceite foi recusado pelo
sacado ao aceite do interveniente (o que significa dizer que aquele vê
excluído o exercício imediato e antecipado do direito do regresso que lhe
assistiria, em via geral, em face do honrado e dos obrigados cambiários
subsequentes: cE art. 56.°, n. 2 e 3, da LULL), e a assunção por parte do
OS
(218) OOMÉNECH, F. Adan, Crédito Cambiario y Tiaela fudicial, in: XXV "Revista
de Oerecho Bancario y Bursáril" (2006), 87-114. Sublinhe-se que, dada a coexistência
usual das relações cambiárias e fundamentais (cf. supra Pane I, 5.3.), o portador carn-
biário conserva o seu direito de lançar mão da ação fondamental (alternativamente ou
secundariamente em relação à ação cambiária, consoante a letra haja sido emitida "pro
soluto" ou "pro solvendo"), bem assim como de cumular pedidos relativos a direitos
carrulares e extracartulares ou suscitar a coligação de devedores cartulares ou extracar-
miares (art. 30.°, n.? 3, do CPC) no âmbito de um mesmo processo declarativo (v. g.,
responsabilização dos bens comuns do casal no caso de letras subscriras pelo cônjuge
comerciante, nos termos do art. 1691.°, n.? 1, alo d), do CCivil e art. 15.° do CCom).
Sobre o eventual recurso ao instituto do enriquecimento sem causa nos casos em que
o porrador esreja impedido de recorrer a qualquer das ações (cambiária e fundamental),
vide CASTELLANO,Caetano, La Responsabilità Cambiaria nei Limiti dell'Arricchimento,
147 e segs., Cedam, Padova, 1970; SÁNCHEZ,C. ]iménez, Acciôn Causal y Acción de
Enriquecimiento, in: VII "Revista de Derecho Bancario y Bursátil" (1987), 7-34.
Coimbra Editora®
tOO Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
II. A ação cambiária direta pode ser exercida pelo portador contra
o sacado-aceitante sempre que este tenha recusado o pagamento da letra
ao portador na data do respetivo vencimento (219). Particularmente
importante é a ação cambiária de regresso (art. 43.° da LULL), que pode
ser exercida pelo portador, quer na situação anterior (recusa de paga-
mento da letra no vencimento), quer mesmo antes do vencimento da
letra sempre que se verifique um dos seguintes casos: recusa total ou
parcial de aceite (arts. 21.°, 26.°, n.v 2, e 44.°, n. 2 e 4, da LULL),OS
(2191 Por força da exceção comida na parte final do art. 53.0, n.? 1, da LULL,
esta açâo pode ser igualmente exercida nos casos de extinção do direito de ação aí
referidos contra os demais obrigados cambiários.
(2201 Sobre estes últimos casos especiais, vide BÜLOW, Perer, Kommentar zum Wech-
selgesetz und Scheckgesetz, 250 e segs., 3. Aufl., Müller, Heidelberg, 2000; DUPICI-IOI', Jacques/
/GuiOvEL, Didier, Les 1:.Yfitsde Commerce, 191, 30m" édition, Montchrestien, Paris, 1996.
Coimbra Editora®
Parte I/ - A Letra de câmbio 101
(221) Entre nós, vide TELES, J. Galvão, Interpretação do Art. 47.° da L.u.L.L., in:
1 "Revista da Ordem dos Advogados" (1941),438-445; noutras latitudes, CAMPOBASSO,
Gian Franco, I Sogetti Passivi della Responsabilità SoLidaLe Cambiaria, in: LXXI "Rivisra
dei Diritto Commerciale e dei Dirirto Generale deli e Obbligazioni" (1973), 161-202;
CALERO,J. Gómez, La RespomabiLidad SoLidaria de LosObLigados Cambiarias, in: I "Revista
de Derecho Bancario y Bursátil" (1981), 245-308. Verdadeiramente, não se poderá falar
aqui com propriedade de "solidariedade passiva" - já que estamos perante, não uma
mesma obrigação cambiária com vários condevedores, mas sim várias obrigações cambi-
árias autónomas de conteúdo idêntico (fazendo, por isso, mais sentido falar antes de uma
"pluralidade passivá') - e de "regresso" - já que este, no Direito Civil, opera sempre
pela ordem das sucessivas cessões do crédito (havendo assim um regresso "per saltum").
(222) GONÇALVES,L. Cunha, A Acção Cambiária contra os Herdeiros e Representan-
tes dos Signatários da Letra, in: 24 "Gazeta da Relação de Lisboa" (1911), 489-490.
(223) KRUSE, Anne, Der Zinsanspruch des WechseLinhabers gegen den Akzeptanten
bei verspiiteter VorLage, in: 14 "Zeitschrift für Wirrschaftsrecht und Insolvenzpraxis"
(1993), 1143-1147. Por força do art, 4.° do Decreto-Lei n.? 262/83, de 16 de junho,
o portador pode exigir a taxa legal de juros comerciais arualmente em vigor, e não a
taxa de 6% prevista no art. 48.°, n.v 2, da LULL: sobre a questão do regime dos juros
moratórias das letras, livranças e cheques, vide ANTUNES, J. Engrácia, O Regime Jurídico
dos Actos de Comércio, 40 e segs., in: IX "Thernis - Revista da Faculdade de Direito
da Universidade Nova de Lisboa" (2009), n.? 17, 19-60.
(224) Sobre o conceito de despesas, vide o Acórdão da Relação de Lisboa de 18-1-2007
(CAIoIANODUARTE),in: XXXII "Coletânea de jurisprudência" (2007), I, 85-87.
(225) O portador da letra, em alternativa à ação cambiária, dispõe de um outro
mecanismo para tornar efetivo o seu direito - é o chamado ressaque ("Rückwechsel",
"retrai te" , "cambiale rivalsa", "letra de resacà'), figura prevista no art. 52.° da LULL
que permite ao portador sacar uma nova letra à vista sobre um dos obrigados cambiá-
rios, pagável no domicílio deste.
Coimbra Editora®
102 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Editora®
Parte fl - A letra de câmbio 103
Coimbra Editoraê'