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A IGREJA E SEU MINISTÉRIO - UM MINISTERIO TOTAL

Desenvolver um estudo sobre o ministério da Igreja Cristã no mundo; seus deveres e


tarefas, é de envergadura tal que não se poderia querer, em um resumido trabalho, atingir
plenamente o objetivo. Não será por isso que deixaremos de lado, no contexto de nossas
atuações como povo de Deus no mundo, a oportunidade de uma rápida pausa para reflexão e
reavaliação de nossa sagrada incumbência de evangelizar, de levar o poder de Deus ao mundo,
de anunciar o ano agradável do Senhor, de proclamar aos povos a libertação.
O ministério total cristão no mundo sempre será o mais sublime desafio de nossa
existência cristã. Provém ele da ordem instituída por Deus a denominada Igreja e, quando
analisado, nos obriga a refletir sobre o mundo e suas implicações e sobre a atitude de Deus em
relação ao mundo.
É necessário pois, abordar a essência da Igreja e suas finalidades propostas ao mundo
e, em função deste, a sua conjuntura e necessidades.
I – IGREJA
O conceito de Igreja no NT muito antes se centraliza povo, Palavra e sacramentos do
que em instituições, edifícios e organizações. Não se pode encarar a Igreja de Deus organizada
sociologicamente a base de instituições humanas, nem pode ser ela analisada em analogia com
instituições humanas seculares. Primeiro, porque não é criada por vontade de homens a
exemplo de uma sociedade secular, mesmo que deva assumir certas características similares
para fins legais e jurídicos. O que estabelece a Igreja é somente a vontade de Deus no que diz
respeito a sua fundação, vocação (missão) e concentração (congregação). Numa sociedade se
ingressa, na igreja se é adicionado pelo poder do Espírito Santo. Segundo, porque ela é sentida
e vivida nos membros que a compõem. O povo de Deus no NT se confrontava nos lugares em
que isto devesse acontecer e aí se senti Igreja, povo de Deus: tirando água de um poço,
trabalhando em tendas, estarrecido diante da porta de uma jaula, andando sozinho numa
estrada do interior, no areópago.
A Igreja surgiu dos lugares de sua vivencia, adoração, testemunho e serviço ao Senhor,
tão maravilhosamente, como a borboleta surge do casulo. A Igreja surgiu do processo da morte
e ressurreição de Deus.
Esta Igreja se apresenta ao mundo em forma de congregações. Nelas, que pelo mundo
se espalham, encontramos a Igreja. Ela está aonde os meios da graça são corretamente
administrados. E cada uma delas não é uma parte da Igreja, mas a própria Igreja. A Igreja não é
a instituição. O Reino não é a Igreja. O Reino é o senhorio de Deus e a Igreja é Deus mesmo
tomando forma no mundo. A Igreja é a manifestação deste Reino de Deus no mundo.
O NT, mesmo não conhecendo as formas: congregação, paróquia, distrito, região,
sínodo e outras, não impede sejam esta identificadas como Igreja (Ef 4.4ss). Porém, não são as
congregações, paróquias, distritos, regiões e sínodos os membros do corpo de Deus, mas os
cristãos e unicamente os cristãos.
Porque a Igreja no NT não é somente comparada a um corpo humano (Rm 12.4ss e 1Co
12.14ss). Ela não é somente um corpo no sentido de uma “corporação”. Ela é muito mais do que
um corpo de Deus (Rm 12.5). Ela é o proprio corpo de Deus. E isto é muito mais que uma
simples comparação. Ela é um corpo e um Espírito (Ef 4.4, 4.12., 5.30ss). O ministério da Santa
Ceia nos ensina que todo corpo de Deus é recebido pelo comungante, independente do numero
de participantes. Não é dividido em partes na distribuição. Assim Igreja como corpo de Deus é
sempre todo. A presença de Deus independe do numero de pessoas reunidas (Mt 18.20, At 1.8).
O mesmo se dá com a obra do Espírito Santo. Ele opera da mesma forma e eficiência na
congregação e em toda cristandade (3º Artigo da Fé Cristã, conforme. Expl. D Lutero).
Deus ganha forma na sua Igreja no mundo, e esta Igreja não existe para si, mas para o
mundo. Ela é a presença de Deus no mundo, uma presença viva e sentida. Por isso só há uma
Igreja se todo o mundo. E esta se caracteriza pela proclamação presente da morte e
ressurreição de Deus. Ela é pois, a comunidade viva na qual Deus se revela a ela mesma como
o ‘novo homem’, como a nova criatura. A Igreja é Deus mesmo, portanto, não uma mera
instituição ou associação de homens, mas uma nova pessoa em Deus, originada pela morte de
Deus na cruz, vivendo em função do fim. Ela representa aquela porção da humanidade na qual
Deus tomou corpo. Por isso ela sempre é Igreja missionária, diacônica e escatológica.
Igreja, como Lutero afirmava, é algo muito simples, que qualquer criança pode
entender. Ela se origina no Batismo, desenvolvendo-se através da pregação da Palavra em
suas mais diferentes formas e enriquece a sua consumação na Ceia do Senhor. É pois na ação
de Deus em Deus Jesus, neste processo de colocar a nova vida nos corações daqueles que
permitem a ação do seu Espírito Santo, que começa o estudo e a verificação de seu ministério.
II – MINISTÉRIO
Para o Batismo, Deus morreu e ressuscitou. A Palavra é Deus na sua ação
redentora no mundo. A Santa Ceia é o corpo e o sangue da Deus dado e derramado por nós.
Igreja e ministério estão em Deus. Ambos estão intimamente relacionados à
Palavra de Deus no mundo. Quando a Palavra não é pregada não existe nem Igreja e nem
ministério. Deus deu forma à Igreja e ao ministério nos doze apóstolos. A estes foi dado o Oficio
das Chaves e a incumbência de administrá-lo, ao mesmo tempo. O livro de Atos dos Apóstolos
revela-nos como a Igreja se desenvolve ao mesmo tempo em que mostra-nos como o ministério
se expande. Ambos, Igreja e ministério, são apostólicos. Enquanto que a Igreja é o resultado da
ação salvadora de Deus, é também ministro de Deus pelo qual ele age para realizar o seu
trabalho no mundo.
De um lado temos a Igreja como povo santo e eleito de Deus, separado do
mundo por Deus pelo poder do Espírito Santo (1Pe, Rm 12, Jo 17); peregrinos em terra estranha
(Hb 11.13, 1Pe 1.1); doze tribos de Israel na diáspora (Tg 1.1); no caminho para a partia celeste
(Fp 3.20, Hb 11.10, 12.22); do outro, a Igreja é Deus no mundo com uma missão para o mundo,
desenvolvendo-se em meio aos mais variados costumes e situações (Mt 28.18-20, 1Pe 2.12),
em meio as mais diversas necessidades e mutações.
Deus tornando-se homem em Jesus Deus, amou o mundo. A responsabilidade
perante o mundo é a resposta ao amor de Deus. O ministério da Igreja deve participar das
tarefas desta vida, não dominando, mas ajudando e servindo. Deve dizer aos homens de todas
as classes sociais, de todas as atividades, o que é uma vida em Deus, o que quer dizer existir
para os outros. A autentica relação cristã com o mundo, com as estruturas que nele regem e
dialeticamente expressa ao mesmo tempo por uma não identificação com o mundo e por uma
solidariedade absoluta (1Co 7.29-31), simultaneamente pela distancia da fé e pelo engajamento
do amor. Na fé o cristão sabe que o mundo é passageiro e que deve estar livre de
preocupações maiores em se apegar a ele. Ao mesmo tempo, o cristão deve saber que é no
mundo que o homem deve viver sua vida presente, e no mundo que o homem deve aplicar as
suas capacidades. E é aí, neste contexto, que o homem precisa de ajuda, amor e solidariedade.
E por isso que o ministério d igreja não se oporá, sem mais nem menos, as coisas do mundo,
mas saberá reconhecer-lhe o valor positivo, colaborando e visando sempre estabelecer
condições, instituições e estruturas que possam servir de fato, as necessidades do homem,
possibilitando-lhe uma auto-promoção viva, pura e clara do Evangelho que é o poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crê. Num ministério assim, os cristãos poderão se alegrar
com os que se alegram e chorar com os que choram, justamente porque tem uma só
preocupação, agradar a Deus ( 1Co 7.32, 2Co 5.9).
Foi esta realidade que Lutero descreveu quando em “Da Liberdade Cristã” afirmou: “Um
cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém - um cristão é
escravo serviçal de todas as coisas e está sujeito a todos.” Compreendemos melhor este
paradoxo quando aprendemos quando aprendemos que a liberdade se fundamenta na fé e a
escravidão no amor.
Por isso encontramos uma igreja primitiva que não era nem anti-cultural, como
muito menos anti-social. Nela o governo é visto como um instrumento de Deus (Rm 13, 1Tm 2.1-
13, Tt 3.1-13, 1Pe 2.13-17). O Novo Testamento, enfatizando a obediência ao governo, mostrou
que não somente o Estado, mas também as organizações ou instituições sociais, estão incluídas
sob as leis governamentais; que todas as pessoas vivem numa escala de respeito, obediência e
honra, assim elaboradas: filhos aos pais (Ef 6.5-8); servos aos senhores (Cl 3.22-25, Ef 6.5-8,
1Pe 2.18-21); cidadãos ao governo e cristãos aos superiores espirituais. No Novo Testamento
estabeleceu-se a relação “irmãos em Deus” (Gl 3.28). As mais diversas diferenças foram neste
espírito superadas. Em Deus o povo é nova criatura (2Co 5.16,17). A união espiritual conseguiu
superar as mais diversas situações (Gl 3.28, Ef 4.3-6, Fp 2.1,2). Conseqüentemente a Igreja e
seu ministério não podem fazer distinção entre sábios e humildes, fortes e fracos, ricos e pobres.
O vinculo do discipulado que existia entre os primeiros cristãos era expresso pela adoração
comunitária (At 2.42); pela comunhão de bens (At 2.44,45, 4.32) e pela caridade (1Co 10, 16.1,
Tg 1.27).
Todo ministério cristão concentra-se em última analise, naquele que veio “não
par ser servido, mas para servir” Jesus Deus. Ele é a Palavra pela qual se criaram os crus, como
também a Palavra que redimiu o mundo. Também é a Palavra na proclamação e, como o Pai o
enviou, devem ser enviados os seus apóstolos. Também o ministério, para ser valido, deve ser
apostólico. Como os apóstolos foram enviados, enviaram também outros ao mundo (At 13.2,3,
1Tm 1.6,7).
O ministério exercido por Deus foi um ministério total. Agiu como Sumo-
Sacerdote (B 13.13), consolou como o Pastor (Jo 10.2-6, Hb 13.20), ensinou com Professor (Jo
13.13), cuidou do rebanho como o Bispo (1Pe 2.25), trabalhou como o Servo ou Diácono (Rm
15.5), caracterizando-se a sua atividade numa doação em favor da promoção integral do
homem. Neste espírito, qualquer área do ministério dos cristãos, levado a efeito na igreja local,
será uma participação viva e efetiva no ministério de Deus.
Todo cristão é um ministro de Deus. Esta verdade já se assentaria só pelo fato
de se identificar o cristão como corpo de Deus no mundo, povo de Deus, participante do Reino.
A bíblia, no entanto, sublinha este ministério quando afirma que todo o cristão recebe dons (Rm
12.3, 1Co 3.5, 12.7), e os recebe em função de outros (1Co 12.14-26) e quando uma vez
exercitados no amor, servirão de lenitivo para a sua própria pessoa no domínio do seu ego ( Rm
12.10, Fp 2.3 e Ef 5.21).
O ministério total visa os cuidados e a promoção do ser humano no ser todo. Se
Deus distribuiu todos os dons necessários ao seu povo, o fez para que seu povo pudesse servir
adequadamente no mundo. Bem exercido, este ministério abre caminhos ao cristão para
atividades múltiplas, ou seja: trabalhos e serviços de amor, admoestações fraternais, atividades
de ensino, atividades de testemunho evangelístico, admoestações fraternais e manifestações de
carinho, consolo e de conforto. O Novo Testamento denomina esta equipe de funcionários
divinos como apóstolos, profetas, professores, agentes d saúde, evangelistas, pastores,
auxiliares, guias, lideres (1Co 12.8ss, Ef 4.11). Descrições funcionais de pessoas que recebem
carismas são fornecidas em Rm 12.7 e 1Co 12.8-10. Paulo recusou endossar as mulheres como
lideres na Igreja, mas serviram como profetizas e professoras nos tempos do Novo Testamento.
Os diáconos recebem particular recomendação para o exercício de seu ministério (1Tm 3.8-13).
No arranjo dos trabalhos da igreja e funções do ministério dentro dela, as
necessidades e os dons são levados em cuidadosa consideração ao ponto de poderemos
afirmar que Deus providencia todos os dons necessários para que os trabalhos da igreja,
encontre-se ela onde quer que seja, atinja seus objetivos no mundo.
Não encontramos no Novo Testamento uma ordem especifica em estabelecer
uma forma especial de ministério. A igreja tem liberdade em formar estruturas eclesiásticas e
disposições ministeriais, como também pode aplica-se aos precedentes que deveriam ser
seguidos. Se não encontrarmos também marcante diferença aplicada entre o clero e o laicato,
encontramos, porem, não só no Novo Testamento, como em toda a Bíblia, no contexto igreja,
povo e ministério.

III – MINISTÉRIO, no planejamento e reajuste


Aceita-se que o planejamento tem quatro propriedades fundamentais: 1) É uma
tomada de decisões antecipadas; 2) Implica num sistema de decisões; 3) Ocorre dentro de um
sistema dinâmico; 4) Exige intervenções para reajustes.
Na administração de seu ministério, mais que qualquer entidade secular, a igreja
deve se preocupar com estas verdades. Primordialmente no que diz respeito a última. Não se
recolhendo ela para avaliação constante de seu programa ministerial, em relação ao mundo em
que se encontra inserida sua ação, está fadada a ter que suportar conseqüências indesejáveis.
Alguns dos reajustes mais criativos da igreja tem tomado lugar onde ela
procurou envolver o mundo, numa tentativa de melhorar o mundo. É errado pensar na igreja
como uma esfera separada da realidade existente. O Reino de Deus no mundo procura formar
uma nova dimensão da realidade, penetrando nos domínios existentes (reinos) e os
transformando (Jo 3. 19, 8.12 – luz; Mt 5.13 – sal; Mt 13.33 – fermento).
Por isso a tarefa do ministério cristão é encontrar o seu lugar no dia a dia da vida
dos homens. Isto significa que precisa entrar no todo de uma estrutura social. Nenhuma
estrutura é tão corrupta que não se coloque ao alcance do poder do Evangelho. Esta missão
está lançada ao coração da Igreja, porque Deus enviou a sua Igreja ao mundo para ser o seu
agente de renovação. Ela nega a sua própria identidade quando se torna uma corporação
fechada e devotada simplesmente num cristianismo contemplativo e estéril da graça e
misericórdia do Senhor, de um céu aberto, visando a sua própria perpetuação.
“Como o Pai me enviou, assim eu vos envio”, esta é a declaração de que a
Igreja foi enviada a todo o mundo, a toda a sociedade,m ao homem no seu todo. A Igreja é a
missão de Cristo ao homem.
Uma visão teológica que vê o homem apenas como um ser espiritual é tão
extrema e incompleta como aquela que só o avalia fisicamente. A Bíblia, quando expressa sua
preocupação em relação ao homem, mostra que Deus está interessado no seu corpo tanto
quanto na sua mente e espírito. Daí porque Ele se preocupa co o homem vivo, onde vive, como
se sustenta, se recebe ou não tratamento medico adequando, onde as suas crianças brincam e
vão à escola, como são seus professores, como ele é tratado na qualidade de cidadão e ser
humano. Estas são preocupações divinas sobre o homem quando lhe é alcançada a nova vida.
A Igreja deve refletir séria e urgentemente sobre a preocupação de Jesus que
via no homem um complexo físico, psíquico, social, econômico e político. Jesus curou doentes,
alimentou famintos, consolou oprimidos, esperançou desolados, apaziguou aflitos, enalteceu
humildes, condenou a marginalidade social, condenou a exploração do individuo comum,
condenou a avareza, esclareceu o governo de seu lugar da responsabilidade. Jesus pregou o
seu senhorio ao mundo inteiro.
A história nos ensina que a Igreja tradicional e institucional dependeu, em
momentos importantes de sua existência, para manter a sua presença no mundo, da religião
civil, cujo Deus é o da ordem, da lei e do direito. Hoje, para isto, está dependendo de novas
teologias, ou reformistas, ou de libertação. Ou então tem se organizado congregacionalmente,
em contexto normativo da pregação, do ensino e adestramento dos santos para o trabalho do
ministério do mundo. Ao mesmo tempo, fechando os seus olhos para o fato de que em nossos
dias a configuração congregacional real mais se apresenta de maneira engomada, formal e
acorrentada, conseguindo, quem sabe, antes, apartar do mundo do que equipar os santos para o
ministério no mudo contemporâneo.
Não será por isso que nos defrontamos com pastores extasiados no afã de
cumprir as tarefas de todos os santos, ou então, com santos tentando descobrir ansiosamente a
razão de sua existência como Igreja no mundo? Não será por isso que nos defrontamos com
congregações orgulhosas da sua doutrina pura e inalterada da Palavra de Deus e Sacramentos,
mas, sem entusiasmo, sem vibração, sem calor espiritual e influências contagiantes?
Em conseqüência, tantas periferias urbanas que, pelo processo da urbanização,
industrialização se constituirão só num grave problema social, com também num enorme desafio
à Igreja de hoje, não estão sendo socorridas a tempo. Mais ainda, quando o investimento
missionário atinge o norte já com relativo atraso, não se encontra na retaguarda o apoio e a
segurança em se assentar este processo sem maiores riscos e temores, num mundo novo e tão
carente das maravilhas do Reino. Enquanto que o Novo Testamento expressa uma firme
convicção de que Igreja é um organismo vivo, portanto, sensível, dinâmico e atuante.
Se nossos pais tivessem agido assim, não teriam realizado viagens
missionárias, não teriam construído escolas, não teriam organizado instituições assistenciais,
erguendo casas que hoje, infelizmente, até para sustentá-las titubeamos e quase desfalecemos.
Outra ênfase do Novo Testamento é a do processo de Cristo ao tomar forma na
comunidade em que vivia. Ele usou de todas as facilidades à sua mão para o seu discipulado,
trabalho e edificação do Reino, uma vez legitimas. As oportunidades que estão aí, com suas
facilidades, devem ser convertidas para Deus, o Senhor da Igreja, e investidas objetivamente no
seu Reino: os meios de comunicação, a tecnologia, as ciências e a abertura nas leis
governamentais.
Porque a Igreja enfatiza a dignidade humana deve comunicar-se com o homem ali onde
ele está, com o que ele precisa, e não esperar que outros, numa ação paliativa, a substituam ou
dela roubem a missão.
A Igreja precisa, constantemente, reeducar-se ao ministério total em sua missão de
evangelizar. Educar os seus jovens e universitários ao processo do engajamento do amor.
Reestruturar suas congregações no que diz respeito as suas metas e objetivos. Dinamizar usas
regiões eclesiásticas e distritos com programas de ação objetivos a realidade do mundo e
comunidade em que vivem. Investir muito mais nos valores humanos que Possi, despertando-os
para a reconsagração permanente. Na preparação do ministério pastoral oferecer toda a
abertura e sensibilidade possíveis para a vida do mundo contemporâneo.
Finalmente, a máxima: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, que resume toda a
recomendação de nossa vivência com o homem de todos os tempos, precisa ser reformulada na
prática, mantendo sempre a ética firme de que o homem deve ser atingido como um fim em si e
jamais como um meio. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Uma avaliação séria e justa
deve sempre ser pregada e refletida neste mandamento. Ou será que nos amamos tão pouco,
ou tão mal, que não sabemos mais o que significam a dor, o abandono, a culpa. O frio, o medo,
o desabrigo, o desequilíbrio, a angustia, o desemprego, a fome, o dissabor, o desespero e a
morte?
No espírito de doação, não só se realizam coisas maravilhosas, como também
apercebe-se das próprias maravilhas. Sentir-se útil é uma grande necessidade intrínseca no ser
humano, mais ainda no cristão. No aspecto de nossa mordomia de vida não só o despreparo ou
a falsa motivação se constituem fatores no retardamento do processo de nossa santificação,
como a ausência do espírito de solidariedade. Este espírito Jesus Cristo imprimiu ao nos
constituir Igreja, povo de Deus, nação santa, sacerdócio real, elegendo-nos ministros seus para
os trabalhos de seu Reino. Em Rm 15.5 lemos: “Ora, o Deus de paciência e consolação vos
conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que
concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Se de um lado, a Igreja se caracteriza em Cristo no mundo como transcendente,
imutável e inefável e, por outro, consiste em povo vivendo sob várias circunstancias, em tempos
diversos e sob varias influencias. Isto se dá porque Deus se solidarizou com a humanidade em
Cristo. O cristão pode e deve também se solidarizar na expressão de seu amor a Deus, que é
tanto o Senhor ressuscitado como o Servo crucificado.
Pentecostes 1981
______________
Rev. Daltro Kautzmann
- pastor da Com. Ev. Luterana Redenção de Pelotas e diretor executivo da ABELUPE
(Associação Beneficente Luterana de Pelotas).
BIBLIOGRAFIA:
FORREL, George W. Fé ativa no amor. Concórdia S. A. Editora Sinodal. 1977.
LUEKER,Ervin. Change and the Church. Concordia Publishing House. St. Louis. London.
1966.
SCHMIDT, Arnaldo. A Igreja e a secularização. (não publicado).

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