You are on page 1of 84

TRIBUNAL DE CONTAS

DO ESTADO DO PARANÁ

MANUAL DE ORIENTAÇÃO
PARA CO NT R ATA ÇÃ O E F I SC A L I Z A Ç Ã O
DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA

COORDENADORIA DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS


COFOP

PA R A N Á
TRIBUNAL DE CONTAS
DO ESTADO DO PARANÁ

MANUAL DE ORIENTAÇÃO
PARA CO NT R ATA ÇÃ O E F I SC A L I Z A Ç Ã O
DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA

COORDENADORIA DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS


COFOP

PA R A N Á
EXPEDIENTE

Av. Nossa Senhora da Salete s/n, COORDENADORIA DE FISCALIZAÇÃO Marco Antonio Araujo de Paula Pessoa
Centro Cívico − Curitiba-PR DE OBRAS PÚBLICAS - COFOP Milton Portugal Lobato Filho
CEP 80.530-910 Luiz Henrique de Barbosa Jorge Mylene Karin Braatz Toppel Reinaldim
Nagib Georges Fattouch
http://www.tce.pr.gov.br
COORDENAÇÃO Nelson Yukio Nakata
Osmar Mendes
Lincoln Santos de Andrade
CONSELHEIROS Maria José Herkenhoff Carvalho
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Durval Amaral - Presidente Moacyr Molinari
Omar Nasser Filho
Nestor Baptista - Vice-Presidente Paulo Francisco Borsari
Fábio Camargo - Corregedor Geral
ARTE GRÁFICA
Artagão de Mattos Leão EQUIPE TÉCNICA
Fernando A. M. Guimarães Augusto Surian Neto Núcleo de Imagem – TCE/PR
Ivan Lelis Bonilha Denise Gomel
Ivens Zschoerper Linhares Denyse Bueno e Silva Bandeira
Felipe Castro Garcia
COORDENADOR GERAL Felipe Kafrouni
Mauro Munhoz Larissa Campos
Lúcio Magalhães Araújo Hyczy
Luiz Antonio de Oliveira Negrini
DIRETORA GERAL
Manoel Antonio Padilha
Célia Cristina Arruda
Marcel Lanteri Pierezan
COFOP | MANUAL DE OBRAS

APRESENTAÇÃO
O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) tem a O conteúdo tratado é abrangente, tendo como ponto de
atribuição constitucional de zelar pela correta aplicação dos partida os atos iniciais de planejamento, passando por todas
recursos públicos estaduais e municipais, dentre eles, aque- as fases de licitação, contratação e execução da obra, e indo
les destinados à realização de obras e serviços de engenha- até o necessário preenchimento dos dados no Sistema de
ria. Por correta aplicação entende-se que os administradores Informações Municipais – SIM-AM. Além disso, são expos-
precisam aplicar o dinheiro público respeitando os disposi- tas, também, as irregularidades mais comuns detectadas
tivos constitucionais e legais, sempre tendo também como pelo corpo técnico deste Tribunal.
guia os princípios da eficiência e da transparência.
Os técnicos da Coordenadoria de Fiscalização de Obras
Para o fiel cumprimento desse papel, a atuação desta Corte Públicas que elaboraram o manual estiveram atentos à con-
ocorre principalmente sob duas maneiras. De um lado está cisão e à clareza tão necessárias para facilitar o trabalho dos
o aspecto fiscalizador, que pode resultar em desaprovações gestores públicos. Ao mesmo tempo, não descuidaram do 5
de contas, multas e outras penalidades. De outro, o as- caráter técnico e aprofundado que o tema merece.
pecto orientador, pelo qual o TCE-PR contribui para que os
Espera-se que este manual seja um referencial de boas
gestores públicos tenham acesso a informações relevantes
práticas na gestão de obras e serviços de engenharia, e
para cumprirem com suas obrigações. O presente manual
instrumento norteador da eficiência do gasto e da eficácia na
está alinhado a este segundo aspecto.
execução desses investimentos, visando principalmente o
Ele tem o objetivo de ajudar os gestores públicos a realizar interesse público e aos anseios da sociedade paranaense.
obras e serviços de engenharia conforme o que estabelece
a Constituição Federal e os dispositivos legais que tratam
do tema, e, especialmente, no que diz respeito à atividade DURVAL AMARAL
fiscalizatória do TCE-PR. São encontradas aqui informações Conselheiro Presidente
úteis a respeito de todas as etapas de execução de obras
públicas.
1. PLANEJAMENTO.............................................. 6

2. LICITAÇÃO...................................................... 10
2.1 FASE PRELIMINAR À LICITAÇÃO..................... 12
2.1.1 Programa de necessidades do município......... 12
2.1.2 Escolha do terreno........................................... 14
2.1.3 Estudo de viabilidade....................................... 15
2.1.4 Anteprojeto...................................................... 16

2.2 FASE INTERNA DA LICITAÇÃO......................... 17


SUMÁRIO 2.2.1 Processo administrativo................................... 17
2.2.2 Licenciamento ambiental................................. 17
2.2.3 Projeto básico.................................................. 18
2.2.4 Especificações técnicas................................... 21
2.2.5 Planilha orçamentária....................................... 21
2.2.6 Cronograma físico-financeiro............................ 23
2.2.7 Projeto executivo............................................. 23
2.2.8 Recursos orçamentários para o
empreendimento....................................................... 24
2.2.9 Edital de licitação............................................. 24
2.2.10 Modalidades de licitação................................ 26
2.2.11 Cuidados no parcelamento e fracionamento
da licitação................................................................ 27
2.2.12 Regime de execução..................................... 28
2.2.13 Tipos de licitação........................................... 29
2.2.14 Dispensa ou inexigibilidade de licitação.......... 29
COFOP | MANUAL DE OBRAS

2.3. FASE EXTERNA DA LICITAÇÃO............................ 30 2.5.2 Manutenção..................................................... 49


2.3.1 Comissão de Licitação......................................... 30 3. SISTEMA DE INFORMAÇÕES MUNICIPAIS –
2.3.2 Publicação do edital de licitação........................... 31 ACOMPANHAMENTO MENSAL – SIM-AM –
2.3.3 Recebimento das propostas................................. 31 MÓDULO DE OBRAS.............................................. 50
2.3.4 Procedimentos da licitação................................... 32
2.3.5 Critérios de julgamento......................................... 33 4. PRINCIPAIS IRREGULARIDADES EM OBRAS
2.3.6 Homologação e Adjudicação................................ 34 PÚBLICAS........................................................... 53
2.4. FASE CONTRATUAL............................................. 35 4.1 Irregularidades na Licitação................................. 55
2.4.1 Celebração dos contratos.................................... 36 4.2 Irregularidades no Contrato ................................ 57
2.4.2 Modalidades de garantia para obras e serviços.... 37 4.3 Irregularidades Relativas à Execução
2.4.3 Fiscalização.......................................................... 38 Orçamentária............................................................ 59
2.4.3.1 Gestor/fiscal do contrato................................... 38 4.4 Irregularidades Atinentes às Medições e aos
2.4.3.2 Fiscal da obra.................................................... 39 Pagamentos............................................................. 59
2.4.4 Registros de ocorrências e fiscalização das obras.....41 4.5 Irregularidades Concernentes ao Recebimento
2.4.5 Medições e pagamentos...................................... 41 da Obra.................................................................... 59
2.4.6 Recebimento das obras e serviços....................... 42 5. PRINCIPAIS NORMAS APLICÁVEIS ÀS OBRAS
2.4.7 Alterações contratuais.......................................... 43 E SERVIÇOS DE ENGENHARIA......................... 61
2.4.8 Subcontratação.................................................... 45
2.4.9 Responsabilidade civil.......................................... 45 6. SÍTIOS DA INTERNET ÚTEIS......................... 64
2.4.10 Reajustamento de preços................................... 45
2.4.11 Atualização financeira monetária......................... 46
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................. 66
2.4.12 Reequilíbrio econômico-financeiro...................... 46 ANEXO 1 – MODELOS DE DOCUMENTOS....... 68
2.5. FASE POSTERIOR À CONCLUSÃO DA OBRA..... 48
ANEXO 2 – GLOSSÁRIO..................................... 73
2.5.1 Garantia dos serviços executados........................ 48
COFOP | MANUAL DE OBRAS

1. PLANEJAMENTO
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Antes de iniciar uma obra ou serviço de engenha- Há duas formas de execução de obras públicas1:
ria, é necessário fazer um planejamento para:
• execução direta: a própria administração mu-
• identificar as necessidades da população do nicipal executa a obra, faz o gerenciamento e
município; fornece a mão-de-obra, os equipamentos e os
materiais necessários;
• ordenar as necessidades atribuindo priorida-
des, isto é, listar as necessidades de obras e • execução indireta: a administração municipal
serviços de engenharia em ordem crescente de faz licitação (concorrência, tomada de preços,
prioridade, de acordo com o interesse público; etc.) para contratar empresas que farão a exe-
• listar as obras e serviços prioritários no Plano cução da obra. Nesse caso, as empresas for-
Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orça- necem mão-de-obra, equipamentos e materi-
mentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual ais, enquanto a administração municipal faz o
(LOA); acompanhamento e a fiscalização. 9

Recomenda-se que cada município tenha um ór- No fluxograma a seguir são apresentadas, de mo-
gão ou departamento responsável pelo planejamento, do geral e em ordem sequencial, as etapas a cumprir
elaboração de projetos, orçamentos, especificações de durante o planejamento de uma obra pública:
serviços e materiais, acompanhamento e fiscalização
das obras ou serviços de engenharia. Essas atividades
devem ser desenvolvidas por profissionais cadastra-
dos nos respectivos conselhos profissionais: enge-
nheiros(as) registrados(as) no Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR) ou ar-
quitetos(as) registrados(as) no Conselho de Arquitetura 1
Lei Federal n.º 8.666/1993, art. 10, incisos I e II, redação dada pela
e Urbanismo (CAU/PR). Lei Federal n.º 8.883/94
Programa de Recursos
Programa de Obras do Governo Orçamentários/ Estudos Iniciais
Necessidades Atender:
PPA - LDO - LOA Convênios

Escolha do Terreno
A Sondagem

Viabilidade
B Técnica

Viabilidade Econômica
C e Ambiental

Anteprojeto arquitetônico,
D anteprojetos complementares,
respectivas ARTs
*O projeto Executivo pode ser
realizado concomitantemente com
a execução física do objeto, ou seja,
após a licitação

Processo Licença ambiental


Projeto Básico Projeto Executivo*
Administrativo prévia (LP)

Projeto arquitetônico (pranchas de


1 situação, estatística, plantas, cobertura,
cortes, elevações)

Projetos complementares (estrutural,


2 fundações, elétrico, telefônico, hidráulico,
sanitário, drenagem, pluvial, SPDA, etc.)

3 Memorial descritivo

4 Especificações técnicas
- Planilha de Custos e Serviços;
- Composição de Custo Unitário;
- Cronograma Físico-Financeiro; 5 Orçamento
- BDI (Benefícios e Despesas Indiretas)
6 ART/RRT de projetos e do orçamento

7 Alvarás

8 Licença ambiental de instalação


COFOP | MANUAL DE OBRAS

2. LICITAÇÃO
COFOP | MANUAL DE OBRAS

De modo geral, as licitações são regidas pela Lei Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) regidas
Federal n.º 8.666/1993 que regulamentou o art. 37, pela Lei Federal n.º 12.462/2011, as quais serão de-
inciso XXI, da Constituição Federal e instituiu normas talhadas em manuais específicos.
para licitações e contratos da Administração Pública.
No fluxograma a seguir, são apresentadas, de
Há situações específicas de licitações de Parce- modo geral e em ordem sequencial, as etapas a se-
rias Público-Privadas (PPPs) regidas pela Lei Federal rem cumpridas para a adequada execução indireta
n.º 11.079/2004 e de licitações segundo o Regime de uma obra pública:

FASE PRELIMINAR FASE POSTERIOR À


À LICITAÇÃO CONTRATAÇÃO
- Programa de necessidades - Garantia dos serviços
do Município executados
- Escolha do terreno - Manutenção
- Estudo de Viabilidade
- Anteprojeto

FASE INTERNA FASE EXTERNA FASE CONTRATUAL


DA LICITAÇÃO DA LICITAÇÃO
- Celebração do contrato
- Processo administrativo - Comissão de licitação - Emissão de ordem de serviço
- Licenciamento ambiental - Publicação do edital - Registro de ocorrências e
- Projeto básico - Recebimento das propostas fiscalização
- Especificações técnicas - Procedimentos da licitação - Medições e pagamentos
- Planilha orçamentária - Homologação e adjudicação - Recebimento da obra
- Cronograma físico-financeiro
- Edital de licitação
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Na sequência são feitas considerações sobre ca-


da uma destas etapas.

2.1 FASE PRELIMINAR À LICITAÇÃO


É de suma importância que as etapas anteriores
à licitação da obra sejam criteriosamente cumpridas,
tendo em vista que terão papel determinante na toma-
da da decisão de licitar. Elas têm o objetivo de identi-
ficar necessidades, estimar recursos e escolher a me-
lhor alternativa para atender os anseios da sociedade.
14
2.1.1 Programa de necessidades do
município
Antes de iniciar qualquer empreendimento, o mu-
nicípio deve elaborar um programa de necessidades,
com:
a) Relação de suas principais carências, definindo
o universo de ações e os empreendimentos que de-
verão ter estudos de viabilidade.
b) Ordenamento das principais carências, de mo-
do a definir a prioridade de atendimento.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

c) Estabelecimento das características básicas de d) Estimativa da área de influência de cada em-


cada empreendimento, como: preendimento, levando em conta a população e a re-
gião a serem beneficiadas.
• fim a que se destina;
• características dos futuros usuários (idade, ati- e) Observância das restrições legais e sociais re-
vidade, etc.); lacionadas com o empreendimento em questão, con-
siderando o plano diretor e o código de obras do mu-
• em caso de edificação: programa arquitetônico, nicípio.
isto é, lista dos cômodos, estimativa de suas
áreas, padrões de acabamento desejados, equi- f) Estimativa do custo do empreendimento com a
pamentos e mobiliários a serem utilizados, etc. elaboração de um orçamento estimativo. Para tanto,

15
COFOP | MANUAL DE OBRAS

multiplica-se a estimativa de área (em m²) do em- 2.1.2 Escolha do terreno


preendimento pelo custo por metro quadrado, que
pode ser obtido no sítio eletrônico do Sinduscon-PR Antes do estudo de viabilidade e dos projetos,
(http://www.sinduscon-pr.com.br/; link para CUB - deve-se fazer a escolha do terreno para a obra, com
Custo Unitário Básico) ou em revistas especializadas, os seguintes critérios:
em função do tipo de obra. Desta forma, obtém-se a
a) Além da edificação, devem-se considerar as
ordem de grandeza do orçamento da obra, a fim de se
áreas necessárias também para estacionamento, re-
viabilizar a dotação orçamentária necessária.
cuos em relação às divisas, ajardinamento e outras
Essa estimativa é válida apenas para a dotação exigências fixadas pela legislação municipal.
orçamentária: para realizar a licitação é necessário o
b) Infraestrutura disponível para realização da obra:
orçamento detalhado da obra e respectivo registro ou
vias de acesso, redes públicas de fornecimento de
anotação de responsabilidade técnica (ART ou RRT)
16 água, de coleta de esgoto, de drenagem pluvial e de
de seu autor.
energia elétrica.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

c) Disponibilidade de mão-de-obra e de materiais biental da obra, de forma a promover a adequação


na região. da obra ao meio ambiente. A análise social envolve o
exame dos benefícios e eventuais malefícios advindos
d) Condições topográficas: terreno plano ou ondula-
da implantação do empreendimento para as comuni-
do, mais alto ou mais baixo que as ruas adjacentes, etc.
dades envolvidas.
e) Tipo de solo: seco, alagado, profundidade do
Finalmente, o aspecto econômico corresponde à
lençol freático (água subterrânea), etc.
avaliação da relação custo/benefício envolvida na im-
f) Situação legal do terreno: identificação dos pro- plantação da obra, em face de outras obras públicas
prietários e verificação da existência de hipotecas ou que poderiam ser executadas, dos recursos disponíveis
pendências judiciais junto ao Cartório de Registro de e das necessidades da população do município.
Imóveis, de modo a se assegurar que o Poder Público
possa dispor do terreno.
17
Dependendo do tipo de empreendimento, será ne-
cessário obter licença prévia do órgão ambiental mu-
nicipal ou estadual.
1
2.1.3 Estudo de viabilidade
O estudo de viabilidade objetiva eleger o empreendi- 5
mento que melhor atenda ao programa de necessidades
sob os aspectos técnico, ambiental, social e econômico.
No aspecto técnico, devem ser avaliadas as alter-
nativas para a implantação do projeto. A questão am-
biental consiste no exame preliminar do impacto am-
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Concluídos os estudos e selecionada a alterna- O memorial descritivo não é apenas uma lista
tiva mais adequada, deve-se elaborar um relatório genérica de serviços básicos a serem executados,
com a descrição e a avaliação da opção selecionada, tampouco pode se restringir a comentários ou des-
suas características principais, os critérios, índices e crições sumárias. O memorial deve ser específico e
parâmetros empregados na sua definição, deman- primar por sua particularidade, mesmo porque se
das que serão atendidas com a execução e pré-di- presume que a área de estudo e o dimensionamen-
mensionamento dos elementos, isto é, estimativa do to foram detalhados, com incursões in loco. O me-
tamanho de seus componentes. morial deve, portanto, se ater e focar o objeto es-
pecífico e nele pormenorizar-se. Todos os elementos
2.1.4 Anteprojeto característicos do projeto devem estar indicados,
introduzidos, se possível, com ilustrações ou foto-
Dependendo do tipo de empreendimento, pode grafias recentes (datadas) das áreas dos serviços ou
18 ser necessária a elaboração de anteprojeto, que não intervenções locais. O memorial descritivo deve ser,
se confunde com o projeto básico da licitação. O an- também, justificativo, ou seja, além da descrição da
teprojeto deve ser elaborado em obras de maior porte obra, deve conter justificativa técnica e econômica.
e consiste na representação técnica gráfica da opção
O anteprojeto não é suficiente para licitar (exceto
aprovada no estudo de viabilidade. Deve ser apre-
no caso de regime de contratação integrada previsto
sentado em desenhos sumários, em número e escala
no Regime Diferenciado de Contratação regido pela
adequados para uma suficiente compreensão da obra
Lei n.º 12.462/2011), pois não possui todos os ele-
planejada, contemplando especificações técnicas, me-
mentos necessários para a completa caracterização
morial descritivo e orçamento preliminar2.

2

Orientação Técnica IBRAOP – OT IBR 004/2012
COFOP | MANUAL DE OBRAS

da obra, devido à ausência de alguns estudos que 2.2.1 Processo administrativo 3


serão conduzidos em fases posteriores. O anteproje-
to possibilita suficiente definição e conhecimento do O procedimento da licitação é iniciado com a
empreendimento, bem como o estabelecimento das abertura de processo administrativo, devidamente
diretrizes a serem seguidas quando da elaboração do autuado, protocolado e numerado, contendo a auto-
projeto básico. A documentação gerada nesta etapa rização para a licitação, a indicação sucinta do obje-
deve fazer parte do processo licitatório. to e a origem do recurso para a despesa.

Nos casos de reformas prediais e de manutenção A esse processo devem ser juntados todos os
em obras de infraestrutura, deve ser elaborado, previa- documentos gerados ao longo do procedimento li-
mente, laudo contendo o registro fotográfico e a des- citatório, inclusive memórias de cálculo e justificativas
crição da situação do bem a sofrer intervenção. Esses produzidas durante a elaboração dos projetos básico
documentos devem integrar o processo administrativo. e executivo.
19

2.2.2 Licenciamento ambiental


2.2 FASE INTERNA DA LICITAÇÃO
É indispensável verificar, antes da elaboração do
A contratação da obra é, normalmente, precedi- projeto básico, se é necessário licenciamento ambi-
da pela licitação. Em casos excepcionais, que serão ental para a obra em análise, conforme dispõem as
abordados adiante, pode ocorrer dispensa ou inexi- Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente
gibilidade de licitação e, nestas situações, o rigor e a (CONAMA) n.os 001/1986, 237/1997 e 412/2009 e a
atenção do Poder Público deverão ser ainda maiores Lei n.° 6.938/1981.
que nas situações comuns.

3
Art. 38 da Lei n.º 8.666/1993
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Quando necessário, deve ser elaborado o Estudo 2.2.3 Projeto básico 4 5 6 7 8


de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA), como partes integrantes do proje- O projeto básico pode ser elaborado por técnicos
to básico. do próprio órgão, situação em que deverá ser desig-
nado um responsável técnico a ele vinculado, com
Quando a licença ambiental for exigida, devem
ser obtidas três licenças diferentes: 4

Art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei n.º 8.666/1993.
• LP - licença prévia (antecede a licitação e a ela- 5
Segundo o Acórdão n.º 353/2007 do TCU. Relator: Ministro Augusto
boração do projeto básico); Nardes:
5. [...] Além disso, é bom lembrar que, nos exatos termos do art. 7º, §
• LI - licença de instalação (antes do início da exe- 6º, da Lei 8.666/1993, são nulos de pleno direito os atos e contratos
cução da obra); derivados de licitações baseadas em projeto incompleto, defeituoso ou
obsoleto, devendo tal fato ensejar não a alteração do contrato visando
20 • LO - licença de operação (antes do início de fun- à correção das imperfeições, mas sua anulação para realização de
cionamento do empreendimento). nova licitação, bem como a responsabilização do gestor faltoso.
6
Art. 13º da Lei n.º 5.194/1966.
Quando o licenciamento ambiental for exigido, 7
Acórdão n.º 1.387/2006 – Plenário quesito 9.1.3. Relator: Ministro
considera-se que são irregularidades graves: Walton Alencar Rodrigues. Brasília, 9 ago. 2006
• A contratação de obras com base em projeto 8
Acórdão n.º 644/2007-Plenário. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
básico elaborado sem a existência da licença Brasília, 18 abr. 2007:
9.4. determinar à [...] que:[...]
prévia;
9.4.14. adote providências para que as correções do projeto básico
• O início de obras sem a devida licença de ins- determinadas no item 9.4. deste Acórdão sejam realizadas, com sua
supervisão, pela empresa [...], sem ônus para a [...], tendo em vista
talação; que visa a corrigir a execução defeituosa do contrato [...];
9.4.15. avalie, de acordo com os termos do contrato mencionado no
• O início das operações do empreendimento
item anterior, a possibilidade de aplicar sanção à empresa contratada
sem a licença de operação. [...], tendo em vista a comprovada execução defeituosa dele;
COFOP | MANUAL DE OBRAS

registro no CREA ou no CAU, que efetuará a ano- O edital da licitação para contratação do projeto
tação ou o registro de responsabilidade técnica (ART básico deverá conter, entre outros requisitos, o orça-
ou RRT) referente ao projeto. mento estimado dos custos do projeto e seu crono-
grama de elaboração.
Se o órgão não dispuser de corpo técnico espe-
cializado para a elaboração dos projetos ou se esse Quando o projeto básico for constituído de vários
corpo não receber tal encargo, deverá ser procedida projetos complementares (estrutural, elétrico, hidráu-
licitação anterior para contratar empresa ou profis- lico, etc.), é responsabilidade da Administração
sional para elaborar o projeto básico (ou uma licitação Pública garantir a sua compatibilização, mesmo
para cada projeto componente: arquitetônico, estru- quando contratados junto a terceiros.
tural, elétrico, etc.).

21
COFOP | MANUAL DE OBRAS

O projeto básico deve: Uma vez elaborados os projetos que compõem o


projeto básico (arquitetônico, estrutural, elétrico, hidráu-
• abranger toda a obra;
lico, etc.), devem ser providenciadas as aprovações
• incluir o orçamento9 detalhado do custo global pelos órgãos competentes, como Prefeitura Municipal
da obra, fundamentado em quantitativos de (Secretaria de Urbanismo ou similar, se for o caso), Cor-
serviços e fornecimentos propriamente avali- po de Bombeiros, concessionárias de serviços públicos
ados; (energia, telefonia, saneamento, entre outras) e enti-
• ser suficientemente detalhado para que o ob- dades de proteção sanitária e ambiental.
jeto da licitação seja completamente conheci- O projeto básico deve ser aprovado por autoridade
do de modo a permitir comparação coerente competente do órgão, nos termos do art. 7.º, § 2.º,
entre as propostas dos vários licitantes; inciso I da Lei n.º 8.666/1993.
22 • atender os requisitos estabelecidos pela Lei De posse dessas aprovações, deve ser providen-
das Licitações10 e pela Resolução n.º 04/2006 ciado o alvará de construção.
TCE-PR11;
A aprovação dos projetos nos órgãos com-
• conter, no mínimo, os elementos previstos petentes pode ser realizada pelos seus autores ou
na Resolução n.º 04/2006 TCE-PR e listados não, dependendo do que for fixado em contrato.
na Orientação Técnica OT-IBR 001/2006 do Em qualquer dos casos, as eventuais modificações
Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públi- necessárias à aprovação dos projetos são de res-
cas - IBRAOP; ponsabilidade dos autores destes. A aprovação dos
projetos não exime seus autores das responsabili-
9
Orientação Técnica IBRAOP – OT IBR 004/2012 dades estabelecidas pelas normas, regulamentos e
10

Art. 6º, inciso IX, da Lei n.º 8.666/1993. legislação pertinentes às atividades profissionais.
11

Art 5º, inciso II da Resolução n.º 04/2006 do TCE-PR
COFOP | MANUAL DE OBRAS

2.2.4 Especificações técnicas 2.2.5 Planilha orçamentária


O caderno de especificações técnicas é o docu- O orçamento-base da licitação precisa ser deta-
mento que caracteriza todos os materiais, equipamen- lhado e tem como principal objetivo servir de parâme-
tos e serviços a serem utilizados no desenvolvimento da tro para a Administração definir os critérios de aceita-
obra. A caracterização deve ser feita de modo individual: bilidade de preços unitários e global no edital, sendo a
materiais, equipamentos e sistemas construtivos envol- principal referência para a análise das propostas das
vidos e os métodos de execução. Devem ser indicados empresas licitantes.
todos os critérios e parâmetros a serem adotados nas
O preço final estimado da obra é dado pela soma
medições para cada tipo de serviço, a partir dos itens
dos custos diretos com a Taxa de Benefícios e Des-
constantes na planilha orçamentária, ou seja, para cada
pesas Indiretas (BDI), que engloba os custos indire-
serviço deve corresponder, inequivocamente, uma espe-
tos (custos administrativos, impostos, etc.) e o lucro
cificação técnica e uma forma de medição e pagamento. 23
do construtor. A composição do BDI deve ser apre-
As especificações técnicas não podem reproduzir sentada, preferencialmente, citando a fonte oficial ou
literalmente catálogos de determinado fornecedor ou o Acórdão do TCU utilizado como referência.
fabricante, uma vez que devem permitir alternativas
As principais etapas de elaboração de orçamen-
de fornecimento. Seu conteúdo deve definir, ainda, as
tos de obras públicas são:
condições de aceitação de produtos similares, evitan-
do que uma única marca seja aceitável. • apropriação dos serviços necessários e suas
quantidades com base no projeto básico;
Em situações excepcionais, quando a referência de
marca ou modelo for indispensável para a perfeita carac- • apuração do custo unitário de cada um dos
terização do material ou equipamento, a especificação serviços;
deverá conter obrigatoriamente expressões como: “ou • apuração do BDI e
similar”, “ou equivalente”, “ou de melhor qualidade”.
• cálculo do preço final da obra.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Em relação aos custos unitários dos insumos e posições dos custos unitários da tabela do Sistema
serviços, o Decreto Federal n.º 7.983/2013 estabe- de Custos de Obras Rodoviárias (SICRO), cujas ma-
lece regras e critérios para a elaboração do orçamen- nutenção e divulgação estão a cargo do Departamen-
to de referência de obras e serviços de engenharia to Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
contratados e executados com recursos dos orçamen-
Quando não forem encontrados no SINAPI e no
tos da União.
SICRO, poderão ser adotados custos unitários de
Da mesma forma, as Resoluções Conjuntas Se- outras tabelas de referência formalmente aprovadas
cretaria de Infraestrutura e Logística/Paraná Edifica- por órgão ou entidade da administração pública e,
ções (SEIL/PRED) estabelecem Tabelas de Referência a título de complementação, podem ainda ser uti-
de Custos para obras e serviços de edificações a se- lizadas revistas técnicas especializadas e pesquisas
rem contratadas e executadas pelos órgãos da admi- no mercado local. É fundamental que as fontes de
nistração estadual. consulta sejam indicadas na memória de cálculo do
24
orçamento, fazendo parte da documentação do pro-
O custo de referência de obras e serviços de en-
cesso licitatório.
genharia, exceto os serviços de obras de infraestru-
tura de transporte, pode ser obtido a partir de com- No caso de insumo ou serviço cujo preço não seja
posições de custos unitários menores ou iguais à contemplado pelos sistemas referenciais de custos
mediana de seus correspondentes nos custos unitári- disponíveis para consulta, pode-se realizar pesquisa
os de referência do Sistema Nacional de Pesquisa de de mercado, procedimento previsto no Decreto n.º
Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), gerido 7983/2013.
pela Caixa Econômica Federal (CEF) e pelo Instituto
O valor do BDI deve ser avaliado para cada caso,
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
uma vez que seus componentes variam em função
No caso de obras de infraestrutura de transportes, do local, do tipo de obra e da própria composição
o custo de referência pode ser obtido a partir das com- orçamentária.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

O orçamento deve ser elaborado por profissional O cronograma servirá ainda como um balizador
habilitado, com recolhimento de ART ou RRT da plani- na fase de análise das propostas das empresas lici-
lha orçamentária que fixará o Preço Máximo adotado tantes e, após o início das obras, sempre que o prazo
na licitação. Se o orçamento for alterado antes da lici- e suas etapas de execução forem alterados, o crono-
tação, deverá ser efetuado o registro de ART ou RRT grama físico-financeiro deverá ser readequado, de
complementar de orçamento, pelo mesmo profissional, modo que continue a refletir as condições reais do
ou o recolhimento de uma nova ART ou RRT, caso se empreendimento.
trate de outro profissional.
As composições de custos unitários devem estar 2.2.7 Projeto executivo
disponíveis detalhadamente no orçamento-base da
licitação. Concluído o projeto básico, a Administração deve
providenciar o projeto executivo. Este projeto deve
No orçamento-base de uma licitação, as quanti- conter todos os elementos necessários à realização do 25
dades de materiais e serviços devem ser expressas empreendimento com nível máximo de detalhamento
em unidades objetivas compatíveis (m, m², m³, h, etc.); de suas etapas. Para a execução desse projeto, deve-
não devem ser utilizadas unidades genéricas como: se conhecer profundamente o local de execução da
verba, conjunto, global, ponto, etc.. obra e todos os fatores específicos necessários à sua
construção.
2.2.6 Cronograma físico-financeiro
Conforme a Lei 8.666/1993, o projeto executivo
O projeto básico deve conter, também, um crono- deve ser elaborado após o projeto básico e antes do
grama físico-financeiro com as despesas mensais início da obra. Porém, em situações excepcionais e
previstas ao longo da execução da obra ou serviço. mediante autorização expressa da Administração, este
Esse cronograma auxiliará na estimativa dos recursos projeto pode ser desenvolvido concomitantemente à
necessários ao longo de cada etapa ou de cada exer- realização do empreendimento. É importante salien-
cício financeiro.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

tar que, caso a Administração decida licitar apenas 2.2.9 Edital de licitação 13
com o projeto básico, esse deve representar exata-
mente o determinado no art. 6º, inciso IX, da Lei n° O edital de licitação é o documento que contém
8.666/1993: deve ser completo, adequado e suficiente as determinações e posturas específicas para deter-
para permitir a elaboração das propostas do certame minado procedimento licitatório e deve obedecer à le-
licitatório e a escolha da proposta mais vantajosa para gislação em vigor.
a Administração.
O preâmbulo do edital deve informar:
• número de ordem em série anual (por exemplo:
2.2.8 Recursos orçamentários para o 1/2015, 2/2015, etc.);
empreendimento
• nome do órgão interessado;
É indispensável que a Administração Municipal • forma de execução (por exemplo: indireta);
26
preveja os recursos orçamentários para o pagamento
das obrigações decorrentes de obras ou serviços a • regime de execução (por exemplo: empreitada
serem executados no curso do exercício financeiro, por preço global, empreitada por preço unitário,
de acordo com o cronograma físico-financeiro pre- etc.);
sente no projeto. No caso de empreendimento cuja • modalidade da licitação (por exemplo: tomada
execução ultrapasse um exercício financeiro, a Admi- de preços, concorrência, etc.).
nistração não poderá iniciá-lo sem a prévia inclusão
no Plano Plurianual ou lei que autorize sua inclusão, • tipo de licitação (por exemplo: menor preço,
sob pena de crime de responsabilidade12. melhor técnica, etc.)

12
Art. 7º, § 2º, inciso IV, da Lei n.º 8.666/1993, combinado com o
§1º do art. 167 da Constituição Federal. 13
Art. 21, § 4º, da Lei n.º 8.666/1993
COFOP | MANUAL DE OBRAS

No texto do edital deve ficar explícito: As minutas dos editais de licitação, bem como as
dos contratos, aditivos, acordos, convênios ou ajus-
• que a licitação será regida pela Lei n° 8.666/1993;
tes, devem ser previamente examinadas e aprovadas
• local e prazo (data e horário) para recebimento pela assessoria jurídica da Administração.
de propostas e documentação comprobatória;
Os seguintes elementos constituem anexos do
• local, data e horário da abertura das propostas; edital e devem integrá-lo:
• informações exigidas nos incisos do art. 40 da • projeto básico e/ou executivo, com todas as
Lei n° 8.666/1993 (tais como descrição sucin- suas partes, desenhos, especificações e outros
ta e clara do objeto, prazo e condições para complementos;
assinatura do contrato, prazo para execução
• orçamento detalhado em planilhas de quanti-
do contrato e para entrega do objeto, sanções
tativos e preços unitários e suas composições;
para o caso de inadimplemento, local onde po- 27
derá ser examinado e adquirido o projeto bási- • minuta do contrato a ser firmado entre a Ad-
co, condições para participação na licitação, ministração e o licitante vencedor;
forma de apresentação das propostas, critério
• especificações complementares e normas de
para julgamento, critério de aceitabilidade dos
execução pertinentes à licitação.
preços unitário e global, critério de reajuste, con-
dições de pagamento, condições de recebimen- Para proteção da Administração, é recomendável
to do objeto). que o edital fixe a forma e o valor da garantia con-
tratual e o seu prazo de recolhimento pelo licitante
A Lei 8.666/1993 determina que o edital do cer-
vencedor (Lei n.º 8.666/1993, art. 56).
tame apresente em seu corpo os critérios a serem uti-
lizados no julgamento das propostas, com disposições
claras e parâmetros objetivos.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

2.2.10 Modalidades de licitação 14 15


O edital deve definir a modalidade da licitação con- tação, pois quanto mais complexa a obra ou serviço
forme o estabelecido no art. 22 da Lei n° 8.666/1993: a ser contratado, maiores devem ser as exigências de
convite, tomada de preços, concorrência, concurso. habilitação. Ainda deve ser levado em conta o valor to-
tal estimado para o empreendimento 16 17 de acordo
A complexidade da obra deve ser levada em con-
com a tabela a seguir:
sideração quando da definição da modalidade da lici-

Tabela 1: Modalidades de licitação, valores e prazos.

Prazo mínimo
Modalidade Enquadramento/ Exigências
de publicação
28

Convite Valor até R$ 150.000,00 5 dias úteis


Tomada de Preços Valor até R$ 1.500.000,00 15 ou 30 dias*
Concorrência Valor acima de R$ 1.500.000,00 30 ou 45 dias**
Concurso Apenas para trabalho técnico, científico ou artístico. 45 dias.

* 30 dias quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”; para os demais casos: 15 dias.
** 45 dias quando o contrato contemplar o regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo “melhor
técnica” ou “técnica e preço”; para os demais casos: 30 dias.

14 16
Art. 23, inciso I, da Lei n.º 8.666/1993. Art. 23, inciso I, da Lei n.º 8.666/1993.
15 17
Art 43, inciso IV da Lei n.º 15.608/2007 do Estado do Paraná. Art 43, inciso IV da Lei n.º 15.608/2007 do Estado do Paraná.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

No caso de convite, existe entendimento do TCU 2.2.11 Cuidados no parcelamento e


que determina:
fracionamento da licitação
[...] na hipótese de não ser atingido o mínimo legal
de três propostas válidas da realização de licitação A Lei n° 8.666/1993 dispõe, em seu art. 23,
na modalidade convite, justifique expressamente, nos que sempre que possível, as obras e serviços con-
termos do art. 22 §7º, da Lei n.º 8.666/1993, as cir- tratados pela Administração devem ser parcelados
cunstâncias impeditivas da obtenção do número de em tantas etapas quantas se comprovarem técnica
três licitantes devidamente qualificados sob pena de e economicamente viáveis, com vistas ao melhor
repetição do certame com a convocação de outros aproveitamento dos recursos disponíveis no merca-
possíveis interessados18. do e à ampliação da competitividade sem perda da
economia de escala.
É admitida a contratação direta para obras e
serviços de engenharia de valor até 10% (dez por A Administração deve proceder ao parcelamento 29
cento) do limite previsto para a modalidade Convite, do objeto em lotes, sempre que a natureza da obra,
desde que não se refiram a parcelas de uma mesma serviço ou compra for divisível, com objetivo de propi-
obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da ciar a ampla participação dos licitantes, devendo as
mesma natureza e no mesmo local que possam ser exigências quanto à sua habilitação serem proporcio-
realizadas conjunta e concomitantemente (art. 24, Lei nais ao parcelamento. Por exemplo, se o objeto for
n.º 8.666/1993). construção de calçadas (passeios) com técnicas di-
ferentes (lajotas, paver, concreto in loco, CBUQ, etc.),
o edital deve parcelar o objeto em lotes, um para cada
técnica, de modo que cada concorrente possa apre-
sentar propostas para um ou mais lotes, de acordo
18
Acórdão n.º 262/2006 – 2ª Câmara. Relator: Ministro Walton Alencar com sua especialidade.
Rodrigues. Brasília, 21 fev. 2006
COFOP | MANUAL DE OBRAS

No caso de parcelamento em lotes, a modalidade 2.2.12 Regime de execução


de licitação de cada uma das parcelas deve ser aque-
la que seria utilizada caso houvesse a contratação O edital de licitação deve definir qual será o re-
única, isto é, a escolha da modalidade deve ser feita gime de execução da obra ou serviço, dentre os elen-
em função do valor total de todas as contratações do cados na Lei n° 8.666/1993:
edital. O artifício ilícito de desmembramento do ob- • empreitada por preço global: quando se contra-
jeto com intenção de utilizar modalidade de licitação ta a execução da obra ou do serviço por preço
inferior à aplicável para o objeto em sua totalidade é certo e total;
chamado de fracionamento e não é permitido.
• empreitada por preço unitário: quando se con-
É importante observar que uma obra deve ser trata a execução da obra ou do serviço por pre-
licitada de modo global, com anterior previsão orça- ço certo de unidades determinadas;
mentária para todos os serviços envolvidos até o re-
30 • tarefa: quando se ajusta mão-de-obra para
cebimento final do empreendimento, de modo que
pequenos trabalhos por preço certo, com ou
seja útil aos usuários. Por exemplo, não é aceitável
sem fornecimento de materiais;
licitar apenas a fundação de uma edificação; a obra
deve ser licitada em seu todo: fundação, estrutura, • empreitada integral: quando se contrata um em-
alvenarias, esquadrias, instalações, cobertura, aca- preendimento em sua integralidade, compreen-
bamentos, etc. dendo todas as etapas das obras, serviços e
instalações necessárias, sob inteira responsabi-
Nos casos de parcelamento do objeto, deve ficar lidade da contratada até a sua entrega ao con-
clara a atribuição de responsabilidade de cada lote tratante em condições de entrada em operação,
para o caso de eventuais defeitos de construção. atendidos os requisitos técnicos e legais para sua
utilização em condições de segurança estrutural
e operacional e com as características adequa-
das às finalidades para que foi contratado.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

2.2.13 Tipos de licitação 2.2.14 Dispensa ou inexigibilidade de


O edital deve estabelecer o tipo de licitação:
licitação

• menor preço (vence o licitante cuja Toda contratação de obra pública


proposta estiver de acordo com tem como regra a prévia realização
as especificações do edital de licitação. Esta poderá deixar
ou convite e que ofertar o de existir somente nos casos
menor preço); de inexigibilidade19, quando é
impossível a competição, ou
• melhor técnica; no caso de dispensa20.
• técnica e preço. Nas situações de ine-
Os tipos de licitação xigibilidade ou de dispen- 31
“melhor técnica” ou “técni- sa, nas quais ocorre con-
ca e preço” devem ser uti- tratação direta, o rigor e a
lizados exclusivamente para atenção do Poder Público
serviços de natureza predomi- deverão ser ainda maiores
nantemente intelectual, em es- que nas situações comuns.
pecial na elaboração de projetos, A Dispensa pode ocorrer quan-
cálculos, fiscalização, supervisão e do é possível realizar uma licitação, mas
gerenciamento e de engenharia consulti- esta não é utilizada porque seu emprego re-
va em geral e, em particular, para a elaboração de
estudos técnicos preliminares e projetos básicos e
executivos.
19
Art. 25 da Lei n.º 8.666/1993.
20
Art. 24 da Lei n.º 8.666/1993.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

presentaria, devido às circunstâncias, risco real de


adoção de solução afastada das condições mais fa-
2.3. FASE EXTERNA DA LICITAÇÃO
voráveis para a Administração. É a fase que se inicia após a publicação do edital
A Inexigibilidade pode ocorrer quando houver in- de licitação e termina com a assinatura do contrato
viabilidade de competição. para execução da obra.

Não se deve confundir a contratação direta (sem


licitação), com discricionariedade plena da Adminis- 2.3.1 Comissão de Licitação
tração em escolher um contratado. Mesmo nestes A Comissão de Licitação deve promover o cor-
casos permanecem aplicáveis os princípios básicos reto andamento do procedimento licitatório e será
que norteiam os procedimentos administrativos: composta por membros aptos às atribuições do car-
• a seleção estará sujeita a instrução documen- go, pois estes elaboram, publicam e divulgam o edital
32 de licitação, prestam esclarecimentos aos licitantes,
tal peculiar;
recebem e analisam as propostas.
• a contratação deverá ser justificada e ter fun-
damentação, a qual deverá ser objetiva; Seja permanente ou especial, a Comissão de
Licitação deve ser composta por, no mínimo, três
• permanece a obrigatoriedade de realizar a con- membros, sendo pelo menos dois deles servidores
tratação mais vantajosa. qualificados pertencentes aos quadros permanentes
Nos casos de Dispensa ou Inexigibilidade de lici- do Município.
tação, devem constar do processo administrativo, No caso de Convite, a comissão poderá, excep-
obrigatoriamente, pareceres técnicos e jurídicos justi- cionalmente, ser substituída por servidor formalmente
ficando e fundamentando a legalidade e o cabimento. designado pela autoridade competente.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

De acordo com o § 4.º do art. 51 da Lei n.º • no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Fe-
8.666/1993, “a investidura dos membros das Comis- deral, quando se tratar, respectivamente, de
sões Permanentes não excederá a 1 (um) ano, ve- licitação feita por órgão ou entidade da Admi-
dada a recondução da totalidade de seus membros nistração Pública Estadual ou Municipal, ou do
para a mesma comissão no período subsequente”. Distrito Federal;
Por serem responsáveis pelos atos pertinentes • em jornal diário de grande circulação no Es-
à licitação, análise de propostas, publicações, divul- tado e também, se houver, em jornal de cir-
gação de resultados, homologações e contratações, culação no Município ou na região onde será
os membros das comissões de licitação respondem realizada a obra.
solidariamente por todos os atos praticados pela co-
No caso de Convite, a Administração deve afixar,
missão, salvo se posição individual divergente estiver
em local apropriado, cópia do instrumento convoca-
devidamente fundamentada e registrada em ata lavra-
tório. 33
da na reunião em que tiver sido tomada a decisão.

2.3.3 Recebimento das propostas


2.3.2 Publicação do edital de licitação
São estabelecidos os prazos mínimos para o
É obrigatória a publicação de avisos com o resu- recebimento das propostas dos licitantes, variando
mo dos editais das licitações com antecedência, na conforme a modalidade de licitação21, como pode ser
sede do órgão interessado e, pelo menos, por uma observado na tabela 2 a seguir:
vez:
• no Diário Oficial da União, quando se tratar de
obras financiadas parcial ou totalmente com re-
cursos federais (convênios) ou garantidas por
instituições federais; 21
Lei n° 8.666/1993, § 2º do art. 21
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Tabela 2: Modalidades de licitação, prazos para recebimento de propostas

Modalidade Tipo ou regime Prazo

Quando o contrato contemplar o regime de


empreitada integral ou quando a licitação for 45 dias
Concorrência do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”.
————————————————————— ————————
Nos casos não especificados no item anterior. 30 dias
Quando a licitação for do tipo “melhor técnica”
30 dias
34 ou “técnica e preço”.
Tomada de preços
————————————————————— ————————
Nos casos não especificados no item anterior. 15 dias
Convite — 5 dias úteis
Concurso — 45 dias

2.3.4 Procedimentos da licitação Devem ser abertos e analisados os envelopes


contendo a documentação referente à habilitação e,
A Lei n° 8.666/1993, em seu art. 43, define a cor- somente após apurar as empresas habilitadas, de-
reta sequência de procedimentos após o recebimen- vem ser abertos os envelopes contendo as propos-
to das propostas. tas de preços das empresas habilitadas.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

A verificação de habilitação é basicamente a ava- 2.3.5 Critérios de julgamento


liação e verificação do cumprimento por parte das
O Edital deve conter em seu corpo os critérios a
empresas licitantes dos requisitos e especificações
serem utilizados no julgamento das propostas, com
do edital. Nesta análise, a Comissão deve verificar
disposições claras e parâmetros objetivos.
atentamente a validade das certidões apresentadas
e também a existência de indícios de irregularidades, O critério mais comum de julgamento é a avali-
fraudes ou acordos entre as empresas participantes do ação do preço global da proposta, porém ele, por si
certame. As propostas que não atendam às condições só, não é suficiente para garantir a escolha da propos-
do edital de licitação devem ser desclassificadas. ta mais vantajosa para a Administração. Para isso, é
necessário que seja previsto o controle dos preços
Para a habilitação nas licitações exige-se dos in-
unitários de cada item da planilha e que se estabeleça
teressados, exclusivamente, documentação relativa
o critério de aceitabilidade desses valores.
à habilitação jurídica, à qualificação técnica, à qualifi-
35
cação econômico-financeira, à regularidade fiscal e ao Os critérios de aceitabilidade de preços unitários,
cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7° da com a fixação de preços máximos, é obrigação do
Constituição Federal (“proibição de trabalho noturno, gestor.
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de
Deve ser feita a análise detalhada da composição
qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo
da taxa de BDI, devido à possibilidade de estarem in-
na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”).
cluídas parcelas indevidas ou itens em duplicidade, o
Os documentos necessários à habilitação podem que conduziria ao superfaturamento.
ser apresentados em original, em cópia autenticada
por cartório competente ou autenticada por servidor
da Administração.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

01 Comissão de Licitação

Publicação do resumo do edital 02

2.3.6 Homologação e Adjudicação 03 Recebimento das propostas

A homologação e a adjudicação somente podem


ocorrer após o prazo legal para possíveis recursos.
Fase da habilitação 04
A homologação é o ato administrativo em que a Fase recursal com efeito

autoridade superior reconhece a legalidade do proce- 05 suspensivo até a decisão


do recurso
dimento licitatório e declara válido todo o certame. Essa
06
Abertura dos envelopes de
36 declaração implica não haver óbice à contratação. preços - fase da classificação

A adjudicação é o ato administrativo posterior à Fase recursal com efeito


homologação, por meio do qual a autoridade compe- 07 suspensivo até a decisão
do recurso
tente, depois de verificada a legalidade da licitação,
atribui ao licitante vencedor o objeto da licitação. Declaração da licitante
vencedora 08
Ao lado é apresentado um fluxograma que resume
os passos da fase externa de uma licitação típica: 09 Homologação / Adjudicação

Assinatura do contrato 10

11 Ordem de serviço
COFOP | MANUAL DE OBRAS

2.4. FASE CONTRATUAL


Esta fase se inicia com a assinatura do contrato
e se encerra com o recebimento da obra.
O contrato é o instrumento hábil e necessário para
dirimir quaisquer dúvidas, elencar direitos, atribuir res-
ponsabilidades e firmar demais cláusulas necessárias
ao bom andamento da obra, tais como: garantias, se-
guros, prazo de execução, prazo de vigência do con-
trato, critérios de reajustamento e de recebimento.
O contrato deve estabelecer com clareza as con-
dições para sua execução, em conformidade com os 37
termos da licitação e da proposta a que se vinculam.
O contrato deve conter os nomes das partes (de modo
geral, o Poder Público e a empresa contratada) e os
de seus representantes (Lei n.º 8666/1993, art. 61), a
finalidade, o ato que autorizou a sua lavratura, o núme-
ro do processo da licitação (da dispensa ou da inexigi-
bilidade, se for o caso), a sujeição dos contratantes às
normas da Lei n° 8.666/1993 e às cláusulas contratu-
ais. De acordo com a Resolução n.º 04/2006 TCE-PR
(art. 5.º, inciso V, alíneas b, c), são obrigatórias as desig-
nações do gestor (ou fiscal) do contrato e do fiscal
da obra (profissional cadastrado no CREA ou no CAU).
COFOP | MANUAL DE OBRAS

O contrato deve conter, no mínimo, as cláusulas • vinculação ao edital de licitação e à proposta do


listadas no art. 55 da Lei n° 8.666/1993: licitante vencedor;
• objeto e seus elementos característicos; • legislação aplicável à execução do contrato e
• regime de execução; especialmente aos casos omissos;

• preço e as condições de pagamento; • obrigação do contratado de manter, durante


toda a execução do contrato, em compatibi-
• critérios, data-base e periodicidade do reajus-
lidade com as obrigações por ele assumidas,
tamento de preços;
todas as condições de habilitação e qualifica-
• critérios de atualização monetária; ção exigidas na licitação.
• prazos de início de etapas de execução, de con- Após a assinatura do contrato, a Administração
clusão, de entrega, de observação e de recebi- deve emitir uma Ordem de Serviço autorizando a
38 mento definitivo; empresa vencedora da licitação a iniciar a execu-
• crédito pelo qual correrá a despesa, com a in- ção do objeto contratado. Esse documento marca o
dicação da classificação funcional programáti- início da obra ou serviço.
ca e da categoria econômica;
• garantias oferecidas para assegurar a plena exe- 2.4.1 Celebração dos contratos
cução;
Os contratos e seus aditamentos devem ser lavra-
• direitos e responsabilidades das partes; dos nos órgãos interessados, os quais manterão ar-
• penalidades cabíveis e valores de multas; quivo cronológico dos seus autógrafos e registro sis-
temático do seu extrato, de tudo juntando-se cópia
• casos de rescisão;
no processo que lhe deu origem.
• reconhecimento dos direitos da Administração,
em caso de rescisão administrativa;
COFOP | MANUAL DE OBRAS

É obrigatória a publicação do extrato (resumo) do “...cumpre à Administração Pública exigir do con-


contrato e seus eventuais aditamentos na imprensa tratado a apresentação dos comprovantes de reco-
oficial. Tal publicação é condição indispensável para lhimento mensal das contribuições feitas ao INSS dos
sua eficácia e deverá ser providenciada às custas da empregados que efetivamente trabalharam na obra,
Administração até o quinto dia útil do mês seguinte como também solicitar nas obras de construção civil
ao de sua assinatura, para ser publicada no prazo de a matrícula específica da obra junto ao INSS. Com
vinte dias daquela data. essa medida busca-se evitar futura responsabilização
solidária do ente público com a empresa contratada.”
É dever do contratado manter preposto, aceito pela
Administração, no local da obra ou serviço, para repre-
sentá-lo na execução do contrato. Deve, ainda, repa- 2.4.2 Modalidades de garantia para
rar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas obras e serviços
expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato
A Administração pode exigir prestação de garan- 39
em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções
tia nas contratações de obras e serviços, prevista no
resultantes da execução ou de materiais empregados.
Edital. A garantia poderá ser prestada em uma das
O contratado é responsável pelos danos causa- três modalidades a seguir:
dos diretamente à Administração ou a terceiros,
• caução em dinheiro ou títulos da dívida pública;
decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do
contrato, pois a fiscalização não o isenta desta res- • seguro-garantia;
ponsabilidade. É, ainda, responsável pelos encargos • fiança bancária.
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais re-
sultantes da execução do contrato. A garantia não deve exceder a 5% do valor do
contrato, exceto para obras e serviços de grande
Em relação aos encargos previdenciários, o vulto (veja a definição no Glossário do Anexo 2) en-
TCE-PR, visando à uniformização de jurisprudência volvendo alta complexidade e riscos financeiros con-
(Acórdão 1365/05 - TP), manifestou que:
COFOP | MANUAL DE OBRAS

sideráveis, desde que fundamentado e aprovado pela a) Verificar se, no seu desenvolvimento, estão
autoridade, que poderá ser de até 10% do valor do sendo cumpridos os termos do contrato, os projetos
contrato. e suas eventuais alterações previamente autorizadas,
especificações e demais requisitos;
A garantia prestada pelo contratado deverá
ser retida parcial ou totalmente pela Administra- b) Autorizar os pagamentos de faturas após rea-
ção em casos de inadimplemento pelo contrata- lização de medições devidamente atestadas;
do. Em caso contrário, a garantia deve ser liberada ou
c) Discutir a solução de problemas executivos,
restituída após a execução do contrato e, quando em
assim como participar de todos os atos que se fize-
dinheiro, atualizada monetariamente.
rem necessários para a fiel execução dos serviços
contratados.
2.4.3 Fiscalização A atividade de fiscalização é exercida pelo gestor/
40
A fiscalização é uma atividade que deve ser exer- fiscal do contrato e pelo fiscal da obra.
cida de modo sistemático pelo contratante (Poder
Público) e seus prepostos, objetivando a verificação
2.4.3.1 Gestor/fiscal do contrato
do cumprimento das disposições contratuais, técni-
cas e administrativas, em todos os seus aspectos. A De acordo com o prof. Rolf Bräunert22, o gestor/
função da fiscalização é exigir da contratada o cum- fiscal do contrato é um funcionário da Administração
primento integral de todas as suas obrigações con- (art. 84, Lei n.º 8.666/1993) designado pelo ordena-
tratuais, segundo procedimentos definidos no edital dor de despesa ou por quem este designar, com a
e no contrato e o estabelecido na legislação em vigor. atribuição de acompanhar e fiscalizar a execução do

A fiscalização dos serviços executados é de com-


petência e responsabilidade do órgão contratante, ao 22
Prof. Rolf Dieter Oskar Friedrich Bräunert (UFPR), no livro “Como ela-
qual caberá: borar editais e contratos para Obras e Serviços de Engenharia”, ed. JML.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

contrato, isto é, gerenciar o contrato administrativo • manter controles adequados e efetivos dos
desde a contratação até o término de sua vigência contratos sob sua gestão, dos quais cons-
ou do termo equivalente. tarão todas as ocorrências relacionadas com
a execução, inclusive o controle do saldo con-
Esse servidor acompanha de modo sistemático
tratual;
a execução do contrato, com a finalidade de verificar
o cumprimento das disposições contratuais, princi- • propor medidas que melhorem a execução do
palmente as jurídicas e administrativas. Sua desig- contrato, consideradas as recomendações do
nação deverá ser oficial, formalizada por documento controle interno do órgão.
próprio definindo suas atribuições e competências.
Constituem atribuições do gestor de contrato, 2.4.3.2 Fiscal da obra
entre outras:
Segundo o prof. Rolf Bräunert, o fiscal da obra
41
• quando da medição e pagamento, receber do é um profissional legalmente habilitado para atuar na
fiscal da obra as informações e documentos área específica em que se enquadram os serviços
pertinentes estabelecidos em contrato como contratados, necessariamente registrado no CREA
condição para pagamento dos serviços execu- ou no CAU, designado pelo ordenador de despesa ou
tados, atestar as notas fiscais e encaminhá-las por quem este designar, com a atribuição de acom-
à unidade competente para pagamento; panhar e fiscalizar a execução da obra ou serviço de
engenharia in loco.
• promover o adequado encaminhamento, à u-
nidade competente, das ocorrências contratu- Sua designação deve ser oficial, formalizada por
ais constatadas ou registradas pelo fiscal da documento próprio definindo suas atribuições e com-
obra para fins de alterações contratuais ou de petências. O fiscal da obra tem a função operacional
aplicação de penalidades e demais medidas de acompanhar e fiscalizar a execução do objeto do
pertinentes; contrato (obra ou serviço de engenharia), relatando os
COFOP | MANUAL DE OBRAS

fatos à autoridade competente, anotando as ocorrên- • acompanhar a execução contratual, informan-


cias em registro próprio (livro de ocorrência ou diário do ao gestor do contrato as ocorrências que
de obra) e determinando a regularização de faltas ou possam prejudicar o bom andamento da obra,
defeitos observados. do fornecimento ou da prestação do serviço;
Constituem atribuições do fiscal de obra, entre • informar ao gestor do contrato, em prazo hábil
outras: no caso de haver necessidade de acréscimos
ou supressões no objeto do contrato;
• atestar, em documento hábil, o fornecimento,
a entrega, a prestação de serviço ou a exe- • avaliar e aprovar periodicamente etapas con-
cução da obra e, após conferência prévia do cluídas e emitir autorizações para início de
objeto contratado, encaminhar os documen- novas etapas de serviços que fazem parte do
tos pertinentes ao gestor do contrato para cer- objeto contratado.
42 tificação;
A atividade do fiscal de obra efetiva-se in loco,
• confrontar os preços e quantidades constantes por meio de visitas periódicas, tantas quantas
da nota fiscal com os estabelecidos no contrato; forem necessárias para o acompanhamento de to-
das as etapas e se fazendo presente por ocasião
• verificar se o prazo de entrega, especificações
da execução dos serviços de maior responsabili-
e quantidades encontram-se de acordo com o
dade (por exemplo, imediatamente antes de lança-
estabelecido no instrumento contratual;
mentos de concreto), atuando desde o início dos tra-
• comunicar ao gestor do contrato eventuais balhos até o recebimento definitivo das obras, sendo
atrasos nos prazos de entrega e/ou execução exercido no interesse exclusivo do Poder Público,
do objeto, bem como os pedidos de prorroga- não excluindo nem reduzindo a responsabilidade da
ção, se for o caso; contratada, inclusive de terceiro, por qualquer irregu-
laridade.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

2.4.4 Registros de ocorrências e 2.4.5 Medições e pagamentos


fiscalização das obras Os serviços executados devem ser pagos
A execução da obra pública deve ser verifica- após a emissão de boletins de medição
da pelo fiscal da obra, cadastrado no CREA ou no (veja modelo no Anexo 1) realiza-
CAU, designado para acompanhar o desenvolvi- dos pela fiscalização, atesta-
mento das atividades. É facultada à Administração dos pelo engenheiro fiscal da
a contratação de terceiros para auxiliá-la no acom- obra e após o cumprimento
panhamento das atividades de fiscalização. de condições contratuais
e apresentação de todos
Todas as ocorrências relacionadas com a exe- os documentos exigidos
cução do contrato devem ser anotadas pelo repre- no contrato, no ajuste
sentante da Administração em registro próprio, ou acordo ou na nota 43
onde devem constar as assinaturas de todos os de empenho, como por
envolvidos no contrato. No caso de execução exemplo: comprovantes
de obra, as ocorrências devem ser relatadas no de recolhimento de con-
“Diário de Obra” (veja o Modelo 9 no Anexo 1), tribuição previdenciária
que permanece no local da execução até o térmi- (INSS), comprovantes de
no da obra. A fiscalização exercida pela Adminis- recolhimento de FGTS, etc. .
tração não reduz a responsabilidade do contrata-
do pela execução da obra ou por possíveis danos No regime de empreitada por
causados à Administração ou a terceiros. preço global, as etapas (conjuntos
de serviços) previstas no contrato são
COFOP | MANUAL DE OBRAS

definidas no cronograma físico-financeiro, com seus 2.4.6 Recebimento das obras e serviços
prazos de conclusão e respectivos percentuais do
A execução dos contratos de obras e serviços
preço total. As medições apontam as etapas con-
deve ser recebida, provisoriamente, pelo represen-
cluídas.
tante da Administração responsável pelo acompa-
No regime de empreitada por preço unitário o nhamento e fiscalização da obra com emissão do
pagamento dos serviços (e não etapas) é feito pela Termo de Recebimento Provisório e, definitivamente,
verificação das quantidades efetivamente executa- com emissão do Termo de Recebimento Definitivo,
das, multiplicadas pelos seus respectivos preços por servidor ou comissão designada pela autoridade
unitários previstos no orçamento apresentado pela competente, após o prazo de observação, não supe-
licitante vencedora. rior a 90 dias, ou vistoria que comprove a adequação
A liquidação da despesa por serviços prestados do objeto ao contrato.
44 tem como base o contrato, ajuste ou acordo respec- A contratada deve manter as obras e serviços
tivo, a nota de empenho, o boletim de medição ates- em perfeitas condições de conservação e funciona-
tado pelo engenheiro fiscal da obra e/ou os com- mento, por sua conta e risco, até ser lavrado o termo
provantes da prestação efetiva do serviço. As notas de recebimento definitivo.
fiscais referentes a cada pagamento devem ser vis-
O recebimento provisório ou definitivo não exclui
tadas (com o “atesto”) pelo gestor/fiscal do contrato,
a responsabilidade civil do contratado pela solidez
após apresentação de documentação pelo fiscal da
e segurança da obra, e nem ético-profissional pela
obra.
perfeita execução do contrato.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

2.4.7 Alterações contratuais


Os contratos regidos pela Lei n° 8.666/1993 po- Tabela 3: Limites percentuais em alterações contratuais
dem ser alterados, com as devidas justificativas, nos
seguintes casos:
Alterações Limites
• unilateralmente pela Administração (art.65, in- Legais
ciso I) ou
• por acordo entre as partes (art. 65, inciso II). Acréscimos ou supressões em
obras e serviços determinadas Até 25%
Todos os contratos devem obedecer aos seguin-
pela Administração
tes limites para alterações contratuais:
• acréscimos ou supressões nas obras e serviços: Acréscimos em reformas de
45
até 25% do valor inicial atualizado do contrato; edifício ou equipamento deter- Até 50%
minados pela Administração
• acréscimos para o caso particular de reforma
de edifício ou de equipamento: até 50% do Supressões em obras e serviços
valor inicial atualizado do contrato (supressões ou reformas de edifício ou equipa-
em contratos de reformas não são limitadas); Sem limite
mento resultantes de acordo entre
• supressões em obras e serviços resultantes de os contratantes
acordo entre os contratantes não são limitadas.
Resumindo:
COFOP | MANUAL DE OBRAS

As alterações contratuais são possibilidades ad- • ou um conjunto de acréscimos com valor total
mitidas para situações eventuais (imprevistas ou im- de até R$ 250.000,00 (+25%); nesse caso, o
previsíveis), formalizadas por meio de termos aditivos, valor final do contrato seria de R$ 1.250.000,00;
fundamentadas e justificadas tecnicamente (parecer
• ou um conjunto de supressões com valor total de
técnico e parecer jurídico) e autorizadas pela autori-
até R$ 250.000,00 (-25% do valor inicial do con-
dade competente.
trato) e um conjunto de acréscimos com valor to-
Um erro recorrente nos aditivos contratuais é tal de até R$ 250.000,00 (+25%); nesse caso, o
aprovar alterações contratuais que desrespeitam os valor final do contrato seria de R$ 1.000.000,00.
citados limites. Quando há alterações dos serviços
Nessa obra hipotética com valor de R$ 1.000.000,00,
contratados que envolvem supressão e acréscimo,
seria proibido fazer acréscimo de R$ 300.000,00
os limites percentuais citados são referentes ao
(+30%) e supressão de R$ 100.000,00 (-10%) como
valor original atualizado do contrato e devem ser
46 se fosse admissível uma compensação de percentuais
aplicados separadamente aos totais de valores de
como +30% - 10% = 20% (menor do que 25%). Essa
itens suprimidos e aos totais de valores de itens
compensação não é permitida. Na verdade, o acrésci-
acrescidos: os acréscimos não compensam as su-
mo de 30% já é proibido (é maior do que 25%) e não
pressões e vice-versa.
se admite compensação com percentual negativo.
Como exemplo, considere-se uma obra contrata-
Se a compensação de percentuais fosse admissí-
da por R$ 1.000.000,00. Seriam admitidas, de acor-
vel, poderia ocorrer a situação absurda de acréscimo
do com a Lei, as seguintes alterações formalizadas:
de +99% e supressão de -98%, com alegação de al-
• um conjunto de supressões com valor total de teração de “apenas 1%” (+99% - 98% = 1%). Essa
até R$ 250.000,00 (-25% do valor inicial do alteração implicaria a quase completa substituição da
contrato); nesse caso, o valor final do contrato obra contratada. Tal alteração, se necessária, exigiria
seria de R$ 750.000,00; nova licitação devido à desconfiguração do objeto.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

2.4.8 Subcontratação de obter a redibição (anulação de uma venda por pro-


posta do comprador, quando a coisa vendida apre-
A Lei n° 8.666/1993 permite que partes da obra
senta defeito) ou abatimento no preço no prazo de
sejam subcontratadas. Os limites admitidos para a
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imó-
subcontratação devem ser definidos e previstos no
vel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse,
Edital da Licitação.
o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
As partes subcontratadas devem corresponder Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhe-
a uma parcela integral de serviço da obra, a fim de cido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em
evitar a existência de vários responsáveis técnicos que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e
por um único tipo de serviço, o que poderia difi- oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um
cultar a apuração de responsabilidade técnica. Não ano, para os imóveis.
é recomendável a subcontratação do objeto princi-
pal do contrato. A subcontratação não exime o con- 47
2.4.10 Reajustamento de preços
tratado das suas obrigações contratuais.
O reajustamento tem como principal objetivo as-
segurar que os preços contratuais sejam compen-
2.4.9 Responsabilidade civil sados em função de variações dos preços dos insu-
O prazo de garantia para as obras contratadas mos (materiais, mão de obra e equipamentos) que
pelo Poder Público é de 5 (cinco) anos a partir do re- ocorrem em determinado período, ou seja, é a atu-
cebimento definitivo da obra. Durante esse período, alização do valor do contrato em função da variação
a contratada se obriga a corrigir e reparar qualquer do poder aquisitivo da moeda em face da inflação
defeito ou vício constatado. setorial.
De acordo com o art. 445 da Lei n.º 10.406/2002, O contrato deve conter cláusula prevendo o rea-
o adquirente (Poder Público, no caso) decai do direito justamento de preços, aplicável caso sua execução
COFOP | MANUAL DE OBRAS

tenha duração superior a um ano, e de correção mon- 2.4.11 Atualização financeira monetária
etária. De modo geral, o reajuste dos preços contratu-
A atualização financeira é admitida nos casos de
ais só pode ocorrer quando vigência e execução do
eventuais atrasos de pagamento pela Administração,
contrato ultrapassarem 12 (doze) meses, contados a
desde que o contratado não seja responsável pelo
partir da data limite para apresentação da proposta ou
atraso. Ela é devida desde a data limite fixada no
do orçamento a que essa se referir. No entanto, em
contrato para o pagamento, o que geralmente acon-
licitações que envolvam recursos federais, o gestor
tece em até 30 dias após o “atesto” da medição, até
deve considerar que o TCU expediu acórdão determi-
a data do efetivo pagamento da parcela.
nando que, mesmo em contrato com prazo de exe-
cução menor do que um ano, existam cláusulas que A atualização monetária, quando aplicável, deve
regulem o reajustamento, nos termos dos artigos 40, ser calculada por critérios estabelecidos obrigatoria-
inc. XI e 55, inc. III da Lei n.º 8.666/1993 (Acórdão mente no Edital da Licitação e no contrato da obra.
48 73/2010 TCU - Plenário). Não é cabível a correção monetária das propos-
tas de licitação, pois a atualização financeira visa a
A Lei n° 10.192/2001 admite, para reajustar os
preservar o valor a ser pago por serviços que já fo-
contratos, a utilização de índices de preços gerais, se-
ram prestados, considerando-se somente o período
toriais ou que reflitam a variação dos custos de pro-
dução ou dos insumos utilizados. De acordo com esta entre o faturamento e seu efetivo pagamento23.
Lei, são nulos de pleno direito quaisquer expedientes
que, na apuração do índice de reajuste, produzam 2.4.12 Reequilíbrio econômico-financeiro
efeitos financeiros equivalentes aos de reajuste de pe-
O equilíbrio econômico-financeiro consiste na ma-
riodicidade inferior a um ano. O reajuste de preços
nutenção das condições originais de pagamento es-
está vinculado a índice de preço previamente definido
no edital e no contrato. A concessão do reajustamen-
to, quando o contratado possuir direito, não é uma 23
Art. 7º, § 7º, art. 40, inciso XIV, alínea “c”; e art. 55, inciso III, Lei n°
faculdade da Administração, mas uma obrigação. 8.666/1993
COFOP | MANUAL DE OBRAS

tabelecidas no contrato, a fim de garantir a estabilida- possível; um exemplo hipotético: um novo tribu-
de da relação entre as obrigações do contratado e to é criado e aplicado a um dos materiais com
a retribuição da Administração, para a justa remune- maior peso no orçamento da obra, aumentan-
ração da obra, serviço ou fornecimento. do consideravelmente seu preço e causando
desequilíbrio no contrato).
É possível à Administração, mediante acordo com
o contratado, restabelecer o equilíbrio econômico-fi- O reequilíbrio econômico e financeiro do contra-
nanceiro do contrato, nas hipóteses expressamente to geralmente ocorre a pedido da contratada, sendo
previstas em lei: que a Administração deve verificar:
• fatos imprevisíveis (ou previsíveis, porém de • planilha de custos, elaborada pela contratada,
consequências incalculáveis), retardadores ou demonstrando quais itens estão economica-
impeditivos da execução do ajustado; mente defasados e que serão alvos do reequi-
líbrio; 49
• caso de força maior (evento humano, impre-
visível e inevitável, que interfere na execução • a ocorrência do fato justificador das modifica-
da obra; exemplos: greve, falta de insumos no ções do contrato para mais ou para menos,
mercado); conforme a legislação vigente.
• caso fortuito (evento da natureza, imprevisível
e inevitável, que interfere na execução da obra;
exemplos: inundação, incêndio de causas natu-
rais);
$
• fato do príncipe (ocorre quando uma determi-
nação estatal, sem relação direta com o contra-
to da obra, o atinge de forma indireta, tornando
sua execução demasiadamente onerosa ou im-
COFOP | MANUAL DE OBRAS

É importante destacar que a formalização do re- 2.5.1 Garantia dos serviços executados
equilíbrio econômico-financeiro provoca o desloca-
O recebimento provisório ou definitivo não exime
mento da data-base para os próximos reajustes de
o profissional da responsabilidade civil pela qualidade
preço. A nova data-base passa a ser a data da re-
e segurança da obra ou do serviço, nem ético-profis-
composição, com reajustes anuais a partir de então.
sional pela perfeita execução do contrato, dentro dos
Nos contratos que tenham por objeto a prestação limites legais e contratuais.
de serviços de natureza contínua (não é o caso de
A Lei de Licitações24 estabelece, ainda, que o con-
obra) existe a possibilidade de Repactuação, uma
tratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, recons-
forma de negociação entre a Administração e o con-
truir ou substituir, às suas expensas, no total ou em
tratado que visa à adequação dos preços contratu-
parte, o objeto do contrato em que se verificarem ví-
ais aos novos preços de mercado.
cios, defeitos ou incorreções resultantes da execução
50 ou dos materiais empregados.
2.5. FASE POSTERIOR À CONCLUSÃO De acordo com o Código Civil25, nos contratos
de empreitada de edifícios ou outras construções
DA OBRA
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução
O recebimento definitivo do empreendimento en- responderá, pelo prazo irredutível de cinco anos,
cerra a execução da obra e marca o início da sua pela solidez e segurança do trabalho com relação
utilização, etapa na qual se incluem ações de opera- aos materiais e ao solo.
ção e intervenções necessárias à manutenção das
condições técnicas definidas em projeto, para que
a vida útil do imóvel seja a maior possível e gere de
modo eficiente os benefícios sociais almejados.
24
Art 69 da Lei n.º 8.666/1993
25
Art 618 da Lei n.º 10.406/2002
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Vale repetir aqui que, de acordo com o art. 445 2.5.2 Manutenção
da Lei n.º 10.406/2002, o adquirente (Poder Público,
Com o empreendimento em funcionamento, torna-
no caso) decai do direito de obter a redibição (anu-
se fundamental que sejam desenvolvidas atividades
lação de uma venda por proposta do comprador,
técnicas e administrativas para garantir a preservação
quando a coisa vendida apresenta defeito) ou aba-
das características de desempenho técnico dos seus
timento no preço no prazo de trinta dias se a coisa
componentes e/ou sistemas. A manutenção pode ser
for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da
de natureza preventiva ou corretiva. A manutenção
entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo con-
preventiva consiste em atividades prévias ao surgi-
ta-se da alienação, reduzido à metade. Quando o
mento dos problemas, enquanto a manutenção corre-
vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais
tiva é realizada após o aparecimento das falhas a se-
tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele
rem corrigidas.
tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oiten-
ta dias, em se tratando de bens móveis; e de um A situação ideal é que todo órgão público de- 51
ano, para os imóveis. Portanto, assim que constatar senvolva um programa de manutenção periódica,
o vício, defeito ou incorreção, o gestor público deve que contemple um conjunto de inspeções realizado
comunicar a empresa responsável pela obra para rotineiramente para evitar o surgimento de proble-
que os reparos necessários sejam executados. As mas. Este programa deve levar em conta as especifi-
correções devem ser realizadas sem qualquer ônus cidades do empreendimento e seguir as orientações
para a Administração. técnicas dos fabricantes e fornecedores dos materi-
ais e equipamentos instalados.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

3. SISTEMA DE
INFORMAÇÕES
52
MUNICIPAIS –
ACOMPANHAMENTO
MENSAL – SIM-AM –
MÓDULO DE OBRAS
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Nos capítulos anteriores orientou-se como plane- • previamente devem estar cadastradas, em seus
jar a realização de obras e serviços de engenharia, respectivos módulos: Licitação, Contrato, Ação
elaborar seus projetos e executá-los de forma ade- (PPA, LDO, LOA), Bem e Empenho;
quada à legislação. A organização dos registros rele-
• anotações ou registros de responsabilidade
vantes sobre a obra também é de suma importância.
técnica (ART ou RRT) relativas a: projeto básico
Um sistema que permita o controle das diver- e executivo (arquitetônico e complementares
sas obras facilita o acesso às informações das reali- tais como estrutural, hidráulico, elétrico, etc.);
zações da Administração, permitindo tomar conhe- orçamento que deu origem ao valor máximo
cimento, de forma rápida, em que estágio a obra ou da licitação; execução da obra; fiscalização.
serviço se encontra.
Especificamente para o módulo de Obras Públi-
O TCE-PR normatizou, com a Instrução Normati- cas, deverão ser inseridos na Atoteca26 os seguintes
va n.º 084/2012, a forma de organização destes da- documentos, vinculados aos respectivos registros 53
dos pelos municípios. Todos os municípios, por meio no SIM-AM:
de suas Administrações direta e indireta, devem seguir
• orçamento base (quando execução direta) ou
o disposto na regulamentação. Não seguir estes pro-
orçamento do edital (quando execução indire-
cedimentos configura irregularidade formal que pode
ta) em planilha em formato xls ou xlsx editáveis
acarretar multas ao ordenador de despesas, bem
com o programa Excel ou similar compatível,
como irregularidades nas prestações de contas e o
com acesso a fórmulas e dados numéricos;
consequente bloqueio da certidão negativa junto ao
TCE. • planilha orçamentária contratada;

O controle deste sistema consiste no registro 26


A Atoteca é um banco de dados que tem o objetivo de reunir leis,
individualizado das obras e serviços de engenharia decretos, portarias, estatutos, editais, resoluções e demais acervos
com as seguintes informações e/ou documentação: do TCE e seus jurisdicionados.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

• medição contendo relatório fotográfico, com da- dignidade a real situação da licitação, da contratação
ta (formato pdf); e da execução da obra, nos termos do art. 2º, § 4º
da Instrução Normativa n.º 84/12, e as discrepâncias
• termo de recebimento provisório/definitivo (for-
identificadas, entre o que consta no SIM-AM e aquilo
mato pdf);
que foi constatado de fato, podem levar à aplicação
• termo de paralisação de obras, contendo o de penalidades ou mesmo acarretar a desaprovação
motivo causador, se for o caso (formato pdf). das contas do município, conforme art. 13 da mesma
norma.
As obras de valores superiores a R$ 15.000,00
Neste sentido, reforça-se novamente a importân-
devem ser cadastradas no início efetivo, no
cia de que todos os municípios tenham, em sua equi-
máximo um mês após o Empenho no elemento
pe, profissionais de engenharia e/ou arquitetura, pois
51 (Investimento em Obras).
são estes os profissionais que possuem, além da ha-
54
bilitação legal para o desempenho de suas funções,
Ressalta-se que todos os documentos devem
o conhecimento técnico indispensável acerca do de-
estar datados e assinados pelo responsável técnico
senvolvimento dos projetos, obras e serviços relacio-
pela fiscalização da obra, que deve ser profissional
nados com a engenharia e a arquitetura.
habilitado, com registro no CREA ou no CAU.
No sítio eletrônico do TCE são disponibilizados ar-
É importante frisar que não basta que as in-
quivos de vídeo e documentação específica do módulo
formações e os documentos sejam simplesmente
de Obras Públicas, contendo guias e exemplos (http://
enviados ao TCE por meio do SIM-AM, para mero
www1.tce.pr.gov.br/conteudo/sim-am-modulo-
cumprimento desta obrigação. Tais informações e
obras-publicas-guia-e-exemplos/244588/area/49).
documentos devem expressar com confiança e fide-
COFOP | MANUAL DE OBRAS

4. PRINCIPAIS
IRREGULARIDADES 55
EM OBRAS PÚBLICAS
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Com base na experiência do TCE-PR e de diversos


órgãos de controle federais e estaduais, como CGU,
CGEs, TCU e TCEs, é possível listar as principais irregu-
laridades constatadas em auditorias de obras públicas.
Este rol de irregularidades serve de alerta aos ges-
tores para que promovam um criterioso acompanha-
mento de todas as etapas de uma obra pública, pri-
mando pela correta utilização dos recursos públicos e
se protegendo de futura responsabilização junto aos
órgãos de controle e à esfera judicial.

56
COFOP | MANUAL DE OBRAS

4.1 Irregularidades na Licitação • dispensa de licitação ou inexigibilidade de


licitação sem justificativa ou com justifica-
Os principais exemplos de irregularidades, que
tiva incompatível;
atentam contra os princípios da isonomia e da esco-
lha da proposta mais vantajosa para a Administra- • exigências de caráter restritivo desneces-
ção, são: sárias no edital, em especial no tocante à ca-
pacitação técnica dos responsáveis técnicos e
• projeto básico inadequado ou incompleto,
técnico-operacional da empresa;
sem os elementos necessários e suficientes
para caracterizar a obra, não aprovado pela • ausência de critério de aceitabilidade de pre-
autoridade competente e/ou elaborado poste- ços global e unitário no edital de licitação;
riormente à licitação; • ausência da publicidade exigida de todas as
• modalidade de licitação (tomada de pre- etapas da licitação;
57
ços, concorrência, etc.) ou tipo de licitação • ausência de exame e aprovação preliminar
(menor preço, melhor técnica, técnica e por assessoria jurídica da administração das
preço) inadequados; minutas de editais de licitação, contratos, ter-
• obra complexa não dividida em lotes com mos aditivos, acordos, convênios e ajustes;
vistas ao melhor aproveitamento dos recur- • ausência de parecer técnico justificando ter-
sos disponíveis no mercado e à ampliação da mos aditivos de contrato;
competitividade;
• inconformidade da proposta vencedora com
• obra complexa dividida em parcelas, po- os requisitos do edital e, conforme o caso,
rém, desrespeitando a modalidade de lici- com os preços máximos fixados pelo órgão
tação pertinente para a execução total do contratante;
empreendimento;
COFOP | MANUAL DE OBRAS

• inadequação do cronograma físico-financeiro técnico, nas funções de fiscalização, supervisão


do vencedor da licitação, ocasionando even- ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da
tuais desequilíbrios financeiros e atrasos na Administração.
conclusão da obra;
Sobre o primeiro item da lista anterior (projeto bá-
• manipulação dos preços unitários, de modo sico inadequado ou incompleto) cabe acrescentar
que os serviços iniciais do contrato fiquem que as falhas no projeto básico, como incoerências ou
muito caros e os finais muito baratos, poden- inexistência de elementos importantes, podem con-
do gerar um crescente desinteresse do con- duzir a sérias dificuldades para obtenção do resultado
tratado nas etapas finais da obra por conta do almejado pela Administração ocasionando problemas
baixo preço dos serviços remanescentes; futuros de significativa magnitude, tais como:
• inadequação do critério de reajuste previsto no • falta de efetividade ou alta relação custo/bene-
58 edital, sem retratar a variação efetiva do custo fício do empreendimento, devido à inexistência
de produção; de estudo de viabilidade adequado;
• não adoção de índices específicos ou setori- • alterações de especificações técnicas, em ra-
ais de reajuste, desde a data prevista para a zão da falta de estudos geotécnicos ou ambi-
apresentação da proposta, ou do orçamento entais adequados;
a que essa proposta se referir, até a data do
• utilização de materiais inadequados, por defi-
adimplemento de cada parcela;
ciências das especificações;
• participação na licitação, direta ou indireta-
• alterações contratuais em função da insuficiên-
mente, do autor do projeto básico ou exe-
cia ou inadequação das pranchas do projeto e
cutivo, pessoa física ou jurídica, pois a ele só
especificações técnicas, envolvendo dilatação
é permitida a participação como consultor ou
de prazos de execução e negociação de preços.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Essas consequências podem frustrar o pro- A responsabilidade pela elaboração dos projetos
cedimento licitatório, dadas as diferenças entre será de profissionais ou empresas legalmente regis-
o objeto licitado e o que será efetivamente exe- trados no CREA ou no CAU. Os autores deverão as-
cutado, e levar à responsabilização daqueles que sinar todas as peças que compõem os respectivos
deram causa às irregularidades constatadas27. projetos, indicando o número da inscrição de registro
e o número dos registros ou anotações de responsa-
No intuito de minimizar a ocorrência destas conse-
bilidade técnica (ART ou RRT), nos termos da Lei n°
quências, o TCE publicou a Resolução n.º 004/2006,
6.496/1977.
que regulamenta o conteúdo das informações sobre
obras e serviços de engenharia e elenca os docu-
mentos necessários ao efetivo controle de uma obra. 4.2 Irregularidades no Contrato
Todos os estudos e projetos devem ser desen- São exemplos clássicos de irregularidades con-
volvidos de forma que guardem sintonia entre si, cernentes à celebração e à administração de contra- 59
tenham coerência material e atendam às diretrizes tos de execução de obras ou serviços de engenharia:
gerais do programa de necessidades do Município e
• divergência entre a descrição do objeto no
dos estudos de viabilidade.
contrato e a constante do edital de licitação
e seus anexos;
27
Segundo o Acórdão n.º 353/2007 do TCU. Relator: Ministro Augusto • divergências relevantes entre o projeto básico
Nardes: e o projeto executivo;
5. [...] Além disso, é bom lembrar que, nos exatos termos do art. 7º, §
6º, da Lei 8.666/1993, são nulos de pleno direito os atos e contratos • não vinculação do contrato ao edital de lici-
derivados de licitações baseadas em projeto incompleto, defeituoso ou tação e à proposta do licitante vencedor;
obsoleto, devendo tal fato ensejar não a alteração do contrato visando
à correção das imperfeições, mas sua anulação para realização de
• ausência de aditivos contratuais para con-
nova licitação, bem como a responsabilização do gestor faltoso. templar eventuais alterações de projeto ou
do cronograma físico-financeiro;
COFOP | MANUAL DE OBRAS

• ausência de justificativas técnicas e pare- • execução de serviços não previstos no contra-


ceres jurídicos para aditivos de preço ou de to original e em seus termos aditivos;
prazo e para acréscimos ou supressões de
• subcontratação não admitida no edital e no
serviços;
contrato;
• extrapolação dos limites definidos na Lei n°
• contrato encerrado com objeto inconcluso;
8.666/1993, quando dos acréscimos ou su-
pressões de serviços; • pagamentos adiantados sem previsão con-
tratual;
• alterações de quantitativos sem justificativas
técnicas coerentes, especialmente quando são • medições após a extinção do contrato;
reduzidas quantidades de serviços cotados a • omissão da Administração em multar ou
preços muito baixos e/ou aumentando quan- executar a garantia contratual em ocorrên-
60 tidades de serviços cotados a preços muito cias de descumprimento de cláusulas con-
altos, podendo gerar sobrepreço e superfatu- tratuais;
ramento (“jogo de planilha”);
• prorrogação de prazo sem justificativas ju-
• acréscimo de serviços contratados por preços rídica e técnica;
unitários diferentes da planilha orçamentária a-
presentada na licitação; • ausência de indicação formal do responsável
pelo acompanhamento do contrato (gestor/fis-
• acréscimo de serviços cujos preços unitários cal do contrato).
são contemplados na planilha original, porém
acima dos praticados no mercado;
COFOP | MANUAL DE OBRAS

4.3 Irregularidades Relativas à Execução • pagamento de serviços relativos a contrato


Orçamentária de supervisão, apesar de a obra estar para-
lisada;
Com relação à execução orçamentária, são exem-
• falta de comprovação e conferência pela fis-
plos de irregularidades:
calização dos serviços executados;
• não inclusão da obra no Plano Plurianual ou
• divergências entre as medições atestadas
em lei que autorize sua inclusão, no caso de
e os valores efetivamente pagos;
execução superior a um exercício financeiro;
• medições e pagamentos executados com cri-
• ausência de previsão de recursos orçamentári-
térios divergentes dos estipulados no edital de
os que assegurem o pagamento das etapas a
licitação ou no contrato;
serem executadas no exercício financeiro cor-
rente. • incoerências nos relatórios de fiscalização; 61
• ausência do devido “Termo de Paralisação” da
obra, quando for o caso.
4.4 Irregularidades Atinentes às Medições
e aos Pagamentos
4.5 Irregularidades Concernentes ao
Com relação às medições e pagamentos, apre-
sentam-se como exemplos de irregularidades:
Recebimento da Obra
Quanto ao recebimento das obras contratadas,
• pagamento de serviços não executados to-
são exemplos de irregularidades:
tal e efetivamente;
• ausência de recebimento provisório da obra
• pagamento de serviços executados, porém
pelo responsável por seu acompanhamento e
não aprovados pela fiscalização;
fiscalização, mediante termo circunstanciado
assinado pelas partes;
COFOP | MANUAL DE OBRAS

• ausência de recebimento definitivo da obra, • descumprimento dos prazos de conclusão,


por servidor ou comissão designada por au- entrega e recebimento definitivo, conforme o
toridade competente, mediante termo circuns- caso, previsto no contrato e em seus termos
tanciado, assinado pelas partes, após prazo aditivos;
de observação ou vistoria que comprove a
• omissão da Administração, quando do sur-
adequação do objeto aos termos contratuais;
gimento de defeitos construtivos durante o
• recebimento da obra com falhas visíveis de período de responsabilidade legal da cons-
execução; trutora pela obra;
• descumprimento de condições descritas no • não realização de vistorias dos órgãos públicos
edital de licitação e no contrato para o recebi- competentes para a emissão do “habite-se”.
mento da obra;
62
COFOP | MANUAL DE OBRAS

5. PRINCIPAIS NORMAS
APLICÁVEIS ÀS OBRAS E 63

SERVIÇOS DE ENGENHARIA
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Apresenta-se aqui uma lista das principais nor- voltadas para a responsabilidade na gestão
mas legais e administrativas relacionadas a obras e fiscal;
serviços de engenharia. Em alguns casos, as normas
• Lei n.º 10.192/2001: dispõe sobre correção
são aplicáveis apenas a órgãos federais, mas podem
monetária ou reajuste por índices de preços
ser úteis aos gestores que não possuem regulamen-
gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos
tação própria sobre as matérias:
custos de produção ou dos insumos utilizados
• Constituição Federal de 1988; nos contratos de prazo de duração igual ou
superior a um ano;
• Lei n.º 5.194/1966: regula o exercício das pro-
fissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro • Lei n.º 12.462/2011: institui o Regime Dife-
agrônomo; renciado de Contratações Públicas (RDC),
aplicável originalmente às licitações e aos con-
• Lei n.º 6.496/1977: institui a Anotação de Res-
64 tratos necessários à realização da Copa das
ponsabilidade Técnica na prestação de serviços
Confederações de 2013, da Copa do Mundo
de engenharia, arquitetura e agronomia;
de Futebol de 2014 e dos Jogos e Paraolímpi-
• Lei n.º 6.938/1981: dispõe sobre a Política Na- cos de 2016;
cional do Meio Ambiente, seus fins e mecanis-
• Decreto n.º 7.581/2011: regulamenta o Regi-
mos de formulação e aplicação;
me Diferenciando de Contratações Públicas –
• Lei n.º 8.666/1993: regulamenta o art. 37, in- RDC;
ciso XXI, da Constituição Federal e institui nor-
• Lei n.º 12.688/2012: amplia a abrangência do
mas para licitações e contratos da Adminis-
RDC, incluindo a possibilidade de sua apli-
tração Pública;
cação também a licitações e contratos das
• Lei n.º 101/2000: Lei de Responsabilidade Fis- ações integrantes do PAC;
cal: estabelece normas de finanças públicas
COFOP | MANUAL DE OBRAS

• Lei n.º 12.722/2012: amplia a abrangência do • Resolução n° 361/1991 do CONFEA: dispõe


RDC, incluindo a possibilidade de sua aplica- sobre a conceituação de projeto básico em con-
ção também a licitações e contratos das obras sultoria de engenharia, arquitetura e agronomia;
e serviços dos sistemas públicos de ensino;
• Resolução n.º 004/2006 TCE-PR: Dispõe so-
• Lei n.º 12.745/2012: amplia a abrangência do bre a guarda e o acesso aos documentos ne-
RDC, incluindo a possibilidade de sua aplica- cessários ao efetivo exercício do controle exter-
ção também a licitações e contratos das obras no das obras públicas pelo Tribunal de Contas
e serviços no âmbito do SUS; do Estado do Paraná;
• Resolução n° 001/1986 do CONAMA: estabe- • Orientação Técnica OT-IBR 001/2006 IBRAOP
lece as definições, responsabilidades, critérios - lista os elementos do Projeto Básico;
básicos e diretrizes gerais para o uso e imple-
• Instrução Normativa n.º 084/2012 TCE-PR - or-
mentação da Avaliação de Impacto Ambiental. 65
ganização de informações municipais (SIM-AM).
Relaciona os tipos de obras que dependem de
aprovação dos respectivos Relatórios de Im-
pacto Ambiental (RIMA);
• Resolução n° 237/1997 do CONAMA: dispõe
sobre a revisão de procedimentos e critérios
utilizados pelo Sistema de Licenciamento Am-
biental instituído pela Política Nacional do Meio
Ambiente;
COFOP | MANUAL DE OBRAS

6. SÍTIOS DA
66
INTERNET ÚTEIS
COFOP | MANUAL DE OBRAS

www.tce.pr.gov.br www.stj.jus.br www.caixa.gov.br


Tribunal de Contas do Estado do Para- Superior Tribunal de Justiça: jurispru- Caixa Econômica Federal: Sistema Na-
ná (TCE-PR): jurisprudências e publi- dência referente à interpretação de leis cional de Pesquisa de Custos e Índices
cações relativas a obras públicas. federais, incluindo a Lei n.º 8.666/1993. da Construção Civil (SINAPI), evolução
de índices econômicos, cartilhas e ma-
www.tcu.gov.br www.dnit.gov.br nuais técnicos de engenharia.

Tribunal de Contas da União: jurispru- Departamento Nacional de Infraestru- www.confea.org.br


dências e publicações relativas a obras tura de Transporte (DNIT), do Ministério
públicas. dos Transportes: índices de reajusta- Conselho Federal de Engenharia e
mento de obras rodoviárias, Sistema Agronomia: legislação relativa ao
www.comprasnet.gov.br de Custos Rodoviários (SICRO), manu- exercício profissional de engenha-
ais e normas. ria e agronomia.
Portal de compras do Governo Federal: 67
publicações, legislação e informações www.crea-pr.org.br
www.fgvdados.fgv.br
sobre licitações federais e cotações de
preços relativas a obras públicas. Fundação Getúlio Vargas: indicadores Conselho Regional de Engenharia
econômicos como custos da cons- e Agronomia do Paraná: legislação
www.planalto.gov.br trução civil. relativa ao exercício profissional de
engenharia e agronomia.
Presidência da República: legislação www.abnt.org.br
referente a licitação e contratação de mma.gov.br/port/conama
obras públicas. Associação Brasileira de Normas Téc-
nicas (ABNT): pesquisas e aquisição Conselho Nacional do Meio Ambiente:
de normas técnicas, notícias a respei- legislação ambiental.
to de normatização e certificação de
obras.
BRASIL. Lei n.º 8.666/1993: regulamenta o art. 37, in-
ciso XXI, da Constituição Federal e institui normas para
licitações e contratos da Administração Pública. Dis-
ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l8666cons.htm>. Acesso em: 2 de março de 2015.

CONTROLADORIA GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ


– Manual de orientações para execução e fiscali-
zação de obras públicas. Disponível em: <http://
www.cge.pi.gov.br/index.php/publicacoes/catego-
7. REFERÊNCIAS ry/5-manuais>. Acesso em 2 março de 2015.

BIBLIOGRÁFICAS INSTITUTO BRASILEIRO DE AUDITORIA DE OBRAS


PÚBLICAS - IBRAOP. Orientação Técnica OT-IBR
001/2006 – Projeto Básico. Disponível em: <http://
www.ibraop.org.br/wp-content/uploads/2013/06/
orientacao_tecnica.pdf>. Acesso em: 17 de março
de 2015.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA.


Manual de orientação para execução de obras e
serviços de engenharia por órgãos e entidades
municipais. Disponível em: <http://www.tcm.ba.gov.
br/tcm/manual3.pdf>. Acesso em: 27 de fevereiro de
2015.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁ. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Obras públicas


Instrução normativa n.º 84/2012: Dispõe sobre o - Recomendações Básicas para a Contratação e
Sistema de Informações Municipais - Acompanha- Fiscalização de Obras de Edificações Públicas.
mento Mensal e as remessas de informações para 4ª edição. Disponível em:< http://portal2.tcu.gov.br/
este, e dá outras providências. Disponível em: <http:// portal/pls/portal/docs/2684759.PDF> Acesso em 12
www1.tce.pr.gov.br/conteudo/instrucao-normativa-n- março de 2015.
84-de-20-de-dezembro-de-2012/237581/area/10>.
Acesso em 3 de março de 2015. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE PERNAM-
BUCO. Manual de orientações técnicas para con-
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁ. tratação e execução de obras e serviços de en-
Resolução n.º 4, de 23 de novembro de 2006: Dispõe genharia públicos. Disponível em:<http://www1.tce.
sobre a guarda e o acesso aos documentos necessári- pe.gov.br/internet/index.php/component/jdownloads/
os ao efetivo exercício do controle externo das obras finish/5/13?Itemid=0> Acesso em: 06 de março de 69
públicas pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná. 2015.
Disponível em: < http://www1.tce.pr.gov.br/conteudo/
resolucao-n-4-de-23-de-novembro-de-2006/1400/
area/10>Acesso em 2 de março de 2015. Observação: entre as fontes do presente manual, estão as
publicações relativas ao assunto das seguintes entidades:
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁ. CGE-PB, CGE-AL, CGE-GO, CGU, CREA-PR, ECPPP-MG,
Resolução n.º 25, de 16 de dezembro de 2011: IBRAOP, IRB, MPF, SEFA-SC, TC-DF, TCE- CE, TCE-PI, TCE-
Dispõe sobre os conceitos de obra e de serviço de RJ, TCE-SP, TCE-TO, TCU.
engenharia e dá outras providências. Disponível em:
<http://www1.tce.pr.gov.br/conteudo/resolucao-
nº-252011/1379/area/242> Acesso em 27 de feve-
reiro de 2015.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

ANEXO 1 – MODELOS MODELO 1 - Planilha de Orçamento Sintético de


DE DOCUMENTOS Obras ou Serviços de Engenharia

A título de sugestão, apresentam-se a seguir mode-


los de documentos que podem auxiliar nos proce-
dimentos descritos anteriormente. A Administração
Municipal pode, livremente, adaptar esses modelos
ou utilizar outros que lhe sejam adequados.
Modelo 1 – Planilha de Orçamento Sintético de
Obras ou Serviços de Engenharia
Modelo 2 – Cronograma físico-financeiro
Modelo 3 – Ordem de Serviços
Modelo 4 – Boletim de Medição
Modelo 5 – Termo de Recebimento Provisório
Modelo 6 – Termo de Recebimento Definitivo
Modelo 7 – Termo de Paralisação de Obra
Modelo 8 – Justificativa para Cancelamento ou
Cadastro Indevido de Intervenção no SIM-AM
Modelo 9 – Diário de Obra

Observação:
Sugere-se que os modelos de documentos, a
seguir apresentados, sejam confeccionados em
formato normalizado A4.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

MODELO 2 - Cronograma físico-financeiro MODELO 3 - Ordem de Serviços

71
COFOP | MANUAL DE OBRAS

MODELO 4 - Boletim de Medição MODELO 5 - Termo de Recebimento Provisório

72
COFOP | MANUAL DE OBRAS

MODELO 6 - Termo de Recebimento Definitivo MODELO 7 - Termo de Paralisação de Obra

73
COFOP | MANUAL DE OBRAS

MODELO 8 - Justificativa para Cancelamento ou MODELO 9 - Diário de obra


Cadastro Indevido de Intervenção no SIM-AM

DIÁRIO DE OBRA Fl.


Nº ______
Órgão ou Entidade:
Obra/Serviço:
Contratada: Contrato nº.
Prazo Contratual: Prazo Decorrido: Prazo Restante:
Responsável Técnico: CREA nº.
EQUIPAMENTOS MÃO-DE-OBRA

Betoneira Serventes: ( )
Vibrador Especializados: ( )

Maquita Terceirizados: ( )

Furadeira
Outros
74 SERVIÇOS EM ANDAMENTO

REGISTRO DE OCORRÊNCIAS

Data: / / Assinaturas

Engenheiro Fiscal Engenheiro Responsável Técnico


CREA Nº ______ CREA Nº ______
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Adimplemento – cumprimento, total ou parcial, de


obrigação contratual como prestação do serviço, re-
alização da obra ou entrega do bem, assim como
qualquer evento contratual, a cuja ocorrência esteja
vinculada a emissão de documento de cobrança.
Adjudicação – ato administrativo posterior à homo-
ANEXO 2 – GLOSSÁRIO logação, por meio do qual a autoridade competente,
depois de verificada a legalidade da licitação e a per-
O objetivo da definição básica de cada conceito manência do interesse público na contratação, atribui
relacionado com a contratação de obras públicas ao licitante vencedor o objeto da licitação28.
é proporcionar ao leitor, de modo simples e obje-
tivo, uma primeira orientação e compreensão de Anteprojeto – representação técnica da opção apro-
cada um deles. Assim, não se pretende esgotar vada no estudo de viabilidade, apresentado em dese- 75

todas as definições existentes para cada conceito, nhos sumários, em número e escala suficientes para
até porque, há na doutrina diversas definições que compreensão da obra planejada, contemplando es-
poderão ser conhecidas e aprofundadas mediante pecificações técnicas, memorial descritivo e orçamen-
a leitura da bibliografia adequada. to preliminar29.
Aquisição – compra remunerada de bens para for-
necimento de uma só vez ou de forma parcelada.

28
Licitações & Contratos – Orientações e Jurisprudência do TCU. 4ª
Edição – Revista, atualizada e ampliada. Página 542.
29
Orientação Técnica IBRAOP – OT IBR 004/2012
COFOP | MANUAL DE OBRAS

ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) – é Itens Comentários


um instrumento formal pelo qual o Engenheiro, Agrôno-
Administração Correspondem aos gastos da empresa para
mo, Geólogo, Meteorologista, Geógrafo, Tecnólogo central manter e operar o seu escritório central.
e o Técnico de 2º Grau registram os seus contratos
São despesas referentes à realização de ser-
profissionais junto ao Conselho Regional de Engenha-
viços administrativos de apoio no canteiro de
ria e Agronomia - CREA, na jurisdição onde estão sen- Administração
obras (secretaria, serviços gerais, almoxarifa-
da obra
do executados os serviços, mediante o pagamento de do, etc.). Pode ser incluída na planilha orça-
uma taxa. Criada pela Lei Federal n.º 6.496/1977 e mentária e retirada, neste caso, do BDI.

regulamentada pela Resolução n.º 425/1998 do Con- Calculado em função do tempo que o órgão/
Encargos
selho Federal de Engenharia e Agronomia, CONFEA, a financeiros
entidade leva para pagar a fatura após sua
ART é o documento que define, para todos os efeitos emissão.

legais, os responsáveis técnicos pelos empreendimen- Taxa incidente sobre o total geral dos custos
Lucro Líquido
76 tos da Engenharia e da Agronomia. e despesas, excluídas as despesas fiscais.

Riscos e Riscos (incêndio, alagamento, desmorona-


BDI - Benefícios e Despesas Indiretas: percentual
Imprevistos mento, responsabilidade civil, roubo, etc.).
relativo às despesas indiretas que incidirá sobre as
composições dos custos diretos, inserido na com- Podem ser mencionados a COFINS, PIS/
PASEP e ISS. Este último de competência mu-
posição dos custos unitários. Seu valor é avaliado nicipal, os demais, federais.
para cada caso específico, pois depende do local, Com vistas à desburocratização do sistema
Tributos
tipo de obra e impostos gerais. Inclui, ainda, o lucro de arrecadação, a lei complementar nº 123/06
possibilitou às microempresas e empresas de
esperado pelo construtor. Composição usual do BDI: pequeno porte a arrecadação desses tributos
através de documento único (artigo 13º).
COFOP | MANUAL DE OBRAS

CAU/PR – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Pa- CREA-PR – Conselho Regional de Engenharia e


raná - autarquia federal, que fiscaliza a atividade profissi- Agronomia do Paraná - autarquia federal, parte do
onal de arquitetos e urbanistas (www.caupr.gov.br). sistema CONFEA-CREAs, que fiscaliza a atividade
profissional de engenheiros e agrônomos (www.
CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente, uti-
crea-pr.org.br).
lizado em pavimentação rodoviária. 
Data Base – mês de referência do preço inicial pro-
Contratante – é o órgão ou entidade signatária do
posto pelo licitante utilizado para o cálculo do reajus-
instrumento contratual.
tamento de preços.
Contratado – é a pessoa física ou jurídica signatária
Dispensa de Licitação – é o procedimento de com-
do instrumento contratual.
pra ou contratação em que existe a possibilidade de
Contrato Administrativo – todo e qualquer ajuste en- competição que justifique a licitação, mas a lei per-
tre órgãos ou entidades da Administração Pública ou mite a sua dispensa nas hipóteses previstas nos inci- 77
particular, em que haja um acordo de vontades para sos do artigo 24 da Lei n.º 8.666/1993.
a formação de vínculo e a estipulação de obrigações
Edital – instrumento pelo qual a Administração Públi-
recíprocas.
ca dá conhecimento, ao público em geral, da abertura
Convênio – é o instrumento formal que disciplina a de licitação, estabelece os procedimentos, condições
transferência de recursos públicos entre Entidades e requisitos da sua realização e convoca os interes-
Públicas de qualquer espécie, ou entre estas e or- sados para apresentarem suas propostas. Deve ser
ganizações particulares, para realização de objetivos claro, objetivo, preciso e fácil de ser consultado.
de interesses comuns. No convênio há partícipes
Especificações – indicações detalhadas das carac-
com as mesmas pretensões, podendo haver apenas
terísticas dos materiais, serviços e equipamentos ne-
diversificação na cooperação de cada um, segundo
cessários e suficientes ao desempenho técnico re-
suas possibilidades, para a consecução do objetivo
querido nos projetos.
comum, desejado por todos.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Estudo Preliminar – estudo efetuado para assegurar Licenciamento Ambiental – procedimento admi-
a viabilidade técnica e o adequado tratamento do im- nistrativo pelo qual o órgão ambiental competente
pacto ambiental de um empreendimento a partir de licencia a localização, instalação, ampliação e a ope-
dados levantados na identificação de necessidades. ração de empreendimentos e atividades que utilizam
recursos ambientais, consideradas efetiva ou poten-
Execução Direta – forma de execução de obra ou
cialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer
serviço de engenharia realizada pelos órgãos e enti-
forma, possam causar degradação ambiental, con-
dades da Administração, utilizando-se de mão de o-
siderando as disposições legais e regulamentares e
bra de seu quadro de pessoal e seus próprios meios.
as normas técnicas aplicáveis ao caso.
Execução Indireta – forma de execução de obra ou Licitação – procedimento administrativo pelo qual
serviço de engenharia em que o órgão ou entidade a Administração Pública seleciona a proposta mais
contrata com terceiros, sob qualquer dos seguintes vantajosa para a aquisição ou contratação de um
78 regimes de execução: empreitada por preço global, bem ou serviço de seu interesse.
empreitada por preço unitário, empreitada integral ou
tarefa. Medição – verificação das quantidades de serviços
executados em cada etapa do contrato e ateste da
Homologação da licitação – ato administrativo em qualidade destes serviços pelo engenheiro/arquite-
que a autoridade superior reconhece a legalidade do to fiscal, mediante registro em boletins, que devem
procedimento licitatório e declara válido todo o cer- conter planilhas que discriminem qualitativa e quan-
tame. titativamente os serviços executados no período e
Inexigibilidade de Licitação – situação em que, os acumulados desde o início da obra, os previstos/
havendo inviabilidade de competição e não sendo acumulados para o período conforme cronograma,
possível a realização de licitação, a administração todos acompanhados de seus respectivos percentu-
está autorizada a efetuar a contratação direta, nos ais, além de memorial de cálculo detalhado indican-
casos previstos no art. 25 da Lei n.º 8.666/1993. do os locais em que os serviços foram aferidos e o
período a que se refere a medição.
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Obra – toda construção, reforma, fabricação, recu- Preço Inexequível – aquele que não tem demons-
peração ou ampliação, realizada por execução dire- trada sua viabilidade por meio de documentação que
ta ou indireta30, na qual seja necessária a utilização comprove que os custos dos insumos são coerentes
de conhecimentos de profissionais habilitados con- com os de mercado e que os coeficientes de pro-
forme Lei Federal n.º 5194/196631. Os conceitos de dutividade são compatíveis com a execução do ob-
obra e de serviço de engenharia são definidos na jeto do contrato, condições estas necessariamente
Resolução n.º 25/2011, que tem como anexo a Ori- especificadas no edital da licitação. No caso das
entação Técnica OT IBR 02/2009 - IBRAOP. licitações para contratação da execução de obras
e serviços de engenharia, do tipo menor preço, se-
Obra pública – toda construção, reforma, fabrica-
rão consideradas manifestamente inexequíveis as
ção, recuperação ou ampliação de bem público. Pode
propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (se-
ser realizada com execução direta ou indireta, e, em
tenta por cento) do menor dos seguintes valores32:
casos excepcionais, com dispensa ou inexigibilidade
79
de licitação. • média aritmética dos valores das propostas
superiores a 50 % (cinquenta por cento) do
Obras e serviços de grande vulto – aquelas cujo
valor orçado pela Administração;
valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes
o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 • valor orçado pela Administração.
da Lei n° 8.666/1993. Atualmente, o limite citado é de
Preço Inicial – preço contratado inicialmente para a
R$ 1.500.000,00. Então, são atualmente considera-
execução de obras ou serviços.
das de grande vulto as obras com valores superiores
a R$ 37.500.000,00 (= 25 x R$ 1.500.000,00). Projeto Básico – conjunto de elementos necessári-
os e suficientes com nível de precisão adequado para

30
Lei Federal n.º 8.666/1993, art. 6º, inciso I. 32
Lei Federal n.º 9.648/1998 e Lei Federal n.º 8.666/1993, § 2º do
31
Resolução n.º 25/2011 TCE/PR. art. 48
COFOP | MANUAL DE OBRAS

caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras Realinhamento de preços – mecanismo pelo qual
e serviços objetos da licitação, elaborado com base são alterados os preços dos contratos para restabe-
nas indicações dos estudos técnicos preliminares, lecer a relação que as partes pactuaram inicialmente
que assegurem a viabilidade técnica e o adequado entre os encargos do contratado e a retribuição da
tratamento do impacto ambiental do empreendimen- Administração para a justa remuneração da obra
to e que possibilite a avaliação do custo da obra e ou serviço, objetivando a manutenção do equilíbrio
a definição dos métodos e do prazo de execução. econômico-financeiro inicial do contrato34, nas hipó-
Deve abranger toda a obra e possuir os requisitos teses previstas em lei.
estabelecidos pela Lei n° 8.666/199333 e pela Reso-
Reforma – alteração do espaço original ou anterior-
lução n.º 004/2006 TCE-PR.
mente formulado por meio de substituição, acréscimo
Projeto Executivo – Conjunto de elementos neces- ou retirada de materiais ou elementos construtivos
sários e suficientes à execução completa da obra, de ou arquitetônicos, na intenção de reformular todo ou
80
acordo com as normas pertinentes da Associação parte daquele espaço antes definido, mantendo as
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). É composto características de volume ou área e a função de sua
de todos os desenhos e especificações que se fize- utilização atual35.
rem necessários, complementando e apresentando
Reparo – ato de substituir ou repetir a aplicação de
detalhamentos do projeto básico, de acordo com sua
materiais ou componentes construtivos da edificação,
natureza, porte ou complexidade, de forma a possi-
pelo simples motivo de deterioração ou avaria daque-
bilitar a execução completa da obra.
le anteriormente aplicado. Não interfere e nem altera o
Reajustamento de preços – mecanismo pelo qual espaço originalmente proposto.
os preços contratados são alterados para compen-
sar os efeitos das variações inflacionárias.
34
Lei Federal n.º 8.666/1993, art. 65, inciso II, alínea d)
33

Art. 6º, inciso IX, alíneas a) a f) da Lei Federal n.º 8666/1993. 35
Resolução n.º 25/2011 TCE/PR
COFOP | MANUAL DE OBRAS

RRT (Registro de Responsabilidade Técnica) – é o contrato original, ou o serviço resultante da alteração


um instrumento formal pelo qual os Arquitetos regis- de projeto ou especificação, admissível no regime de
tram os seus contratos profissionais junto ao Conse- preço global e no regime de preços unitários, mediante
lho de Arquitetura e Urbanismo - CAU, na jurisdição celebração de termo aditivo próprio, na forma da lei37.
onde estão sendo executados os serviços, mediante
Termo Aditivo ao Contrato – instrumento pelo qual
o pagamento de uma taxa. A RRT define, para todos
se formalizam as alterações de prazo ou valor no con-
os efeitos legais, os responsáveis técnicos pelos em-
trato original firmado, nas situações previstas no art.
preendimentos de Arquitetura.
65, da Lei n.º 8.666/1993.
Serviço de engenharia – serviço de engenharia é toda
Termo de Recebimento Definitivo – termo circuns-
a atividade que necessite da participação e acompa-
tanciado, efetuado por servidor ou comissão desig-
nhamento de profissional habilitado conforme o dispos-
nada pela Administração que, após o decurso do pra-
to na Lei Federal n.º 5.194/1966, tais como: consertar,
zo de observação, ou vistoria, comprove a adequação 81
instalar, montar, operar, conservar, reparar, adaptar,
do objeto aos termos contratuais e o recebe em de-
manter, transportar, ou ainda, demolir. Incluem-se nes-
finitivo, sendo observada pelo executante, a obriga-
ta definição as atividades profissionais referentes aos
toriedade de reparar, corrigir, remover, reconstruir ou
serviços técnicos profissionais especializados de proje-
substituir às suas expensas, no total ou em parte, o
tos e planejamentos, estudos técnicos, pareceres, pe-
objeto do contrato em que se verificarem vícios, de-
rícias, avaliações, assessorias, consultorias, auditorias,
feitos ou incorreções resultantes da execução ou de
fiscalização, supervisão ou gerenciamento36.
materiais empregados38.
Serviço Extraordinário – acréscimo de serviço não
constante dos elementos técnicos em que se baseou 37
Lei Federal n.º 8.666/1993, art. 65, inciso I, alíneas a) e b).
38
Lei Federal n.º 8.666/1993, art. 73, inciso I, alínea b) , §1º, §2º,
36

Artigo 2º, inciso II, Res. 25/2011 do TCE PR. §3º e §4º
COFOP | MANUAL DE OBRAS

Termo de Recebimento Provisório – termo circuns-


tanciado pelo qual o responsável pelo acompanha-
mento e fiscalização das obras e serviços de enge-
nharia, recebe o objeto da licitação, provisoriamente.
Firmado pelas partes em até 15 (quinze) dias da co-
municação escrita do contratado, que entrega em ca-
ráter provisório a obra39.

82

39
Lei Federal n.º 8.666/1993, art. 73, inciso I, alínea a)
COFOP | MANUAL DE OBRAS

84

You might also like