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DO ESTADO DO PARANÁ
MANUAL DE ORIENTAÇÃO
PARA CO NT R ATA ÇÃ O E F I SC A L I Z A Ç Ã O
DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA
PA R A N Á
TRIBUNAL DE CONTAS
DO ESTADO DO PARANÁ
MANUAL DE ORIENTAÇÃO
PARA CO NT R ATA ÇÃ O E F I SC A L I Z A Ç Ã O
DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA
PA R A N Á
EXPEDIENTE
Av. Nossa Senhora da Salete s/n, COORDENADORIA DE FISCALIZAÇÃO Marco Antonio Araujo de Paula Pessoa
Centro Cívico − Curitiba-PR DE OBRAS PÚBLICAS - COFOP Milton Portugal Lobato Filho
CEP 80.530-910 Luiz Henrique de Barbosa Jorge Mylene Karin Braatz Toppel Reinaldim
Nagib Georges Fattouch
http://www.tce.pr.gov.br
COORDENAÇÃO Nelson Yukio Nakata
Osmar Mendes
Lincoln Santos de Andrade
CONSELHEIROS Maria José Herkenhoff Carvalho
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Durval Amaral - Presidente Moacyr Molinari
Omar Nasser Filho
Nestor Baptista - Vice-Presidente Paulo Francisco Borsari
Fábio Camargo - Corregedor Geral
ARTE GRÁFICA
Artagão de Mattos Leão EQUIPE TÉCNICA
Fernando A. M. Guimarães Augusto Surian Neto Núcleo de Imagem – TCE/PR
Ivan Lelis Bonilha Denise Gomel
Ivens Zschoerper Linhares Denyse Bueno e Silva Bandeira
Felipe Castro Garcia
COORDENADOR GERAL Felipe Kafrouni
Mauro Munhoz Larissa Campos
Lúcio Magalhães Araújo Hyczy
Luiz Antonio de Oliveira Negrini
DIRETORA GERAL
Manoel Antonio Padilha
Célia Cristina Arruda
Marcel Lanteri Pierezan
COFOP | MANUAL DE OBRAS
APRESENTAÇÃO
O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) tem a O conteúdo tratado é abrangente, tendo como ponto de
atribuição constitucional de zelar pela correta aplicação dos partida os atos iniciais de planejamento, passando por todas
recursos públicos estaduais e municipais, dentre eles, aque- as fases de licitação, contratação e execução da obra, e indo
les destinados à realização de obras e serviços de engenha- até o necessário preenchimento dos dados no Sistema de
ria. Por correta aplicação entende-se que os administradores Informações Municipais – SIM-AM. Além disso, são expos-
precisam aplicar o dinheiro público respeitando os disposi- tas, também, as irregularidades mais comuns detectadas
tivos constitucionais e legais, sempre tendo também como pelo corpo técnico deste Tribunal.
guia os princípios da eficiência e da transparência.
Os técnicos da Coordenadoria de Fiscalização de Obras
Para o fiel cumprimento desse papel, a atuação desta Corte Públicas que elaboraram o manual estiveram atentos à con-
ocorre principalmente sob duas maneiras. De um lado está cisão e à clareza tão necessárias para facilitar o trabalho dos
o aspecto fiscalizador, que pode resultar em desaprovações gestores públicos. Ao mesmo tempo, não descuidaram do 5
de contas, multas e outras penalidades. De outro, o as- caráter técnico e aprofundado que o tema merece.
pecto orientador, pelo qual o TCE-PR contribui para que os
Espera-se que este manual seja um referencial de boas
gestores públicos tenham acesso a informações relevantes
práticas na gestão de obras e serviços de engenharia, e
para cumprirem com suas obrigações. O presente manual
instrumento norteador da eficiência do gasto e da eficácia na
está alinhado a este segundo aspecto.
execução desses investimentos, visando principalmente o
Ele tem o objetivo de ajudar os gestores públicos a realizar interesse público e aos anseios da sociedade paranaense.
obras e serviços de engenharia conforme o que estabelece
a Constituição Federal e os dispositivos legais que tratam
do tema, e, especialmente, no que diz respeito à atividade DURVAL AMARAL
fiscalizatória do TCE-PR. São encontradas aqui informações Conselheiro Presidente
úteis a respeito de todas as etapas de execução de obras
públicas.
1. PLANEJAMENTO.............................................. 6
2. LICITAÇÃO...................................................... 10
2.1 FASE PRELIMINAR À LICITAÇÃO..................... 12
2.1.1 Programa de necessidades do município......... 12
2.1.2 Escolha do terreno........................................... 14
2.1.3 Estudo de viabilidade....................................... 15
2.1.4 Anteprojeto...................................................... 16
1. PLANEJAMENTO
COFOP | MANUAL DE OBRAS
Antes de iniciar uma obra ou serviço de engenha- Há duas formas de execução de obras públicas1:
ria, é necessário fazer um planejamento para:
• execução direta: a própria administração mu-
• identificar as necessidades da população do nicipal executa a obra, faz o gerenciamento e
município; fornece a mão-de-obra, os equipamentos e os
materiais necessários;
• ordenar as necessidades atribuindo priorida-
des, isto é, listar as necessidades de obras e • execução indireta: a administração municipal
serviços de engenharia em ordem crescente de faz licitação (concorrência, tomada de preços,
prioridade, de acordo com o interesse público; etc.) para contratar empresas que farão a exe-
• listar as obras e serviços prioritários no Plano cução da obra. Nesse caso, as empresas for-
Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orça- necem mão-de-obra, equipamentos e materi-
mentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual ais, enquanto a administração municipal faz o
(LOA); acompanhamento e a fiscalização. 9
Recomenda-se que cada município tenha um ór- No fluxograma a seguir são apresentadas, de mo-
gão ou departamento responsável pelo planejamento, do geral e em ordem sequencial, as etapas a cumprir
elaboração de projetos, orçamentos, especificações de durante o planejamento de uma obra pública:
serviços e materiais, acompanhamento e fiscalização
das obras ou serviços de engenharia. Essas atividades
devem ser desenvolvidas por profissionais cadastra-
dos nos respectivos conselhos profissionais: enge-
nheiros(as) registrados(as) no Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR) ou ar-
quitetos(as) registrados(as) no Conselho de Arquitetura 1
Lei Federal n.º 8.666/1993, art. 10, incisos I e II, redação dada pela
e Urbanismo (CAU/PR). Lei Federal n.º 8.883/94
Programa de Recursos
Programa de Obras do Governo Orçamentários/ Estudos Iniciais
Necessidades Atender:
PPA - LDO - LOA Convênios
Escolha do Terreno
A Sondagem
Viabilidade
B Técnica
Viabilidade Econômica
C e Ambiental
Anteprojeto arquitetônico,
D anteprojetos complementares,
respectivas ARTs
*O projeto Executivo pode ser
realizado concomitantemente com
a execução física do objeto, ou seja,
após a licitação
3 Memorial descritivo
4 Especificações técnicas
- Planilha de Custos e Serviços;
- Composição de Custo Unitário;
- Cronograma Físico-Financeiro; 5 Orçamento
- BDI (Benefícios e Despesas Indiretas)
6 ART/RRT de projetos e do orçamento
7 Alvarás
2. LICITAÇÃO
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De modo geral, as licitações são regidas pela Lei Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) regidas
Federal n.º 8.666/1993 que regulamentou o art. 37, pela Lei Federal n.º 12.462/2011, as quais serão de-
inciso XXI, da Constituição Federal e instituiu normas talhadas em manuais específicos.
para licitações e contratos da Administração Pública.
No fluxograma a seguir, são apresentadas, de
Há situações específicas de licitações de Parce- modo geral e em ordem sequencial, as etapas a se-
rias Público-Privadas (PPPs) regidas pela Lei Federal rem cumpridas para a adequada execução indireta
n.º 11.079/2004 e de licitações segundo o Regime de uma obra pública:
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COFOP | MANUAL DE OBRAS
Concluídos os estudos e selecionada a alterna- O memorial descritivo não é apenas uma lista
tiva mais adequada, deve-se elaborar um relatório genérica de serviços básicos a serem executados,
com a descrição e a avaliação da opção selecionada, tampouco pode se restringir a comentários ou des-
suas características principais, os critérios, índices e crições sumárias. O memorial deve ser específico e
parâmetros empregados na sua definição, deman- primar por sua particularidade, mesmo porque se
das que serão atendidas com a execução e pré-di- presume que a área de estudo e o dimensionamen-
mensionamento dos elementos, isto é, estimativa do to foram detalhados, com incursões in loco. O me-
tamanho de seus componentes. morial deve, portanto, se ater e focar o objeto es-
pecífico e nele pormenorizar-se. Todos os elementos
2.1.4 Anteprojeto característicos do projeto devem estar indicados,
introduzidos, se possível, com ilustrações ou foto-
Dependendo do tipo de empreendimento, pode grafias recentes (datadas) das áreas dos serviços ou
18 ser necessária a elaboração de anteprojeto, que não intervenções locais. O memorial descritivo deve ser,
se confunde com o projeto básico da licitação. O an- também, justificativo, ou seja, além da descrição da
teprojeto deve ser elaborado em obras de maior porte obra, deve conter justificativa técnica e econômica.
e consiste na representação técnica gráfica da opção
O anteprojeto não é suficiente para licitar (exceto
aprovada no estudo de viabilidade. Deve ser apre-
no caso de regime de contratação integrada previsto
sentado em desenhos sumários, em número e escala
no Regime Diferenciado de Contratação regido pela
adequados para uma suficiente compreensão da obra
Lei n.º 12.462/2011), pois não possui todos os ele-
planejada, contemplando especificações técnicas, me-
mentos necessários para a completa caracterização
morial descritivo e orçamento preliminar2.
2
Orientação Técnica IBRAOP – OT IBR 004/2012
COFOP | MANUAL DE OBRAS
Nos casos de reformas prediais e de manutenção A esse processo devem ser juntados todos os
em obras de infraestrutura, deve ser elaborado, previa- documentos gerados ao longo do procedimento li-
mente, laudo contendo o registro fotográfico e a des- citatório, inclusive memórias de cálculo e justificativas
crição da situação do bem a sofrer intervenção. Esses produzidas durante a elaboração dos projetos básico
documentos devem integrar o processo administrativo. e executivo.
19
3
Art. 38 da Lei n.º 8.666/1993
COFOP | MANUAL DE OBRAS
registro no CREA ou no CAU, que efetuará a ano- O edital da licitação para contratação do projeto
tação ou o registro de responsabilidade técnica (ART básico deverá conter, entre outros requisitos, o orça-
ou RRT) referente ao projeto. mento estimado dos custos do projeto e seu crono-
grama de elaboração.
Se o órgão não dispuser de corpo técnico espe-
cializado para a elaboração dos projetos ou se esse Quando o projeto básico for constituído de vários
corpo não receber tal encargo, deverá ser procedida projetos complementares (estrutural, elétrico, hidráu-
licitação anterior para contratar empresa ou profis- lico, etc.), é responsabilidade da Administração
sional para elaborar o projeto básico (ou uma licitação Pública garantir a sua compatibilização, mesmo
para cada projeto componente: arquitetônico, estru- quando contratados junto a terceiros.
tural, elétrico, etc.).
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COFOP | MANUAL DE OBRAS
Em relação aos custos unitários dos insumos e posições dos custos unitários da tabela do Sistema
serviços, o Decreto Federal n.º 7.983/2013 estabe- de Custos de Obras Rodoviárias (SICRO), cujas ma-
lece regras e critérios para a elaboração do orçamen- nutenção e divulgação estão a cargo do Departamen-
to de referência de obras e serviços de engenharia to Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
contratados e executados com recursos dos orçamen-
Quando não forem encontrados no SINAPI e no
tos da União.
SICRO, poderão ser adotados custos unitários de
Da mesma forma, as Resoluções Conjuntas Se- outras tabelas de referência formalmente aprovadas
cretaria de Infraestrutura e Logística/Paraná Edifica- por órgão ou entidade da administração pública e,
ções (SEIL/PRED) estabelecem Tabelas de Referência a título de complementação, podem ainda ser uti-
de Custos para obras e serviços de edificações a se- lizadas revistas técnicas especializadas e pesquisas
rem contratadas e executadas pelos órgãos da admi- no mercado local. É fundamental que as fontes de
nistração estadual. consulta sejam indicadas na memória de cálculo do
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orçamento, fazendo parte da documentação do pro-
O custo de referência de obras e serviços de en-
cesso licitatório.
genharia, exceto os serviços de obras de infraestru-
tura de transporte, pode ser obtido a partir de com- No caso de insumo ou serviço cujo preço não seja
posições de custos unitários menores ou iguais à contemplado pelos sistemas referenciais de custos
mediana de seus correspondentes nos custos unitári- disponíveis para consulta, pode-se realizar pesquisa
os de referência do Sistema Nacional de Pesquisa de de mercado, procedimento previsto no Decreto n.º
Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), gerido 7983/2013.
pela Caixa Econômica Federal (CEF) e pelo Instituto
O valor do BDI deve ser avaliado para cada caso,
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
uma vez que seus componentes variam em função
No caso de obras de infraestrutura de transportes, do local, do tipo de obra e da própria composição
o custo de referência pode ser obtido a partir das com- orçamentária.
COFOP | MANUAL DE OBRAS
O orçamento deve ser elaborado por profissional O cronograma servirá ainda como um balizador
habilitado, com recolhimento de ART ou RRT da plani- na fase de análise das propostas das empresas lici-
lha orçamentária que fixará o Preço Máximo adotado tantes e, após o início das obras, sempre que o prazo
na licitação. Se o orçamento for alterado antes da lici- e suas etapas de execução forem alterados, o crono-
tação, deverá ser efetuado o registro de ART ou RRT grama físico-financeiro deverá ser readequado, de
complementar de orçamento, pelo mesmo profissional, modo que continue a refletir as condições reais do
ou o recolhimento de uma nova ART ou RRT, caso se empreendimento.
trate de outro profissional.
As composições de custos unitários devem estar 2.2.7 Projeto executivo
disponíveis detalhadamente no orçamento-base da
licitação. Concluído o projeto básico, a Administração deve
providenciar o projeto executivo. Este projeto deve
No orçamento-base de uma licitação, as quanti- conter todos os elementos necessários à realização do 25
dades de materiais e serviços devem ser expressas empreendimento com nível máximo de detalhamento
em unidades objetivas compatíveis (m, m², m³, h, etc.); de suas etapas. Para a execução desse projeto, deve-
não devem ser utilizadas unidades genéricas como: se conhecer profundamente o local de execução da
verba, conjunto, global, ponto, etc.. obra e todos os fatores específicos necessários à sua
construção.
2.2.6 Cronograma físico-financeiro
Conforme a Lei 8.666/1993, o projeto executivo
O projeto básico deve conter, também, um crono- deve ser elaborado após o projeto básico e antes do
grama físico-financeiro com as despesas mensais início da obra. Porém, em situações excepcionais e
previstas ao longo da execução da obra ou serviço. mediante autorização expressa da Administração, este
Esse cronograma auxiliará na estimativa dos recursos projeto pode ser desenvolvido concomitantemente à
necessários ao longo de cada etapa ou de cada exer- realização do empreendimento. É importante salien-
cício financeiro.
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tar que, caso a Administração decida licitar apenas 2.2.9 Edital de licitação 13
com o projeto básico, esse deve representar exata-
mente o determinado no art. 6º, inciso IX, da Lei n° O edital de licitação é o documento que contém
8.666/1993: deve ser completo, adequado e suficiente as determinações e posturas específicas para deter-
para permitir a elaboração das propostas do certame minado procedimento licitatório e deve obedecer à le-
licitatório e a escolha da proposta mais vantajosa para gislação em vigor.
a Administração.
O preâmbulo do edital deve informar:
• número de ordem em série anual (por exemplo:
2.2.8 Recursos orçamentários para o 1/2015, 2/2015, etc.);
empreendimento
• nome do órgão interessado;
É indispensável que a Administração Municipal • forma de execução (por exemplo: indireta);
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preveja os recursos orçamentários para o pagamento
das obrigações decorrentes de obras ou serviços a • regime de execução (por exemplo: empreitada
serem executados no curso do exercício financeiro, por preço global, empreitada por preço unitário,
de acordo com o cronograma físico-financeiro pre- etc.);
sente no projeto. No caso de empreendimento cuja • modalidade da licitação (por exemplo: tomada
execução ultrapasse um exercício financeiro, a Admi- de preços, concorrência, etc.).
nistração não poderá iniciá-lo sem a prévia inclusão
no Plano Plurianual ou lei que autorize sua inclusão, • tipo de licitação (por exemplo: menor preço,
sob pena de crime de responsabilidade12. melhor técnica, etc.)
12
Art. 7º, § 2º, inciso IV, da Lei n.º 8.666/1993, combinado com o
§1º do art. 167 da Constituição Federal. 13
Art. 21, § 4º, da Lei n.º 8.666/1993
COFOP | MANUAL DE OBRAS
No texto do edital deve ficar explícito: As minutas dos editais de licitação, bem como as
dos contratos, aditivos, acordos, convênios ou ajus-
• que a licitação será regida pela Lei n° 8.666/1993;
tes, devem ser previamente examinadas e aprovadas
• local e prazo (data e horário) para recebimento pela assessoria jurídica da Administração.
de propostas e documentação comprobatória;
Os seguintes elementos constituem anexos do
• local, data e horário da abertura das propostas; edital e devem integrá-lo:
• informações exigidas nos incisos do art. 40 da • projeto básico e/ou executivo, com todas as
Lei n° 8.666/1993 (tais como descrição sucin- suas partes, desenhos, especificações e outros
ta e clara do objeto, prazo e condições para complementos;
assinatura do contrato, prazo para execução
• orçamento detalhado em planilhas de quanti-
do contrato e para entrega do objeto, sanções
tativos e preços unitários e suas composições;
para o caso de inadimplemento, local onde po- 27
derá ser examinado e adquirido o projeto bási- • minuta do contrato a ser firmado entre a Ad-
co, condições para participação na licitação, ministração e o licitante vencedor;
forma de apresentação das propostas, critério
• especificações complementares e normas de
para julgamento, critério de aceitabilidade dos
execução pertinentes à licitação.
preços unitário e global, critério de reajuste, con-
dições de pagamento, condições de recebimen- Para proteção da Administração, é recomendável
to do objeto). que o edital fixe a forma e o valor da garantia con-
tratual e o seu prazo de recolhimento pelo licitante
A Lei 8.666/1993 determina que o edital do cer-
vencedor (Lei n.º 8.666/1993, art. 56).
tame apresente em seu corpo os critérios a serem uti-
lizados no julgamento das propostas, com disposições
claras e parâmetros objetivos.
COFOP | MANUAL DE OBRAS
Prazo mínimo
Modalidade Enquadramento/ Exigências
de publicação
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* 30 dias quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”; para os demais casos: 15 dias.
** 45 dias quando o contrato contemplar o regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo “melhor
técnica” ou “técnica e preço”; para os demais casos: 30 dias.
14 16
Art. 23, inciso I, da Lei n.º 8.666/1993. Art. 23, inciso I, da Lei n.º 8.666/1993.
15 17
Art 43, inciso IV da Lei n.º 15.608/2007 do Estado do Paraná. Art 43, inciso IV da Lei n.º 15.608/2007 do Estado do Paraná.
COFOP | MANUAL DE OBRAS
De acordo com o § 4.º do art. 51 da Lei n.º • no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Fe-
8.666/1993, “a investidura dos membros das Comis- deral, quando se tratar, respectivamente, de
sões Permanentes não excederá a 1 (um) ano, ve- licitação feita por órgão ou entidade da Admi-
dada a recondução da totalidade de seus membros nistração Pública Estadual ou Municipal, ou do
para a mesma comissão no período subsequente”. Distrito Federal;
Por serem responsáveis pelos atos pertinentes • em jornal diário de grande circulação no Es-
à licitação, análise de propostas, publicações, divul- tado e também, se houver, em jornal de cir-
gação de resultados, homologações e contratações, culação no Município ou na região onde será
os membros das comissões de licitação respondem realizada a obra.
solidariamente por todos os atos praticados pela co-
No caso de Convite, a Administração deve afixar,
missão, salvo se posição individual divergente estiver
em local apropriado, cópia do instrumento convoca-
devidamente fundamentada e registrada em ata lavra-
tório. 33
da na reunião em que tiver sido tomada a decisão.
01 Comissão de Licitação
Assinatura do contrato 10
11 Ordem de serviço
COFOP | MANUAL DE OBRAS
sideráveis, desde que fundamentado e aprovado pela a) Verificar se, no seu desenvolvimento, estão
autoridade, que poderá ser de até 10% do valor do sendo cumpridos os termos do contrato, os projetos
contrato. e suas eventuais alterações previamente autorizadas,
especificações e demais requisitos;
A garantia prestada pelo contratado deverá
ser retida parcial ou totalmente pela Administra- b) Autorizar os pagamentos de faturas após rea-
ção em casos de inadimplemento pelo contrata- lização de medições devidamente atestadas;
do. Em caso contrário, a garantia deve ser liberada ou
c) Discutir a solução de problemas executivos,
restituída após a execução do contrato e, quando em
assim como participar de todos os atos que se fize-
dinheiro, atualizada monetariamente.
rem necessários para a fiel execução dos serviços
contratados.
2.4.3 Fiscalização A atividade de fiscalização é exercida pelo gestor/
40
A fiscalização é uma atividade que deve ser exer- fiscal do contrato e pelo fiscal da obra.
cida de modo sistemático pelo contratante (Poder
Público) e seus prepostos, objetivando a verificação
2.4.3.1 Gestor/fiscal do contrato
do cumprimento das disposições contratuais, técni-
cas e administrativas, em todos os seus aspectos. A De acordo com o prof. Rolf Bräunert22, o gestor/
função da fiscalização é exigir da contratada o cum- fiscal do contrato é um funcionário da Administração
primento integral de todas as suas obrigações con- (art. 84, Lei n.º 8.666/1993) designado pelo ordena-
tratuais, segundo procedimentos definidos no edital dor de despesa ou por quem este designar, com a
e no contrato e o estabelecido na legislação em vigor. atribuição de acompanhar e fiscalizar a execução do
contrato, isto é, gerenciar o contrato administrativo • manter controles adequados e efetivos dos
desde a contratação até o término de sua vigência contratos sob sua gestão, dos quais cons-
ou do termo equivalente. tarão todas as ocorrências relacionadas com
a execução, inclusive o controle do saldo con-
Esse servidor acompanha de modo sistemático
tratual;
a execução do contrato, com a finalidade de verificar
o cumprimento das disposições contratuais, princi- • propor medidas que melhorem a execução do
palmente as jurídicas e administrativas. Sua desig- contrato, consideradas as recomendações do
nação deverá ser oficial, formalizada por documento controle interno do órgão.
próprio definindo suas atribuições e competências.
Constituem atribuições do gestor de contrato, 2.4.3.2 Fiscal da obra
entre outras:
Segundo o prof. Rolf Bräunert, o fiscal da obra
41
• quando da medição e pagamento, receber do é um profissional legalmente habilitado para atuar na
fiscal da obra as informações e documentos área específica em que se enquadram os serviços
pertinentes estabelecidos em contrato como contratados, necessariamente registrado no CREA
condição para pagamento dos serviços execu- ou no CAU, designado pelo ordenador de despesa ou
tados, atestar as notas fiscais e encaminhá-las por quem este designar, com a atribuição de acom-
à unidade competente para pagamento; panhar e fiscalizar a execução da obra ou serviço de
engenharia in loco.
• promover o adequado encaminhamento, à u-
nidade competente, das ocorrências contratu- Sua designação deve ser oficial, formalizada por
ais constatadas ou registradas pelo fiscal da documento próprio definindo suas atribuições e com-
obra para fins de alterações contratuais ou de petências. O fiscal da obra tem a função operacional
aplicação de penalidades e demais medidas de acompanhar e fiscalizar a execução do objeto do
pertinentes; contrato (obra ou serviço de engenharia), relatando os
COFOP | MANUAL DE OBRAS
definidas no cronograma físico-financeiro, com seus 2.4.6 Recebimento das obras e serviços
prazos de conclusão e respectivos percentuais do
A execução dos contratos de obras e serviços
preço total. As medições apontam as etapas con-
deve ser recebida, provisoriamente, pelo represen-
cluídas.
tante da Administração responsável pelo acompa-
No regime de empreitada por preço unitário o nhamento e fiscalização da obra com emissão do
pagamento dos serviços (e não etapas) é feito pela Termo de Recebimento Provisório e, definitivamente,
verificação das quantidades efetivamente executa- com emissão do Termo de Recebimento Definitivo,
das, multiplicadas pelos seus respectivos preços por servidor ou comissão designada pela autoridade
unitários previstos no orçamento apresentado pela competente, após o prazo de observação, não supe-
licitante vencedora. rior a 90 dias, ou vistoria que comprove a adequação
A liquidação da despesa por serviços prestados do objeto ao contrato.
44 tem como base o contrato, ajuste ou acordo respec- A contratada deve manter as obras e serviços
tivo, a nota de empenho, o boletim de medição ates- em perfeitas condições de conservação e funciona-
tado pelo engenheiro fiscal da obra e/ou os com- mento, por sua conta e risco, até ser lavrado o termo
provantes da prestação efetiva do serviço. As notas de recebimento definitivo.
fiscais referentes a cada pagamento devem ser vis-
O recebimento provisório ou definitivo não exclui
tadas (com o “atesto”) pelo gestor/fiscal do contrato,
a responsabilidade civil do contratado pela solidez
após apresentação de documentação pelo fiscal da
e segurança da obra, e nem ético-profissional pela
obra.
perfeita execução do contrato.
COFOP | MANUAL DE OBRAS
As alterações contratuais são possibilidades ad- • ou um conjunto de acréscimos com valor total
mitidas para situações eventuais (imprevistas ou im- de até R$ 250.000,00 (+25%); nesse caso, o
previsíveis), formalizadas por meio de termos aditivos, valor final do contrato seria de R$ 1.250.000,00;
fundamentadas e justificadas tecnicamente (parecer
• ou um conjunto de supressões com valor total de
técnico e parecer jurídico) e autorizadas pela autori-
até R$ 250.000,00 (-25% do valor inicial do con-
dade competente.
trato) e um conjunto de acréscimos com valor to-
Um erro recorrente nos aditivos contratuais é tal de até R$ 250.000,00 (+25%); nesse caso, o
aprovar alterações contratuais que desrespeitam os valor final do contrato seria de R$ 1.000.000,00.
citados limites. Quando há alterações dos serviços
Nessa obra hipotética com valor de R$ 1.000.000,00,
contratados que envolvem supressão e acréscimo,
seria proibido fazer acréscimo de R$ 300.000,00
os limites percentuais citados são referentes ao
(+30%) e supressão de R$ 100.000,00 (-10%) como
valor original atualizado do contrato e devem ser
46 se fosse admissível uma compensação de percentuais
aplicados separadamente aos totais de valores de
como +30% - 10% = 20% (menor do que 25%). Essa
itens suprimidos e aos totais de valores de itens
compensação não é permitida. Na verdade, o acrésci-
acrescidos: os acréscimos não compensam as su-
mo de 30% já é proibido (é maior do que 25%) e não
pressões e vice-versa.
se admite compensação com percentual negativo.
Como exemplo, considere-se uma obra contrata-
Se a compensação de percentuais fosse admissí-
da por R$ 1.000.000,00. Seriam admitidas, de acor-
vel, poderia ocorrer a situação absurda de acréscimo
do com a Lei, as seguintes alterações formalizadas:
de +99% e supressão de -98%, com alegação de al-
• um conjunto de supressões com valor total de teração de “apenas 1%” (+99% - 98% = 1%). Essa
até R$ 250.000,00 (-25% do valor inicial do alteração implicaria a quase completa substituição da
contrato); nesse caso, o valor final do contrato obra contratada. Tal alteração, se necessária, exigiria
seria de R$ 750.000,00; nova licitação devido à desconfiguração do objeto.
COFOP | MANUAL DE OBRAS
tenha duração superior a um ano, e de correção mon- 2.4.11 Atualização financeira monetária
etária. De modo geral, o reajuste dos preços contratu-
A atualização financeira é admitida nos casos de
ais só pode ocorrer quando vigência e execução do
eventuais atrasos de pagamento pela Administração,
contrato ultrapassarem 12 (doze) meses, contados a
desde que o contratado não seja responsável pelo
partir da data limite para apresentação da proposta ou
atraso. Ela é devida desde a data limite fixada no
do orçamento a que essa se referir. No entanto, em
contrato para o pagamento, o que geralmente acon-
licitações que envolvam recursos federais, o gestor
tece em até 30 dias após o “atesto” da medição, até
deve considerar que o TCU expediu acórdão determi-
a data do efetivo pagamento da parcela.
nando que, mesmo em contrato com prazo de exe-
cução menor do que um ano, existam cláusulas que A atualização monetária, quando aplicável, deve
regulem o reajustamento, nos termos dos artigos 40, ser calculada por critérios estabelecidos obrigatoria-
inc. XI e 55, inc. III da Lei n.º 8.666/1993 (Acórdão mente no Edital da Licitação e no contrato da obra.
48 73/2010 TCU - Plenário). Não é cabível a correção monetária das propos-
tas de licitação, pois a atualização financeira visa a
A Lei n° 10.192/2001 admite, para reajustar os
preservar o valor a ser pago por serviços que já fo-
contratos, a utilização de índices de preços gerais, se-
ram prestados, considerando-se somente o período
toriais ou que reflitam a variação dos custos de pro-
dução ou dos insumos utilizados. De acordo com esta entre o faturamento e seu efetivo pagamento23.
Lei, são nulos de pleno direito quaisquer expedientes
que, na apuração do índice de reajuste, produzam 2.4.12 Reequilíbrio econômico-financeiro
efeitos financeiros equivalentes aos de reajuste de pe-
O equilíbrio econômico-financeiro consiste na ma-
riodicidade inferior a um ano. O reajuste de preços
nutenção das condições originais de pagamento es-
está vinculado a índice de preço previamente definido
no edital e no contrato. A concessão do reajustamen-
to, quando o contratado possuir direito, não é uma 23
Art. 7º, § 7º, art. 40, inciso XIV, alínea “c”; e art. 55, inciso III, Lei n°
faculdade da Administração, mas uma obrigação. 8.666/1993
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tabelecidas no contrato, a fim de garantir a estabilida- possível; um exemplo hipotético: um novo tribu-
de da relação entre as obrigações do contratado e to é criado e aplicado a um dos materiais com
a retribuição da Administração, para a justa remune- maior peso no orçamento da obra, aumentan-
ração da obra, serviço ou fornecimento. do consideravelmente seu preço e causando
desequilíbrio no contrato).
É possível à Administração, mediante acordo com
o contratado, restabelecer o equilíbrio econômico-fi- O reequilíbrio econômico e financeiro do contra-
nanceiro do contrato, nas hipóteses expressamente to geralmente ocorre a pedido da contratada, sendo
previstas em lei: que a Administração deve verificar:
• fatos imprevisíveis (ou previsíveis, porém de • planilha de custos, elaborada pela contratada,
consequências incalculáveis), retardadores ou demonstrando quais itens estão economica-
impeditivos da execução do ajustado; mente defasados e que serão alvos do reequi-
líbrio; 49
• caso de força maior (evento humano, impre-
visível e inevitável, que interfere na execução • a ocorrência do fato justificador das modifica-
da obra; exemplos: greve, falta de insumos no ções do contrato para mais ou para menos,
mercado); conforme a legislação vigente.
• caso fortuito (evento da natureza, imprevisível
e inevitável, que interfere na execução da obra;
exemplos: inundação, incêndio de causas natu-
rais);
$
• fato do príncipe (ocorre quando uma determi-
nação estatal, sem relação direta com o contra-
to da obra, o atinge de forma indireta, tornando
sua execução demasiadamente onerosa ou im-
COFOP | MANUAL DE OBRAS
É importante destacar que a formalização do re- 2.5.1 Garantia dos serviços executados
equilíbrio econômico-financeiro provoca o desloca-
O recebimento provisório ou definitivo não exime
mento da data-base para os próximos reajustes de
o profissional da responsabilidade civil pela qualidade
preço. A nova data-base passa a ser a data da re-
e segurança da obra ou do serviço, nem ético-profis-
composição, com reajustes anuais a partir de então.
sional pela perfeita execução do contrato, dentro dos
Nos contratos que tenham por objeto a prestação limites legais e contratuais.
de serviços de natureza contínua (não é o caso de
A Lei de Licitações24 estabelece, ainda, que o con-
obra) existe a possibilidade de Repactuação, uma
tratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, recons-
forma de negociação entre a Administração e o con-
truir ou substituir, às suas expensas, no total ou em
tratado que visa à adequação dos preços contratu-
parte, o objeto do contrato em que se verificarem ví-
ais aos novos preços de mercado.
cios, defeitos ou incorreções resultantes da execução
50 ou dos materiais empregados.
2.5. FASE POSTERIOR À CONCLUSÃO De acordo com o Código Civil25, nos contratos
de empreitada de edifícios ou outras construções
DA OBRA
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução
O recebimento definitivo do empreendimento en- responderá, pelo prazo irredutível de cinco anos,
cerra a execução da obra e marca o início da sua pela solidez e segurança do trabalho com relação
utilização, etapa na qual se incluem ações de opera- aos materiais e ao solo.
ção e intervenções necessárias à manutenção das
condições técnicas definidas em projeto, para que
a vida útil do imóvel seja a maior possível e gere de
modo eficiente os benefícios sociais almejados.
24
Art 69 da Lei n.º 8.666/1993
25
Art 618 da Lei n.º 10.406/2002
COFOP | MANUAL DE OBRAS
Vale repetir aqui que, de acordo com o art. 445 2.5.2 Manutenção
da Lei n.º 10.406/2002, o adquirente (Poder Público,
Com o empreendimento em funcionamento, torna-
no caso) decai do direito de obter a redibição (anu-
se fundamental que sejam desenvolvidas atividades
lação de uma venda por proposta do comprador,
técnicas e administrativas para garantir a preservação
quando a coisa vendida apresenta defeito) ou aba-
das características de desempenho técnico dos seus
timento no preço no prazo de trinta dias se a coisa
componentes e/ou sistemas. A manutenção pode ser
for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da
de natureza preventiva ou corretiva. A manutenção
entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo con-
preventiva consiste em atividades prévias ao surgi-
ta-se da alienação, reduzido à metade. Quando o
mento dos problemas, enquanto a manutenção corre-
vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais
tiva é realizada após o aparecimento das falhas a se-
tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele
rem corrigidas.
tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oiten-
ta dias, em se tratando de bens móveis; e de um A situação ideal é que todo órgão público de- 51
ano, para os imóveis. Portanto, assim que constatar senvolva um programa de manutenção periódica,
o vício, defeito ou incorreção, o gestor público deve que contemple um conjunto de inspeções realizado
comunicar a empresa responsável pela obra para rotineiramente para evitar o surgimento de proble-
que os reparos necessários sejam executados. As mas. Este programa deve levar em conta as especifi-
correções devem ser realizadas sem qualquer ônus cidades do empreendimento e seguir as orientações
para a Administração. técnicas dos fabricantes e fornecedores dos materi-
ais e equipamentos instalados.
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3. SISTEMA DE
INFORMAÇÕES
52
MUNICIPAIS –
ACOMPANHAMENTO
MENSAL – SIM-AM –
MÓDULO DE OBRAS
COFOP | MANUAL DE OBRAS
Nos capítulos anteriores orientou-se como plane- • previamente devem estar cadastradas, em seus
jar a realização de obras e serviços de engenharia, respectivos módulos: Licitação, Contrato, Ação
elaborar seus projetos e executá-los de forma ade- (PPA, LDO, LOA), Bem e Empenho;
quada à legislação. A organização dos registros rele-
• anotações ou registros de responsabilidade
vantes sobre a obra também é de suma importância.
técnica (ART ou RRT) relativas a: projeto básico
Um sistema que permita o controle das diver- e executivo (arquitetônico e complementares
sas obras facilita o acesso às informações das reali- tais como estrutural, hidráulico, elétrico, etc.);
zações da Administração, permitindo tomar conhe- orçamento que deu origem ao valor máximo
cimento, de forma rápida, em que estágio a obra ou da licitação; execução da obra; fiscalização.
serviço se encontra.
Especificamente para o módulo de Obras Públi-
O TCE-PR normatizou, com a Instrução Normati- cas, deverão ser inseridos na Atoteca26 os seguintes
va n.º 084/2012, a forma de organização destes da- documentos, vinculados aos respectivos registros 53
dos pelos municípios. Todos os municípios, por meio no SIM-AM:
de suas Administrações direta e indireta, devem seguir
• orçamento base (quando execução direta) ou
o disposto na regulamentação. Não seguir estes pro-
orçamento do edital (quando execução indire-
cedimentos configura irregularidade formal que pode
ta) em planilha em formato xls ou xlsx editáveis
acarretar multas ao ordenador de despesas, bem
com o programa Excel ou similar compatível,
como irregularidades nas prestações de contas e o
com acesso a fórmulas e dados numéricos;
consequente bloqueio da certidão negativa junto ao
TCE. • planilha orçamentária contratada;
• medição contendo relatório fotográfico, com da- dignidade a real situação da licitação, da contratação
ta (formato pdf); e da execução da obra, nos termos do art. 2º, § 4º
da Instrução Normativa n.º 84/12, e as discrepâncias
• termo de recebimento provisório/definitivo (for-
identificadas, entre o que consta no SIM-AM e aquilo
mato pdf);
que foi constatado de fato, podem levar à aplicação
• termo de paralisação de obras, contendo o de penalidades ou mesmo acarretar a desaprovação
motivo causador, se for o caso (formato pdf). das contas do município, conforme art. 13 da mesma
norma.
As obras de valores superiores a R$ 15.000,00
Neste sentido, reforça-se novamente a importân-
devem ser cadastradas no início efetivo, no
cia de que todos os municípios tenham, em sua equi-
máximo um mês após o Empenho no elemento
pe, profissionais de engenharia e/ou arquitetura, pois
51 (Investimento em Obras).
são estes os profissionais que possuem, além da ha-
54
bilitação legal para o desempenho de suas funções,
Ressalta-se que todos os documentos devem
o conhecimento técnico indispensável acerca do de-
estar datados e assinados pelo responsável técnico
senvolvimento dos projetos, obras e serviços relacio-
pela fiscalização da obra, que deve ser profissional
nados com a engenharia e a arquitetura.
habilitado, com registro no CREA ou no CAU.
No sítio eletrônico do TCE são disponibilizados ar-
É importante frisar que não basta que as in-
quivos de vídeo e documentação específica do módulo
formações e os documentos sejam simplesmente
de Obras Públicas, contendo guias e exemplos (http://
enviados ao TCE por meio do SIM-AM, para mero
www1.tce.pr.gov.br/conteudo/sim-am-modulo-
cumprimento desta obrigação. Tais informações e
obras-publicas-guia-e-exemplos/244588/area/49).
documentos devem expressar com confiança e fide-
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4. PRINCIPAIS
IRREGULARIDADES 55
EM OBRAS PÚBLICAS
COFOP | MANUAL DE OBRAS
56
COFOP | MANUAL DE OBRAS
Essas consequências podem frustrar o pro- A responsabilidade pela elaboração dos projetos
cedimento licitatório, dadas as diferenças entre será de profissionais ou empresas legalmente regis-
o objeto licitado e o que será efetivamente exe- trados no CREA ou no CAU. Os autores deverão as-
cutado, e levar à responsabilização daqueles que sinar todas as peças que compõem os respectivos
deram causa às irregularidades constatadas27. projetos, indicando o número da inscrição de registro
e o número dos registros ou anotações de responsa-
No intuito de minimizar a ocorrência destas conse-
bilidade técnica (ART ou RRT), nos termos da Lei n°
quências, o TCE publicou a Resolução n.º 004/2006,
6.496/1977.
que regulamenta o conteúdo das informações sobre
obras e serviços de engenharia e elenca os docu-
mentos necessários ao efetivo controle de uma obra. 4.2 Irregularidades no Contrato
Todos os estudos e projetos devem ser desen- São exemplos clássicos de irregularidades con-
volvidos de forma que guardem sintonia entre si, cernentes à celebração e à administração de contra- 59
tenham coerência material e atendam às diretrizes tos de execução de obras ou serviços de engenharia:
gerais do programa de necessidades do Município e
• divergência entre a descrição do objeto no
dos estudos de viabilidade.
contrato e a constante do edital de licitação
e seus anexos;
27
Segundo o Acórdão n.º 353/2007 do TCU. Relator: Ministro Augusto • divergências relevantes entre o projeto básico
Nardes: e o projeto executivo;
5. [...] Além disso, é bom lembrar que, nos exatos termos do art. 7º, §
6º, da Lei 8.666/1993, são nulos de pleno direito os atos e contratos • não vinculação do contrato ao edital de lici-
derivados de licitações baseadas em projeto incompleto, defeituoso ou tação e à proposta do licitante vencedor;
obsoleto, devendo tal fato ensejar não a alteração do contrato visando
à correção das imperfeições, mas sua anulação para realização de
• ausência de aditivos contratuais para con-
nova licitação, bem como a responsabilização do gestor faltoso. templar eventuais alterações de projeto ou
do cronograma físico-financeiro;
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5. PRINCIPAIS NORMAS
APLICÁVEIS ÀS OBRAS E 63
SERVIÇOS DE ENGENHARIA
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Apresenta-se aqui uma lista das principais nor- voltadas para a responsabilidade na gestão
mas legais e administrativas relacionadas a obras e fiscal;
serviços de engenharia. Em alguns casos, as normas
• Lei n.º 10.192/2001: dispõe sobre correção
são aplicáveis apenas a órgãos federais, mas podem
monetária ou reajuste por índices de preços
ser úteis aos gestores que não possuem regulamen-
gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos
tação própria sobre as matérias:
custos de produção ou dos insumos utilizados
• Constituição Federal de 1988; nos contratos de prazo de duração igual ou
superior a um ano;
• Lei n.º 5.194/1966: regula o exercício das pro-
fissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro • Lei n.º 12.462/2011: institui o Regime Dife-
agrônomo; renciado de Contratações Públicas (RDC),
aplicável originalmente às licitações e aos con-
• Lei n.º 6.496/1977: institui a Anotação de Res-
64 tratos necessários à realização da Copa das
ponsabilidade Técnica na prestação de serviços
Confederações de 2013, da Copa do Mundo
de engenharia, arquitetura e agronomia;
de Futebol de 2014 e dos Jogos e Paraolímpi-
• Lei n.º 6.938/1981: dispõe sobre a Política Na- cos de 2016;
cional do Meio Ambiente, seus fins e mecanis-
• Decreto n.º 7.581/2011: regulamenta o Regi-
mos de formulação e aplicação;
me Diferenciando de Contratações Públicas –
• Lei n.º 8.666/1993: regulamenta o art. 37, in- RDC;
ciso XXI, da Constituição Federal e institui nor-
• Lei n.º 12.688/2012: amplia a abrangência do
mas para licitações e contratos da Adminis-
RDC, incluindo a possibilidade de sua apli-
tração Pública;
cação também a licitações e contratos das
• Lei n.º 101/2000: Lei de Responsabilidade Fis- ações integrantes do PAC;
cal: estabelece normas de finanças públicas
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6. SÍTIOS DA
66
INTERNET ÚTEIS
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Observação:
Sugere-se que os modelos de documentos, a
seguir apresentados, sejam confeccionados em
formato normalizado A4.
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71
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72
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73
COFOP | MANUAL DE OBRAS
Betoneira Serventes: ( )
Vibrador Especializados: ( )
Maquita Terceirizados: ( )
Furadeira
Outros
74 SERVIÇOS EM ANDAMENTO
REGISTRO DE OCORRÊNCIAS
Data: / / Assinaturas
todas as definições existentes para cada conceito, nhos sumários, em número e escala suficientes para
até porque, há na doutrina diversas definições que compreensão da obra planejada, contemplando es-
poderão ser conhecidas e aprofundadas mediante pecificações técnicas, memorial descritivo e orçamen-
a leitura da bibliografia adequada. to preliminar29.
Aquisição – compra remunerada de bens para for-
necimento de uma só vez ou de forma parcelada.
28
Licitações & Contratos – Orientações e Jurisprudência do TCU. 4ª
Edição – Revista, atualizada e ampliada. Página 542.
29
Orientação Técnica IBRAOP – OT IBR 004/2012
COFOP | MANUAL DE OBRAS
regulamentada pela Resolução n.º 425/1998 do Con- Calculado em função do tempo que o órgão/
Encargos
selho Federal de Engenharia e Agronomia, CONFEA, a financeiros
entidade leva para pagar a fatura após sua
ART é o documento que define, para todos os efeitos emissão.
legais, os responsáveis técnicos pelos empreendimen- Taxa incidente sobre o total geral dos custos
Lucro Líquido
76 tos da Engenharia e da Agronomia. e despesas, excluídas as despesas fiscais.
Estudo Preliminar – estudo efetuado para assegurar Licenciamento Ambiental – procedimento admi-
a viabilidade técnica e o adequado tratamento do im- nistrativo pelo qual o órgão ambiental competente
pacto ambiental de um empreendimento a partir de licencia a localização, instalação, ampliação e a ope-
dados levantados na identificação de necessidades. ração de empreendimentos e atividades que utilizam
recursos ambientais, consideradas efetiva ou poten-
Execução Direta – forma de execução de obra ou
cialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer
serviço de engenharia realizada pelos órgãos e enti-
forma, possam causar degradação ambiental, con-
dades da Administração, utilizando-se de mão de o-
siderando as disposições legais e regulamentares e
bra de seu quadro de pessoal e seus próprios meios.
as normas técnicas aplicáveis ao caso.
Execução Indireta – forma de execução de obra ou Licitação – procedimento administrativo pelo qual
serviço de engenharia em que o órgão ou entidade a Administração Pública seleciona a proposta mais
contrata com terceiros, sob qualquer dos seguintes vantajosa para a aquisição ou contratação de um
78 regimes de execução: empreitada por preço global, bem ou serviço de seu interesse.
empreitada por preço unitário, empreitada integral ou
tarefa. Medição – verificação das quantidades de serviços
executados em cada etapa do contrato e ateste da
Homologação da licitação – ato administrativo em qualidade destes serviços pelo engenheiro/arquite-
que a autoridade superior reconhece a legalidade do to fiscal, mediante registro em boletins, que devem
procedimento licitatório e declara válido todo o cer- conter planilhas que discriminem qualitativa e quan-
tame. titativamente os serviços executados no período e
Inexigibilidade de Licitação – situação em que, os acumulados desde o início da obra, os previstos/
havendo inviabilidade de competição e não sendo acumulados para o período conforme cronograma,
possível a realização de licitação, a administração todos acompanhados de seus respectivos percentu-
está autorizada a efetuar a contratação direta, nos ais, além de memorial de cálculo detalhado indican-
casos previstos no art. 25 da Lei n.º 8.666/1993. do os locais em que os serviços foram aferidos e o
período a que se refere a medição.
COFOP | MANUAL DE OBRAS
Obra – toda construção, reforma, fabricação, recu- Preço Inexequível – aquele que não tem demons-
peração ou ampliação, realizada por execução dire- trada sua viabilidade por meio de documentação que
ta ou indireta30, na qual seja necessária a utilização comprove que os custos dos insumos são coerentes
de conhecimentos de profissionais habilitados con- com os de mercado e que os coeficientes de pro-
forme Lei Federal n.º 5194/196631. Os conceitos de dutividade são compatíveis com a execução do ob-
obra e de serviço de engenharia são definidos na jeto do contrato, condições estas necessariamente
Resolução n.º 25/2011, que tem como anexo a Ori- especificadas no edital da licitação. No caso das
entação Técnica OT IBR 02/2009 - IBRAOP. licitações para contratação da execução de obras
e serviços de engenharia, do tipo menor preço, se-
Obra pública – toda construção, reforma, fabrica-
rão consideradas manifestamente inexequíveis as
ção, recuperação ou ampliação de bem público. Pode
propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (se-
ser realizada com execução direta ou indireta, e, em
tenta por cento) do menor dos seguintes valores32:
casos excepcionais, com dispensa ou inexigibilidade
79
de licitação. • média aritmética dos valores das propostas
superiores a 50 % (cinquenta por cento) do
Obras e serviços de grande vulto – aquelas cujo
valor orçado pela Administração;
valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes
o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 • valor orçado pela Administração.
da Lei n° 8.666/1993. Atualmente, o limite citado é de
Preço Inicial – preço contratado inicialmente para a
R$ 1.500.000,00. Então, são atualmente considera-
execução de obras ou serviços.
das de grande vulto as obras com valores superiores
a R$ 37.500.000,00 (= 25 x R$ 1.500.000,00). Projeto Básico – conjunto de elementos necessári-
os e suficientes com nível de precisão adequado para
30
Lei Federal n.º 8.666/1993, art. 6º, inciso I. 32
Lei Federal n.º 9.648/1998 e Lei Federal n.º 8.666/1993, § 2º do
31
Resolução n.º 25/2011 TCE/PR. art. 48
COFOP | MANUAL DE OBRAS
caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras Realinhamento de preços – mecanismo pelo qual
e serviços objetos da licitação, elaborado com base são alterados os preços dos contratos para restabe-
nas indicações dos estudos técnicos preliminares, lecer a relação que as partes pactuaram inicialmente
que assegurem a viabilidade técnica e o adequado entre os encargos do contratado e a retribuição da
tratamento do impacto ambiental do empreendimen- Administração para a justa remuneração da obra
to e que possibilite a avaliação do custo da obra e ou serviço, objetivando a manutenção do equilíbrio
a definição dos métodos e do prazo de execução. econômico-financeiro inicial do contrato34, nas hipó-
Deve abranger toda a obra e possuir os requisitos teses previstas em lei.
estabelecidos pela Lei n° 8.666/199333 e pela Reso-
Reforma – alteração do espaço original ou anterior-
lução n.º 004/2006 TCE-PR.
mente formulado por meio de substituição, acréscimo
Projeto Executivo – Conjunto de elementos neces- ou retirada de materiais ou elementos construtivos
sários e suficientes à execução completa da obra, de ou arquitetônicos, na intenção de reformular todo ou
80
acordo com as normas pertinentes da Associação parte daquele espaço antes definido, mantendo as
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). É composto características de volume ou área e a função de sua
de todos os desenhos e especificações que se fize- utilização atual35.
rem necessários, complementando e apresentando
Reparo – ato de substituir ou repetir a aplicação de
detalhamentos do projeto básico, de acordo com sua
materiais ou componentes construtivos da edificação,
natureza, porte ou complexidade, de forma a possi-
pelo simples motivo de deterioração ou avaria daque-
bilitar a execução completa da obra.
le anteriormente aplicado. Não interfere e nem altera o
Reajustamento de preços – mecanismo pelo qual espaço originalmente proposto.
os preços contratados são alterados para compen-
sar os efeitos das variações inflacionárias.
34
Lei Federal n.º 8.666/1993, art. 65, inciso II, alínea d)
33
Art. 6º, inciso IX, alíneas a) a f) da Lei Federal n.º 8666/1993. 35
Resolução n.º 25/2011 TCE/PR
COFOP | MANUAL DE OBRAS
82
39
Lei Federal n.º 8.666/1993, art. 73, inciso I, alínea a)
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84