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As ideias devem estar organizadas de acordo com a ordem em que aparecem no texto.
O leitor deve expressar sua opinião e, inclusive, fazer os seus próprios esquemas (quando julgar
necessário). Esse tipo de fichamento também é chamado de fichamento de leitura ou de conteúdo.
Assunto: Educação Ambiental como ferramenta estratégica do Estado para disciplinar a ordem
cívica quanto a problemática ambiental e análise das metodologias de formação de educadores
ambientais.
Referência: SORENTINO, M., et al. Educação Ambiental como Política Pública. Educação e
Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 285-299, 2005.
Grasmci considera a sociedade civil como sede da superestrutura (Bobbio, 1999), ou seja, é em
seu âmbito que nasce a idéia de uma nova ordem e de novos valores que implicam uma nova
estrutura, um novo Estado. A educação ambiental trata de uma mudança de paradigma que
implica tanto uma revolução científica quanto política, em específico, ao educar para a
cidadania, pode construir a possibilidade de ação política, no sentido de contribuir para formar
uma coletividade que é responsável pelo mundo que habita.
O resgate do caráter público do Estado requer sua ampliação no âmbito da educação e do
ambiente. Um Estado cresce quando suas funções históricas passam a demandar mais ação.
Responsabilidade exige, entre outras coisas, autonomia para participação no debate de políticas
públicas como, por exemplo, a qualidade da educação, o empoderamento de pequenos
agricultores ampliando a oferta local e a diversidade de produtos de qualidade.
A palavra política origina-se do grego e significa limite. O resgate desse significado, como limite,
talvez nos ajude a entender o verdadeiro significado da política, que é a arte de definir os limites,
ou seja, o que é o bem comum. No ambientalismo colocamos a questão dos limites que as
sociedades têm na sua relação com a natureza, com suas próprias naturezas como sociedades.
Assim, resgatar a política é fundamental para que se estabeleça uma ética da sustentabilidade
resultante das lutas ambientalistas.
Considerando a ética da sustentabilidade e os pressupostos da cidadania, a política pública é
um conjunto de procedimentos formais e informais que se destina à resolução pacífica de
conflitos, à construção e ao aprimoramento do bem comum. Assim, a meta da educação
ambiental para a sustentabilidade socioambiental e ecodesenvolvimento torna-se um processo
de transformação do meio natural que, por meio de técnicas apropriadas, impede desperdícios
e realça as potencialidades deste meio, cuidando da satisfação das necessidades de todos os
membros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais.
A educação ambiental entra nesse contexto orientada por uma racionalidade ambiental,
transdisciplinar, pensando o meio ambiente como uma base de interações entre o meio físico-
biológico com as sociedades e a cultura produzida pelos seus membros.
Sendo a racionalidade ambiental um conjunto de interesses e de práticas sociais que articulam
ordens materiais diversas que dão sentido e organizam processos sociais através de certas
regras, meios e fins socialmente construídos.
Nesse sentido, a concepção de educação ambiental foi parcialmente apropriada pela Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA), Lei nº 9795/99, que define a educação ambiental
como processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos e habilidades, atitudes e competências voltadas para conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade, como também a questão da interdisciplinaridade metodológica e
epistemológica da educação ambiental como componente essencial e permanente da educação
nacional que deve estar articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo,
em caráter formal e não-formal.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) tem se orientado com programas que vislumbrem a
possibilidade do envolvimento de 100% da população brasileira. Vinculado ao aspecto
participativo, programas, projetos, consórcios e comitês são alguns dos exemplos articuladores
em que os municípios estão utilizando para envolver a população quanto a questão ambiental.
Estão sendo utilizadas quatro processos educacionais para que os municípios se envolvam e
comprometam-se com as questões ambientais: formação de educadores ambientais,
educomunicação socioambiental, estruturas educadoras e foros e coletivos.
Questões abrangentes, bem como áreas mais específicas são trabalhadas pelo Ministério da
Educação (MEC) baseadas em ações estruturantes como, conferências, formação continuada,
inclusão digital e educação, contribuindo para um processo permanente de educação ambiental
na escola.
Em 2003, o MMA e o MEC lançaram na Conferência Nacional do Meio Ambiente uma
campanha, “Vamos cuidar do Brasil”. A conferência tornou a escola um espaço de debate à
comunidade e políticas ambientais locais.
Na educação formal, o Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), por
intermédio do MEC, teve o desafio de apoiar professores a se tornarem educadores ambientais
abertos para atuar em processos de construção de conhecimentos, pesquisa e intervenção
educacional com base em valores voltados à sustentabilidade em suas múltiplas dimensões.
São trabalhados linhas como: acesso à informação e conhecimento por meio de materiais
instrucionais, instâncias de debates, pesquisa e ação, e fomento da relação comunidade-escola.
“Em 2004, foi adotado um livro como tema gerador para articular as atividades nas escolas:
Consumo sustentável: um manual de educação (Idec/MMA/MEC, 2004)”. Uma base comum de
conteúdos, água, transporte, biodiversidade, energia, alimentação, baseada na construção
coletiva.
A educação ambiental, por não estar presa a uma grade curricular rígida, pode ampliar
conhecimentos em uma diversidade de dimensões, sempre com foco na sustentabilidade
ambiental, e por não se tratar de uma disciplina, permite inovações metodológicas na direção
do educere. “Com essa visão sistêmica e participativa, espera-se que esses processos
educacionais permitam incentivar educadores e educadoras ambientais a acreditarem em sua
capacidade de atuação individual e coletiva, ao se apropriarem de conceitos, readequando
métodos, incrementando técnicas e melhorando suas práticas cotidianas.”
Na metodologia de formação educadores ambientais a pedagogia da práxis, empregada pelo
Ministério do Meio Ambiente e a de projetos coletivos e transformadores, utilizada pelo Ministério
da Educação, culminam em eixos pedagógicos que fortalecem a formação de educadores
ambientais, ideias de coletivos de participação política e de aprendizagem solidária também são
aspectos compartilhados por ambas a práticas pedagógicas.
Em práticas pedagógicas dessas formações é fundamental a produção de materiais de apoio e
instrumentos comuns que viabilizem a compreensão e entendimento dos técnicos dos
Ministérios e a percepção dos processos sinérgicos desenvolvidos pelos educadores.
Em uma análise das propostas do órgão gestor da políticas públicas de educação ambiental,
MMA, se percebe que Estado assume o estímulo, o subsídio e certificado com instituições de
formação de educadores ou que possam realizar esta função, desta forma asseverando o
processo de formação continuada de educadores ambientais, atuando em intervenção indireta,
caso optasse por atuar por intervenção direta e desenvolver um programa próprio isto
demandaria a contratação e qualificação de grandes equipes a serem alocadas nos estados da
federação, além disso seria contraditório ao preceito da educação ambiental de ser desenvolvida
em consonância com saberes e realidades locais e as instituições de cada região.
Nas ações do MEC as propostas se alinham mais a uma intervenção direta, o que se tem por
esperado visto intervenção se dá pela educação pública onde já existe uma estrutura política de
interventiva, que busca inserir a educação ambiental na rede pública de ensino em todos os
seus níveis de ensino, com políticas que tem por princípio a descentralização, a flexibilidade, a
coordenação, participação cidadã, a transparência administrativa, a modernização tecnológica,
valorização dos recursos humanos e a retroação na gestão.
Com transcorrer dos tempos se espera uma ambos MEC e MMA se integrem aos coletivos
educadores que se constituirão os principais parceiros para o desenvolvimento de políticas
públicas de educação ambiental o que não implica a redução do atuação do Estado na
manutenção da estrutura político-governamental para implementação dessa política pública o
que se almeja é a organização da sociedade, instituições atuantes de forma a qualificar a
demanda desta sociedade, de forma permitir o subsídio governamental em suas práticas de
educação ambiental.
A regulação social, que emerge dos preceitos do Estado mínimo, visto nestes tipos de políticas
é mais abrangente, diversificada, e fragmentada, do que a aquela regulação racional prática
empregada pelo Estado no período anterior, perceptuando uma desregulação social resultante
dessa hetegeronicidade atores e seus interesses individuais que suplantam os coletivos.
O que se destaca na regulação da educação ambiental é que, na perspectiva do atual governo,
a atuação deve ser crítica, popular e emancipadora o que pode não ocorrer em governos futuros.
O que se espera é esta perspectiva se consolide junto a sociedade não permitindo um
retrocesso e descaso nas ações do Estado.
O que nos possibilita perceber que as políticas públicas em educação ambiental em sua
concepção se constituem de um processo democrático, participativo, dialético e partilhado entre
Estado e sociedade civil.