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A heroína tem sido uma das maiores exportações de Moçambique há duas

décadas e o negócio continua a crescer, revelou um relatório divulgado pelo


Centro de Integridade Pública de Moçambique.

O relatório indica que a droga é produzida no Afeganistão, passa pelo Paquistão, entra
pelo mar no Norte de Moçambique e segue pela estrada para Joanesburgo e depois para
a Europa.

Nos últimos 25 anos, estima-se que todos os anos se movimentam 40 toneladas ou mais
de heroína.

Com um valor de exportação de cerca de 20 milhões de dólares americanos, por


tonelada, a heroína é provavelmente o maior ou o segundo maior produto exportado
pelo país, logo a seguir ao carvão.

O CIP, uma organização não governamental que luta contra a corrupção no sector
público, estima que por cada tonelada que transita por Moçambique, ficam no país pelo
menos 2 milhões de dólares norte-americanos, em lucros, subornos e pagamentos a
figuras seniores moçambicanas.

Parte do comércio ainda é controlada pelos tradicionais barões da droga de Moçambique,


protegidos por altos dirigentes políticos.

O relatório diz, no entanto, que desponta-se um novo comércio informal, organizado por
pessoas de fora de Moçambique, usando o WhatsApp.

Alguns analistas dizem esperar que o estudo do Centro de Integridade Pública-CIP sobre
o negócio da heroína desperte as autoridades moçambicanas para uma realidade que
pode comprometer a luta contra a pobreza no país.

“Esta é uma das manifestações do crime organizado transnacional e que pode colocar
em causa os esforços para o combate à pobreza em Moçambique”, considerou o jurista
Pascoal Cumbe, para quem a dimensão do problema no país é grande e envolve figuras
influentes .

O negócio da droga movimenta muito dinheiro, “mas esse dinheiro não é investido em
coisas úteis à sociedade”, lamentou aquele jurista.

Para o analista Francisco Matsinhe, o valor até pode ser muito mais elevado, dada a
dimensão do problema.

O relatório do CIP explica que o negócio da cocaína foi estabelecido a partir da década
de 1990 por Mohamed Bachir Suleman, MBS, “e controlado ao mais alto nível pelos
Presidentes Chissano e Guebuza, indo o dinheiro para o partido Frelimo, figuras seniores
da Frelimo e funcionários na polícia e autoridades fiscais”.

Tem havido até agora um silêncio surpreendente por parte da comunidade internacional
porque os doadores têm estado interessados em tratar Moçambique como uma história
de sucesso e porque a regulação do negócio parece funcionar, pelo menos a nível
doméstico.

“Este quadro pode estar a mudar porque a imagem de Moçambique foi manchada pela
dívida secreta de dois mil milhões de dólares, dos quais metade não está devidamente
localizado”, explica a organização, concluindo que “os mais altos na Frelimo e o
Presidente Filipe Nyusi parecem distanciar-se do negócio da heroína e permitem alguma
repressão ao tráfico”.

Fonte: https://noticias.mmo.co.mz/2018/07/heroina-continua-a-ser-uma-das-principais-
exportacoes-de-mocambique-diz-cip.html#ixzz5nF1POhHt

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