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RESUMO
Corresponde a discussão sobre o ensino de História, percorrendo sua trajetória enquanto disciplina e
refletindo sobre o papel desempenhado no decorrer dos anos. O estudo baseia-se nos estudos de
pesquisadores sobre o tema. Propõe a inclusão de novas linguagens e tecnologias nas aulas de História
para superação do reprodutismo.
Palavras-chave: ensino de história, historiografia, nova perspectiva, visualidade.
1
Aluna do curso de História e membro do Núcleo de Pesquisa “Literatura e Educação em História” das
Faculdades Jorge Amado.
2
Para Ciro Flamarion Cardoso e Ana Maria Mauad (1997, p.401), a visão de que
o historiador deve valorar todo tipo possível de leitura, ampliando seu instrumental, já é
algo superado, desde quando se concebeu a idéia de que “qualquer tipo de marcas”
deixadas pelo homem é uma fonte histórica, independente desta de ser escrita ou não.
Desta forma, novos textos, tais como a pintura, o cinema, a fotografia etc.,
foram incluídos no elenco de fontes dignas de fazer parte da história e
passíveis de leitura por parte do historiador” (CARDOSO e MAUAD, 1997,
p. 402).
Outra linguagem que ainda constitui uma discussão recente é o trabalho com a
literatura nas aulas de História. O uso dos livros didáticos, mesmo os mais próximos das
concepções atuais, não dão conta de garantir a qualidade do ensino, principalmente, por
afastar os alunos das leituras completas e reflexões próprias.
A literatura favorece uma “imersão” no cotidiano passado, na mentalidade de
uma época, no universo político e econômico, permitindo aos alunos realizar sua própria
leitura da história e perceber o reflexo das estruturas política e econômicas na vida
social.
Quem melhor descreveria a sociedade carioca no século XIX que literatos como
Machado de Assis e José de Alencar? Que produção historiográfica seria mais
apropriada que Jorge Amado para falar da Bahia do século XX? Que recurso seria mais
ideal que obras como “O Nome da Rosa” para entender a mentalidade medieval? Que
aula seria mais interessante e produtiva que a discussão de textos literários
acompanhadas de leituras de imagens para um adolescente? Quem sabe até mesmo
relacionando com a leitura do cinema sobre o evento.
Importantes historiadores vêm utilizando há algum tempo textos literários como
documentos capazes de elucidar questões de determinado contexto:
Seja através das crônicas das crônicas de viagens, do Brasil-Colônia-Império;
dos versos abolicionistas de Castro Alves; dos retratos da vida no Rio de
Janeiro, narrado por Machado de Assis; das denúncias dos abusos na Revolta
de Canudos, por Euclides da Cunha; na consolidação de um mito, por Cecília
Meireles; das memórias de um preso político, em Graciliano Ramos; e da
libertação deste preso por Silviano Santiago; e de outros tantos exemplos que
poderíamos lançar mão, percebemos que por meio da literatura conseguimos
montar um quadro panorâmico, que retrate a História do Brasil, desde a
colonização. (AZEVEDO, 2004, p. 1)
Durval Muniz de Albuquerque Jr. escreveu um artigo intitulado “História: a arte
inventar o passado” em que discorre sobre “o estatuto do saber histórico na pós-
modernidade” (ALBUQUERQUE, 1995, p.8) partindo da narração de experiências
vividas por Bouvard e Pécuchet, personagens de um romance em que Gustave Flaubert
faz discussões teóricas sobre a História. Este trabalho constitui um exemplo de como
podemos utilizar textos literários como fonte e, ao mesmo tempo, como recurso para
propiciar reflexões em torno do tema.
Contudo, bem como a questão da variedade de fontes históricas já constitui algo
claro para o historiador sem configurar a realidade da maioria das aulas de História, o
trabalho com literatura pelos professores dessa disciplina é precário, fato que pode ser
explicado pela pouca produção teórica sobre a problemática.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz de. “História: a arte de inventar o passado” in:
Caderno de História, Natal: UFRN, vol 2, no 1, jan./jun. 1995. p. 7-12.
GASKELL, Ivan. “História das imagens”. In: BURKE, Peter (org.). A escrita da
História: novas perspectivas. São Paulo: Ed. UNEST, 1999, p. 237-272.
MENESES, Ulpiano Bezerra. Fontes visuais, cultura visual, história visual: balanço
provisório, propostas cautelares. Revista Brasileira de História: o ofício do historiador,
no. 45. São Paulo: ANPUH, 2003, p. 11-36.
SCHIMIDT, Maria & CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione,
2004.