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Política Fiscal

Política fiscal reflete o conjunto de medidas pelas quais o Governo arrecada


receitas e realiza despesas de modo a cumprir três funções: a estabilização
macroeconômica, a redistribuição da renda e a alocação de recursos. A função
estabilizadora consiste na promoção do crescimento econômico sustentado,
com baixo desemprego e estabilidade de preços. A função redistributiva visa
assegurar a distribuição equitativa da renda. Por fim, a função alocativa
consiste no fornecimento eficiente de bens e serviços públicos, compensando
as falhas de mercado.

Os resultados da política fiscal podem ser avaliados sob diferentes ângulos,


que podem focar na mensuração da qualidade do gasto público bem como
identificar os impactos da política fiscal no bem-estar dos cidadãos. Para tanto
podem ser utilizados diversos indicadores para análise fiscal, em particular os
de fluxos (resultados primário e nominal) e estoques (dívidas líquida e bruta). A
saber, estes indicadores se relacionam entre si, pois os estoques são formados
por meio dos fluxos. Assim, por exemplo, o resultado nominal apurado em certo
período afeta o estoque de dívida bruta.

Resultado fiscal primário é a diferença entre as receitas primárias e as


despesas primárias durante um determinado período. O resultado fiscal
nominal, por sua vez, é o resultado primário acrescido do pagamento líquido de
juros. Assim, fala-se que o Governo obtém superávit fiscal quando as receitas
excedem as despesas em dado período; por outro lado, há déficit quando as
receitas são menores do que as despesas.

No Brasil, a política fiscal é conduzida com alto grau de responsabilidade fiscal.


O uso equilibrado dos recursos públicos visa a redução gradual da dívida
líquida como percentual do PIB, de forma a contribuir com a estabilidade, o
crescimento e o desenvolvimento econômico do país. Mais especificamente, a
política fiscal busca a criação de empregos, o aumento dos investimentos
públicos e a ampliação da rede de seguridade social, com ênfase na redução
da pobreza e da desigualdade.

Planejamento Fiscal
O planejamento fiscal é fundamental para se garantir a condução responsável
da política fiscal e a provisão de bens públicos com qualidade e eficiência. É
por meio do planejamento fiscal que o governo, de forma transparente,
apresenta a situação fiscal corrente, estabelece seus objetivos e estratégias,
identifica riscos às finanças públicas e adota as melhores práticas de avaliação,
acompanhamento e execução das políticas públicas.

No Brasil, os três instrumentos de planejamento previstos no texto


constitucional e, complementarmente, na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
são: (i) o Plano Plurianual (PPA); (ii) a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); e
(iii) a Lei Orçamentária Anual (LOA).

O PPA consiste no instrumento legal de planejamento para um horizonte


temporal mais amplo no estabelecimento das prioridades e no direcionamento
das ações do governo. É no PPA que são estabelecidas, para um período de 4
anos, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas de governo que
orientarão a aplicação dos recursos públicos e privados (quando decorrentes
de parcerias) para as despesas de capital e outras delas decorrentes bem
como aquelas relativas aos programas de duração continuada

Por sua vez, a LDO se caracteriza como o elo entre o PPA e a LOA,
estabelecendo, dentre os programas inseridos no PPA, aqueles que terão
prioridade na programação e execução do orçamento do ano seguinte. Cumpre
à LDO ainda o estabelecimento de metas fiscais para a administração pública
federal, o disciplinamento da elaboração e execução do orçamento anual, a
disposição sobre as alterações na legislação e sua adequação orçamentária,
as disposições relativas à dívida pública federal e às despesas da União com
pessoal e encargos sociais, o estabelecimento da política de aplicação das
agências financeiras oficiais de fomento, as disposições sobre a fiscalização
pelo Poder Legislativo e sobre as obras e serviços com indícios de
irregularidades graves e outras disposições gerais.

Já na LOA são estimadas as receitas e fixadas as despesas que a


administração pública federal está autorizada a realizar num determinado
exercício financeiro. Como instrumento de execução do planejamento do
governo, a LOA deve ser compatível com a LDO e com o PPA aprovado para o
período, podendo ser alterada pelos projetos de lei de créditos adicionais.
Estão compreendidos na LOA os orçamentos Fiscal e da Seguridade Social,
bem como o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta
ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto.

Resultado do Tesouro Nacional


O Tesouro Nacional é responsável pela consolidação e divulgação das
estatísticas do Governo Central. O principal veículo de comunicação dessas
estatísticas é o relatório intitulado Resultado do Tesouro Nacional, que é uma
publicação mensal, editada desde 1995, e que apresenta o resultado primário
do Governo Central composto pelo Tesouro Nacional, Previdência Social e
Banco Central, além de uma descrição de receitas e despesas primárias, assim
como a evolução da dívida líquida do Tesouro Nacional.

A Secretaria do Tesouro Nacional – STN apura o resultado a partir da


mensuração dos fluxos de ingressos (receitas) e saídas (despesas), conforme
metodologia conhecida como "Acima da Linha". A estatística fiscal "acima da
linha" permite ao gestor público avaliar os resultados da política fiscal corrente
por meio de um retrato amplo e detalhado da atual situação fiscal do país. Esse
conjunto de informações constitui um ferramental essencial para as tomadas de
decisões em termos de políticas públicas.

Essa avaliação possibilita, adicionalmente, a elaboração de cenários para as


contas públicas, baseados em estimativas de receitas e despesas projetadas a
partir de parâmetros macroeconômicos, viabilizando, dessa forma, a estatística
como uma importante ferramenta, seja na etapa de formulação do orçamento
público ou durante sua execução. Adicionalmente, serve como instrumento
analítico para a tomada de decisões relativas à condução de políticas públicas.
No Brasil, o resultado primário adotado para fins de verificação do cumprimento
da meta estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é o mensurado
por meio da metodologia conhecida como "abaixo da linha", apurada pelo
Banco Central do Brasil. Não obstante, a análise das fontes dos desvios é feita
a partir dos componentes do resultado (receitas e despesas), cuja apuração é
realizada pelo critério "acima da linha".

A estatística "abaixo da linha" leva em consideração as mudanças no estoque


da dívida líquida, incluindo fontes de financiamento domésticas e externas. O
Banco Central do Brasil publica mensalmente os dados "abaixo da linha" em
nota específica veiculada em seu endereço eletrônico.

Enquanto a estatística "abaixo da linha" permite analisar como o governo


financiou seu déficit, o resultado fiscal "acima da linha" permite avaliar as
causas dos desequilíbrios, além de outros aspectos qualitativos da política
fiscal. O resultado fiscal obtido pelas duas metodologias é comparável e, desta
forma, ambas as estatísticas são importantes para a boa condução da política
fiscal, devendo ser utilizadas de forma complementar.

O Papel do Tesouro Nacional na Avaliação da Qualidade do Gasto Público


A sociedade brasileira vive um dilema. Se, por um lado, a demanda da
população por serviços públicos é crescente, por outro, a capacidade de extrair
recursos da sociedade para financiamento dos serviços públicos é limitada. A
solução para esse dilema está na Qualidade do Gasto Público, que
compreende essencialmente a racionalização e priorização da eficiência, da
eficácia, da equidade e da sustentabilidade das políticas públicas. Ou seja,
fazer mais, com menos recursos e da melhor forma possível.

O tema Qualidade do Gasto tem se tornado cada vez mais presente na


discussão orçamentária e financeira no âmbito do Governo Federal. Nesse
contexto, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) se posiciona como um dos
protagonistas na elaboração de diagnósticos e análises dos gastos
governamentais, essenciais à tomada de decisão nas escolhas alocativas dos
recursos públicos.

O objetivo do trabalho desenvolvido pela STN é fomentar a cultura permanente


de avaliação desses gastos no âmbito do Setor Público, a qual inclui o
monitoramento, a mensuração dos resultados e a análise de impactos das
políticas públicas, em estreita relação com sua missão institucional, "Gerir as
contas públicas de forma eficiente e transparente, zelando pelo equilíbrio fiscal
e pela qualidade do gasto público".

Os trabalhos desenvolvidos no âmbito da STN em relação à qualidade do gasto


público também atendem às suas atribuições regimentais de promover estudos
e pesquisas em matéria fiscal, com vistas a viabilizar a melhoria das condições
de sustentabilidade das contas públicas (Decreto nº 7.482, de 16/05/2011).

Ciente da importância desse trabalho, a Coordenação-Geral de Estudos


Econômico-Fiscais, unidade integrante da Subsecretaria de Planejamento e
Estatísticas Fiscais, tem desempenhado suas funções em prol da promoção da
qualidade do gasto, por meio da realização de avaliações permanentes de
políticas públicas.

Em linha com esse movimento, a STN publicou recentemente o livro "Avaliação


da Qualidade do Gasto Público e Mensuração da Eficiência", fruto de parceria
com Banco Mundial e pesquisadores de universidades brasileiras. Com essa
obra, busca-se disseminar ferramentas e experiências internacionais e
promover o debate sobre o tema.

Adicionalmente, iniciou-se a publicação da série "Boletim de Avaliação de


Políticas Públicas", cujo objetivo é promover uma avaliação, considerando
aspectos de planejamento, orçamento e eficiência, apresentando indicadores
e insights que contribuam com o aprimoramento de políticas públicas.

Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt_PT/sobre-politica-fiscal


Acessado em 03 de março de 2018.

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